As aulas se passaram como sempre,chatas e entediantes.Eu estava contando os minutos para aquilo acabar,eu só conseguia pensar em momentos com meu pai,em conversas com meu pai,em sorrisos com meu pai,enfim em meu pai.

Finalmente a campa bate informando que é hora do - bem  curto - tempo livre,o recreio.Henry,Katie e eu saimos por último da sala e fomos para nossos lugares de sempre no refeitório.Havia muito barulho naquele lugar,mas em nada me encomodava.Katie e Henry levantaram e pegaram seus lanches,enquanto eu nem ao menos me mexi.

-O que aconteceu Meg? - Katie tinha cabado de se sentar com seu lanche a meu lado - não vai pegar seu lanche?porque tá assim?

-Katie você se drogou por acaso? - Henry disse - Não se lembra que hoje faz 5 anos que o pai da Meg morreu,e ela sempre fica triste nesse dia,falamos disso hoje,como não se lembra?

-Eu não me esqueci,tá legal? - discordou - eu só...

-Esqueceu - conclui - mas tudo bem Katie.Eu queria ser você nessa hora e esquecer disso. - abaixei minha cabeça e fitei a mesa,depois de alguns poucos segundos senti os braços de alguém tocarem em minha pele fria,e quando levantei a cabeça pude perceber que era Henry.

- Não liga para ela Meg - ele me disse - você não tem culpa do médico que fez o parto da Katie ter deixado ela cair  e ela ter batido a cabeça e  fazer isso...

-Tá tudo bem Henry,não me importo,sério - interrompi e me levantei - e Katie me lembre de agradecer ao seu médico por ter deixado você cair,imagina só uma Katie normal.Vou pegar um suco

-Pode deixar,ligo para ele - ela sorriu

Eu me afastei deles e entrei na fila mas sem antes ouvi um ''Há,ela me ama'' de Katie para Henry.Fiquei alguns minutos na fila e quando finalmente chegou minha vez eu percebi que havia apenas um suco de laranja enquanto os outros eram de morango -o qual eu sou alérgica.Agradeci a todos os deuses que eu conhecia por isso e fui pegar meu suco mas quando eu estava prestes a pegar o suco de laranja,um idiota passa minha vez e pega MEU suco.Sim,esse idiota era Peter.

-Ah,perdão - ele se vira pra mim e tenho certeza que estava com cara de vou-te-matar-se-não-correr - você queria esse suco?

-Não,imagina - das minhas palavras pingavam a ironia - eu só estava guardando o lugar para você

-Ah,se é assim - ele disse com inocencia,é claro que era falsa - obrigada,Meguinha

-Primeiro:nunca mais me chame de Meguinha e segundo:me dá logo essa droga de suco.

-Não vou te dá meu suco,Meguinha

-Seu uma virgula - ignorei o Meguinha que ele disse

-Não,um suco delicioso de laranja é meu,não uma virgula,fica com ela pra você

-Ô zè mane,me dá meu suco - não tinha percebido mais os não-tenho-nada-para-fazer-nada-da-droga-da-minha-vida já nos rodeavam

-Seu nome não tá aqui - ele rebateu olhando para o suco

-Ah,é isso? - perguntei - é só um dos babacas de seus amigos ai me darem uma caneta e eu resolvo o problema - disse apontando para os amigos do Peter - Connor,Jack e Patrick - que estavam atrás dele.

-Ei,sua...- começou Connor,mas foi logo interrompi por Peter

-Deixe para resolver problemas na aula de matemática. - ele me fitou com um olhar assassino  - se me der licença,tenho coisa melhor para fazer, tipo...qualquer coisa.

-Não te dou licença nenhuma,a não ser,é claro,que me dê o suco

-Não vou.... - começou

-Deixe amor - a voz que o cortou era familiar e chata.Era Amy - ela já perdeu tanta coisa na vida,a beleza,a inteligência,o pai....

-Cala a sua boca,sua sem cérebro - grito

-Vem calar,queridinha - ela fala

''Briga!Briga!Briga!'' as pessoas começam a gritar ao nosso redor

-Vamos dar o que o público gosta - gritei e pulei em cima da idiota da Amy

-Você vai aprender a calar sua boca - falei em meio aos socos.Eu estava por cima,literalmente - vai se arrepender,vadia

-E você vai aprender a não se meter comigo - ela estava embaixo de mim  e no entanto quando ela disse isso virou o jogo e ficou por cima e começou a me encher de socos.E devo confessar, ela bate bem.

