Assassina Suicida escrita por Nacchan


Capítulo 2
4 Mil horas


Notas iniciais do capítulo

Heey gente! *-* Eu voltei! Enfim consegui terminar ;-; Meu Deus! Desde que voltei as aulas não estou conseguindo arranjar tempo pra escrever, desculpe m pela demora pra atualizar as fics :/ espero conseguir atualizá-las esse fim de semana. Obrigada pela compreensão de todos! Bem, atendendo a pedidos fofos e muito carinhosos eu resolvi escrever​ esse segundo capítulo de Assassina Suicida. Me esforcei bastante, espero que gostem e desculpa qualquer coisa D:
Esse capítulo será do ponto de vista da Bonnie :3 Então, boa leitura gente!! E obrigada pelo apoio! *u* beijinhos~ Parece que o capítulo saiu maior do que eu esperava xD
Ate lá embaixo! o/



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— QUANTAS VEZES EU TENHO QUE REPETIR?!! NÃO! NÃO E NÃO! EU NÃO VOU ME CASAR COM PRÍNCIPE NENHUM DA TERRA DE OOO!! E DE NENHUM OUTRO CANTO DO PLANETA!! ME ESQUEÇAM! - Bati a porta do quarto com força suficiente pra fazer os quadros da parede ficarem tortos. Já é a décima quinta vez esse mês... Eu não aguento mais! Desde que a Marcy foi banida, meus pais não cansam de falar sobre casamento a cada milésimo de segundo do meu dia.. Por Glob... Se eu ouvir a palavra “Casamento” de novo eu acho que vomito todo o almoço.

— Jujuba! Ouça aqui, mocinha! Não me importa sua decisão! Casará obrigada sim! E ponto final! Nem que eu tenha que lhe levar amarrada até o altar! - Meu pai gritou, praticamente esmurrando a porta trancada. - E tenho dito!! - A voz firme e grave esbanjava autoridade. Uma autoridade real que... Mesmo que eu quisesse, não poderia negar, que era minha também. Mas de que adianta ser da realeza e não ter poder de escolher seu próprio futuro ? Ilusão. Mentira. Realeza? Tsc... No fim das contas são aqueles que mandam nos outros e perdem o controle sobre si.

  Me joguei na cama como se estivesse para me atirar de um enorme penhasco, de onde eu jamais voltaria a ver o sol. Sem nem mesmo me importar se aquela seria a ultima vez. Mas por sorte... ou azar, travesseiros fofos foram a única coisa que encontrei depois da minha queda psicológica. Eu sabia que essa hora ia chegar.. Só não sabia que seria tão... rápido.

— Marcy... Por favor.. Não me deixe sozinha.. - Supliquei quando as lágrimas quentes já trilhavam um caminho tortuoso por meu rosto rosado e triste - Queria tanto você aqui... - Soluços embalavam meu choro de dor e saudade. Angústia, perda... Tantos sentimentos e ao mesmo tempo... Nenhum. 

“ Eu sei que vai chegar a hora de você partir
               Eu sei também que eu vou ficar
               Esperando você voltar
               Esperando que não seja o fim...
               Pra você e pra mim...”

Abri os olhos preguiçosamente, meu rosto ainda estava um pouco úmido, acho que chorei até adormecer.. Mas o sol já estava se pondo quando levantei da minha cama, bocejando audivelmente, rezando que o barulho dos destroços do meu coração não saíssem pela boca. No quarto todo havia resquícios do por do sol que se iniciava, em breve chegaria a noite. Noite negra como os olhos dela.. Já faz tanto tempo que não a vejo... Queria poder olhar em seus olhos mais uma vez... E pensar que é por minha causa que a Marceline está naquele lugar horrível, sozinha... Enquanto eu estou aqui, cercada de gente, mas com a mente vazia e com o coração cheio de culpa, dor... e saudade. Não consigo tirá-la da cabeça nem por um momento. Como conseguir se esquecer de alguém que se sacrificou tanto para estar ao seu lado? Nem sei mais quanto tempo faz... Mesmo assim, pra mim não importa. Eu prometi que esperaria por ela... E eu vou. Até porque a Marcy é a única pra mim nesse mundo. E eu a amo mais do que qualquer coisa.

