Talvez escrita por Lilian Smith


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá, agradeço a todos que estão começando por aqui, este texto surgiu de um momento de pensamentos meus. Não contem nenhuma revelação muito grande da historia, por favor, olhem as notas finais, por que pode haver alguns esclarecimentos, sobre possíveis duvidas.



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Um cemitério era de longe um dos seus lugares favoritos. Tinha uma relação meio frágil com eles, e por vezes preferia passar longe. Mas daquela vez, ele tinha um motivo especial.

Simon caminhou lentamente pelos túmulos, desviando de pedregulhos e protegendo as flores que tinha comprado àquela manha da chuva fina que tornava o clima mais frio e triste. Era a única pessoa no cemitério, nem mesmo os funcionários estavam lá. Ele estava sozinho, e gostava disso, com o passar do tempo, havia se acostumado com a solidão.

Tempo. Quanto tempo havia se passado mesmo? No inicio, ele contava, mas depois ele passou a deixar rolar. Não se incomodou mais. Tempo não era algo bom para ele. Lembrava com clareza de quando o primeiro frio branco surgiu entre os cabelos negros de Isabelle. Lembrava-se de quando Clary correu até ele, feliz, e o convidou a ser padrinho do seu primeiro filho. Lembrava-se de assistir a briga entre Clary e Jace, por ela ter escolhido ele como padrinho, ao invés de Alec, e ainda se divertia com a lembrança da surpresa que foi, quando eles descobriram que seriam pais de gêmeos, e que tanto Alec quando Simon poderiam ser os padrinhos das crianças. Ainda ouvia o choro de felicidade de Clary em seus ouvidos, quando as duas criancinhas loiras foram colocadas em seus braços, e pela primeira vez, viu Jace chorar.

Mas aquela felicidade se acompanhou de culpa por parte dele. Isabelle parecia animada com a ideia de sobrinhos, e foi tão carinhosa com as crianças, que fez Simon perceber, que por mais amor que pudesse dedicar a ela, jamais poderia lhe dar uma família. Era duro arrancar aquilo de Isabelle, o direito a ser mãe. Mas seu amor egoísta permaneceu, e ele assim como ela acompanhou as crianças crescendo, se desenvolvendo e se tornando adultas. Ao mesmo tempo, em que Clary, Jace e Isabelle, envelheciam.

Alec e Magnus tinham conseguido uma solução para eles. Mas Simon não sabia descrever exatamente qual tinha sido.

Os anos passaram, rugas de expressão foram surgindo, e a cada novo ano, Isabelle ficava mais perto da morte. Mas ele foi adiando, empurrando aquele momento horrível para o fundo de sua mente, prometendo a si próprio que só mexeria com ele quando a hora chegasse, e que estaria pronto. Mas ele não estava.

Aos cinquenta anos, Jace foi o primeiro a deixa-los. E Clary foi logo em seguida. Simon sentiu como se sua alma estivesse se rompendo. Eles morreram, enquanto ele continuava, do mesmo modo de cinquenta anos atrás. Com seus dezesseis anos, com sua força, e beleza da adolescência.

Mas a dor de ver, ela morrer foi pior. Quando criança, Simon se perguntava o porquê de as pessoas em hospitais ficaram para ver seus familiares morrendo em uma cama. Ele não entendia o porquê de permanecer ali. Mas quando ela se foi, ele entendeu. Não havia solução, e a única coisa que poderia ser feita, para não se sentir inútil, era permanecer ao lado da pessoa, e acompanhar junto dela, o passo a passo da morte.

Depois de perder todas as pessoas com as quais se importava, ele começou a se isolar. Escondendo-se em quartos de hotéis escuros, e saindo apenas para caçar algum animal indefeso, ou comprar sangue. Não devia ter feito aquilo, claro. Tinha obrigações, como por exemplo, o controle do clã de Manhattan. Mas ele precisava daquilo, daquele isolamento, e daquela depressão. Se não fosse por essa temporada de pura dor, ele jamais estaria naquele cemitério.

Os corpos dos seus amigos tinham sido levados em um ritual típico dos caçadores de sombras. Mas junto de Alec e Magnus, eles conseguiram vagas em um cemitério da cidade, e fizeram uma pequena homenagem a eles, já que nenhum dos três podia entrar em local sagrado. Agora, depois de tanto tempo – trinta ou cinquenta – anos depois, ele finalmente voltava para uma visita.

