[Lysandre] Lady De Circo escrita por La-Fenix


Capítulo 5
Traição


Notas iniciais do capítulo

Eu falei sério quando disse que aquela cena era uma peça-chave na história. Vou continuar com esse cap e amanhã com internet no note posto o 6 sem falta.



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Estou no limiar entre o sonho e a realidade, memórias de imagens coloridas e de acontecimentos incríveis começam a sumir da minha mente se dissipando como fumaça entre meus dedos, não posso fazer nada para regatá-las meus olhos teimam comigo e começam a se abrir. Não tenho um motivo para acordar. Meus sonhos me acolhem.
Por um momento na sei onde estou, vejo objetos cotidianos na minha frente, há um copo com água, um abajur de cúpula de vidro verde e um bloco de notas amarelo com palavras nele.
Me levanto entorpecida e olho ao meu redor. Há uma mesinha dobrável no canto do quarto, nela eu vejo fotos em molduras bonitas, nessas fotos aparecem pessoas sorrindo e brincando.
-Acordou Bela Adormecida? –Pulo nervosa e vejo que ao meu lado, sentado em uma cadeira de balanço de madeira, austero e pétreo como uma estátua grega, está Lysandre. –Você apagou por uns três dias. Se sente bem?
Pisco aturdia por um momento tentando processar tudo que estava acontecendo. Eu havia me situado como estando na minha tenda, a cama desconfortável só poderia ser minha simplória cama dobrável.
-Tenho algum motivo para não estar bem? –Minhas costas doíam, mas não era por causa da minha coluna, eram pontadas de dor tangíveis nas costelas e na área da cintura. –Aconteceu alguma coisa?
Minha mente estava confusa, não tinha ideia de como havia ido parar na minha tenda, coisas banais como dia e noite me atormentavam no momento. Não saber o tempo em que me encontrava também incomodava.
Lysandre me olhou com as faces um pouco ruborizadas e desviou o olhar, sua boca se mexeu e eu demorei a captar os sons que ela me mandava. Achei que estivesse com algo de errado com a cabeça porem ele somente ensaiava as palavras na boca mesmo:
-Você foi atacada por uns moleques há alguns dias. Você estava voltando do mercado e eles te cercaram. –Olhei para os olhos de Lysandre tentado achar algum motivo para não ser olhada, especificamente olhei para o olho dourado dele fitando o teto disciplinadamente. Suas bochechas ruborizadas eram uma graça. –Eu estava passando por lá na hora e por sorte não aconteceu nada mais grave.
Lembrei- me do desespero, medo e humilhação como se estivesse vendo um filme. Não conseguia me comover mais, talvez a minha cota de sofrimento tivesse estourado e tudo que aconteceu depois havia se perdido.
Era errado eu tratar minhas próprias memórias com descaso? Ter um pouco de paz era tudo o que eu queria. Me sentir distante das emoções não poderia ser tão ruim.
-Desculpe eu deveria ter saído... –Lysandre virou a cabeça para o outro lado com vergonha e eu olhei para mim vendo se tinha algo de errado com meu corpo.
Olho para o que estou vestindo e vejo meu pijama de alças de morango. Nada demais até eu me tocar que não estou usando sutiã.
Ruborizo até a ponta do nariz.
“Sentir medo necas. Mas vergonha como essa nunca.”
Pego uma almofada da minha cama e jogo no rapaz enquanto grito com ele blasfemando contra sua pessoa para tentar abafar a vergonha.
-Custava ter me avisado antes! Seu filha da pu@#! Nãotem vergonha na cara! –Ele sai da minha tenda tão vermelho quanto eu e eu finalmente me levanto para averiguar os danos.
Meu ombro direito estava dormente e enfaixado, minhas costas pareciam ter sido pintadas por um artista excêntrico, de tão roxas que estavam. Olhei-me no meu espelho de bolso que eu guardava no baú em frente à cama, e por sorte meu rosto continuava intacto.
