Wherever You Will Go escrita por Jules


Capítulo 2
How You're Doing?


Notas iniciais do capítulo

Bom dia, meninas! Fico feliz que tenham gostado do capítulo anterior, então aqui vai o próximo! Quero saber o que acharam, viu? hahahah
Boa leitura!



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–Mandyta!

O grito de Zoe foi a primeira coisa que ouvi assim que meus pés tocaram o térreo do campus. Dei um pulo por conta do susto, mas logo, quando estava pulando, estava com minha amiga a abraçando forte, e dessa vez deixando o chão por alegria. Eu nem acreditava que estava realmente com Zoe depois de dois anos inteiros! Minha amiga e eu fincamos naquele abraço esmagador por o que eu poderia dizer que foram horas, mas sabia que não havia sido tanto assim. Eu sentia tanto a sua falta! E nem acreditava que estava realmente a vendo de novo.

–Oh meu Deus! Zoe! Nem acredito!

Afastamo-nos uma da outra agora para dar uma boa olhada no tanto que havíamos mudado nos últimos dois anos. Zoe, se possível, estava ainda mais bonita. Ainda tinha seus peitões e o corpo de modelo que sempre me deixou deprimida ao me olhar no espelho, os cabelos loiros ainda tinham os cachos pesados, mas caía até mais longe agora, por terem crescido mais. Os olhos azuis e divertidos da minha amiga continuavam voltados em minha direção, e vestia mais uma de suas roupas maravilhosas, que costumava roubar dela. Zoe deu alguns pulinhos comigo mais uma vez como se estivesse mais animada agora em me ver. Era como se a gente soubesse que esse momento ia chegar... Mas nunca tinha parado pra pensar que realmente estava acontecendo.

–Tenho tanta coisa pra te contar! –Exclamou minha amiga me abraçando de novo. –Você está maravilhosa! Tirou o ruivo! Ah Mandy! Que saudades!

–Eu também estava morrendo de saudades! –Sorri sentindo meus olhos arderem. Mandy... Não comece. –Você está maravilhosa também, pra variar! O que vamos fazer hoje? Tenho tanta coisa pra contar também!

–Eu sei que tem. –Minha amiga falou, soltando-me e abrindo um longo sorriso. –Vou me livrar de Jason e vamos fazer algo nós duas. Vai ter uma festa, mas eu imaginei que você estivesse cansada...

–E estou.

–...Então pensei em irmos em um Starbucks e botar o papo em dia!

–Adorei a ideia.

Sorri, concordando com a loira. Zoe assentiu, enquanto se virava e acenava para o garoto que vinha caminhando, saindo do seu carro. Abri um sorriso ao ver o loiro, Jason, vindo em nossa direção, com as mãos nos bolsos e o sorriso travesso no rosto. Nem acreditei que um dia fosse ficar tão feliz em vê-lo, mas eu estava. Corri em sua direção lhe dando um abraço bem apertado.

–Jason!

–Mandy!

Ele exclamou, retribuindo com vontade. Zoe abriu um sorriso caminhando até onde estávamos. A loira ergueu a mão para o loiro assim que nos separamos do abraço, como se pedisse por algo. O loiro ergueu uma sobrancelha e soltou um suspiro diante da expressão da minha amiga, já tateando os bolsos. Eu não posso mentir dizendo que ver Jason foi cem por cento normal para mim. Ele era o melhor amigo de Logan, e vê-lo me dava uma vontade louca de lhe perguntar como estava e o que andava fazendo da vida... Mas não queria fazer isso para ele depois comentar com Logan e eu parecer a ex-namorada louca para voltar. Não era essa a minha intensão de toda forma.

Jason tirou do bolso a chave de um carro, entregando a Zoe. A chave do carro dela. Minha amiga abriu um sorriso, agradecida, lhe dando um selinho nos lábios, o que me fez não conseguir conter o sorriso. Eu não podia mentir... Eles eram um casal bonito.

–Não se importa de pegar um taxi, né meu amor?

–Nunca me importo. –Falou com um suspiro, enquanto abraçava Zoe e lhe dava um beijo no rosto. Voltou os olhos divertidos em minha direção. –Como está mudada, Mandy. Como anda no Brasil? Animada com os estudos aqui?