— Princesa? - Uma voz conhecida ecoou abafada pela grossa porta de madeira, seguida de três batidas. Sorri levemente.

— Estou indo Finn. - Afirmei num tom um pouco mais alto para que ele escutasse. Rapidamente me olhei no espelho. Umas batidinhas no meu bagunçado cabelo de chiclete e já estou pronta para abrir a porta. - Entre! - O cumprimentei com um sorriso carinhoso e feliz. Finn tem sido um grande amigo durante essa fase ruim da minha vida sem a Marcy. Até tentamos resgatar ela da prisão algumas vezes, mas orgulhosa do jeito que é, se nega a sair até ter cumprido a pena por completo. Nós nem mesmo sabemos quanto tempo ela pode ficar lá até que seu pai consiga provar sua inocência.. 

— Princesa, se importa de conversarmos sobre algo não tão divertido hoje? - Finn me tirou de meus pensamentos ao sentar em minha cama, me fitando com um olhar um tanto preocupado e apreensivo. Senti um frio na barriga, eu odeio esse tipo de conversa.

— Claro. O que houve? Aconteceu alguma coisa com Jake? Ele não está com você hoje. - Comentei ao notar que a voz rouca e descontraída do Jake não havia dado sinal de vida ainda.

— Não, não.. Pedi pra ele ficar em casa hoje.. - Finn falou baixinho. Sentei na cama, perto dele, segurando uma de suas mãos.

— Finn.. O que houve? Você ta me deixando preocupada. - Perguntei mais uma vez. Meu coração começava a ficar apertado.

— Princesa… - Os olhos azuis dele encontraram brevemente os meus -.. Marcaram a data do seu casamento. - Finn afirmou cabisbaixo.

— O QUE?! - Gritei dando um pulo da cama - Não podem! Você ficou louco?! Não podem marcar meu casamento sem minha permiss.. - 

— Sim, eles podem! - Finn me interrompeu com uma voz firme. - Não só podem, como fizeram. Desculpa Princesa.. Eu tentei evitar, eu juro.. Mas seus pais não quiseram acordo. - O Finn sempre tentou me ajudar desde que a Marcy foi banida... Não o culpo. Ele sempre fez o seu melhor pra cooperar.

— M-Mas.. Com quem?! Se eu nem escolhi um noivo! - Perguntei quase gritando, levando ambas as mãos a cabeça em sinal de desespero. Aquilo não poderia estar acontecendo...

— É sobre isso que vim falar com você.. - Finn soltou um suspiro frustrado - Amanhã seus pais vão dar uma festa convidando todos da terra de Ooo. E ao término do Baile Real você deverá escolher um noivo, marido, seja lá o que for! Caso não escolha ninguém.. Terá que se casar com o Rei Gelado. - Pude notar Finn cerrar os punhos e ranger os dentes ao pronunciar aquelas palavras. Era visível que estava tão bravo quanto eu. Mas no momento eu estava mais incrédula do que qualquer outra coisa. Usar de chantagem para me obrigar a casar foi a gota d’água!

— Não acredito nisso!!! - Lágrimas que não se continham, lágrimas de ódio, escorreram pelo meu rosto até, seguindo uma trilha até a ponta do queixo. Como meus pais podem ser capazes de ameaçar me entregar ao Rei Gelado?!! É esse o amor que eles dizem sentir por mim?!

