Filha das Ondas. escrita por Cora


Capítulo 1
Mergulhe


Notas iniciais do capítulo

A primeira vez que ouvi falar da pequena seria foi através de um livro. Lembro-me de estar deitada no colo da minha mãe e ouvir ela lendo aquele livro enquanto eu mergulhava nas águas cristalinas do reino da sereiazinha.
Essa fanfic segue o ritmo da história original, de onde o filme "a pequena sereia" foi criado.
Aria é um nome que eu criei, mas a aparência é a mesma de Ariel, embora no livro que eu li quando tinha 5 anos, ela fosse loira.
Essa fanfic é um marco da minha vida, foi depois de ouvir a história dessa sereia que eu descobri minha paixão pelas palavras e pela literatura. Dedico todas as palavras que escrevi e escreverei durante toda a minha vida, a sereiazinha.
O lançamento dos capítulos será semanal, mas posso lançar um por dia.
Acho que devo a um escritor pela ideia de desenvolver essa fanfic, obrigada por escrever sobre ela e ligar essa luzinha na minha mente.
É MEU PRIMEIRO PROJETO LONGO, ME DESEJEM BOA SORTE U.U



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"O mito nunca acaba, ele apenas se renova. Tal qual uma rosa, que em sua última pétala seca e dá lugar a um novo botão."

– Mito de amor eterno.




Como todo conto de fadas começa com um Era uma vez, esse não seria diferente.
Mas esse conto de fadas não é igual aos outros, embora tenha um inicio igual. Esse conto de fadas, caros leitores, começa com um coração repleto de coragem e sonhos, mas seu final não é nada mais do que a realidade poderia contar. Apresento a vocês a história da princesinha que entregou tudo, em nome do amor.

Era uma vez, diz a história, de que a muitos e muitos anos, antes de inventarem os carros, os celulares e a tecnologia, muito antes das pessoas perderem a magia que guardavam em seus corações havia um reino tão lindo, mas tão lindo, que somente seu povo poderia contemplar tamanha beleza.

Bem longe, bem longe no mar, esse reino existia rodeado de paz e beleza. A água era azul como as pétalas de miosótis e pura como o cristal transparente. Mas é tão profundo lá, que seria impossível jogar uma âncora e ela encontrar o chão.

Nesse reino vivia o povo do mar, junto com todas as espécies de peixes que se possa imaginar. Ali cresciam flores e árvores estranhas, tão leves que ao menor movimento da água elas se agitavam como se fossem vivas. As árvores tinham cores belíssimas, como o vermelho ou laranja. Eram grandes e pequenas, algumas agrupavam-se em ramos e pareciam pássaros voando no ar. A beira de uma grande fenda estava o castelo do rei do mar.

As paredes do castelo eram feitas de corais de diversas cores e formas, as janelas eram de âmbar amarelo, e o telhado, de conchas que se abriam e fechavam, deixando a água do mar entrar e sair. As conchas do castelo do rei do mar encerravam as pérolas mais raras e belas do mar. Eram negras, rosadas, azuis, verdes e todas as cores que possa imaginar.

O rei do mar se chamava Tritão e estava viúvo havia muitos anos. Era sua velha mãe, Rodes, quem governava a casa e criava as filhas do rei do mar.

Rodes era uma mulher muito velha, porém inteligente e viva, além de muito orgulhosa. Era digna de elogios pelos cuidados que dispensava às seis netas. As seis princesas eram as criaturas mais belas do reino do mar. Todos admiravam a beleza e personalidade de cada uma. A mais velha chamava-se Linfa, a sábia. A quinta irmã chamava-se Agave, a nobre. Tália era a quarta irmã, a bela. Depois vinha Maera, a gentil, Iaera, a melodiosa e por último, Aria, a corajosa. Todas elas tinham olhos verdes e cabelos de todos os tipos e cores, mas não tinham perna. Seu corpo, como o de todos os habitantes daquele reino, terminava em uma cauda de peixe.

Durante o dia, as seis irmãs brincavam no grande castelo de corais, em seus salões as janelas de âmbar eram abertas, e peixes, cavalos-marinhos e golfinhos entravam para brincar com elas. Eles comiam na mão das princesinhas e elas lhes faziam carinho.

Em frente ao castelo havia um lindo jardim, aonde as princesas plantavam flores e crescia corais. Diversas criaturas do mar moravam ali, e árvores de cor azul-celeste, vermelho-fogo e douradas como o sol pareciam dançar ao balanço das águas. Raios de sol iluminavam o mar, mesmo tão fundo o sol brilhava graças a clareza das águas e sua pureza. O chão era de areia muito branca, e a claridade era dum azul que lembrava a cor do céu em um dia claro de verão.

