Uma semana tinha se passado do acidente do Artie e o dia de hoje seria o primeiro que nós o veríamos acordado e o que ele estava voltando para cara, Brittany estava ansiosa para rever nosso amigo e todos nós estávamos a espera dele e da mãe na porta do hospital.

Brittany estava em pé do meu lado e parecia nervosa, eu não conseguia tirar os olhos dela e ela parecia triste como tinha ficado durante toda essa semana. Eu tinha a visto chorar um bocado e ela tinha passado a semana praticamente toda na minha casa ou eu na dela, com toda essa situação nós duas ficamos muito mais grudadas do que já éramos e agora tudo que acontecia com ela me afetava. Quando Brittany chorava, me dava vontade de chorar e de segurar ela como meu pai fazia comigo, quando ela ficava triste doía em mim também, quando ela sorria e ficava animada com alguma coisa eu ficava animada também. Noah vivia me zoando por causa disso mas eu gostava, ter uma conexão com alguém era bom e ter uma conexão com alguém tão amável como Brittany era melhor ainda.

“San, você acha que ainda vai demorar muito?”

“Eu não sei Britt-Britt. Mas espero que não.” Sorri e ela fez o mesmo antes de voltar a encarar a porta do hospital.

Meus pais estavam no carro assim como a Sra. Puckerman e Sra. Hudson e eles estavam todos silenciosos demais durante esses dias. Minha mãe ficava cuidando de mim e da Britt ou então ficava no hospital o dia inteiro, ela e a Sra. Pierce alternavam para fazer companhia a Sra. Abrams.

“Isso é uma droga cara.” Finn fazia uma cara de chocado e nos chamou atenção. Brittany olhava confusa para ele, eu olhei para a porta do hospital para ver se tinha alguma coisa de diferente mas não tinha nada e Noah franzia a testa na direção dele.

“O que cara?” Noah perguntou olhando para a porta do hospital também e voltando a olhar para Finn.

“Você sabe, sem futebol para nós três daqui para frente. Sem piscina também, e o que nós vamos fazer para nos divertir agora que ele não vai andar mais?” Brittany olhou para ele triste e deixou abaixou a cabeça, eu vi que algumas lagrimas caiam e peguei a mão dela a apertando, virei para Finn e fuzilei ele com os olhos querendo explodir a cabeça dele por ser tão insensível. Noah balançava a cabeça de um lado para o outro fazendo uma cara de decepção para Finn e olhava meio bravo para ele também.

“Porque você não fica quieto seu boboca infeliz?”

“Eu só fiz um comentário Santana, vocês não tinham pensado nisso antes?” Ele levantou os braços fazendo cara de inocente e me olhando sem entender porque eu estava brava.

“Comentário idiota, desnecessário e super insensível cara.” Noah disse e veio para perto de mim para checar Brittany, depois de olhar para a loira entre eu e o judeu chorando que Finn finalmente entendeu que não devia ter falado nada, ele fez um muxoxo e sentou na calçada olhando para baixo.

Ficamos esperando por mais uns minutos até que escutamos algumas vozes e a risada de Artie, todos levantamos a cabeça ao mesmo tempo. Finn deu um pulo do lugar que estava sentado no chão, Brittany saiu correndo em direção ao menino e eu e Noah fomos atrás dela andando.

Ela se jogou no colo dele e o rosto dele ficou vermelho na mesma hora, mesmo depois de tanto tempo de amizade ele ainda corava quando nós tínhamos algum contato físico com ele.

“Como você esta?” Ela perguntou ainda sentada no colo dele.

“Bem Britt, eu não estou sentindo você. Quer dizer, eu não sinto nada ai embaixo então vocês todos podem sentar no meu colo que eu não vou sentir.” Ele riu e nós rimos junto com ele. Brittany não riu e continuou olhando para ele preocupada. Artie percebeu o olhar triste de Brittany e fez um carinho no rosto dela. Ele sorriu para ela e aquilo fez eu sentir um aperto no meu estomago, algo esquisito dentro de mim que me deixou desagradável. “Não precisa ficar triste Britt-Britt.” Ele sorriu para ela e a puxou para um abraço. E agora eu estava irritada e não fazia a menor questão de esconder isso, aquele era o meu apelido para ela e os meninos sabiam disso. Noah olhou para mim rindo e me deu um cutucão na costela, eu dei um sorriso amarelo para ele e ele entendeu e deu de ombros.

“Então, você já pode ir pra casa?” Eu interrompi o momento amável dos dois e Brittany olhou para mim sorrindo, daquele jeito bobão que só ela faz e eu não consegui ficar irritada por mais tempo. A mãe de Artie fez que sim com a cabeça e pediu para Brittany sair de cima da cadeira porque apesar do menino sentado ali não sentir o peso, ela sentiria o peso na hora de empurrar a cadeira. Quando chegamos no carro, Finn estava lá com nossos pais e deu um sorriso torto na direção do menino que só bateu na mão do grandão.