— Também não acreditei quando ouvi, mas é tudo verdade. Discuti com o Rei, não concordei em momento algum com essa ideia absurda, mas já estava decidido e se eu me opusesse ameaçaram me afastar de você... -

— COMO OUSAM?! - Meus pais estão ficando malucos! Só pode! - Não vou de jeito nenhum a essa festa, Finn! Não mesmo! Me tranco nesse quarto e não saio nunca mais!! - Enxuguei as lágrimas em meu rosto com certa raiva, chegando até a machucar um pouco, deixando uma de minhas bochechas dolorida.

— Precisa ir. Se não for.. Mandam derrubar a porta. - Finn comentou enterrando o rosto entre as mãos humanas que tremiam. Não sabia dizer se de raiva ou revolta. Talvez os dois. Pois era isso que eu sentia.

— Então.. Finn! Me ajude, por favor! Vamos fugir! - Sugeri me aproximando dele, ajoelhada frente a cama, segurando suas mãos, fazendo o garoto humano olhar pra mim. Seus olhos eram tão profundos quanto o azul do mar. Mas naquele instante pareciam ter perdido o brilho e a esperança.

— Não posso.. Cercaram todo o castelo. - A cada palavra eu me mantinha mais do que perplexa.. Me custou acreditar que tudo aquilo fosse verdade. Por favor.. me digam que estou sonhando...

— Humano, seu horário de visita acabou - Um guarda banana surgiu sem aviso prévio em minha porta, empunhando uma lança enorme em mãos. Que audácia!

— Finn é meu convidado! Ele pode ficar quanto tempo desejar em meu castelo! - Levantei a voz em autoridade.

— Sinto muito princesa. Não crio regras, simplesmente as cumpro. O Rei Bubblegum decretou que até amanhã a noite a senhorita não poderia receber nenhum tipo de visita. - O guarda comentou num tom severo. Meu pai é um monstro...

— Mas isso não.. - Já ia começar a fazer um escândalo quando Finn repousou a mão sob meu ombro, sorrindo de leve. Um sorriso quase invisível.

— Tudo bem Princesa.. Não vamos criar mais problemas. É melhor que eu vá. Mas prometo estar aqui amanhã a noite para te ajudar no que for preciso.. - Abracei forte o Finn deixando que mais algumas lágrimas me escorressem pelo rosto - Desculpa... - Ele sussurrou baixinho apertando ainda mais o abraço.

— Tudo bem.. Não é culpa sua.. - Sussurrei no mesmo tom, fazendo um leve carinho no rosto dele com a ponta dos dedos. Ele me deu um beijo na testa e saiu do quarto sendo escoltado pelo enorme e forte guarda banana. Fechei a porta novamente. A noite já cobria o céu com um preto solitário, contrastado apenas por estrelas, igualmente solitárias, tão distantes umas das outras que por um momento pude me comparar a elas... Estão no mesmo céu, “perto” pra quem vê daqui de baixo.. Mas na verdade, se encontram à anos luz de distância.. Que nem a Marcy e eu... Meu quarto permanecia escuro, nem mesmo a lua estava presente para lhe dar um pouco de luz. E isso me fazia sentir tão sozinha.. E ao mesmo tempo tão preenchida de sentimentos bons. Eram em noites como essa que a Marcy invadia meu quarto para me observar dormir, eram nessas condições que ela me “sequestrava” para me mostrar o mundo além dos muros reais do Reino Doce. A vida incrível que ela tinha, a vida de alguém que não respirava responsabilidade, que tinha o direito de errar... E eu gostei tanto disso.. Mas agora a escuridão desse quarto vazio é tudo que eu tenho.. Me aproximei da varanda à passos curtos, minhas mãos rosadas passeavam pela sacada..

