Caça e Caçador escrita por Prímera


Capítulo 3
Dormindo com o inimigo.


Notas iniciais do capítulo

Atenção!!
Vou iniciar a autoescola, devido a isso os capítulos semanais passaram a serem quinzenais, facilitando um pouco pra mim. Do contrário, terei que pausar até pegar minha habilitação. O que não será breve ¬.¬
...
Agradeço pelos comentários, me divirto muito lendo :) Espero que goste do capítulo e boa leitura o/



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Aquela noite estava diferente das demais para Sakura. Não foi pelo calor que fazia, mesmo estando em pleno outono, tão pouco o lugar, pois quando erguia a vista se deparava com o mesmo céu noturno de Tóquio pontilhado de estrelas e uma bela lua prateada e brilhante. A diferença se encontrava na ausência de sua família. Sentiu uma grande falta do jantar caloroso com a boa comida de seu pai, da companhia amável de sua mãe e até da implicância de seu irmão com praticamente tudo que fazia ou dizia a mesa.

Algo que era tão simples e comum em sua rotina, mas que agora lhe fazia tanta falta. Atravessou o gramado cabisbaixa, os pensamentos distantes. – Onde estarão nesse momento? – Se perguntou, contemplando o negro mar de estrelas acima. Estariam todos juntos e bem, ou assim como ela teriam sido vendidos para famílias diferentes?

Para ao lado de uma cerejeira quase sem folhas. Recostou-se sobre o tronco e deixou o corpo pesar até o chão.

– Estou com medo. – Sussurrou. A voz tremula pelo choro. – Posso ter escapado por pouco, mas como farei das outras vezes já que terei que conviver com eles?

Encolhe as pernas, pousando a cabeça nos joelhos.


(...)


Horas atrás...


A distância entre Shaoran e Sakura não passava de meio metro. Ele havia se ajoelhado e estendia a mão na direção do rosto pálido dela.

– Sente-se mal? – Soou preocupado. Reconheceu que de alguma forma era responsável por ela, embora não tivesse sido intencional sua compra.

Antes que a tocasse, a porta se abre bruscamente assustando-os. Meiling discutia algo com Fay que, devido à distância, nem Shaoran e muito menos Sakura conseguiram entender.

– Mas que diabos estão fazendo? – A chinesa pronuncia entre dentes ao fitar o casal.

Shaoran observa sua posição frente à menina de olhos verdes, a mão que intencionalmente a tocaria na face, houvera caído ficando na altura dos seios.

– N-Nada... – Tentou se explicar sacudindo as mãos negativamente, porém foi seguro pela gola da camisa e arrastando para longe da menina.

Distraída com os escândalos da garota de cabelos pretos, Sakura não percebeu a aproximação de Fay.

– Respire fundo. Precisa manter a calma. – Sibila no ouvido da jovem flor. Ele pisca sorridente e Sakura imediatamente faz assim como dissera. Concentrando-se, puxa o ar para dentro dos pulmões e expira lentamente, repete vezes suficientes para sentir a pulsação voltando ao normal.

– Quem é você? – Indaga internamente feliz pela dica está funcionando.

– Alguém disposto a ajudar. – Sakura ergue uma sobrancelha ainda sem entender. – Na verdade sou amigo de Shaoran. Aquele rapaz sendo atacado ali.

Então ele se chama Shaoran.

Fay a observa comprimir os lábios numa linha reta enquanto fuzila o chinês sem ao menos piscar.

– Posso saber como a senhorita se chama? – Interrogou numa tentativa de amenizar a situação e mudar o foco da jovem.

Sakura torna para o loiro se demorando a responder, procura saber através do semblante do rapaz ao seu lado quais seriam suas verdadeiras intenções. Fay por sua vez lhe sorri novamente e Sakura derrotada informa.

– Significa flor de cerejeira, estou certo? É um bonito nome. – A menina fica encabulada pelo elogio. – Me chamo Fay.

Levantando-se estende a mão.

