Sombras e Seus Humanos escrita por ally_albarn


Capítulo 2
Capítulo 2




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-E o que seria isso? – Perguntou Ciel pela segunda vez.

            -Não sabe o que é sombra?

            -Sim, mas não tem outro significado?

            -Não, bobinho. Quero ser sua sombra!

            -Mas como... – Ciel ficou quieto quando olhou para baixo e notou que Lady Yuki não tinha uma sombra.

            -Como você faz isso!? – Gritou, quase caindo da cadeira.

            -Sombras não precisam de sombra, precisam de humanos que ofereçam sua alma.

            -E você quer a minha alma?

            -Sim.

            -Sem chance.

-Mas por quê??

-Porque isso é do mal!! Em todos os filmes que aparecem algo relacionado à alma, nunca é bom!

-Mas não acontecerá nada com sua alma!

-Então porque você a quer?

-Eu sempre a quis!

-Como assim? – perguntou intrigado Ciel.

-Bem, - começou ela – desde que você tinha nove anos eu o cuido lá de nosso mundo. Me encantei com seu jeito, e me apaixonei cada vez mais a partir do dia em que vi você beijando Kelly. E desde aquele dia, sonho em ser sua sombra – sorriu Lady Yuki.

Ciel ficou espantado de como ela sabia de tudo aquilo. Vendo o silêncio dele, Lady Yuki continuou:

-Sombras são como espíritos, mas nós não vagamos por aí em busca de alguma coisa. Ao contrário. Temos nosso próprio mundo, onde todas as sombras vivem mais ou menos como aqui. Mas nós podemos vê-los. E nos alimentarmos de suas almas. O alimento mais precioso para nós são suas almas. Mas aquele que o rouba, é preso por crime, e morto, se não pelos guardas, pelo povo que se enraivece com suas atitudes. Como nos alimentamos? Fazendo um pacto. Sou sua sombra, ou seja, aquela que te segue para todo o lugar, te protegendo quando preciso, fazendo tudo que você pedir. Em troca, você me dá a sua alma quando morrer. Anseio pela sua alma desde que você tinha 9 anos, ao salvar um gatinho de uma árvore, o que fez meu coração disparar. Aceite minha proposta, para que nós dois sejamos mais felizes.

-Então você basicamente vira meu “anjo”, não é?

-Anjos são uma coisa completamente diferente do que vocês humanos pensam que são. Mas do jeito que imaginam, sim, somos “anjos”.

-E o que acontecerá com minha sombra?

-Ela deixa de existir, assim como você deixa de ser humano.

-COMO ASSIM?

-Humanos não vivem sem sombra. Você poderá se disfarçar de humano, mas nunca mais será um. Nenhum outro poderá te ver além destes casos.

-Mas eu ainda estou no colegial!

-Pode se disfarçar.

-Mas porquê você veio me procurar agora?

-Porquê hoje você faz aniversário!

-Meu aniversário é só no inicio do ano que vem.

-Não de seus anos no mundo dos humanos. É de seus anos de vida mesmo, hoje faz 16 anos que você foi o espermatozóide escolhido!

-Então este pacto só pode ser feito quando a pessoa tem 16 anos de espermatozóide?

-Sim.

-E você me seguirá pra tudo quanto é lugar?

-Siiim!! Não é maravilhoso? – Diz Lady Yuki, abraçando com força Ciel.

-Negativo. – Diz ele, soltando a garota.

-Como não?

-Não acredito muito nesta história, sem contar que não ganho muita coisa ao te fazer como minha sombra.

-Mas...mas...

-Nada de mais. Não quero isso. Obrigado pela oferta, mas não preciso disto. – Ciel disse se levantando, pegando sua mochila e indo para a escola, sem se importar o que faria a garota.

Chegando lá, avistou seu amigo Ichirou, um garoto louro escuro de olhos azuis também escuros, que eram colegas desde a infância. Não contou nada para ele, pois não queria se passar de louco, então seguiu para sua sala em silêncio, ouvindo suas piadas.

Seu dia passou rápido, a manhã calma e normal, e quando chegou em casa, não havia mais ninguém. Chegou até a acreditar que aquilo não tinha passado de um sonho, mas viu que tudo realmente acontecera, pois sua cozinha estava arrumada mais do que o normal, e no lixo estavam os restos de comida queimada.