A lapide de Clary e Jace estava desbotando, e as inscrições já eram difíceis de ler. Mas ele lembrava muito bem do que estava escrito, ele próprio mandara escrever a frase. Ajoelhando-se, ele colocou flores, e um quite de desenho.

- Sinto muito, Jace. – falou. – Mas não sabia o que trazer para você.

Pensou, que provavelmente Jace, responderia com algo sarcástico. Mesmo os anos, não mudaram seu comportamento. Mas apagou a possível resposta da mente. Doía lembrar-se de como ele era. Mesmo irônico e sarcástico, Jace era seu amigo.

Ele respirou, apesar de não precisar, e caminhou para a próxima lapide. Era a de Isabelle. Mesmo com alguns anos nas costas, Isabelle continuava linda, encantadora, e tão quente quanto uma fogueira. Porem, a lembrança mais viva que tinha dela, era do momento de sua morte. Quando o brilho de seus olhos foi sumindo, quando o aperto em sua mão foi afrouxando. Suas últimas palavras ainda eram claras em sua memoria;

- Viva a eternidade por mim.

Ela, não queria que ele sofresse. E por muito tempo, ele fez o contrario de seu pedido. E estava ali, para finalmente cumprir seu desejo. Ele fechou os olhos, e deixou que todas as lembranças de seu ultimo minuto o invadissem, uma ultima vez. Depois de tanto tempo em depressão, ele finalmente sentia as amarras da tristeza o soltando. Como se já estivessem cansadas de tortura-lo, e finalmente libertassem seu prisioneiro.

- Vou fazer o que você pediu. – Ele falou, olhando para o bloco de pedra, como se realmente falasse com ela. – Seguir em frente. Acho que esse é o segredo da imortalidade. Seguir em frente, sem olhar para trás. Mas imagino que todos os seres imortais, levam um tempo para perceber isso. – Ele parou, como se estivesse fazendo uma pausa para recuperar o folego- Eu vou amar você, sempre. Mas vou tentar ser feliz, e quem sabe um dia, nos encontremos novamente.

Sua mão vagou para o bolso, onde tinha guardado um objeto tão antigo quanto ele. Os óculos estavam com as armações enferrujadas, e as lentes arranhadas. Mas era a única coisa do seu antigo eu que ainda existia. Delicadamente, ele colocou aos pés da lapide.

- Não é muita coisa. – Falou, constrangido. – Mas pelo menos um pouco de mim está com você. Adeus, Isabelle.

Ele deu às costas as lapides, sentindo-se leve, como em muito tempo não havia se sentido. Em outros tempos, jamais pensaria em esquecer seus amigos. Mas agora, era essencial que fizesse isto. Precisava andar continuar. E não os deixaria por completo, estariam sempre com ele. Mas ele não podia mais se torturar com as lembranças.

Enquanto passava pelas portas de ferro, ele sentiu um vento estranho, quase gelado, bagunçando seus cabelos. Mas não virou para olhar, não podia olhar para trás. Seguiria em frente, sem nem uma única vez fraquejar. Já havia passado o tempo do desespero. Talvez fosse visitar Alec e Magnus, ou viajar par algum lugar do mundo. Ele virou na esquina, e deixou o cemitério para trás.

Em algum lugar a suas costas, uma moça de preto, o observava partir. Segurando uma armação em sua mão. Isabelle queria que ele olhasse para trás. Mas sabia que o melhor foi ele seguir em frente. Sorrio para si mesma, enquanto acariciava a armação de óculos. Estava feliz, só por ver, que finalmente, ele havia se recuperado.

- Oh sim, Simon. – ela falou, como se ele fosse escuta-la. –Talvez nos encontremos novamente... Talvez. 


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Notas finais do capítulo

Agradeço a quem chegou até aqui.
Bem, eu não conseguiria matar Malec, e seguindo um pouco do que aconteceu em Cidade das almas perdidas, eu acredito que de algum jeito, ele conseguiu ser imortal, mas não vou revelar o que acho, pois muita gente ainda não leu o livro.
O titulo da fanfic, é em referencia a isto, da possibilidade de um dia eles se encontrarem novamente.
A capa, é uma imagem de Magnus, Tessa e Simon, olhando para seus entes queridos, encontrei no site Idris-Br, e é uma fã art oficial da saga.
Qualquer outra duvida, coloquem nos comentários que responderei assim que possível. Obrigada!