De todas as seis irmãs, a mais estranha era a pequena Aria. Enquanto as irmãs se divertiam penteando o cabelo uma das outras, Aria se aventurava em navios naufragados e vales sombrios. Era também a menor entre as irmãs, tinha cabelos cor de fogo e sardas no rosto bonito. Suas bochechas eram gorduchas e seus olhos tinham um tom de verde que lembrava o mar em uma tempestade, bravios. Sua cauda era a mais bela de todo o reino, embora de beleza quem se destacava era a de sua irmã, Tália, com seus cachos cor de ébano e a cauda vermelha como as árvores que cresciam no jardim. Porém a cauda de Aria era deslumbrante, de um verde-azulado que parecia brilhar como as pérolas preciosas do castelo, longa e delicada com as ondas do mar.

Todas as suas irmãs mais velhas adoravam se produzir e decorar a cauda com flores e ostras. Passavam o dia no grande salão, rindo e fofocando, enquanto Aria sentava-se ao lado da avó para ouvir suas histórias. A velha sempre lhe contava sobre o mundo acima do mar e Aria sorria fascinada, implorando que a avó contasse-lhe mais.

Ela soube que as flores que cresciam na terra exalavam perfume e que as florestas de lá eram de tons variados de verde, e não coloridas como as do mar. Soube que havia criaturas que cantavam e pulavam em cima das árvores, que eram mais altas e firmes do que as que tinham ali.

Aria perguntava ansiosa quando poderia ver tudo isso com seus próprios olhos, e Rodes lhe dizia com muita calma e paciência que esperasse até completar 18 anos e então lhe seria permitido subir a superfície do mar. Então ela poderia se sentar sobre uma rocha e admirar o sol, a lua, os navios, as florestas e cidades, mas antes disso ela teria de esperar.

Conforme o tempo passava, Aria se enchia de esperança e ansiedade. Suas irmãs atingiam a maior idade e contavam-lhe como eram maravilhosas as coisas que viam lá.

As seis irmãs tinham uma diferença de idade igual á um ano. Por isso durante cinco anos ela sentou-se no meio do salão principal para ouvir uma de suas irmãs falar.

– Não imaginam como as cidades são belas e grandes! Lá as pessoas tem um par de caudas estranhas e andam para lá e para cá sem parar. As cidades têm luzes durante a noite, e brilham como centenas de estrelas. Músicas tocam o tempo todo e os homens dançam nas ruas.

Cada irmã que passava pela superfície tinha uma coisa nova para contar. Uma viu o pôr do sol e contou animada a beleza que vira no céu.

– O céu parecia banhado em ouro! As nuvens brancas eram como espumas e eu vi um bando de cisnes voando no céu, e aos poucos o céu ganhava tons de vermelho, violeta, laranja e azul. Então de repente tudo começou a escurecer, como se as trevas tomassem conta daquela imensidão de cores. O astro que antes brilhava vermelho, se escondeu atrás das montanhas e todas as cores se misturaram, tornando-se negra. Mas havia pontos de luz no céu, e um enorme círculo prateado iluminava a escuridão, refletindo sua imagem no mar.

Aria ouvia com o coração transbordando de emoção e ansiedade. Quando chegaria sua vez? Quanto ainda teria de esperar?

Suas irmãs lhe contaram sobre as colinas e montanhas que ficavam cobertas de neve no tempo das águas frias. Ouviu atenta sobre os flocos brancos que caiam do céu, como se este estivesse desmoronando. Havia também os vinhedos, os castelos nas montanhas e a baía das cidades.

A jovem queria saltar de alegria ao ouvir as maravilhas contadas, sentia-se voando quando fechava os olhos e sonhava acordada com sua hora. Mas suas irmãs não compartilhavam com ela a mesma alegria por muito tempo e isso a entristecia muito. Com o passar dos anos elas se cansavam das idas e vindas à superfície e os passeios perderam a graça. Disseram-lhe que seu mundo era mais bonito, e que nada se comparava ao reino do mar.

Durante muitas tardes as cinco irmãs mais velhas subiram a superfície de mãos dadas e se sentavam em uma rocha para sentir o calor do sol. Juntas elas cantavam e penteavam os cabelos. Durante as tempestades viam os navios naufragarem e cantavam lindamente sobre a morte dos homens ao mergulharem em direção ao coração do mar. Às vezes as cinco passavam semanas viajando para muito longe, deixando sozinha a jovem princesa, que se debruçava nas janelas do palácio e cantava tristemente os sonhos que ainda não podia realizar.

Um dia, dizia a si mesma, eu conhecerei as belezas que ouço falar. Eu viajarei sozinha e conhecerei todos os lugares e não precisarei mais ver minhas irmãs partirem, enquanto fico sozinha aqui.

E assim ela esperou.


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Notas finais do capítulo

O próximo capítulo já está sendo escrito! Gostaram? Comentem!



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