–Huh... Sim, eu estou. Anda tudo muito bem lá e... Sim, eu estou!

Sorri, respondendo animada a todas as suas perguntas. Jason e Zoe deram risada, assentindo enquanto eu tateava o meu celular dentro do bolso do meu sobretudo. Jason me observou por um momento, após dar a mão para a minha amiga.

–Logan sabe que está aqui?

Meus olhos caíram em Jason por um momento, para eu tentar analisar sua pergunta. Bem, eu nunca havia parado para pensar nisso. Logan e eu não nos falamos há séculos, e se não ouviu por mais ninguém que eu estava estudando aqui, não sabia disso então. Por um momento me senti mal em não tê-lo contado, e mais ainda por não ter me importado com isso. Como assim havia me esquecido de comentar com ele? A verdade era que parte de mim tinha medo de encontra-lo, e sofrer como havia acontecido da última vez. Mordi o lábio, desviando os olhares.

–Bem... Não. –Dei de ombros. –Ele está em um novo filme, não está? Acho que mesmo que eu quisesse está um pouco incomunicável.

–Ele nunca é incomunicável para você. –Falou Jason em tom brincalhão. –E eu estava brincando. Eu comentei alguma coisa com ele... Fiquei surpreso eu saber que ele não estava sabendo de nada.

Senti meu rosto esquentar por seu comentário. Zoe deve ter reparado isso, e ainda que eu não queria falar sobre o assunto, pois assim que meu silêncio começou a ficar chato, minha amiga beliscou o braço do loiro lhe dando um último beijinho antes de soltar-se da sua mão e caminhar ao meu lado. Abriu um sorriso para o namorado.

–Bom, J. Nós vamos partir agora porque Mandy e eu temos muitas coisas para contar uma para a outra! Te vejo mais tarde.

–Com certeza vê. –Sorriu Jason lhe dando uma piscadela. Ergueu a mão para mim em um cumprimento. –Foi ótimo te ver, Mandy. Não suma, ok? Vamos nos ver de novo.

–Sim, sim. Pode deixar. –Falei com um sorriso. –Mande um beijo para Logan.

–Dica: Faça isso você mesma.

–Ok.

Dei uma risadinha, enquanto revirava os olhos. Jason sorriu, acenando e então girou em seus calcanhares caminhando na direção oposta que Zoe e eu seguimos até o seu carro. A loira havia trocado o conversível vermelho por outro conversível vermelho, que na verdade era bem a sua cara. Como há dois anos a garota sequer abriu a porta, pulando dentro do carro e se ajeitando no banco do motorista, me dando uma piscadela e dando partida no motor. Revirei os olhos, dando risada enquanto abria a porta e me sentava, encolhida por conta do frio. Zoe apertou um botão no painel, fazendo o teto do carro subir.

–Diga-me que não existem Starbucks no Brasil e que você está louca para tomar nosso café quentinho daqui.

–Temos Starbucks no Brasil. –Ri, indo contra o pedido de minha amiga. Zoe fez beicinho. –Mas não é nem de longe, parecido com o daqui.

–Agora falou minha língua, gata.

Falou minha amiga, acelerando o carro e levando-nos como duas doidas pelo asfalto. Eu não conhecia Boston, mas estava adorando o local. Não era pequeno, mas também não era tão cheio e colorido como Nova Iorque, o que me deu um grande alívio, por não aguentar mais tanto movimento por morar em São Paulo. Zoe, tinha o cachecol enrolado no pescoço e parecia com uma daquelas atrizes de filmes antigos. Dei risada com a imagem de Jason ao nosso lado usando um bigode loiro, similar a uma taturana, e com um daqueles ternos antigos.

O carro freou e isso foi suficiente para saber que já havíamos chegado. Desci do veículo abrindo um sorriso para a pequena loja onde lia-se Starbucks, e juntas Zoe e eu procuramos uma mesa para nos sentarmos. Minha amiga fez uma caretinha quando sentei no banco de almofada antes dela.

–Sabe o que precisávamos aqui? Uma lanchonete Barnaby’s.

–Acho que não existe uma dessas fora de L.A.

–Eu sei! Nunca mais comi panquecas boas de verdade!

