Desperto quando o sol ainda está nascendo, mais uma vez sou transportado de volta do mundo dos sonhos para a realidade, e lá estava ela, para me assombrar:

Passei alguns anos da minha vida tendo sentimentos secretos pelo meu melhor amigo. Finalmente consigo contar, de um jeito meio estranho é claro, e passo com ele os melhores meses da minha vida. E Então chega o dia da colheita.

Esfrego os olhos numa tentativa de me livrar do sono, mas o que realmente me desperta é observar Tyler dormindo feito um anjo e a sensação de que aquilo tudo poderia ser tirado de mim há qualquer momento. — Ele acorda e nota que eu estava o observando enquanto dormia. — Dou um beijo rápido em seus lábios quentes e me levanto.

— Precisamos nos arrumar — Dou uma pausa. — É hora da colheita.

— Ainda temos tempo — Ele me puxa de volta.

Sabíamos que estas poucas horas que nos restavam antes da colheita poderiam ser nossas últimas horas juntos, por tanto nós aproveitaríamos ao máximo. Nos beijamos ali por mais um tempo, e então descemos para tomar banho.

Entrei no banheiro e preparei a banheira, enquanto ele buscava toalhas para mim. Mesmo isso sendo esquisito depois da noite que tivemos, Tyler entrou no banheiro com os olhos tampados, e eu não pude evitar dar uma risadinha.

— Isso é mesmo necessário? — Provoquei — Você sabe, acho que nós dois já vimos o corpo um do outro.

— Não sei, eu só... Me sinto desconfortável — Ele riu.

— Bom. Acho que você ficaria mais confortável molhado, não é mesmo? — Joguei um pouco de água em cima dele.

— Você não deveria ter feito isso. — Ele disse enquanto andava em minha direção já tirando a camisa.

Eu não conseguia parar de olhá-lo. O modo como tirava a camisa e exibia aqueles músculos, perfeitamente definidos e alinhados, me provocava os pensamentos mais profundos, desejo, paixão, desejo e um pouco mais de desejo. Enquanto ele estava de pé e completamente nu ao lado da banheira, me senti como filhote de tordo esperando sua mãe lhe alimentar e saciar sua fome, mas a minha fome era diferente. Mais ousada. Eu precisava do Tyler para saciar aquela vontade.

Ele entrou de uma maneira surpreendentemente calma na banheira, fazendo com que a água contida na mesma não agitasse. Se sentou a minha frente, com os olhos fixos nos meus e um leve sorriso atraente. Suas mãos foram aos meus pés me puxando para seu encontro, deixando nossos corpos o mais próximo possível que o espaço permitia. Mesmo que eu já esperasse por um beijo, aquele me surpreendeu. Fora calmo, lento, deu para sentir os lábios quentes de Tyler roçando nos meus. Com uma destreza incomum, o moreno desceu em beijos para o meu queixo, pude sentir o local úmido e um pouco gélido pelo pouco de saliva deixada no lugar, mas não me importei com isso. Ele subiu pela minha bochecha parando em minha orelha onde deu uma mordiscada que me desencadeou um arrepio pelo corpo inteiro. Quando eu achei que aquelas provocações terminariam, o dono daquele belo par de olhos azuis que se recusava em abrir e me olhar, desceu até meu pescoço e em seguida voltou a me beijar mordendo meu lábio inferior e puxando lentamente.

Quando decidi contra-atacar, resolvi apelar diante de toda aquela provocação. Beijei seu pescoço enquanto segurava seus cabelos negros. Beijava seu peito, liso e musculoso, enquanto minhas mãos tocavam todo o seu corpo. Minhas mãos tocaram sua "zona-proibida", "área de tensão", acho que deveria ter uma placa: Perigo, não ultrapasse essa linha ou você corre o risco de querer ainda mais. Comecei com uma leve massagem, alternei com alguns movimentos e às vezes minha boca encontrava sua "área de tensão". Ele gemia, me puxava pelos cachos dourados e gemia cada vez mais.

Ele então se levantou, foi até sua bermuda e tirou os preservativos do bolso, colocou uma e me deu a outra. Quando voltou para a banheira, eu estava deitado, numa posição um pouquinho desconfortável, mas ele entendeu o recado. Beijava minha nuca enquanto se preparava, aos poucos ele começou a penetrar. Doía um pouco, mas era mais prazer do que dor. Após a primeira estocada, ele começou um movimento de vai e vem com seu corpo quente aninhado ao meu.

Quando terminamos, estávamos exaustos. Trocamos a água e tomamos nosso banho, um de cada vez, joguei água nele outras vezes, mas ele apenas me dava outra amostra daquele sorriso atraente e selvagem. Por fim, terminei meu banho, me vesti e desci para tomar café, nós havíamos esquecido da colheita.

A colheita no distrito 2 era diferente, era apenas uma formalidade, funcionava por meio de indicações e depois que acontecia o sorteio, os tributos escolhidos antes do sorteio se "voluntariavam".

Em outras palavras: os tributos do D2 sempre estavam entre os melhores, e este era o motivo.