– Não se preocupe tanto Sakura-chan. Tudo ficará bem se conseguir controle sobre si.


(...)


Tempo presente...


O vento soprou frio, zunindo ao passar pelas arvores campo a fora. O pouco de folhas que ainda restavam na cerejeira cai como uma chuva sobre a menina. Sakura estremeceu e se encolheu ainda mais para esquentar o corpo.

– Conseguir me controlar... O que será que Fay-san quis dizer com isso? – Murmurou ainda se recordando da conversa.

– Que será facilmente descoberta caso não oculte seu poder.

Sakura grita a todo pulmão, assustada com a repentina presença do loiro.

– D-Desde qua-ando está aqui-qui? – Fala gaguejando.

– Uhm... – Segura o queixo pensativo, ou escolhendo as palavras certas. A jovem flor tinha motivos de sobra para desconfiar de uma pessoa como ele. – Faz um tempinho. Desculpe, não quis interromper seus devaneios. Posso? – Senta-se antes de qualquer resposta.

Um silêncio incômodo paira sobre ambos. Por questão de minutos ficam calados na companhia um do outro. Com o canto dos olhos Sakura o fita imaginado o que se passava em sua mente, se estaria tramando contra ela.

– Não vou lhe fazer mal. – Fay quebra o silêncio.

Telepata? Incrédula, faz uma cara espantada que tira gargalhadas do loiro.

– Sabe, Sakura-chan, não foi difícil descobrir sua identidade. Shaoran deveria estar muito distraído com alguma outra coisa para não ter reparado. Mas se ele a tivesse tocado naquele momento, poderíamos não está tendo essa conversa agora.

A menina arregala os olhos e Fay consegue ver mesmo com a pouca iluminação provinda da lua o quão verdes eram.

– Então sabe que sou...

– Uma bruxa? – Conclui. – Sei. Mas não se preocupe, apesar de ser um tracker como meus amigos, não tenho problemas com sua espécie. Diferente do Kuro-san e do Shaoran-kun... – Ele deixa a frase no ar. – Reajo se for ameaçado ou quando machucam quem gosto.

– Mas não sinto cheiro de caçador em você. – Fareja o ar demonstrado o que dizia.

– Tenho meus segredos. – Ficando de pé, Fay indica com essa atitude que o assunto estava encerrado por aquela noite. – O que acha de voltarmos? Esta ficando tarde.

Sakura ainda tinha muitas dúvidas não esclarecidas, contudo concordou, afinal, o cansaço daquele dia fatídico havia se apoderado de seu corpo, tanto que suas pálpebras batiam constantemente.


(...)


– De forma alguma!! – Os gritos de Meiling podiam ser ouvidos do lado de fora do casarão. – Ela não vai dormir com o Shaoran. O que aconteceu com os outros quartos dessa casa? – Gesticula relembrando-os do tamanho da residência.


– Sinto muito Srta. Meiling. – A criada ao lado de Shino se pronuncia dando um passo a frente. – Ontem os quartos desocupados foram dedetizados, devido aquele problema com ratos. O prazo mínimo será de uma semana para utiliza-los.

Antes de qualquer contestação, a governanta completa. – Lembre-se que foi justamente a Srta. Que pediu para tomarmos uma providência. Então...

A garota morde os lábios, os punhos de tão cerrados passam a ficar vermelhos. Sakura sente um calafrio lhe percorrer a espinha e não precisou olhar para comprovar que Meiling era o motivo. Ela bem que gostaria de intervir nessa decisão, até por que concordava em não dormir com o Shaoran (seu inimigo mortal), no entanto para alguém que não fazia nem 24h que fora morar naquele lugar, sua opinião e nada dava no mesmo.

– A jovem ficará nesse quarto. – A voz veio da entrada do cômodo chamando a atenção de todos. Uma mulher de longos cabelos negros presos em um rabo de cavalo, que Sakura reconheceu estando no topo da mesa quando espionou na hora do jantar, adentra deixando o clima ainda mais tenso. – Shaoran estava ciente das responsabilidades no momento em que a comprou.