-O que foi aquilo... –Respirei fundo e peguei meu moletom mais velho e gasto.
Tirei o pijama como se estivesse tirando minha própria pele e coloquei a blusa de moletom e uma calça legging qualquer que estava no baú, jogando o pijama por cima da cama.
Fechei o baú e coloquei minha testa sobre a tampa como se estivesse pedindo perdão.
-Celina! –A voz de Dimitry me chama e sinto seus braços rijos me envolverem num abraço carinhoso. –Me perdoe, eu não devia ter agido daquele jeito com você.
Viro-me o abraçando também, ele era meu melhor amigo de qualquer forma, mesmo sendo um louco que achava que eu era a ex dele.
-Você não tem o porque pedir perdão, é meu irmão vou te perdoar por qualquer coisa. Não imagino minha vida sem você. –Dimitry tira uma mecha de cabelo cinza do meu rosto e a coloca atrás da minha orelha. Seu olhar é o de um homem partido, triste e que fez coisas que não deveria.
-Eu causei seu acidente Celina. Aqueles meninos eram pupilos daquele que tentei matar.
Saio do nosso abraço e me levanto.
                        “... daquele que tentei matar.”
Em todos os nossos anos de parceria e amizade ele nunca mencionou sobre o seu passado. Eu sabia que ele havia saído de outro circo por causa da Nette, mas a sua história sempre me havia sido um poço escuro sem fundo.
Nunca pude imaginar que a mesma mão que me segurava com carinho, fosse a mão que segurava o pescoço do inimigo.
  -Por quê?... Você é uma pessoa boa! Por que tentaria matar alguém? –Me sinto indignada, eu havia confiado nela a minha vida e a minha história. Achava que merecia o mesmo dele e descubro desse jeito que não conhecia absolutamente nada sobre ele.
Meu corpo doía com o esforço de ficar nervoso. Meus nervos pareciam agulhas perfurando o meu ser, olho uma última vez para o homem culpado a minha frente e saio da tenda.
Não sabia para onde iria.
Não sabia como iria.
Mas eu tinha que me afastar o máximo que podia de Dimitry.
Lágrimas escorriam como cachoeiras dos meus olhos, era fim de tarde e meus colegas de circo estariam reunidos na área de alimentação conversando ou brincando. Ninguém me seguiria se eu desse a volta pela tenda principal.
-Você vai aonde? –Um timbre monótono me questionou. Olho para um amontoado de caixotes e vejo o grisalho me encarando indecifrável. –Suas feridas ainda são recentes, você deveria descansar enquanto pode.
Ele desce do caixote e fica na minha frente bloqueando a passagem.
-Saí daqui. Você nem é do circo para ficar me azucrinando! – Ele não parecia nervoso, sua expressão denotava calma, mesmo assim ele colocou a mão no meu rosto e começou a limpar as lágrimas.
Meus nervos estavam me matando de dor, meu ombro começava a queimar. De repente eu desabei em lágrimas e soluços, não conseguia mais manter tudo trancado na minha mente e as emoções me corroíam de dentro pra fora.
Lysandre me abraçou mecanicamente e acariciou meu rosto com suas mãos quentes. Ele não havia dito absolutamente nada, nem feito nada, contudo sua simples presença ali foi como um muro em que eu pude finalmente despejar toda a mágoa e tristeza que sentia.
  Por um momento eu não quis voltar a sonhar e me afastar da humanidade, naquele momento eu queria estar ali chorando com ele me abraçando calmamente. Meus soluços e lágrimas se tornaram lamuriosos, apoiei minhas mãos em seu peito e deixei seus batimentos atravessaram os músculos das minhas palmas e se infiltrarem por todo o meu corpo.
Naquele momento nós éramos um.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Na minha opinião a Celina exagerou um pouco mas são os hormônios... tadinha...



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