Capítulo 17 – Mistério

- como assim, doutor? Peraí, ela tá grávida???? – Mikey perguntou quase gritando.
Gerard foi andando em choque para a porta e foi agarrado por Frank.
- caraaaaaaaaa, você vai ser papai!!!!! – ele ria com os olhos ainda arregalados, também abismado com a notícia. – e eu vou ser titio!!!!!
- Frank, cala a boca!! – Jamia disse séria – não vê que isso não é hora de brincadeiras?
Ele largou o amigo e fez um cara de desanimado.
Gerard olhou para Sophie mais uma vez e saiu do quarto.
Todos ficaram olhando ele sair, inclusive o médico que não entendeu nada.
- então, aquele rapaz é o pai? – ele perguntou para Sophie que ainda estava muda.
- é sim, ele mesmo doutor. Gerard Way. – Frank disse animado abraçando a amiga. – Parabéns Sophie!!!
- bom, com licença. – o médico saiu deixando todos ainda meio perplexos.
- eu... eu.... meu Deus! Eu não posso acreditar nisso! Eu não posso estar grávida, não posso! – ela se ‘descabelava’ nervosa.
- calma Sophie, vai dar tudo certo. – Mikey disse carinhoso, como sempre.
- nós estamos aqui com você. Fica calma. – Jamia consolava a amiga que não parava de chorar.
- eu não quero essa criança! Eu não posso ter um filho do Gerard, ele vai se casar! Eu to ferrada.
- talvez ele não se case mais. Ele pode mudar de idéia e ficar com você e o bebê.
- não Frank, ele não quer essa criança também. Vocês não viram como ele saiu daqui?? Viram a cara dele??
- mas Sophie, é claro que ele está assustado. Ele não tava preparado pra receber essa notícia assim tão de repente.
- nem eu Frank... nem eu.

Fora do hospital, Gerard parou em frente ao seu carro e deu um soco no capô. Nessa hora, passava um senhor de idade na rua e parou ao seu lado.
- cuidado, pode amassar. – o homem disse.
- eu vou ser pai! Não posso acreditar nisso....
- então, meus parabéns! Mas você deve ficar feliz com uma notícia tão maravilhosa como essa e não com raiva. Não se deve desejar mal para um ser que ainda nem nasceu. Ele é uma dádiva de Deus. – o cara continuou dizendo e Gerard já o olhou de cara estranha.
- por que está dizendo isso? O senhor nem me conhece.
- porque já passei por uma situação parecida e hoje em dia me arrependo amargamente de não ter feito as coisas da maneira certa.
- como assim?
- me escute, rapaz. Eu tinha uma esposa linda e dedicada que me deu a graça de ter um filho, um único filho perfeito e saudável. Mas naquela época eu era muito possessivo e cheguei a duvidar que o filho fosse meu por pura hipocrisia. A maltratei e a magoei demais sem razão. Até que um dia, com o bebê nos braços ela me abandonou. Sumiu do mapa sem deixar pistas e nunca mais eu pude ver o presente que Deus havia me dado e eu não soube merecer, meu filho.
- nossa... que triste.
- por isso rapaz, não estrague a sua felicidade enquanto ainda há tempo. Aproveite e curta o máximo que puder um fruto concebido de um amor tão inocente e belo.
- mas como...
- é apenas isso que eu precisava lhe dizer. Boa tarde. – e o senhor continuou caminhando e se perdeu na multidão.
- hey, espera! – Gerard gritou em vão. O senhor tão estranho já havia sumido.
Ele achou aquilo muito estranho, era como um sonho muito real. Como ele saberia? Mesmo se achando maluco, Gerard acreditou que o tal senhor estivesse certo e resolveu seguir seus conselhos. Não quis voltar ao quarto de Sophie, pois sentiu vergonha da besteira que fez e talvez “ela esteja com mais raiva ainda de mim” – ele pensou.
Decidiu então começar pelo lado mais difícil, que era quebrar sua tão falada promessa. Foi ao encontro de Samantha, para tentar agir certo pelo menos uma vez na vida e aproveitar seu filho, como o misterioso cara disse.

Chegando em casa, sua avó o recebeu surpresa.
- o que houve Gerard, por que está tão pálido? Cadê seu irmão?
- vó, eu preciso fazer uma coisa agora. Depois eu converso com a senhora, ok?
Ele nem esperou ela responder. Entrou em casa e procurou pela noiva mas não a achou.
- cadê a Sam?
- ela saiu com sua mãe. Acho que foram escolher o vestido de noiva.
- ah não... que droga. Vou ter que esperar ela chegar.
- enquanto elas não chegam, que tal você começar a me contar o que está acontecendo hein menino?
Quando Dona Elena começava a falar assim, era por que estava desconfiada de alguma coisa.
- ah vovó... tanta coisa aconteceu.
- então me conta, é bom conversar pra esvaziar a mente e acalmar o coração aflito. Vamos querido, conte.
- eu e a Sophie, nós....
Ele controu a história toda, ou quase toda.
- mas se vocês se amam de verdade, por que você resolveu se casar com aquela linda jovem, a Sam?
- foi uma promessa que eu fiz a ela.
- uma promessa? Por quê?
A porta da sala se abriu e a menina loira entrou toda sorridente segurando um embrulho.
- Gerard, meu amor!!! Advinha o que é isso? – ela disse mostrando a ele o embrulho que carregava. Ele já sabia o que era mas ficou calado. Não queria acreditar que era verdade.
- não sei... – ele disse baixinho.
- ah tenta, vai.... uma dica: é pro nosso casamento!
- eu já disse que não sei.
- tá bom, eu falo. Mas você não vai poder vê-lo tão cedo. – ela fazia suspense e ele ainda sério – é o meu vestido de noiva!!!! Não é o máximo?? Sua mãe me ajudou a escolher.
Ela disse com um sorriso no rosto esperando uma resposta de Gerard. Ele olhou pra sua avó que fez um movimento de negação com a cabeça.
- é... é o máximo mesmo. – ele disse triste e foi agarrado por Samantha que pulava de alegria.
Gerard estava arrasado. Não podia continuar com isso mas também se sentia mal em acabar com a felicidade dela. Definitivamente, seria pior do que ele pensava.

Continua...