Capítulo Vinte e Seis – Enigmas

[Pov Jacob]

Leah ressonava tranqüilamente em meus ombros. Movi-me o suficiente para aconchegá-la mais quando me lembrei do jantar que meu pai faria de boas vidas ao meu tio e prima.

Apertei-a mais no meu abraço e inalei o perfume de rosas dos seus cabelos ainda molhados quando senti uma de suas mãos percorrem os meus braços.

- Acordada? – inquiri em um murmúrio.

- Estou com fome! – alegou manhosa e eu segurei seu queixo, como uma das mãos, para que me olhasse.

- Então você vai gostar de saber que temos um jantar para ir hoje! – comentei.

- Jantar?! – Leah uniu as sobrancelhas lindamente e mordeu os lábios inferiores.

- Meu pai vai fazer algo simples, sabe? Para a minha prima e tio lá em casa. Eu queria muito que a mulher da minha vida estivesse lá – um sorriso meigo e contagiante tomou conta dos lábios da minha loba.

- Tudo bem, eu vou... Se eu sou isso tudo que você fala! – ela fingiu dar de ombros e eu ri.

- Você é muito mais que isso.

- Estou morrendo de fome, Jake! – Leah se ajoelhou na cama e enrugou a testa passando umas das mãos na barriga.

- Eu também! – disse sorrindo maliciosamente para ela e esquadrinhando rapidamente seu corpo nu.

- Ai... Nem vem seu tarado! – disparou Leah rindo e saindo da cama apressada.

- Eu tenho culpa agora de ser tarado? – indaguei a seguindo. – Quem manda você ser tão apetitosa – a agarrei por trás roçando-me nela.

- Jake, não... – sua suplica ia morrendo aos poucos à medida que eu apalpava um dos seus seios.

- Amor... – sussurrei no seu ouvido e notei Leah arquear levemente o corpo. – Eu quero você! – e bom... Não era mentira. Meu corpo clamava pelo dela em um impulso nervoso. Eu nunca me cansaria de tê-la em meus braços, era algo viciante e altamente perigoso.

[Pov Leah]

- Jake – me esforcei ao máximo para repeli-lo e virar de frente, a fim de encontrar seus olhos negros e sedutores. – Você nunca ouviu falar que saco vazio não pára em pé? – perguntei sem esperar resposta. – Estou com fome amor! De outra coisa... – retribui o sorriso malicioso que ele ainda me lançava. – Acho que a minha fome é tanta que comeria um boi! – confessei percebendo que estava gulosa de mais.

- Um boi? E não um lobo? – Jake cruzou os braços fazendo uma carinha linda.

- Depois que eu estiver com a barriga cheia, quem sabe eu não deixo o lobo mau...

Deixei as palavras soltas no ar e me afastei lentamente de Jake observando que ele ainda focava com luxuria o balançar da minha traseira.

- Hey, Leah! – reclamou quando eu bati e tranquei a porta do banheiro. – Eu vou ficar aqui? Sozinho?

- Amor... Você tem mãos! Use-as! – ouvi um grunhindo do outro lado e desatei a rir entrando logo debaixo do chuveiro para não sucumbir a Jake que estava todo excitado do outro lado do cômodo.

[Pov Jacob]

Novamente Leah saia do banho com a toalha enrolada no corpo. Aquela visão do inferno me deixava ainda mais excitado e ela ainda reclamava que eu não queria desgrudar dela e ainda mais que era tarado. Ah tarado?! Eu? Não! Eu me acho bem normal para dizer a verdade.

- Então você se comportou? – provocou Leah pegando algo para vestir no guarda-roupa.

Eu não disse nada apenas estudando meticulosamente cada movimento dela, o cair da tolha, a calcinha de seda que vestia a blusa branca de manga que colocava...

Pendi a cabaça para trás e controlei a minha respiração e passei a fitar o teto.

- Droga! – reclamou ela chamando a minha atenção. - A calça não quer entrar.

- Se você gastasse as calorias antes de ir tomar banho e me deixar sozinho, ela ia entrar – instiguei e ela fechou a cara.

- Ah, sem essa Jake! – ralhou. – Você acha que estou gorda? – disse enquanto tentava a todo custo fechar a braguilha da calça.

- Eu acho que você está gostosa! – aleguei me aproximando dela e ela me parou com a mão.

- Não Jake! Não! – saiu de perto de mim e começou a procurar outra coisa para vestir. – É eu vou de saia! – tirou com rapidez a calça e colocou uma saia jeans que entrou com facilidade.