— Marcy.. - Sussurrei baixinho o nome dela sentindo um vento frio e cortante invadir o quarto. Sem perceber já estava chorando novamente.. Meu coração se dilacerava em mil pequeninos pedaços ao lembrar que minha garota ainda estava presa ali.. Naquela sela. Sendo julgada como uma criminosa, simplesmente pelo fato de me amar... Acho que nunca fui boa o suficiente pra ela.. Mas acredito que ninguém no mundo vai conseguir amá-la assim como eu a amo... Será que ela pode ver as estrelas de onde está agora..? Marcy.. Mesmo que amanhã eu tenha que honrar um compromisso sem valor e ter que me casar com o Rei Gelado ou qualquer outro idiota que me aparecer... Eu juro com toda a minha alma... Que meu coração será sempre seu.. - Volte pra mim... P-Por favor.. - Solucei em meio as lágrimas. - Por favor Marcy... -

“Enquanto estiver longe daqui... Pense em mim
Que eu vou estar pensando em ti
Querendo fazer você voltar...
Fecho os olhos, te trago pra o meu mundo
Faço de tudo pra te ter...
Não são 4 mil horas que vão me fazer te esquecer...”

A manhã chegou tão rápido... Geralmente parece demorar uma eternidade para que os dias se passem pra mim, mas logo quando quero que eles corram devagar, eles parecem estar “curtindo com a minha cara” como diria o Jake.. O palácio real do Reino Doce estava decorado até o ultimo pirulito à quarenta metros de distância da entrada. Maquiadores reais, cabelereiros reais... “Quero os melhores, para minha filha! Hoje é um dia importante em sua vida e ela merece ser tratada como uma RAINHA!” Palavras hipócritas de um velho preconceituoso... eu não precisava de cabelereiros reais.. Gostaria de amarrar meu cabelo em um rabo de cavalo desajeitado daqueles que Marcy sempre fazia em mim antes de dormir. Maquiagem? Pra que? Quando eu visitava a Marcy a primeira coisa que ela fazia era me pedir pra tirar toda aquela “tinta” da cara... Ela adorava minha feição natural... E eu amava tudo nela.

— Princesa?! - Uma voz me assustou.

— Por Glob! O que foi?! - Perguntei fitando o doce de canela que havia me chamado.

— D-Desculpa.. É que chamei a senhorita quase cinco vezes.. Por isso falei alto, por favor, Majestade, não me castigue! - Ele ajoelhou no chão, suplicando. Meu coração parecia se rasgar bem devagar.. Coloquei uma mão sob o ombro dele fazendo-o levantar. Ele ainda parecia assustado.. Sorri.

— Eu quem peço desculpas. Não deveria ter gritado... Por favor.. Dê o seu melhor.. - Sorri mesmo triste, sentando-me na cadeira enquanto o doce passava a escova por meus longos cabelos rosa chiclete.. Seria um longo dia..

A noite chegou mais rápido do que eu imaginava... A cada segundo minha alma parecia se dissolver em completa solidão.. Marceline jamais me perdoaria.. Todos os habitantes da terra de Ooo foram convidados.. E se eu falasse “não”..? Mudaria alguma coisa...? Quem me dera fosse fácil assim.. Já eram quase nove horas, hora que deveria começar a festa. Eu ainda estava no quarto... me observei no espelho por um instante. Meus cabelos rosa chiclete estavam presos num coque muito bem trabalhado no alto da cabeça, com uma flor lilás que combinavam com meus sapatos. O vestido era lindo... Completamente rosa, cheio de detalhes brilhantes nos babados, feito sob medida.. Perfeito.. Mas eu ainda queria estar usando apenas aquela camisa preta que ganhei da Marcy... Pra ser mais precisa.. Eu só queria estar com ela... algumas batidas na porta me tiraram de meus devaneios.

— Princesa Jujuba, seu pai ordena que a senhorita desça para receber os con..vida...dos... - Não pude deixar de corar ao perceber que o guarda me encarava com uma admiração mais do que explícita nos olhos. Eu devo estar realmente muito bonita..

— Er.. Certo! Vamos logo então! - Afirmei seguindo pelo corredor. Marcy, se você pudesse me ver agora...