Choramingou minha amiga enquanto olhávamos para o cardápio sobre o balcão. Peguei meu celular, mandando uma mensagem para tranquilizar os meus pais. Eles deveriam estar surtando naquela hora. Zoe me abriu um sorrisinho safado enquanto arrastava os dedos pela madeira da mesa.

–Posso te contar um segredo?

–Oh meu Deus. –Olhei para ela curiosa, já sabendo que vinha besteira. Apoiei os cotovelos na mesa, prestando atenção na minha amiga. –Eu não sei.

–Foda-se, porque vou contar do mesmo jeito. –Piscou. –Jason e eu estamos pensando em morar juntos.

O que? Meus olhos caíram em Zoe e por um momento me perguntei se ela estava brincando. Zoe e Jason...?! Tudo bem que eles estavam juntos há dois anos, mas Jason morava em L.A e Zoe perto de Boston. Como iam morar juntos? Como assim? Fiquei sem expressão por um momento a observando. Isso não era quase como um casamento? Acho que engasguei.

–Oh... Meu Deus.

–Eu sei! –Minha amiga exclamou dando uma risadinha. –É um sonho, certo?

–É... Eu acho que sim! –Dei risada, ainda descrente, mas feliz pela animação da minha amiga. –Onde vão morar? Vai parar os estudos?

–Está louca? Não! –Fez uma careta. –Mal os comecei, para que parar? Jason tem dois tios que moram aqui perto, eles são prefeitos de uma cidadezinha, que por acaso tem grandes influências com o sistema de um teatro local aqui perto. Então eles vão deixar com Jason para trabalhar nisso enquanto ele grava um seriado que deve estrear na Fox em breve. Enquanto isso eu vou começar a promover meus desfiles e vamos ficar ricos! Mas antes disso vamos alugar um apartamento dos meus padrinhos aqui perto de Boston... Perto o suficiente para os dois.

Minha mente deu cambalhotas, mas a ideia não soou assim tão maluca. Zoe fazia moda em uma grande faculdade há um ano e já estava começando a investir em estágios que trabalhavam com linhas de roupas. Com certeza era essa a sua vocação, e Jason, como um ator, estaria fazendo dinheiro o suficiente para os dois bancarem muito bem a vida juntos. Parecia perfeito, e até mesmo fofo demais. Não pude deixar de vomitar arco-íris por Zoe. Quem diria que ela se daria tão bem em um relacionamento com Jason.

–Uau! Isso é demais, Zo! –Exclamei, com um sorriso enorme. –Eu super quero conhecer seu apartamento quando ficar pronto!

–E vai! –Minha amiga garantiu com um sorriso. –E eu devo tudo a você e Logan. Se não fosse pelos dois, eu não teria conhecido Jason.

Falou com um sorriso apaixonado, enquanto eu assentia. Sim... Zoe havia conhecido Jason por causa de mim e de Logan. Baixei os olhares por um momento, pensando em como meu romance com o ator havia sido tão intenso, e acabado tão antes de um romance que aconteceu depois entre minha melhor amiga e o melhor amigo do meu ex-namorado. Era meio ruim pensar nisso, mas não me impedia de soltar fogos por Zoe. Ela estava feliz. E isso era maravilhoso.

A loira deve ter reparado em meu momento de silêncio, porque assim que eu fiz, abaixou os ânimos também para prestar atenção em mim. Abri um sorriso sem graça olhando para o painel.

–Acho que eu quero um capuchino mesmo.

–Sente falta dele, não é?

Minha amiga perguntou, ganhando minha atenção. Meus olhos caíram na loira e parei por um momento para pensar. É claro que eu sentia falta dele. O ano do intercâmbio havia sido o melhor da minha vida, mas eu não tinha mais tempo para Logan, nem ele para mim. Eu já havia me desapegado da história do: “felizes para sempre”... Assim como ele.

–Sim. Mas eu não sei. –Dei de ombros. –Sei lá. Logan e eu lutamos pra caramba pra ficarmos juntos e foi maravilhoso cada segundo que durou. Mas isso foi há um tempo já. Agora ele tem as coisas dele e eu tenho as minhas. É como um caso encerrado, mas aberto ainda, sabe?

–Não. Isso é muito confuso.

