Caça e Caçador escrita por Prímera


Capítulo 6
Sonho, pesadelo e realidade.


Notas iniciais do capítulo

Demorei nesse sexto capítulo por que não sabia como organizar os fatos de maneira a não revelar tudo de uma só vez, mas também não fazer com que a fanfic se perca demais nos fatos. Estou perto da ação e não quero fazer feio :)

Espero que gostem do capítulo. Boa leitura o/



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O som de folhas secas sendo constantemente pisoteadas modificava a bela melodia da noite. Sakura corria sem rumo, ofegante, olhava diversas vezes para trás no intuito de medir a distancia entre ela e seus perseguidores. Não conseguia vê-los devido à escuridão do bosque que adentrou para facilitar na sua fuga, mas sabia que estavam ali, podia ouvir os comandos daquele que a desejava, assim como também o cheiro já que todos os envolvidos eram trackers.

A cada curva, declives ou esbarradas nos troncos das arvores, seu coração acelerava com a hipótese de ser pega por um deles a qualquer momento. Em meio ao caminho, seu lindo vestido de festa houvera se rasgado ao puxar, quando o mesmo prendia uma vez ou outra nos galhos rasteiros.

Bastou um tropeço e seu corpo cansado foi levado ao chão de forma dolorosa. Tentou se reerguer, mas como previsto estava esgotada, muito fraca para continuar o percurso andando quanto mais com o ritmo de início.

– Que grande diferença faz a energia humana. – Choramingou, arrastando-se para trás de um arbusto.

Se consumisse periodicamente um humano jamais estaria fugindo dessa forma. A questão de reflexo, força, capacidade de raciocínio, cura e agilidade (tudo o que lhe faltava), seria facilmente resolvida. Contudo, teria consequências. O selo de sua mãe poderia ser desfeito, libertando todas as asas e como resultado ela, e não teria passado despercebida por Shaoran e os outros desde o princípio.

Desatou as amarras das sandálias, tocando o tornozelo à procura de algum ferimento. Respirou aliviada não encontrando, porém a dor era certa naquela local. Será que o torci? Indagou, trincando os dentes ao movê-lo. Ergueu a vista para olhar por entre as folhas um céu cálido, que há pouco tempo tinha se tornado cúmplice de um sentimento até então nunca imaginado ter naquelas condições.

– Por que fiz isso? – Os dedos arranhados e sujos de terra foram de encontro aos lábios. Fechando os olhos por cerca de instantes retornou a cena que a fez estremecer.

– Sakura?

A menina despertou atônita de seu subconsciente, encolhendo-se para sumir por detrás do arbusto que servia de esconderijo. – Não, por favor. – Suplicou num sussurro quase inaudível.

– Sakura! Sou eu, Shino. – Balbuciou ajoelhando-se frente a jovem ferida. O movimento constante do subir e descer de seu peito evidenciava o quanto havia corrido procurando por ela. – O que faz aqui? Você não pode parar, precisar sair da propriedade dos Li ou será facilmente encontrada. – O nervosismo era evidente e transparecia no semblante captado pelos orbes verdes, apesar da escassez de luz. A criada mal fitava Sakura, seus olhos ainda mais negros que o normal por causa da noite, numa perfeita junção de iris e pupila, sondavam o bosque.

– Eu acho que não vou conseguir, a minha perna... – Sakura fez uma ultima tentativa para se levantar, porém a forte dor a impossibilitou e novamente foi de encontro ao chão. Sentiu uma ardência se formar na região do nariz e se espalhar pelas bochechas até as extremidades, sua visão ficou turva e todo esforço que fez para conter o choro desaba junto às lágrimas.

Franzindo o cenho, Shino comprimiu a boca trêmula num esforço insuportável para não chorar também. Sabia que poderia piorar e estava ali exatamente para alerta-la desse perigo, no entanto, vendo-a naquele estado de pura fragilidade se sentiu incapaz de prosseguir. De repente, Sakura se jogou em cima dela. Foi uma reação tão abrupta que sua mente apenas processou um raio de luz sentido horizontal, folhas voando e o barulho da árvore ao se chocar com o solo ao lado, cortada em duas pela lamina suspensa acima de ambas.

– M-Mestre Shaoran! – Tarde demais.

O nome fez com que os músculos da jovem flor enrijecessem, depois sentiu o peito aquecer e essa mesma onda de calor ser distribuída para todo o corpo. Algo difícil de explicar, pois eram sentimentos avessos agindo simultaneamente. Sentia medo, estava apavorada pelo que ele podia fazer, assim como uma leveza e certa ânsia com o encontro.