Ao chegar na escadaria que levava ao salão principal, como num filme, todos olharam para mim. Senti o rosto bastante vermelho, não gosto quando me encaram. Desci lentamente as escadas, um passo de cada vez, observando todos a minha frente. Finn estava lá! Com a Flame.. Espero que ela não tenha queimado nada no castelo... Iris e Jake também.. E aquele parece o.. Argh! Rei gelado! Gunter! E até o Canelinha.. Todos vieram mesmo.. Posso ficar mais triste que isso..? Acho que não.. Ao descer o ultimo degrau da escada parecia que haviam colocado uma faixa em minha testa “Pegou? levou!”. Fui abordada por uns quinze príncipes diferentes, uns eram doces, outros mais sérios, alguns lordes do reino do fogo, e ao mesmo tempo até simples súditos reais. Eu mal conseguia respirar, eram tantas perguntas “O que gosta de fazer?” “Aceita um pouco de ponche?” “Sou educado, meigo e gentil” “Adoraria passar os dias ao seu lado com um belo cobertor de marshmallow” Argh!! Juro que vou mandar todos tomarem no..

— Com licença! A princesa vai vir conosco, desculpe, terão a noite inteira pra falar com ela. Com licença.. - Finn surgiu entre os “pretendentes” afastando-os enquanto Flame me guiava até a mesa deles.

— Pelo ultimo pirulito do Reino Doce! - Esbravejei batendo na mesa - Eu quero desaparecer.. - choraminguei ali mesmo. Flame cuidadosamente segurou meu braço, me fazendo olhar pra ela. Sua mão era quente, mas não estava machucando. Era um calor gostoso de sentir. Fico feliz que ela tenha se esforçado para aprender a segurar suas chamas.

— Vai ficar tudo bem princesa. Acredite. Quando menos se espera, coisas boas acontecem - A princesa sorriu corando aquele rostinho laranja. Até que não era má pessoa..

— Tenha calma, vamos dar um jeito de te tirar dessa. - Finn afirmou me dando um meio sorriso, retribuí fixando meus olhos na mesa, totalmente sem esperança.

— Senhorita Jujuba! Senhorita Jujuba! - Um docinho me chamou atenção, puxando a barra do meu vestido. Sorri.

— Pois não? -

— A senhorita está muito bonita hoje! - Ele me retribuiu o sorriso, com os olhinhos brilhando. Não me diga que ele vai me pedir em casamento também.. Ri com meu próprio pensamento.

— Obrigada pequeno -

— Arh.. Aqui! Me mandaram entregar isso para a a senhorita! - Ele tirou do bolso de seu casaco um pequeno papel cinza, muito bem dobrado, e me entregou.

— Obrigada! - Peguei o papel e o examinei por alguns instantes - mas quem foi que te pediu pra.. - Ele sumiu! - Finn cadê o garoto? -

— Não sei, não estavámos olhando -

— Que seja.. - Abri o papel sem o mínimo de interesse.

“Você está linda essa noite. Mas não tão linda quanto fica quando está brava” Mas que tipo de brincadeira idiota é essa? Se acha que vai me conquistar com recadinhos amorosos está muito enganado, seja lá quem for!

— Princesa.. - Uma voz conhecida me chamou atenção

— O que é que você quer Rei Gelado? - Estreitei meus olhos na direção dele. A barba branca enorme quase tocava o chão, vestia um terno velho que nem ele e cheirava a mofo. Eu não casaria com ele nem morta!

— Já escolheu algum pretendente? - O velho me perguntou com um sorriso interessado.

— Claro! - Respondi animada.

— Mesmo?! - O Rei Gelado perguntou surpreso.

— Sim! - Sorri ainda mais. Ele se aproximou de mim com os olhos que transpareciam raiva.

— Quem?! Quem ousa roubar o coração da minha princesa?! - Ele berrou fazendo suas mãos brilharem por seu poder.

