Cronicas dos Sete Céus - O Espirito da Terra escrita por Lorenna Duran


Capítulo 1
Prólogo - Nas mãos de Lúcifer...




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– Frio... sim muito frio... a sensação era de causar tremores e calafrio pelo corpo todo, estaria a bater os dentes se fosse possível, mas, não consigo me mover... Meu corpo está pesado, não responde aos meus estímulos de movimento... Escuro, está tudo escuro... mas ouço uma voz... parece distante, mas acho que conheço... são lamentos e choro... Espere... essa voz... não... não pode ser... Ellora... está chorando?

– “Edrian... não... não pode ser... Traidor!” – ouço como um sussurrar.

–“Não, não jamais faria isso! Ellora, por favor...” – era o que eu pensava, mas não conseguia dizer.

Eu me forçava de todas as formas, mas nada adiantava, simplesmente não sentia mais meu corpo, quando de repente...

Dor...  Uma sensação agonizante semelhante a inúmeras agulhas perfurando meu corpo, uma forte pressão esmagadora em meu peito, parecia que meu coração ia explodir...

Falta de Ar... Como se tivesse levado um soco era tamanha ausência do precioso gás em meus frágeis pulmões, unida com a escuridão chegava a ser desesperador...

Perda de consciência...

Despertar... Uma sensação estranha, mas liberadora de leveza... Sinto-me leve... Consigo enxergar de novo!

Tento me levantar, mas espere... Estou voando?! Tudo a minha volta está descolorido, como se o mundo fosse pintado por preto, branco e tons de cinza. Olhando adiante vejo minha amada... Ellora demonstra um misto de emoções em seus olhos dourados como ouro, agora marejados de lágrimas. Seu corpo tinha um brilho dourado espectral que eu nunca tinha notado, diferente do ambiente a volta, suas cores e seus perfumes estavam bem nítidos e vivos em minha mente, suas asas estavam à vista embora ela nunca as mostrasse normalmente.

 Mas seu olhar me dizia mais, por isso olhei a minha volta, e quando vejo abaixo de mim, entro em pânico ao ver meu corpo estirado por terra, banhado por meu próprio sangue que havia jorrado do que era meu pescoço, agora destroçado e dilacerado.

– Surpreso? É lamentável que vocês bonecos de barro sejam tão frágeis...  – ouço uma voz atrás de mim e a forma como se expressou mostrou sarcasmo e desprezo visíveis, não me contive em olhar intrigado. Para minha surpresa, tive a visão do Filho do Alvorecer, Lúcifer.

Era incrivelmente belo, mas de uma beleza andrógina, seu corpo era bem definido e esguio. Seus cabelos longos, presos em trança eram de um louro puro e divino tão dourados como os olhos de Ellora, seus olhos de um azul anil profundo e intenso. Seu corpo estava envolto por um brilho muito mais intenso e uma energia poderosa, nem se comparava com energia cativante e acolhedora de Ellora, a que provinha do Arcanjo era temerosa e intimidadora. Agora entendo por que Ellora sempre me dizia para ser cauteloso perto de tal criatura.

– Estou... Morto? – disse tentando entender o que tinha acontecido.

– Seu corpo sim, mas seu espírito prevalece... – diz Ellora com a angústia audível em sua voz.

– Não nos veremos mais? – não pude conter a dor e a saudade ao dizer isso.

– Não... – Ellora diz olhando fixamente para mim intrigada, lágrimas escorriam em sua face. – Mas não entendo, o túnel da morte deveria ter aparecido a você...

– Mas que cena comovente! Ha! A Ishim chorando pelo seu boneco de barro! Ora Ellora, se quiser continuar a brincar de boneca, porque não molda uma marionete de barro, afinal a terra não é seu elemento? – diz o Filho do Alvorecer em tom sarcástico, balançando sua cabeça negativamente, encara Ellora e prossegue:

– Criatura desprezível! Você me enoja ao ver, seres como nós, a mais bela e poderosa criação de Yahweh, os seus verdadeiros herdeiros, se rebaixando e se relacionando amorosamente com esses animais. Questiono-me, o que tinha em mente meu “amado” Pai, em permitir a existência de anjos tão infiéis e sujos como vocês! – diz agarrando o rosto de Ellora obrigando-a a olha-lo.

– Sabes tão bem Lúcifer, que somos uma das Quatro qualidades principais do Criador, o Poder dos cosmos manifesto no Universo e na Haled! Os Quatro elementos que regem a vida... Não pode nos destruir ou tudo que o Criador fez irá se esvaecer, perderá o equilíbrio. É isso o que quer?

– Não faz ideia de quanto! – diz Lúcifer baixinho próximo ao rosto de Ellora, numa expressão confusa, um misto de desejo, prazer e ódio. – Mas esse será nosso segredinho! – Ellora olha horrorizada para o que acabe de ouvir.