Quando finalmente voltei ao ''poder' ficando por cima e dando uns socos nela,sinto braços fortes me puxarem e me afastarem da idiota que estava no chão, que logo depois estava sendo ajudada ficar de pé por Connor.Me virei para ver quem era que tinha me tirado da luta e vi que era Peter

-Você enlouqueceu? - perguntou para mim - olha sua boca - ele fitou minha boca e quando toquei nela senti algo úmido e percebi ser sangue. - olha como deixou ela - ele apontou para a Amy e ela estava ainda pior ,o cabelo estava bagunçado,com vários arranhões e com um olho roxo. - porque fez isso?

-Não se preocupe comigo -  eu me soltei de seus braços - agora se eu fosse você ajudava sua namoradinha,que pelo visto tá precisando - soltei uma risadinha

-Cadê aquela menininha doce que era minha melhor amiga? - ele me perguntou

-Ela não é amiga de pessoas como você e isso já faz tempo,muito tempo

-Pessoas como eu?

-Sim,esnobes e mimadas,idiotas...

-Muito bonito,sra Williams e sra Turner - diretor empurrou alguns alunos e finalmente chegou a nossa vista - o que pensavam que estavam fazendo?

-Eu tava batendo nessa coisa estranha - disse Amy na maior cara de pau

-Porque? - ele indagou

-Porque ela merece - ela disse

-Porque?

-Ah,já quer saber demais né querido - ela falou

-Não quero saber demais não,querida - ele se virou para ela - as duas para minha sala

-Mas... - comecei

-Já,agora mesmo,e nem mais um piu. - ele me interrompeu

-Mas no caso dessa daí - falei apontando para Amy - ela faz corocócó - o refeitório se explodiu em garganhadas

-Sra Williams para minha sala,você só esta piorando as coisas - o diretor ficou de frente para mim

-Tá bom,vamos para sua sala então.

[...]

Estavámos na sala do diretor,o sr Martin - um homem com seus 50 e tantos anos que era corcunda e sério,sem falar em chato demais.Sua sala não era muito diferente daquele senhor com cabelos pretos e olhos mais negros que estava em minha frente.Era uma sala escura,sem luz,com móveis antigos,mas não os bonitos movéis antigos, aqueles feios mesmo,cheio de poeira até.

-Vocês acham certo brigar no meio de um refeitório,senhoritas?

-É,talvez num lugar mais reservado seria melhor - obeservei corajosa demais,até mesmo para mim

-Em nenhum lugar seria melhor,sra Williams - ele me corrigiu - não tolerarei suas gracinhas,me ouviu?

-Eu posso ter levado um ou dois socos no máximo diretor,mas não fiquei surda

-Basta - gritou - vou falar o castigo de vocês de uma vez e acabar com essa história logo

-Então fale,vovôzinho - pediu Amy

-Do que me chamou?- perguntou ele e eu soltei um risinho

-Eu disse ''então fale,diretorzinho'' - ela mentiu

-Continuando - prosseguiu o ''vovôzinho'' - ficarão limpando o refeitório durante 2 semanas,logo após suas aulas

-Eu virei escrava agora,é? - exclamei

-Não você vai virar uma aluna disciplinada

-Tanto faz - falei

-Olha senhorita - ele começou - esquece,assunto terminado,já para as suas aulas e o castigo começa amanha.Não quero me estressar mais

-E se eu não vir?  - Amy leu meus pensamentos

-Sugiro que venha,a não ser é claro que queira que eu chame seus pais e você fique de suspensão ou ganhe até expulsão - eu vi o medo nos olhos de Amy e fiquei meio confusa.''A senhora 'eu sou a rainha do mundo' com medo?''

-Não se preocupe,eu venho professor,só não chame meu pai - ela suplicou

- Já para a sala,as duas.

[...]

Chegamos na aula de natação e fomos informadas que a professora tinha faltado,então resolvi ir ver meu pai logo,já que era a última aula do dia.Mas antes de eu sair daquele lugar fui barrada por meus amigos.

-Estou quieta no meu canto,tomando meu suco e curtindo com a cara do Henry - Katie começou e Henry revirou os olhos - vejo uma multidão de pessoas perto da fila,mas não ligo,afinal porque ligaria?Ah,esqueci A RETARDADA DA MINHA AMIGA ESTAVA BRIGANDO COM A VADIA DA ESCOLA E FOI PARA A DIRETORIA.

-Não é pra tanto Kat - era meu apelido para Katie - só dei uns soquinhos,mas nada demais.

-Foi para a diretoria porque então?Claro que foi algo demais - ela me olhou séria e depois riu - foi algo muito demais,sensacional, e você deveria ter me dito ''Katie,lindinha,eu vou dá uma surra na Amy,quer vir?'' e eu falaria ''mas é claro'' e ai sim você daria uma surra nela.Era pra você me chamar.Droga Meg!

