A tempestade da vida quebrou minhas âncoras. Estive em ruínas. Por um longo tempo.

Desde pequeno, nunca fui feliz. Meu pai não existia para mim. Minha mãe tinha repulsa de minha alma. Para ela eu era apenas um erro em sua vida. Mesmo pensando de tal maneira, ela sempre cuidou de mim. Com toda dificuldade para me sustentar - já que meu pai não quis saber de nós - ela trabalhava sempre. Podia sentir raiva de mim, mas sei que no fundo ela me amava, mesmo que nunca demonstrasse.

Aos meus quinze anos, perdi minha mãe. Mesmo ela não me dando tanta atenção e companhia como eu precisava, ela era a única pessoa que eu tinha. Eu nunca me dei bem com as pessoas da escola, que sempre me excluíam, me tratavam como anormal. E eu não posso dizer que não tinha culpa. Eu tinha medo das pessoas. Sempre tive. Nunca tentei me aproximar deles. Nunca tentei parecer uma pessoa legal e sociável. Sempre estava escondido no meio de muitas roupas escuras, como um disfarce para não me notarem.

Eu dizia a mim mesmo que não precisava de pessoas, que sempre fui feliz assim. Mas a quem eu queria enganar? Minha vida toda foi solitária e triste. E agora com a perda da única pessoa que eu tinha, eu não sabia mais o que fazer.