The Ruller And The Killer escrita por Haunted House, Angel of Silence


Capítulo 9
Lilian Turner




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Amadeus estava nos convidando para almoçar durante a exibição das reprises das outras colheitas, mas realmente não tinha cabeça para nada, nem o cheiro maravilhoso que vinha da sala de jantar me animou. Estava claro, pelo jeito que ele não parava de me olhar, que Alex queria falar comigo, mas eu tinha coisas de mais em que pensar.

Fui para o meu quarto no trem, ou melhor, o quarto do tributo feminino, algo tão arrumado e luxuoso que não podia ser chamado de meu. Totalmente absurdo gastar tanto com alguém que provavelmente passaria apenas uma noite ali, mais ou menos o tempo que levava do Três a Capital, segundo informou o maquinista.

Depois de abrir algumas gavetas, e trocar meu vestido azul por um pijama confortável, me joguei na cama. Má ideia, ela reclinou abruptamente, me lançando para frente. Havia caído sobre um controle remoto, que acionava todos os equipamentos da cabine.

Brinquei com os botões por um tempo, e descobri que tudo no quarto podia ser acionado por ele, até uma campainha, que fez uma moça de uns vinte anos praticamente brotar do chão, pronta para me atender, me desculpei e ela parecia um pouco frustrada de não poder me ajudar. Alienados. Depois desmontei o controle para ver como funcionava. Nada demais, apenas um mecanismo simples que nos mostraram na escola uma vez, que funcionava por ondas eletromagnéticas. Por fim acabei dormindo sobre as pecinhas espalhadas na cama.

“Adeus Evelyn”

“Tchau Angelica”

“Foi um prazer conhecê-lo senhor Turner”

“Se cuidem crianças”

“Tem certeza de que pegou tudo Alex?”

“Não tá levando nada meu né?”

“Tá me chamando de ladrão?”

As despedidas, conselhos e advertências passavam direto pelas duas crianças que haviam se afastado um pouco do restante do grupo.

“Bom então eu tô indo, foi ótimo te conhecer” Eu já estava chorando “Adeus”.

“Não chora Lils” Ele me deu um abraço “Eu tenho certeza que a gente vai se ver de novo”.

“Então promete que você não vai me esquecer?”

“Prometo, como eu posso esquecer a minha melhor amiga?”

“Ótimo, porque eu também não ia esquecer você”.

“Ótimo”.

Meu pai me chamou, o aerodeslizador que nos levaria para o Três esperava. Virei-me para ir quando Samuel me puxou num abraço e me deu um beijo na bochecha, fiquei completamente vermelha com isso e então sem dizer nada dei a mão para o meu pai e embarcamos.

Acordei de repente, com o rosto quente, não sei se por causa do vagão abafado ou do sonho que acabara de ter, uma lembrança de nosso último dia no 13.

Levantei e lavei o rosto, a escuridão lá fora mostrava que era muito tarde, ou muito cedo, tanto faz. Pensei em ir para a sala assistir as colheitas gravadas, mas não tinha ideia se era permitido andar por aí de madrugada, então decidi dormir de novo, amanhã veria todos os rostos e decididamente não queria conhecê-los melhor ou ver as imagens das famílias sofredoras. Já bastava meu pai, que pela primeira vez chorara na minha frente. Nem mesmo quando mamãe morreu ele derramou uma única lágrima na frente dos filhos, e se tinha chorado quando Alex foi para os Jogos não foi na minha frente.

Meu segundo sonho não foi nem de longe tão bom quanto o primeiro, mas sim me despertou aos gritos com a imagem de uma mulher parecida comigo, em chamas.

Durante o café da manhã tentei parecer animada com o suco e os bolinhos, o que considerando que não comera nada ontem não foi tão difícil. Caleb, ao meu lado parecia não acreditar em tamanha fartura e fez uma pirâmide enorme de comida em seu prato, devorando tudo, como se as panquecas pudessem evaporar a qualquer momento, sorri ele deveria ser um garoto legal, se não se deixou abalar com a morte iminente.

Do nada Amadeus, num arrombo de prazer nos pediu para olhar pela janela. A silhueta de prédios no horizonte anunciava que chegávamos a Capital. O começo do fim.


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