-E aquela coisa que você disse sobre ''Vamos dar uma bronca naquela maluca'' hein Katie? - perguntou Henry

-Se você quer tanto -ela desfez o sorriso e continuou - Megan Williams,você não devia fazer esse tipo de coisas na escola,que meninazinha má você é - ela se virou para o Henry - satisfeito?

-Não sei como ainda não te trancaram num hospício - Henry a olhou com um riso nos lábios

-Tá,agora me conta os detalhes. - ela se virou para mim agora

-Que detalhes? - perguntei

-Bateu quantas vezes?,quanto sangue saiu da cara dela?e essas coisas - ela disse como se fosse obvio

-Depois,agora vou no cemitério - quando acabei de falar ela fez uma carinha triste mas eu fui firme e ela disse que depois eu não tinha escapatória.

[...]

Já no cemitério,eu estremecia a cada passo.Cemitérios nunca foram lugares que eu colocaria na lista de ''lugares que eu amo ir'' afinal nem tinha uma lista dessas mas eu não gostava nem um pouco deles,acho que a maioria das pessoas pensa assim.

Caminhei rápido e finalmente cheguei onde meu pai estava enterrado.Me ajoelhei e coloquei as rosas vermelhas que meu pai adorava e que eu também adoro,em seu túmulo

-Oi pai,eu vim de novo, - fiquei em silêncio por alguns minutos sem saber o que falar mas depois continuei - queria que você estivesse aqui para brigar comigo por eu ter batido na garota idiota da minha escola,sim aquela que ainda me xinga e tudo mais,essa mesmo Amy,a linda e popular Amy - suspirei - não importa o que você falasse ou fizesse,eu queria você.Porque quando uma pessoa ama de verdade,a saudade é seu pior inimigo,você me ensinou isso,e é verdade,eu quero você papai,minha vida era uma droga antes,mas eu era feliz porque tinha você,agora minha vida é uma droga ainda, mas não tenho mais você - eu já estava chorando - sei que falaria que tenho a mamãe e sei também que é impossível te ter de novo,mas eu quero você de novo,porque sou a garota dos sonhos impossíveis,lembra?Era assim que você me chamava - solucei - .Eu te odeio por querer sempre estar cuidado de pessoas em outros lugares,eu te odeio por me deixar ,mas acima de tudo papai,eu me odeio por não conseguir te odiar sem querer um abraço seu de reconciliação.Eu preciso de você,papai.

-Puxa,não sabia que existia uma garota com sentimentos ai dentro- uma voz falou atrás de mim e percebi que era Peter,como sempre Peter

- O que você quer? - perguntei limpando as lágrimas e depois me virando para ele

-Eu vim...

-Me encher o saco e acabar com minha paciência,aposto - falei primeiro

-Na verdade...

-Na verdade,eu já estava de saída - eu disse pegando minha mochila que estava jogada no chão,ao lado de onde eu estava - não sei como soube que eu estava aqui,nem porque veio mas sei que não vou estragar ainda mais meu dia com você. - me virei  e fui rumo a saída

-Ei - ele gritou e eu me virei - não se sinta a rainha do mundo, porque você não é,o mundo não gira em torno de você - ele suspirou - minha vó morreu mês passado e esta enterrada aqui,eu só vim visitá-la. - por essa eu não esperava e pela primeira vez na vida fiquei sem palavras,elas me fugiram da cabeça,mas por sorte não precisei falar nada,ele se virou e seguiu o caminho oposto,parando uns 3 ou 4 túmulos depois do meu pai.

Eu sai de lá,desejando um bom banho e um longo descanso.

[...]

Quando cheguei em casa minha mãe estava sentada no nosso sofá e mordendo as unhas o que sempre fazia quando estava ansiosa.

-Oi filhinha,como foi a escola?e visitou seu pai? - me perguntou assim que entrei e veio em minha direção,,pegando minha mochila e colocando no sofá.Minha mãe estes últimos dias andava meio estranha- animada demais,produzida demais,muito demais para meu gosto.

-Fala o que é,Olívia

-É mãe,mas dessa vez passa,estou feliz demais para isso - ela me disse - eu tenho uma notícia maravilhosa.

-Que pode esperar um banho -  cantarolei

-Que não pode esperar uma segundo - rebateu também cantarolando

-Fala então,porque eu preciso de um banho,uma comidinha,uma cama....

-Eu vou casar - ela me interrompeu e ficou saltitando do meu lado

-Você vai o que?