A espada é apontada na direção de ambas. Sakura observa primeiramente o brilho que a lamina emite ao captar a luz da lua, em seguida a mão segurando firme a bainha e por fim as roupas que logo reconheceu ser do seu par no baile. Uma replica perfeita na fisionomia, admite. Entretanto, aquele a sua frente nem de longe poderia ser comparado ao Shaoran que teve o prazer de conhecer. A vida tinha desaparecido de seus olhos, e o olho direito estranhamente oscilava entre as cores âmbar e azul. No semblante uma frieza incomum voltada para elas. Aquele sim era um assassino, o verdadeiro caçador de bruxas e o motivo para viver toda sua vida escondida...

O cenário foi ficando distante e embaçado. Conseguiu identificar que houve confronto... A prata agora estava tingida de vermelho escuro e gotejava encharcando o chão arenoso a cada instante passado.

(...)



– Acorde Sakura. – Chama sacudindo a menina pelos ombros numa ultima tentativa de acorda-la.

O despertar foi lento, ao contrário do tapa súbito que fez Shaoran se desequilibrar e cair sentado. Situação totalmente diferente de logo cedo pela manhã. Massageando a bochecha ainda quente, observa esconder-se por detrás da cerejeira como um felino assustado.

– Por que me bateu? – Reclama endireitando-se.

Se demorando em responder, Sakura espia o rapaz minuciosamente. – Você me assustou. – Diz num murmúrio. – Quem já se viu acordar uma dama dessa forma? – Esbraveja sentindo-se segura para sair após perceber o ocorrido.

– Uma dama, você? – De pé, Shaoran bate nas roupas, limpando-se.

A menina fingi que não ouviu o comentário indelicado cruzando os braços sobre o peito e olhando para um lugar qualquer. Foi um simples sonho? Uma interrogação brota no seu interior.

Vencido, suspira mudando de assunto. – Vim por que a Tomoyo gostaria de falar com você.

– Sua noiva? – Solta surpresa.

– Minha o quê...

– E o que ela quer comigo? – O interrompe permanecendo com o tom irritadiço. – Sei... Quer mudar de quarto. Nada mais justo! Não suportaria dormir outra noite com um pervertido como você. – Tirando suas próprias conclusões, sai resmungando e pisando firme.

– O que deu nela? Afinal, do que ela estava falando? Noiva? – Shaoran se perdia nas perguntas quando ouviu uma gargalhada. Ao longe, junto às paredes da casa, Shino sorria de rolar no chão. Balançou a cabeça cogitando o que poderia ter acontecido.

...

Na sala de espera...

Tomoyo sentava numa poltrona acolchoada de frente para a janela onde podia avistar toda a parte lateral da entrada da residência. Desde que chegou acompanhava os criados trabalhando no evento que sucederá na noite do dia seguinte. O sol quente da tarde adentrava tomando boa parte da sala, mas isso não a incomodou, a brisa de outono trazia um certo frescor ao cômodo.

A porta bateu três vezes antes de ser lentamente aberta. Uma voz suave e tímida pedia permissão para entrar, o que fez a garota sorrir. Só poderia ser ela, nenhum dos senhores e senhoras dessa casa solicitariam sua permissão e os empregados tinham o habito de falar o nome da visita antes mesmo de abrir. – Fique a vontade para entrar.

A Jovem flor se deteve na porta admirando a bela sala e o quanto a garota de pele pálida se encaixava naquele ambiente. As cortinas internas de renda tiravam o foco das escuras e tradicionais que ficavam por trás. Percebeu o papel de parede florido na cor suave das flores de cerejeira, até a madeira do piso e os moveis estavam diferentes dos demais do casarão. Para não assustar os visitantes logo de cara. Comentou sarcasticamente para si.

– Vamos, não fique ai parada, sente-se e tome um chá comigo. – Apontou para a poltrona ao seu lado.

Havia uma aceitação interior da parte de Sakura a aquela garota, mas o comentário de Shino estranhamente formava uma barreira que a impedia de aceita-la. – Me desculpe. Como pode ver sou uma das criadas. – Segura com uma das mãos o vestido negro somente com o avental branco amarrado pela cintura e com a outra aponta para a cabeça. – Não posso me sentar para tomar chá junto com a senhorita.