Zoe deu de ombros, fazendo-me dar risada. Revirei os olhos enquanto me colocava de pé.

–Ok, Srta. Odeio-Filosofia. Eu vou pedir, decida-se logo?

Falei enquanto caminhava em direção ao balcão. Zoe me acompanhou, deixando lindamente sua bolsa sobre a mesa, sem preocupação de um roubo.

–Tudo bem. Mas isso não te mata? Essa confusão toda de “e se...”? Eu quero um chocolate quente.

Dei de ombros, mordendo levemente o lábio. Já era a nossa vez.

–Hm... Ei! Eu quero um chocolate quente e um capuchino.

–São doze dólares.

–O engraçado... –Continuou minha amiga, erguendo o dinheiro antes que eu pudesse reagir. A olhei feio. –É que vocês realmente passaram por muita coisa pra acabar assim.

–Obrigada.

Agradeci ao homem do caixa enquanto caminhava ao outro lado para pegar o pedido. Zoe caminhou ao meu lado, continuando com sua reflexão.

–Tipo, pode ser que a distancia tenha separado vocês. Mas vocês não estão mais distantes.

Falou a loira agora forçando-me a olhar em seus olhos. Minha cabeça deu uma giradinha por um momento. Sim... Não estávamos mais distantes. Mas eu não sei. Eu de fato havia amado Logan e tudo mais, mas eu havia mudado muito desde o intercambio. Eu me via junto dele naquela época, mas será que conseguiria me imaginar com Logan hoje? Com todas as preocupações em minha cabeça? Soltei um suspiro, olhando para a loira.

–Vai me obrigar a ligar para ele, não é?

–Sim, senhora. Eu vou.

Sorriu minha amiga certa, fazendo-me suspirar e pegar o café que havia recebido. Voltamos a mesa, enquanto me sentava mais uma vez na cadeira de sofá, e fazia minha amiga protestar.

–Não é justo!

–Ninguém mandou ter pernas longas demais.

–Isso não me faria andar mais rápido, Einstein?

–Não se você é desajeitada.

Mostrei a língua, fazendo-a revirar os olhos e se sentar na cadeira, enquanto dava um gole no seu chocolate. Fiz o mesmo dando uma leve risadinha. De fato... O café era bem diferente do café do Brasil. Era mais aguado.

–Seja como for, vamos sair bastante ainda. Está em Harvard... Até em Harvard os nerds gostam de festas de arromba.

–Festas de... Ok. –Revirei os olhos dando risada, enquanto balançava a cabeça negativamente. –Você falou como a minha mãe. E ei! Obrigada pelo “nerds”.

–Não foi um elogio. –Zoe empinou o nariz, fazendo-me lhe dar um chute de leve. Minha amiga protestou com uma risadinha. –Você é egoísta. Poderia estar na minha faculdade.

–Me agradeça por ter vindo para perto de você. –Falei erguendo uma sobrancelha. –Eu poderia estar na Inglaterra nesse momento, minha fofa.

–Os ingleses são fofos.

–E eu não sei?

–Desculpe senhoria Sabe-Tudo!

Zoe ergueu as mãos em rendição com uma expressão exagerada de desistência. Dei risada com sua reação, revirando os olhos e simplesmente extasiada por estar onde eu estava naquele momento. Eu sentia tanta saudade de fazer isso com a loira. Simplesmente me sentar em um café, beber o líquido quentinho naquele frio violento e jogar conversa fora para dar boas risadas. Era o que mais fazíamos em L.A e uma das coisas das quais mais gostava.

–Me pergunto se Jason aprova você indo para tantas festas.

–Está brincando? Jason é o Deus das festas! –Zoe exclamou erguendo as mãos para o alto, fingindo dançar. Cobri o rosto dando risada. –E precisamos dar um jeitinho em você, senhorita Harvard. Se me aparecer em uma festa de terninho, eu te mato!

–Por que todo mundo acha que eu vou usar terninho?!

Exclamei revoltada. Zoe gargalhou, bebendo um gole do seu chocolate em silêncio, fazendo-se de inocente.

–Não está mais aqui quem falou.

(...)