Depois de todos os adultos terem falado com Artie, garantido que ele estava realmente bem e terem dado muitos abraços nele nós entramos nos carros e fomos embora. Brittany no carro dos meus pais comigo, Artie no carro dos Hudson com a mãe, Finn e Puckerman e todos seguimos para a casa dele.

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“Santana, você já tinha ciúmes da Britt naquela época?” Puck debochou da latina e ela olhou sério para ele.

“Ela sempre teve ciúmes de mim Puck.” Britt respondeu abraçando a esposa. “Ela me amou desde o primeiro momento, você é surdo? Quem ama cuida.”

“Toma seu esquisito.” Santana respondeu e voltou os olhos para o livrinho que estava lendo. Brittany inclinou a cabeça na direção do livro para acompanhar o que a esposa estava lendo e Quinn ficou observando a interação das duas.

“Posso tirar uma foto?”

“Para que Juno?”

“Colocar no livro Santana. Seria interessante e...”

“Tá Quinn, tira quantas fotos você quiser de mim e da Britt mas sem fotos dos meus filhos ok?”

“Ok Santana.” A latina voltou a atenção para o livro e para a esposa enquanto Quinn pegava a câmera na gaveta e tirava algumas fotos do casal.

“Podemos continuar Juno?”

“Ta perguntando pra mim porque? Quem te interrompeu não fui eu não, foi o moicano ai.” Quinn apontou para Puck e ele começou a rir, Santana deu de ombros e fez menção de continuar a falar.

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Era a primeira noite de Artie em casa depois da cirurgia, sem nenhum remédio para dormir e totalmente sozinho. Eu tinha escutado ele comentando com Britt-Britt que estava assustado e não queria dormir sozinho, então eu fui ate a mãe dele e pedi para que deixasse que todos nós dormíssemos com ele e ela deixou sem problemas. O quarto dele tinha passado para o primeiro andar para que ele não tivesse que subir escadas todo dia e agora tinha uma cama de casal ao invés da cama de solteiro antiga para que ele tivesse bastante espaço e não caísse. Na hora de dormir ele estava deitado no meio da cama e a mãe dele tinha organizado vários colchonetes ao redor da cama (assim se ele caísse cairia em cima da gente) e foi dormir.

“Você esta muito cansado?” Noah perguntou para ele sentando no colchonete a direita da cama.

“Mais ou menos, foi um dia cheio e eu estou sentindo sonolência por causa dos remédios ainda.” Ele tirou os olhos de Noah e olhou para o teto, depois para as pernas dele. Ele colocou a mão na coxa e apertou. Finn levantou da cama perto da porta e sentou do lado direito de Artie, deitou o menino no ombro dele e o apertou.

“Nós estamos aqui Artie. Não sei o que podemos fazer para ajudar, mas independente do que for nós vamos fazer. Você é nosso amigo e para isso que os amigos servem, nós te amamos cara.” Finn estava chorando e apertou o menino magrinho. “Eu sei que não sou um gênio as vezes, mas você é como um irmão para mim e eu fiquei assustado para caramba só pela ideia de você morrer ou algo assim.”

Eu e Noah nos olhamos e eu me senti mal por ter ficado com raiva dele hoje cedo, ele não era um garoto ruim só era um garoto burro. Finn não tinha noção do que não falar e as vezes ele era bem inconveniente mas isso não tornava ele um garoto ruim e no final das contas nós todos éramos amigos. Britt levantou da cama ao lado da minha e sentou do outro lado de Artie o abraçando também. Noah e eu sorrimos e fomos deitar junto com os três, a cama era grande e cabíamos todos ali.

Britt abriu um espaço entre a perna de Artie e o corpo dela e Finn fez a mesma coisa, eu e Noah entramos no espaço que abriu e nos envolvemos em um abraço em grupo. Finn parou de chorar depois de um tempo e o único som que ouvimos eram os soluços do próprio Artie.

“Eu estou com medo, como vai ser a minha vida agora?” Ele tremia e estava com o rosto enfiado no pescoço da Brittany.

“Não precisa ter medo, nós estaremos do seu lado.” Noah deu um tapinha no braço de Artie e o menino foi se acalmando aos poucos.

Depois de um tempo abraçados, Artie finalmente dormiu mas nós ficamos todos tão entrelaçados que se um se mexesse acordaria o outro por isso ninguém se mexeu e todos dormimos do jeito que estávamos. Eu entre a perna esquerda de Artie o a barriga da Britt, Noah entre Finn e a perna direita de Artie e Finn e Britt dos lados dele.

Eu e Britt fomos as ultimas a dormir e antes dela adormecer ela entrelaçou seus dedos nos meus e eu sorri. Olhei para cima e Brittany estava de olhos fechados dormindo, seu peito subia e descia com calma e ela tinha um sorriso muito calmo no rosto, eu sentia tudo dentro de mim se agitando, um sorriso surgiu no meu rosto e eu fui dormir sem entender porque aquela felicidade toda me atingia quando eu estava com a Britt e mesmo sem saber o que era eu estava feliz porque eu amava aquela sensação e eu amava a pessoa que causava essa sensação.