Satisfeita, ela me lançou um sorriso, calçou as sandálias e disse:

- Vamos? – a fitei de cima a baixo e concordei com cabeça.

[Pov Leah]

Em alguns minutos já estávamos na casa de Jake. Ele me deu passagem para que eu entrasse e na cozinha encontrei Billy.

- Leah, como vai?

- Muito bem Billy, e você?

- Ótimo por saber o quanto meu filho está feliz ao seu lado! – nesse momento olhei para o lado e vi Jake corar levemente.

- Eu amo seu filho, Billy! – comentei fitando Jake.

- Nós fomos feitos um para o outro, pai! – alegou Jake sorridente sem desviar seus olhos dos meus.

- Quem é feito um para o outro? – uma voz feminina desviou minha atenção e no vão que dividia a sala da cozinha estava uma linda morena, alta, de cabelos até o meio das costas e olhos azuis.

- Leah Clearwater, a mulher da minha vida! – respondeu Jake me abraçando mais e estalando um beijo na minha bochecha.

- Ah sim! – disse a morena dando de ombros e encostando-se ao limiar da porta da cozinha.

- Essa é Nivia, Leah! Minha prima que veio de Ohio – informou Jake.

- Prazer – estendi a mão para cumprimentá-la. Nivia hesitou por um momento, mas apertou.

- E essa Nivia – Jake olhou da prima para mim. – É Leah Clearwater...

- ...a mulher da sua vida – completou Nivia a fala. Eu cerrei os olhos só para que ela reparasse. Billy estava abobado olhando para o filho que nem percebeu o deboche de Nivia.

Aquela garota era problema e o pior que Jake não tinha percebido o quanto ela tinha ficado incomodada com a minha presença.

Jake me levou para o sofá, enquanto que Billy havia requisitado a ajuda de Nivia na cozinha. Da onde eu estava, percebi que toda hora ela me encarava de cima a abaixo. Só o que mais me irritou foi notar o quanto ela olhava com desejo para Jake.

Billy me apresentou o seu irmão – Geoffrey -, que se parecia muito com ele, ficamos conversando amenidades até Nivia e Billy servirem o jantar.

(...)

Não posso dizer que o jantar foi tranqüilo, porque não foi. Nivia não parava de lançar indiretas para Jake e isso já estava me estressando de tal forma que a minha vontade era partir para cima dela. Mas eu não podia, pois ela era prima do Jake e eu não me rebaixaria às artimanhas dela.

- Então Jake, nós vamos aonde amanhã? – perguntou Nivia que estava separando os pratos para lavar. Billy e Geoffrey estavam do lado de fora da casa conversando algo sobre a tal sociedade que compartilhariam.

- Não sei. Aonde você que ir? – respondeu Jake inocentemente com outra pergunta.

- Aonde você quiser me levar!

Bom eu posso levar ela lá para fora e dar uns soco nela.

- Podemos marcar algo mais tarde, agora Leah está tralhando e acho que Embry gostaria de te fazer companhia! – alegou Jake terminando de passar a louça a ela.

Eu ainda estava à mesa e ali fiquei; só a observar como ela fingia não se importar em dar em cima de Jake na minha frente.

- Lee nós podíamos levar a Nih em Sealtte – disse Jake voltando sua atenção a mim.

- Hã?! – desviei meu olhar do ponto fixo sobre a mesa e o encarei. – Sim, claro! – forcei um sorriso.

- Você está bem? Parece tão pálida, amor!

- Acho que a comida não me caiu bem, eu devo estar com algum problema estomacal! – comuniquei.

- Ah sim... Problema estomacal?! – ironizou Nivia.

- E o que mais seria Nivia? – interpelou Jake encarando-a.

- Uhum... Não sei... Talvez... Ah deixa pra lá! – ela não quis terminar sua conclusão que eu temo que fosse pouco plausível e voltou a lavar a louça.

- Preciso ir ao banheiro – disse a tempo de correr em disparada a este e por todo o jantar para fora.

[Pov Jacob]

A saúde de Leah estava me preocupado. Desde que fizemos a transição de almas que ela anda muito fraca, parece que está adoecendo... E isso muito me atemoriza.

Eu não consigo imaginar a minha vida sem Leah, e se por acaso ela...

Não! Eu me recuso a pensar que Leah esteja doente e tenha perdido de vez a sua essência de lobo, afinal está nos nossos genes... É mais forte que a gente... Isso não se perde!