Eu nem acreditava que já era dez horas quando Zoe me deixou no campus. O tempo havia se passado tão rápido que era quase assombroso. A verdade era que a melhor coisa do mundo era passar um tempo com um amigo, dando risada e falando besteira, essa era minha fórmula e de Zoe para fazer as aulas de física passarem depressa no colegial. Meus olhos estavam vidrados na contagem de andares do elevador, enquanto ele me carregava até o andar do meu quarto. A verdade é que conversar com Zoe, havia colocado muitas coisas em minha cabeça, as quais não havia parado ainda para pensar. Eu havia passado tanto tempo planejando o que eu faria quando chegasse na faculdade, como eu separaria meus estudos, como eu faria para não odiar minha colega de quarto, que havia me esquecido que a vida era algo que não se pode planejar, e as pessoas que entrariam em minha vida sem que eu pensasse duas vezes, como por exemplo, Logan ficar sabendo da minha mudança pela boca de Jason. Eu imaginava o tanto que eu ficaria chateada se fosse eu no lugar dele. E francamente, eu pensaria coisas como que ele não estivesse querendo me ver... O que não era cem por cento verdade.

Peguei meu celular e mordi o lábio enquanto passava a lista de todos os contatos. O número de Logan era o primeiro na letra L e o último para quem eu queria ligar naquele momento. Eu estava nervosa, tenho que admitir. Eu sei que era mais do que íntima do garoto, mas não nos falávamos há tanto tempo, que eu tinha medo de descobrir como seria uma conversa nova atual, se era de fato tão diferente do que eu esperava. Porém, por outro lado, eu precisava conversar com ele uma hora outra. Não era justo o que eu estava fazendo... Antes que meu corpo protestar, apertei o botão verde. Praguejei logo em seguida, desesperadamente tentando desligar, mas o touch não funcionou com as luvas e logo a voz grave soava do outro lado da linha.

Alô?

–Huh! Logan! Oi!

Abri um sorriso enquanto ouvia sua voz pelo telefone. Isso pelo menos me era familiar. Logan parou por um momento, demorando para responder, como se estivesse tentando ler o visor mais de uma vez se certificando de que era eu mesma, mas logo em seguida sua voz voltou com um pouco mais de entusiasmo.

Wow, Mandy! Oi! Nossa... Tudo bom?

–Tudo ótimo, e você? –Abri um sorriso. –Resolvi dar uma ligadinha... Sinal de vida as vezes é bom.

É bom sim, pena que você esquece de dar. –Deu uma risadinha, me levando junto nela. Revirei os olhos levemente. –Eu estou bem sim... Já está em Boston?

–Sim. Me desculpe por não te avisar antes, aliás. Foi tudo tão... Tão.

–Eu entendo, não se preocupe. Mas ainda quero te ver. –Garantiu, fazendo-me abrir um sorriso novamente. Era possível que meu coração estivesse tão acelerado? –Eu estou meio empacado aqui, mas devo voltar para L.A amanhã de manhã. Por isso estava dormindo tão cedo.

–Oh você... –Parei por um momento, para então entender que sua demora para falar no início, era provavelmente porque estava tentando enxergar o visor com os olhos embaçados de sono. Genial Mandy! Já começou acordando o menino! Dei uma risadinha nervosa. –Me desculpe! Eu sou louca pra fazer isso!

–Eu sei. Mas não reclamei. –Falou, fazendo-me mais uma vez abrir um sorriso. –Como estão as coisas aí? Gostou da universidade?

–Tenho que gostar, certo? São seis anos de faculdade.

Seis anos por aqui.

–Sim senhor. –Falei soltando um leve suspiro. –Eu... Hm... Passa por aqui qualquer dia. Eu realmente quero de ver.

Por um momento nada ouvi do outro lado da linha, como se ele tivesse tirado um momento para pensar, ou então para somente respirar, como eu estava fazendo. Mordi o lábio sentindo meu coração em uma dança frenética dentro do meu peito. Eu havia dito algo errado?

É claro que eu vou, fique tranquila. –Falou em um tom mais calmo, aliviando-me o corpo. –Eu só preciso resolver algumas coisas de documentos, mas nada gritante. Pego um avião assim que possível.

Assenti, me encostando na parede do elevador para só perceber que já havia chegado há um tempo. Me sentei no batente da escada, olhando para a grande janela que a acompanhava. Abri um sorrisinho, apoiando a cabeça contra a parede de concreto.