– Bom trate de ficar quietinha agora, meu anjinho! Tenho um assunto a tratar com o seu adorado ex-boneco de barro! – diz Lúcifer que ao se virar para confrontar o espírito do jovem Edrian, pressiona com uma forte pressão invisível o corpo de Ellora ao chão impossibilitando-a de se mover.

– Você não é digno de ser um Arcanjo, nem de portar a Palavra... Você... Você é um monstro! – Ellora diz com sua face franzida de raiva e ódio intenso expresso na voz, pelo Filho do Alvorecer.

Com uma risada calorosa, Lúcifer diz:

– Suas palavras, minha cara Ishim, afagam meu ego...

– O que pretende comigo? – digo intrigado com a aproximação do Arcanjo.

– Com você? Nada... O que tinha em mente pra você já se realizou... E admito, não foi muito divertido, sabe, vocês bonecos de barros não são muito resistentes, aliás, sua própria existência é uma piada.  – Lúcifer diz isso com naturalidade olhando com sem receios ou preocupações para o corpo humano dilacerado do jovem que próprio Arcanjo eliminou. – Mas com sua amada celeste... Ah sim, com ela eu estou apenas começando, porém, não se aflija. Meu objetivo é mantê-la viva, para que veja o que tenho reservado a ela.

– Não ouse...

– Ah então o espírito quer bancar o corajoso? Hahahaha! Acha mesmo que poderá fazer algo? Não poderá fazer nada nem por si agora...

– O quê?

– Ah quer dizer que não notou? São tão incapazes de compreender! Verme desprezível! O túnel da morte não surgiu para você e nem surgirá.

– Como assim? Isso é impossível... – digo totalmente desacreditado do fato.

– Impossível... É uma palavra que você deveria tirar de seu vocabulário, ainda mais depois de tudo que viu até agora. – informa Lúcifer.

Neste instante, Lúcifer faz um leve movimento com suas mãos, e no mesmo instante sinto uma dor maior e mais intensa que a da própria morte. Não consigo conter minha voz e dou um grito esganiçado, me contorcendo todo e vejo minha alma se desintegrar ao poucos, lenta e dolorosamente.

– Pare, por favor, Lúcifer! Tenha piedade, lembre-se da ordem do Criador, devemos protegê-los, amá-los com nossas existências... – implora Ellora.

– Piedade, amor? Faz me rir! Por que deveria eu protegê-los ou amá-los? Foram essas criaturas repugnantes que roubaram meu Pai de mim. Por culpa deles, Ele se afastar de todos nós...

– Nãooooo! Edrian... – Ellora chora, clama, grita de angústia e dor ao ver seu amado desaparecer completamente. Ellora sabia que como Arcanjo, Lúcifer, patrono dos Hashmalins, poderia manipular o tecido impedindo a abertura do túnel como também eliminar a alma, dando cabo por fim da existência, da lembrança, de tudo que aquele que um dia foi humano pode ter feito.

– Pronto! Agora sim estou realizado! Enquanto a você, minha cara, ainda tem uma chance de se juntar as minhas hordas, será grandemente recompensada. Mas lembre-se, se abrir a boca ou se quer pensar em dizer algo a outros, que eu sei que há muitos, com o intuito de me prejudicar... Sabe que não haverá esforço nenhum de colocar sua rala existência a fim... Mas esse será nosso segredinho! – diz Lúcifer tirando a pressão sob o corpo de Ellora, com uma piscadela se afasta dando as costas a ishim.

Ellora ainda catatônica balbucia:

– Dos Quatros principais atributos do Criador, o Amor é o maior de todos... E esse foi dado de presente aos homens... Verdadeiros herdeiros de Deus... O Sopro da vida... Que os torna verdadeiramente imortais... Por quê? Por que tanto ódio e rancor pelos herdeiros de nosso Criador?

– Simples, porque roubaram o amor de meu Pai de mim... Ele nos abandonou..., Ele nos privou do presente supremo, por causa deles... Nunca aceitarei isso... – disse Lúcifer com uma triste nítida em sua voz, para a surpresa de Ellora, enquanto dissipava seu avatar de volta para o Astral, e disse baixinho:

– Ele me abandonou...

Ellora ficou atônita com o que ouviu ou achou que ouviu. Estava tão desnorteada que não teve certeza, mas lembraria dessas palavras por anos.  Recompondo-se, andou até o local onde jazia o corpo de Edrian, onde tratou do corpo e sepultou, criando um monólito em sua honra e lembrança.

Lúcifer estava errado, ele poderia apagar a existência de Edrian do Universo, mas ele estava mais do que vivo em sua memória. Está era agora seu bem mais precioso, e faria de tudo para mantê-la sempre viva e ativa. A mente de Ellora agora era um registro precioso de tempos passados perdido, épocas e pessoas que foram e nunca mais voltarão, mas que estão vivos e bem nítidos em sua memória...


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Notas finais do capítulo

A aventura começa no próximo capitulo...



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