Deixei Nivia lavando a louça e fui até o banheiro, bati a porta e Leah logo a abriu. Ela estava tão pálida que chegou a me assustar. Seus lábios não tinham mais cor e pela primeira vez pude notar suas olheiras.

- Hey! – a abracei com firmeza. – O que está acontecendo com a minha loba?

- Talvez eu não seja mais loba, por isso que anda acontecendo coisas estranhas – o rancor era visível na voz de Leah.

- Não diga isso! – pedi impondo todo o meu timbre de alfa. – Isso é só uma fase, você passou por tantas coisas... Isso vai passar – disse mesmo temendo estar errado.

- Será? – a dúvida a sua pergunta era a mesma que se alastrava em mim, mas eu não podia e não ia me levar por ela.

[Pov Leah]

- Vim ver como você está Leah! – alegou Billy me analisando. – Nivia disse que você não estava se sentindo bem – é só podia ser a Nivia!

- Só um mal estar, Billy! – apressei-me em desmentir qualquer hipótese que Nivia houvesse levantado a meu respeito. – Isso acontece! – conclui.

- Eu devo ter colocado muito tempero na comida – se martirizou Billy.

- Que isso Billy, a comida estava ótima... Eu que não estou bem! – argumentei.

- Vou pegar um remédio para você, quer? – interpelou-me todo prestativo.

- Obrigada Billy, mas eu acho que só preciso descansar mesmo!

Eu ainda estava abraçada a Jake que acarinhava os meus cabelos. Ele me apertou mais no seu abraço e se posicionou atrás de mim beijando o meu pescoço. Aquela cena romântica na frente do meu sogro me deixou um tanto envergonhada.

Billy apenas sorriu para nós e disse:

- Jacob, meu filho... – Billy suspirou fundo e encarou Jake. – Você é como a terra, você é a parte sólida da relação, você é o solo que abarca toda ela. Leah... – agora Billy me fitou rindo. – Você é como uma árvore forte, firme, mas que muda de acordo com as estações do ano. Sem o solo você não é nada. Você precisa dele para se manter. Vocês são como um elo! Existe algo mais poderoso em vocês do que o próprio imprinting!

Só notei que já estava chorando, ao sentir o polegar de Jake na minha face.

- Eu pensei que nosso imprinting...

- Não existe a obrigação de estarem juntos, o imprinting leva a isso. Ele faz as duas partes ficarem ligadas por uma força sobrenatural, mas vocês superam a isso. Existe amor e um elo tridimensional entre vocês.

- Elo tridimensional?! – eu e Jake perguntamos em uníssono, mas baixo para que só Billy ouvisse.

- Sim. Tenho por mim que a alma de vocês ficou devendo algo em outra vida. Vocês se desencontraram em outra vida, não terminaram o ciclo, que era ficar juntos. Por isso Leah nunca teve uma impressão e você também Jake – conclui Billy com todo aquele ar de ancião.

- O porquê disso agora, pai?- inquiriu Jake curioso, mas eu também estava. Nem tudo que Billy falava nas reuniões do conselho era claro e muitas das vezes eu tinha que ficar pensando por horas para desvendar as charadas lendárias dele.

- Não se deixem abater por pormenores! – escutar aquilo me fez lembrar-se de Alice. Será que Billy sabia de alguma coisa? Será que Alice confidenciou alguma visão a ele?

- Como assim? – indaguei um tanto irritada por não estar compreendendo. Será que meu mal estar estava afetando o meu cérebro?

- Meus filhos vocês são muito novos para compreender o que se passa aqui! – Billy levou a mão direita ao peito dando tapinhas em si mesmo. – A vida é um enigma, devemos desvendá-la sempre. O caminho que percorremos, nossas escolhas... Podem mudar muitas coisas. E muitas das vezes toda a beleza em um momento de angústia. Insistimos em ver o cisco no olho, e esquecemos as montanhas, os campos e as oliveiras.

Se eu já estava perdida eu nem sei mais onde estou!

Despedi-me de todos, sobre a promessa de um novo reencontro. Embora não fosse de minha vontade reencontrar Nivia.

Jake segurou a minha mão levando-a ao ar e depositando um beijo nela. Estávamos caminhando e as únicas testemunhas disto eram a floresta que nos rodeada e a lua minguante no céu. A noite estava quente e perfeita, mas esporadicamente eu sentia uns calafrios. Eu estava com medo de perder Jake e algo me dizia que eu teria que enfrentar muita coisa para tê-lo ao meu lado para todo sempre.