–Logan eu... –Me interrompi antes que eu pudesse continuar. O que eu estava falando? Logan não disse nada do outro lado da linha, como se esperasse seja lá o que eu tivesse começado a falar... Mas nem eu sabia o que era. –Eu... Eu não sei. –Dei uma risadinha. –Acho que estou com saudades.

Eu também, anjo. Nos vemos logo, ok?

Senti meu coração ir a mil com a palavra “anjo”. Era exatamente isso o que me assustava tanto em pensar em encontrar Logan mais uma vez. Eu me afogar em um romance e não ter cabeça para nada, além disso. Era eu despertar o mesmo sentimento que eu achei que tinha morrido há dois anos, e havia voltado. Na mesma intensidade, pelo menos eu achava. Eu queria muito ver Logan, porque assim eu poderia abraça-lo e matar a saudade que me sufocava naquele momento. Acho que eu nunca havia de fato encerrado o que a gente tinha. Só tínhamos anestesiado tudo, para aguentarmos esse tempo todo longe do outro... E agora eu estava de volta.

–Ok... Até mais Logan.

–Até.

E então desliguei. Meus olhos caíram na noite escura e por um momento tudo o que eu queria era deitar no chão frio e ficar... Mas eu não podia. Não podia porque dessa vez eu não poderia deixar minha cabeça descansar completamente na vontade de ter Logan de volta, e em parte, porque eu havia acabado de me lembrar que havia saído sem chave, e precisava rezar para que Juniper não tivesse ido dormir para que eu não tivesse de acorda-la.

Me coloquei de pé e caminhei em direção ao quarto, praguejando por ser tão burra e não pensar em como eu faria para entrar depois sem uma chave. Coloquei a mão na maçaneta para abrir, mas assim que olhei para baixo, vi um pequeno envelope com o meu nome. Franzi a testa pegando-o e o analisando por um momento para descobrir de onde aquilo tinha vindo. Quando desisti o abri, vendo que havia a chave do meu quarto dentro junto com um cartãozinho “você se esqueceu”.

Abri um sorriso, soltando uma risadinha pelo fato de Juniper ter percebido isso e cuidado do meu descuido. Minha colega de quarto havia dado um real azar em me pegar, mas agora que estávamos na chuva, era para nos molharmos. Coloquei a chave na fechadura e tomando cuidado para não fazer muito barulho, a girei, destrancando a porta e conseguindo entrar finalmente no meu cômodo. Fechei a porta atrás de mim, me surpreendendo ao ver que a ruiva continuava sentada na cadeira com a face enfiada nos livros. Olhou para mim por cima do ombro, abrindo um sorrisinho. Me sentei na cama, retribuindo o sorriso, tirando os sapatos e me virando para a mala, intocada onde havia parado sua arrumação.

–Ei! Como foi com a sua amiga?

Juniper perguntou animada. Lhe abri um sorriso dando de ombros, dobrando algumas roupas e começando a coloca-las no armário.

–Foi muito bom! Encontrei ela e o namorado, que também é um velho amigo... Ou nem tão velho. Acho que eu me sinto velha falando assim.

–Ah, eu imagino! –A ruiva deu risada com o meu comentário. –Animada para o primeiro dia de aula?

–Com uma prova na terça? Não muito.

Juniper riu mais uma vez, como se eu fosse a melhor piadista do mundo. Isso era legal. Pelo menos eu teria alguém para rir das minhas piadas sem graça... Antes era Carmen quem me olhava feio e me chamava de louca.

–Eu te passo toda a matéria, se precisar. É uma pré reelaboração para uma matéria do primeiro capítulo. Não é difícil.

–Imagino que não.

Falei em um tom sarcástico esvaziando minha mala e colocando-a no canto contra minha cama, para poder esticar meus cobertores. Juniper se colocou de pé, ajudando-me a arrumar, o que fiz questão de agradecer. Minha colega abriu um sorriso, voltando a se sentar e deixando que eu, assim como ela vestisse finalmente algo confortável. É claro que não tinha calças de pelinho tão estilosas, mas minha estampa de cupcakes chegava a altura.