A alegria de Tomoyo some e Sakura sente uma pontada de culpa por ter sido grosseira. A garota abaixa a cabeça fitando as mãos no colo. Mordendo os lábios, Sakura desesperadamente procura palavras para concertar ou mudar o clima que se instalou como mais um naquele lugar.

– Fiquei muito feliz em revê-la. Como se chama nessa nova vida? – Tomoyo toma a frente e praticamente choca com suas palavras.

– N-Nessa nova vida? – Sakura se apressa em chega na garota, ajoelhando-se ao lado de sua cadeira para olhar seu rosto cabisbaixo. – Então o sentimento que tive é verdadeiro, nos conhecemos em outra vida.

– Sim. Bruxas que possuem acima de dez penas tem esse poder para reencarnar, assim como nós duas. – Tomoyo observa a menina apertando o braço de sua cadeira, provavelmente nervosa. – Embora veja que somente uma de nós consegue lembrar-se do passado. Sua mãe sabendo que geraria a rainha das bruxas foi bastante cautelosa com sua educação, e sendo ela um dos protetores cuidou para que o mal fosse aprisionado antes que dominasse sua mente e a transformasse numa assassina.

Abalada, Sakura não fazia ideia do que dizer quando a garota calou-se. Tantas perguntas que não conseguia ordena-las para começar um completo interrogatório. Deu alguns passos para trás obrigando Tomoyo a se levantar achando de iria embora. – Como sabe de minha história nessa nova vida?

– Como sua amiga, protegi suas encarnações. Todas as humanas que descobriam sua origem enlouqueciam, queriam mata-la quando bebe ou dá-la para os trackers. Eu não podia permitir. Nessa vida fiquei aliviada por esta em boas mãos, mas mesmo assim acompanhei de perto tudo.

Minha amiga... Desviando o olhar para a janela, vê Shaoran conversando com o mordomo muito centrado nos papeis que estavam nas suas mãos. Devido ao tempo que ficou parada olhando-o, Tomoyo acabou por acompanha-la e sorriu entendendo o que estava se desenrolando. Se fosse minha amiga não teria...

– Proteger minhas encarnações ou a sua vida? – A voz acusadora de Sakura fez Tomoyo estranha-la por um instante. – Sei muito bem que se ela morrer vocês também sucumbirão.

– Por que fala assim?

Os olhos lacrimejados quebra a barreira do coração da jovem flor. – Também soube de seu noivado com... – Hesita em pronunciar o nome. – Com Shaoran.

– Meu noivado com quem? Esta enganada, não sou noiva e muito menos do Shaoran. – Procura conserta os fatos rapidamente.

Eu mato aquela bruxinha encrenqueira. Sakura ergue o pulso com os olhos fechados imaginando a morena se desmanchando de tanto rir de seu papel de idiota.

– Me desculpe pelo comentário, uma colega de trabalho fez uma brincadeira de mau gosto. Sou nova aqui. A proposito me chamo Sakura. – Estende a mão lembrando da pergunta anterior a revelação, porém, ao invés de aperta-la, a garota de longos cabelos escuros pula em seus braços abraçando-a fortemente.

– Que nome lindo. A protetora teve bom gosto.

– Senhorita Tomoyo esta me sufocando. – A força era muitas vezes maior que a de uma humana normal, apesar de sua aparência. Não havia duvidas de que estava diante de uma antiga bruxa e bem alimentada.

– Sinto muito. E por favor, Sakura, não me chame de senhorita. – Seu sorriso entusiasmado esta de volta e a menina se contagia com ele sorrindo também.

– Você intitulou minha mãe de protetora? – Indaga curiosa.

– Sim por que ela é um deles. – Fala puxando-a na direção das poltronas.

Um deles? Então tem mais.

– Venha, contarei tudo o que precisa saber, principalmente de quem está a sua procura.


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Notas finais do capítulo

Urfa! Conclui mais um e bem na hora do babado. Como disse uma de minhas leitoras: Vai, me deixa mais curiosa!! E é exatamente isso que quero fazer :)
A seguir, Sakura descobrirá que não somente existem pessoas que querem sua morte, mas aqueles que foram criados para lhe proteger, os chamados Keeper. Um baile beneficente organizado pela família Li fara Sakura conhecer novas pessoas e dentre elas Fei Wang Reed, o padrasto de Shaoran. O que acontecerá nesse encontro?
Uma batalha estará para acontecer. Que lado será o vencedor?