— Qualquer um que não seja você! - Pisei forte no pé dele que saiu pulando de perto da mesa. - E não volte! - Rosnei. Finn e Flame riam da cena - Estão rindo de que?!! - Perguntei brava o suficiente para encará-los com um olhar mortal.

— Er.. Nada.. - Ambos responderam na mesma hora. Bufei quando notei que o garçom estava trazendo copos de suco para nossa mesa.

— Com licença, nós não pedimos suco - Flame comentou educadamente.

— Eu sei, Princesa do Reino do Fogo. Foi um pedido especial de alguém - O garçom balinha explicou colocando três copos de suco de morango sobre a mesa.

— Obrigada então - Finn agradeceu e o garçom despediu-se com um aceno de cabeça. - Veja pelo lado bom princesa Jujuba, pelo menos as pessoas mandam coisas gostosas pra nossa mesa. - Finn brincou e deu um copo de suco para Flame. Observei bem o meu copo.. A Marcy iria amar esse suco.. Com um sorriso fraco peguei o copo e num gole só tomei tudo.

— Mas o que é.. - No fundo do copo, do lado de fora tinha um papel cinza grudado. Curiosamente o peguei, era igual ao que o garoto doce havia me entregado antes. Abri com cuidado, pois estava um pouco molhado.

“ Morango é uma fruta doce, assim como você. Os mais vermelhos são sempre os mais gostosos” Okay.. Agora querem me dar aulas sobre morangos. Que gentileza. Atirei o papel sobre a mesa junto do outro.

A festa foi longa, muitos príncipes vieram até minha mesa, cumprimentaram-me, me chamaram pra dançar.. Mas não foi nada tão chamativo, ou até mesmo romântico. Eram todos uns bobocas. Fui dançar com a maioria deles... Afinal, quando terminava a música sempre terminavam congelados mesmo. Melhor pra mim, dessa forma não demorou muito para pararem de me chamar e eu tinha uma nova coleção de estátuas de gelo no fundo do salão. Que lindinho.. Só que não. Estava voltando pra a mesa quando esbarrei em alguém

— Desculpa! - Falei, mas já havia perdido a pessoa de vista. Deveria ter sido algum garçom apressado. Enfim. Voltei pra minha mesa.

— Jujuba, o que é isso no seu vestido? - Flame me perguntou apontando para minha barriga. Olhei rapidamente, um papel cinza. “ Essas músicas não parecem muito com o tipo de coisa que você gosta. Que tal a gente animar mais um pouco essa festa?” Alguns minutos depois de eu terminar de ler o papel, um som conhecido invadiu o salão. Era animado, dançante, e diga-se de passagem, uma das minhas músicas favoritas. O salão ficou lotado. E antes que eu percebesse havia mais um papel, só que estava dentro do meu copo vazio de suco. Como ?! Peguei o papel e abri ansiosa “Gostou? Tenho certeza que sim. Porque não dança um pouco?” Não pude evitar sorrir. Quem é essa figura? Levantei e procurei com os olhos, mas.. Como eu iria saber ? Não tinha como! Finn me acompanhou até o salão e dançou aquela música comigo, com o consentimento da Flame, claro. Ao voltar haviam uns três papéis em minha cadeira.

— Flame! Quem colocou isso aqui?! - Perguntei. Ela não saiu da mesa, então é claro que deveria ter visto quem era! Agora eu te peguei!

— Bem.. Eu não vi. - comentou ela.

— Como não viu?! Você não saiu da mesa! -

— Eu estava olhando pra vocês, não prestei atenção. Desculpa. - Droga... Sem demora abri os papéis. “Quando você dança sozinha parece se divertir mais” “ Olhe embaixo da mesa” Hum? Levantei a toalha branca que cobria a mesa e para minha surpresa havia uma caixinha alí. Era rosa, com laços azuis. Recolhi ela do chão e coloquei sobre a mesa, lendo o terceiro papel “Não precisa responder agora” Ergui uma sobrancelha, abrindo a caixinha. Para minha surpresa havia uma aliança dentro. Mas não qualquer aliança, um anel dourado perfeitamente detalhado com uma escritura dentro “Your Forever” Que lindo..