–Mandy, as meninas acabaram de bater aqui e perguntar se nós queríamos ir para uma reuniãozinha que está rolando aqui. É de boas vindas para as aulas de tudo mais.

–Ah é mesmo?

Perguntei olhando para Juniper por um momento. Eu achava legal essas festas de boas vindas aos alunos e tudo mais, mas eu estava realmente morta da viagem... Mesmo que encontrar algumas pessoas novas fosse ser algo legal para começar o ano. Olhei para a ruiva de rabo de olho, me perguntando se ela gostaria de ir para uma dessas festas, mas pelos seus pijamas e o jeito que estava se ajeitando sobre a cama... Terminei de vestir minha calça de cupcakes, e a blusa se flanela rosa.

–Eu não quero ir. –Falou ela dando de ombros. –Eu estou cansada, estudei muito. Mas se quiser, vai ser no prédio da engenharia. Aquele com a torre abobadada, sabe?

–Sei. –Sorri me sentando em minha cama. –Parece que a festa vai ser boa, mas minha cama está pedindo minha companhia hoje.

–Eu te entendo.

Juniper riu enquanto pegava um livro para ler, se colocando sob as cobertas, fiz o mesmo, porém sem o livro. Me surpreendi com o tanto que o colchão era bom.

–Pode apagar a luz se quiser, eu acendo o abajur.

–Ok.

Sorri agradecida enquanto apertava o interruptor ao lado da minha cama. Juniper passou uma página do seu livro, entrando no silêncio de sua leitura. Para mim, seria maravilhoso ter a ruiva como colega de quarto. Ela era bem educada e silenciosa.

–Mandy... –Me chamou ganhando minha atenção, voltei meus olhos para ela, curiosa. –Você é mesmo do Brasil?

–Sim, eu sou. –Falei, abrindo um sorriso divertido. Por um momento me senti boba por não ter me apresentado para Juniper antes. –Sou de São Paulo, já ouviu falar?

–Meus avôs são de lá. –Contou com um sorriso no rosto. –Quer dizer! Moram lá. Mas são americanos.

–Entendi. –Dei uma risadinha, me ajeitando sob os cobertores. –O que conhece de Boston?

–Nada. –Admitiu a garota, um pouco sem jeito. –Eu cheguei há menos de três dias e não tirei a cara dos livros ainda. Não sou da cidade, então...

–De onde você veio?

–Nova Iorque.

–Que demais. –Falei com um sorriso no rosto. –Quase São Paulo.

–Sim.

A ruiva riu, fazendo-me abrir um sorriso. Soltei um leve suspiro, olhando para o teto.

–Eu estou nervosa, Juniper.

–Já disse para não se preocupar com a prova. –A garota tentou me acalmar. –Não vai estar difícil.

–Não, não é isso! –Dei risada, me sentindo boba. –É que eu não vejo uma pessoa há muito tempo. E estou com medo de reencontrar ela. Mas eu quero muito reencontrar ela.

Soltei soltando um longo suspiro. A ruiva não falou nada a princípio, e eu não podia ver sua face para ver se estava pensativa ou se havia voltado para a sua leitura. Não demorou muito para que ela finalmente me respondesse.

–Uma dica?

–Por favor.

–Deixa para ver no que vai dar. Não pensa muito nisso porque é ruim. –Falou em tom sereno e delicado, passando outra página do livro. –Tipo, além de te torturar, pensar no assunto vai te distrair de outros focos.

–Tipo a prova de terça.

Murmurei. Não precisei me virar, mas acho que Juniper assentiu. Soltei um leve suspiro, me aninhando mais uma vez e assentindo enquanto afofava o travesseiro. Acho que a ruiva estava certa. Ia dar tudo certo com Logan e pensar nisso só ia me atrapalhar. Por hora eu tinha um lugar novo para me adaptar, amigos novos para fazer e uma prova para tirar nota. Pode não parecer muita coisa, mas esses três itens iriam ocupar minha vida por um bom tempo. E tudo o que eu precisava por hora era uma boa noite de sono.

–Boa noite, Ju.

–Boa noite, Mandy.

E foram as últimas palavras que ouvi antes de apagar no mais profundo sono.


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Notas finais do capítulo

E aí? ^^



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