– Sim. – Não foi uma pergunta, mas o rapaz responde obediente.

– M-Mas tia...

– Alguma dúvida Meiling? – O olhar gélido faz a chinesa engolir as palavras, negando com a cabeça, receosa. – Ótimo! Agora que resolvido, possamos todos dormir.

Contrariada, com os olhos cheios d’água, Meiling acompanha sua tia seguida pelas criadas. Nossa! Quanta autonomia. Quem será ela? Em meio à reflexão, fica envergonhada com a olhadela da bela mulher antes sair.

– Essa é a nossa deixa. – Fay empurra um Kurogane sonolento, desejando uma boa noite. – Comportem-se. – Adverte batendo a porta.

Relaxando o corpo, que até momentos atrás estava notoriamente rígido com a chegada repentina da estranha mulher, Shaoran ruma na direção do roupeiro encostado na parede defronte para as janelas, puxando lençóis e travesseiros da parte superior. A jovem flor o observa sem ação. – Pode ficar com a cama. Eu durmo no chão. – Informa, forrando os lençóis desajeitado. Está na cara que ele nunca houvera feito isso.

– Tive uma ideia melhor. – Sakura se apodera dos travesseiros que o chinês havia pegado, lençóis, coxas e tudo o mais que conseguia encontrar no roupeiro, formando com isso uma barreira bem no centro da cama. – O que achou? Agora podemos dormir sem que um de nós precise ir para o chão...

Pouco se importando com a cara franzida do rapaz, deita-se do lado direito da cama se aninhado debaixo do cobertor. Pegou no sono tão depressa que não sentiu a cama baixar com o peso de Shaoran ao deitar no lado oposto.

Na manhã seguinte...

– Shino poderia levar esses documentos para o jovem mestre. – Wang Wei, conhecido simplesmente como Wei, lhe entrega uma pasta transparente com o brasão da família Li impresso no formato de marca d’água no fundo do conteúdo de praticamente todas as folhas. Logo identificou sendo a respeito das missões que tanto ocupava o garoto desde que o conheceu quando foi chamada para trabalhar. A morena aperta contra o peito e sobe as pressas.

Ofegante, se recompõe batendo algumas vezes antes de girar a maçaneta. Na ponta dos pés, a criada entra silenciosa. Visualiza primeiramente a mesa onde colocará os documentos, em seguida a desordem ao redor da cama e por fim o casal deitado. Tapa ligeiramente a boca abafando o grito surpreso, sentindo o rosto queimar.

Tímida, recolhe com cautela os papeis que deixou cair, depositando-os na mesa. De fininho se retira também sobre a ponta dos pés para evitar qualquer tipo de barulho. Somente depois de fechar a porta, notou que havia prendido a respiração. Já esperava por isso. Sorriu satisfeita recostando-se na madeira.

– O que seria tão engraçado?

– S-Srta. Meiling!! – Fora pega desprevenida que não conseguiu esconder o espanto. – Em quê posso ajuda-la?

– No momento, nada. Vim falar com Shaoram...

– Ele não está! – Afirma rapidamente. A chinesa aperta os olhos, desconfiada, e Shino respirando fundo recomeça. – Avistei o mestre Shaoran saindo com os outros senhores logo de manhã cedo. – Seu sorriso é desconcertado, mas consegue enganar.

Meiling resmunga voltando pelo mesmo caminho de onde veio, enquanto Shino toma as escadarias que conduz ao hall, assobiando e enrolando os cachos distraída de maneira que nada tinha visto muito menos ouvido.


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Notas finais do capítulo

Qual teria sido o motivo para a criada Shino ter ficado boquiaberta?
No próximo capítulo Sakura irá declarar guerra a Shaoran aprontando nas tarefas que lhe foram passadas, tudo em prol de sua liberdade. O que acontecerá?
Até o próximo capítulo o/



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