Notei um outro papelzinho colado na aliança. O que será que..?

— Atenção! Meus queridos convidados! - Tomei um susto quando meu pai chamou a atenção de todos, no alto da escadaria principal. - É chegada a hora da escolha! Nesse instante gostaria de pedir a minha querida filha que se fizesse presente ao meu lado para nos informar quem será o noivo e futuro Príncipe do Reino Doce! - O povo aplaudia e sorria com uma felicidade invejável.. Mal sabem eles.. Olhei de relance para a aliança sobre a mesa e me direcionei às escadas. Cada passo era um martírio.. Era como subir pouco a pouco para a infelicidade. Para um caminho sem volta, para um terrível fim ao lado de um velho rabugento que fede a mofo... Obrigada papai.. Tsc.. Agora que paro pra pensar.. Tive bons momentos.. Momentos felizes dos quais eu nunca vou esquecer.. Tipo, quando Marcy e eu nos conhecemos. Nós não fomos com a cara uma da outra, foi engraçado até, vivíamos brigando. Crescemos juntas em mundos diferentes, com realidades diferentes e eu a via sofrer e ser julgada por todo povo do reino que EU era uma das principais regentes.. Fazia sentido ela me odiar.. Até aquela noite que flagrei ela no meu quarto depois das onze, quando entrou pela janela. Primeiro, pelo que falavam dela, pensei que fosse me devorar viva e moer meu ossos... Mas ela era apenas uma garota solitária que.. Queria alguém pra conversar quando estava sem sono... E assim, um passinho de cada vez, construímos nosso amor.. Vivenciamos ele até os últimos milésimos.. Foi incrível cada segundo ao lado dela.. Queria tanto voltar no tempo..

“Por mais que a distancia não vá apagar o amor
Ela faz aumentar a dor...
De não ter você aqui! Poder te sentir!
Isso me mata cada vez mais...

E a nossa história não termina aqui...”

— Então! Minha querida filha, o que tens a dizer sobre a pessoa a quem vais escolher?! - O Rei-Hipócrita-Doce me perguntou fingindo um sorriso feliz na frente dos convidados. Minha cara de paisagem já transparecia minha alegria. Todo o salão ficou em silencio. Fitei o chão sem saber ao certo o que fazer.. Como dizer aquilo?

— Bem, Eu.. -

— Abra o papel!! - Uma voz infantil ecoou, chamando a atenção de todos presentes. - Abra o papel Princesa!! Abra o papel!! - Um menininho doce gritava e pulava tentando chamar a minha atenção, segurando em mãos a tal caixinha com a aliança. O que esse menino está fazendo? Ele quer mesmo me pedir em casamento?!

— O que está fazendo moleque?! - Um guarda banana agarrou a criança pela gola da camisa branca que o garotinho usava, levantando o corpo do menino, tirando o do chão. Senti a raiva tomar conta de mim.

— Eu ordeno que solte-o! Seu monstro!! - Todos me olharam assustados. O guarda banana estava pasmo. - Tem problemas de audição?!Eu disse solte-o! - Gritei mais uma vez. O garotinho se debatia enquanto seus pezinhos não tocavam o chão. O guarda soltou o docinho que veio correndo em minha direção, com a caixinha na mão, subindo as escadarias pulando de dois em dois degraus.

— Princesa.. Ju..Juba.. - Ele estava ofegante ao chegar no topo.

— Desculpa querido.. - Me abaixei para olhá-lo nos olhos, repousando a mão sob o ombro do pequenino - Sabe.. Você ainda é um garotinho e eu tenho idade pra ser sua.. -

— NÃO! - ele me interrompeu corando totalmente - Não é isso! Por favor princesa, eu só peço que abra o papel! - O pequeno afirmou esticando seus bracinhos me entregando a caixinha. Espera.. Cadê a aliança?