- Eu te amo Lee! – disse Jake carinhosamente ainda com seus lábios na minha mão. – Nada que meu pai diga; nenhum enigma lendário ou algo do gênero vai mudar isso! – ele me obrigou a fitá-lo segurando meu queixo. – Entende isso?

Eu não disse nada, o que eu podia dizer? Eu queria muito ter certeza que por detrás desse enigma de Billy e visão de Alice, tudo acabaria bem... Mas meu sexto sentido dizia o inverso.

(...)

- Bom minha princesa está entregue! – informou Jake sorridente me levando até a porta de casa. – Está melhor? Não sente mais nada? – interrogou – me como se fosse um médico. Eu apenas rolei os olhos e disse:

- Sim, estou bem. A sensação de mal estar passou... Deve ter sido o tempero mesmo! – cheguei à mesma conclusão que Billy, pois não tinha nada que me viesse à cabeça no momento para que eu pudesse explicar as minhas tonteiras e náuseas.

- Então... Boa noite – Jake me abraçou me tomando em um beijo. – Te amo – sussurrou ao meu ouvido. – Durma com os anjos!

- Não! – o rechacei brincando. – Vou dormir com o lobo! – aleguei.

- Daqui a pouco estou lá no seu quarto, afinal minha sogra não sabe das noites que passo a fio com a minha namorada, não é? – perguntou se contendo para não gargalhar.

- É, ela não sabe! – respondi. – Te espero lá em cima, meu lobo!

- Auuuuuuuuu – caçoou Jake, e eu cai na gargalhada antes de deixá-lo na varanda de casa.

(...)

Eu nem acordei direito e a primeira coisa que fiz foi correr para o banheiro e vomitar. Eu não saiba o que estava acontecendo comigo, mas queria muito entender. Apressei-me a tomar um banho e fazer a minha higiene pessoal. Desci e encontrei a minha mãe fazendo o café da manhã.

- Vem comer filha! – disse ela ao ver-me. – Bom dia. Como você está?

- Estou bem. Bom dia para você também mãe – depositei um beijo na sua testa e puxei uma cadeira para me sentar.

- Jake disse que você não estava se sentindo bem ontem – alegou Sue franzindo do cenho. – O que o Billy fez para que você passasse mal? – inquiriu curiosa.

- Nada de mais – respondi dando de ombros. – Só peixe assado! – completei.

- E você passou mal com o peixe assado do Billy? – eu não sei onde ela estava querendo chegar com aquele assunto.

- Sim, mãe – comentei pegando uma torrada e passando um pouco de requeijão quando sinto o meu estômago embrulhar.

- Filha você está bem? – indagou minha mãe vendo a minha cara de repulsa para a torrada que segurava.

- Não, eu não estou...

Não consegui terminar a frase, pois coloquei tudo para fora. Só tive tempo de virar o rosto e vomitar no chão.

- Merda! – reclamei observando que tinha me sujado.

- Leah – a voz da minha mãe saiu exaltada, porém preocupada.

- Mãe eu não estou me sentindo bem – disparei sentindo tudo girar e depois eu não vi mais nada.

[Pov Jacob]

Estava em casa tirando um cochilo quando o telefone toca me assustando. Levantei para atendê-lo e Sue gritava do outro lado da linha por socorro. Nem escutei o resto, desligando o telefone e rapidamente e rumando para a casa de Leah.

Esqueci toda a educação e sai entrando na casa e dei de cara com Leah desmaiada no sofá.

- Sue? – ela me olhou com os olhos marejados. – O que aconteceu? – me aproximei de Leah e notei seus batimentos cardíacos fracos e respiração lenta.

- Ela estava bem, estava conversando comigo, ela vomitou e... – sua voz saia trêmula. -... Depois desmaiou. O que está acontecendo com a minha filha? – perguntou desesperada.

- Eu gostaria muito de saber também! – argumentei me aproximando dela e segurando com delicadeza a sua cabeça. - Lee... Amor... – a chamei e nada dela responder. – Sue você deu algo para ela?

- Não... Nada – me respondeu aos prantos. – Vamos levá-la ao médico? – indagou Sue quando me viu levantar Leah do sofá nos braços.

- Acho melhor não – comentei. – Seria bom se o Carlisle viesse aqui primeiro! – ela concordou com a cabeça e foi até a mesinha do telefone para ligar. Eu subi com Leah para o quarto e a coloquei na cama. – Amor o que está acontecendo com você? – inquiri aos sussurros no pé do ouvido dela.