-Pelo menos ela sabe como arrumar uma cozinha- Pensou Ciel.

Os dias foram se passando, até que uma semana se fechou desde que Lady Yuki aparecera em seu apartamento.

Ciel não era de estar presente as aulas, ao contrário, geralmente cabulava no terraço, normalmente acompanhado de Ichirou. Até que a monitora do colégio, Makino, cabelos castanhos, curtos, olhos da mesma cor, apareceu para fazer seu trabalho.

-Ciel, Ichirou, cabulando aula de novo!

-Dá um tempo, Makino...

-Nada de tempo, vão direto para a sa... – Makino foi interrompida pelo alerta de termino das aulas. Ichirou e Ciel se levantaram calmamente, passando por ela, quando ela voltou do seu estado de choque.

-Vo-cês-vão-me-PAGAR! – Makino separou as palavras com raiva, levantando seu livro e saindo correndo atrás dos dois, que fugiram para não serem acertados.

Passaram o resto da tarde passeando no bairro do colégio, Ichirou e Ciel, Makino vez que outra aparecendo, já que morava perto dali. Estavam os dois sentados em um bar, quando ela os chamou e pediu para que fossem junto dela voltar a escola, já que esquecera um dos seus cadernos e estava escurecendo. Sem nada de mais divertido para fazer, os dois foram.

Chegando lá, ouviram um barulho estranho, como se as paredes estivessem sendo socadas por algum lutador de sumo.

Makino se agarrou em Ciel, louca de medo, fazendo com que um calos subisse em seu rosto. Chegando ao corredor, a garota de repente parou, agarrada ao braço de Ciel, fazendo-o parar também a frente de Ichirou.

Sem saber o que fazer, Ciel ficou quieto, escutando, quando percebeu que haviam vozes no fundo das batidas. Se separando de Makino, O garoto deu dois passos, esperando ouvir melhor. Quando confirmou que eram realmente vozes, Ciel correu, sendo seguido de Ichirou e logo após de Makino, por medo de ficar sozinha.

Chegando ao final do corredor, avistou dois vultos se debatendo e gritando, pegou seus corpos e os separou, somente depois descobrindo quem realmente eram.

A garota que ele segurava era nada mais nada menos do que Lady Yuki, que gritava e esperneava, e voando estava um garoto que ele não conhecia, rindo e falando ao mesmo tempo. Soltou-a por causa do susto, fazendo com que Lady Yuki percebesse quem a segurou:

-Ciel! Usagui roubou meu Ciel e não quis me devolver, veio até aqui fugindo de mim, e aí você aparece para me socorrer! Isso só pode ser o destino!

-Como assim, “meu Ciel”... Ciel questionou, quando viu que era um boneco simplificado dele mesmo e de sua roupa. Com cara de quem não estava entendendo nada, olhou novamente para Lady Yuki, que tirava da mão de Usagi seu boneco, abraçando-o, sorrindo e abraçando o verdadeiro Ciel.

-Ci-Ciel... com quem está falando...? – Makino perguntou, deixando o garoto mais confuso do que já estava.

-Como assim, com quem estou falando?

-Eles são humanos, não nos vêem. Só o escolhido para o pacto pode nos ver. Eu o escolhi, mas por mais que você não aceite o pacto, poderá ver sombras para sempre.

-Como assim, ainda não enten... - De repente, o chão se abriu, emitindo uma luz escandalosa, fazendo com que todos da sala ficassem cegos e Ciel caísse no grande buraco.

Lady Yuki fora mais rápida, e agarrara o braço de Ciel, mas como a garota não tinha força, logo, logo ele cairia, por isso ela gritou:

-Ciel, faça o pacto comigo, só assim você poderá sobreviver a essa queda!

-Não há outro meio? – Ciel perguntou, com medo de que fosse uma má escolha.

-Aceite logo! – Gritou Lady Yuki, desesperada.

-Está bem, eu aceito!

Não havia terminado de pronunciar a ultima silaba, Ciel sentiu seu corpo formigar, e a força da gravidade antes sempre presente não estava mais lá. Era como se estivesse flutuando, e todo seu sangue estivesse pulando de felicidade dentro dele.