— Jujuba! O que está acontecendo?!! - Meu pai se controlava para não parecer bravo, mas eu sabia que ele estava. Pois bem feito! Revele-se Rei! Mostre aos seus súditos sua verdadeira face!

— Nada pai! - Rosnei fazendo ele ficar quieto - Me dá aqui esse papel.. - Comentei baixinho abrindo aquele bilhetinho cinza com calma e...

— Não pode.. ser.. - Meus olhos se encheram de lágrimas que não demoraram para escorrer pelos meus olhos. Cobri a boca segurando um soluço enquanto olhei para a multidão. Eles murmuravam e se perguntavam o que estava havendo.

— Jujuba! - Meu pai gritou. Antes que ele pudesse voltar a falar me levantei num pulo usando as costas do punho para limpar as lágrimas. Encarando a multidão com um olhar confiante.

— Eu! Princesa Jujuba! Representante do Reino Doce da terra de Ooo fiz minha escolha! - Falei em alto e bom tom. Todos me encaravam e se perguntavam em murmúrios o que estava havendo.Finn e Flame estavam pasmos, Jake e Lady nem se fala.

— Que seja feita sua vontade meu Pai! - Sorri com satisfação para ele - Declaro oficialmente diante de todo o povo da terra de Ooo que quero casar-me e passar o resto da eternidade ao lado de... - Antes que eu pudesse me pronunciar alguém abriu caminho pelo meio do salão. Passos largos ecoavam no local, todos se calaram, parando para observar. Uma figura surgiu do meio da multidão seguindo calmamente até a escadaria principal. Uma calça colada cor de vinho junto com botas negras lhe caiam bem até demais, em minha humilde opinião. A camisa igualmente preta se fechava sobre a branca elegante que lhe cobria até o pescoço. Um chapéu enorme lhe escondia o rosto e qualquer vestígio de cabelo.

— Quem és tu? - Meu pai avançou e eu o impedi, ficando a sua frente, olhando para aquela criatura que subia calmamente as escadas fitando o chão. Meu coração parecia ter parado de bater por alguns instantes, o ar me faltava a cada passo que era dado. Já no fim da caminhada aquele anjo negro ajoelhou-se me estendendo a aliança na frente de todos. Seus olhos ainda fitavam o chão deixando que o chapéu cobrisse seu rosto. Mas eu não precisava de mais nada para saber da verdade.. Deixei o pequeno bilhete cinza cair no chão, revelando sua escrita...

“Em nome de todo vermelho do mundo
E com a força de cada música que houver..
Larga tudo pra ficar comigo?
Você é tudo o que essa Vampira teimosa quer.


Marcy ”


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Notas finais do capítulo

Olá vocês seus lindos! u_ú
SURPRESA! ♥ Ainda tem mais um capítulo para finalizar essa história! o/
Não escrevi tudo de uma vez porque o capítulo já estava enorme ;-; Perdão! Mas assim que possível estarei disponibilizando o final! E queria a opinião de vocês nessa questão. Acham que eu deveria fazer o final do ponto de vista da Marcy? Contando o que aconteceu? Ou continuar com o ponto de vista da Bonnie? =3

>w< Tyna e Yam-yam obrigada pelos puxões de orelha pra escrever! QueenVee parabéns pelos 2 anos de Nyah! baby purpurinada ukezinha da Ludie *---* Vi sua publicação no facebook e achei uma gracinha ♥ E Bolinho-Nee-chan obrigada por todas as conversas divertidas por MP que melhoraram e muito meu humor para escrever *-*
E claro, obrigada a TODOS vocês que estão sempre comigo, comentando, incentivando. Sei que ainda tenho muito que melhorar, mas fico realmente emocionada e grata por tudo. Um beijo enorme, doce e carinhoso no coração de todos vocês =3
Nacchan Hwang~ >w