As indicações aconteciam algum tempo antes do sorteio televisionado, acontecia num salão da Academia de Treinamento para Jovens Tributos dos pais de Tyler, e geralmente seus pais indicavam os "voluntários".

— Nós indicamos Deasy Column por sua perícia com facas e Plutarch Heavensbee por ser um dos melhores em luta e camuflagem. — Anuncia a Sr.ª. Whoopid ao microfone.

Uma multidão aplaude e grita nossos nomes, aperto com força as mãos do Tyler mas logo tenho que soltá-las para que alguns pacificadores nos levem até o palco.

— Bom, aqui estão eles! A senhorita Column e meu "queridíssimo" Plutarch. — Mais aplausos. — Silêncio, silêncio. Por favor, tributos, repitam em voz alta: Eu prometo dar o meu melhor para representar o distrito 2 nos jogos vorazes.

— Eu Prometo dar o meu melhor para representar o distrito 2 nos jogos vorazes. — Disse Deasy.

— Eu Prometo... ham, dar o meu melhor para representar o distrito 2 nos jogos vorazes.

— E então agora, senhoras e senhores, eu lhes apresento os voluntários do Distrito 2!

Até poucos minutos antes da colheita, todos passavam e nos cumprimentavam, elogiavam e nos desejavam um bom desempenho. Não entendo como aquilo deveria ser uma comemoração, mas aceito os comprimentos de todos. Não tinha visto Tyler até faltar 5 minutos para o sorteio.

— Tyler, o que houve? — Perguntei. — Onde esteve?

— Estava ocupado. — Ele disse enquanto secava o suor que escorria de sua testa, seus cabelos pretos estavam para o alto em uma espécie de topete, ele conseguia ficar lindo até suado. — Não importa o que aconteça, eu quero que você saiba que eu te amo.

— Eu também te amo, Tyler. O que está aconte..

— Senhoras e senhores, está aberta a 42ª edição dos Jogos Vorazes, eu sou Katie Trinket e desejo uma boa sorte aos tributos. — Disse Katie se movendo em direção a caixa para sortear os nomes. — Antes do sorteio, gostaríamos de passar um filme especial oferecido pela Capital.

Eles transmitiram através do telão algumas cenas da guerra que teve como consequência a destruição do distrito 13 e algumas cenas do mesmo atualmente. Tyler não soltou minha mão nem por um instante, ele estava suando e tremendo enquanto observava as cenas do filme. Quando terminou, Tyler relaxou um pouco.

Katie enfiou sua mão em uma das caixas, como sempre as garotas eram as primeiras.

— Joan McPhilion — Joan era uma garota de 13 anos que também estudava na academia dos pais de Tyler.

— Eu me voluntário, eu representarei o Distrito 2 — Disse Deasy caminhando em direção ao palco enquanto a mãe de Tyler encarava Joan.

— Eu concordo, Deasy deve representar o Distrito 2 em meu lugar.

— Ótimo, como sempre temos ótimos voluntários aqui no Distrito 2 — disse Katie. — Aplaudam... Qual é mesmo o seu nome, queridinha?

— Deasy Column.

— Aplaudam a senhorita Deasy Column, tributo feminino do distrito 2! — Pediu Katie, enquanto a multidão exaltava Deasy.

Katie enfiou a mão na segunda caixa. 

— Tyler Whoopid... Hum, parece que os jogos esse ano serão ainda mais interessantes. — Disse Katie.

Tyler soltou minha mão e me deu um beijo no rosto. Caminhou em direção ao palco enquanto eu o seguia após recuperar meus sentidos.

— Não! Eu me voluntario como tributo. — Gritei enquanto me livrava de alguns pacificadores e puxava Tyler pelo seu braço direito, prestes a subir ao palco. — Você não pode ir, Ty.

— Negado. Eu, Tyler Whoopid representarei o Distrito 2 nos jogos vorazes.

— Não! Você não pode, Tyler. Por favor. Não! — Gritei ainda mais alto.

Tyler me puxou pelo rosto enquanto me envolvia em seus braços. Tive vontade de chorar, Tyler não deveria ir em meu lugar, mesmo tendo sido "Sorteado". Sorte-ado, como aquilo poderia ser considerado sorte? Quando percebi, estava soluçando e lágrimas molhavam meu rosto e a camisa de Tyler. Ele me abraçava cada vez mais, um abraço protetor e intenso. Pude sentir seu braço se deslocando enquanto Tyler fazia um sinal e olhava para os pacificadores. Tyler me deu um beijo na testa, e em um instante, eu estava sendo arrastado por dois homens com roupas estranhas.

Tyler subiu no palco e ficou de pé ao lado de Katie. Ela segurou sua mão esquerda e a de Deasy e as levantou. A Multidão aplaudia ainda mais.

— Eu apresento a vocês os tributos do Distrito 2! — Disse Katie ao microfone.

A colheita no distrito 2 era diferente, era apenas uma formalidade, funcionava por meio de indicações e depois que acontecia o sorteio, os tributos escolhidos antes do sorteio se "voluntariavam".