Quando abriu os olhos, sentiu que estava caindo, com aquela claridade ainda o cegando. No instante seguinte, uma força descomunal o segurou no colo, levantando-o até a saída do buraco, deixando tonto, e desmaiou.

Ao acordar, percebeu que todos estavam á sua volta, Lady Yuki fazendo vento com o caderno de Makino. Levantou-se e foi agarrado por Lady Yuki, mas viu que seu corpo estava mais leve, e que os dois brilhavam. Passados alguns segundos, os dois pararam de brilhar, e Ciel, se soltando da garota, perguntou por que tudo aquilo aconteceu.

-Bem... Aquele buraco é uma fenda que às vezes se abre entre nosso mundo e o de vocês, mas como vocês não são sombras para entrar lá, você cairia para sempre, até a morte. Então me transformei em sua sombra, para em fim lhe proteger e lhe salvar sempre que for preciso. – Explicou Lady Yuki.

-Então não havia outra escolha.

-Bem... – Começou Lady Yuki, mas sendo interrompida pelo tal de Usagi:

-Claro que sim!

-O quê, havia alguma maneira?

-Claro que sim, você poderia pedir para se transformar em uma sombra também! – Disse o garoto, que flutuava a sua volta.

-Mas tem como?

-É praticamente impossível alguma sombra aceitar transformar um humano em sombra, mas Lady Yuki é tão apaixonada por você que duvido que recusasse.

-Então quer dizer que você me enganou! – Não acreditou Ciel.

-Olha, mas veja pelo lado bom, agora viveremos juntinhos, nunca mais nos separaremos!

-Me largue! Quer dizer que ela me segura para onde eu for? Não interessa como?

-Sim. – Respondeu Usagui.

-Porque? – Perguntou Ichirou.

-Porque sombras seguem seus humanos, obviamente.

-E não tem como ela se separar de mim? Ficara para o resto de minha vida presa ao meu corpo?

-Não é necessário.

-Verdade?

-Usagui, para quê estragar? É um idiota! – Lady Yuki disse, tocando seu boneco na cara do garoto.

-Ei, garota, não toque coisas nos outros! – reclamou Makino.

-Hahá, acertou em cheio! – Riu Ichirou.

-Ei, espere um pouco! Como vocês nos vêem? – Usagui percebera, assustado.

-Com os olhos? – Brincou Ichirou.

-Desde quando? – Ciel perguntou.

-Bem... – começou Ichirou – Você gritou, de repente um clarão surgiu, então não deu para ver o que estava acontecendo. Até que a luz foi diminuindo, e vimos que a garota carregava você no colo, e você desmaiado. Ela o largou no chão, e você acordou.

-O buraco deve ter feito alguma coisa...

-O quê, vocês não sabem como isso aconteceu? – Ciel perguntou para os dois, notando que Lady Yuki estava ocupada demais apertando seu braço para responder.

-Soube de histórias de humanos, ao se depararem a fenda de nosso mundo, se sobrevivem, passam a enxergar as sombras. Mas sempre considerei disto um simples boato, historinha para divertir crianças.

-Pelo visto isso funciona – Comentou Ichirou.

Todos já haviam notado o óbvio, mas ficaram pensativos.

-De onde veio isso? – Perguntou Ichirou, apontando para o desenho no pescoço de Ciel.

-É a marca, ela diz que você tem uma sombra. Veja. – explicou Lady Yuki, mostrando a marca em seu peito.

A marca de Ciel era como uma tatuagem tribal, brilhando com o seu tom de azul. A de Lady Yuki era de um rosa claro, chegando a se confundir com a roupa que ela usava. A alça de seu vestido dividia sua marca ao meio.

-E o que são essas fendas? – perguntou Ichirou.

-Sombras gostam de abrir buracos quando querem, sem se importar com qualquer coisa... Bom, vou indo, tchau!

Espantado com a súbita vontade de ir embora de Usagui, Ciel tentou fazê-lo ficar, mas quando vira, o garoto havia sumido. Sem saber o que fazer, Ciel resolveu voltar para casa.

-Vamos, Makino! – Gritou ele, quando notou que Makino continuara parada no mesmo lugar, olhando para o ponto onde Usagui sumira.


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