Capitulo 4: Good friends

Ah Deus, como é bom dormir. Tinha me esquecido como era bom, fazia semanas que eu não dormia tão confortável desse jeito.

Sorrio mesmo estando semiconsciente ao lembrar da noite anterior, e sei o porque de eu ter dormido tão bem assim. Eu e Ryu ainda temos a que sempre tivemos e espero que sempre tenhamos isso.

A nossa conversa não foi tão ruim como eu esperava, muito pelo contrario. As coisas voltaram ao normal, graças á Deus.

Enquanto estávamos em pé de mãos dadas minha mãe aparece inesperadamente e logo se desculpa com um sorrisinho besta do rosto, logo conseguimos ouvir ela cantar e rir animadamente da cozinha.

A idade quando chega faz isso com todos, ou é só com a minha mãe que isso acontece mesmo?

Resolvemos se afastar da estranheza da minha mãe e fomos para o quarto, eu achava que tudo tinha acabado, mas quando Ryu disse ‘vamos para o quarto’ eu quase dou um mortal para trás e corro dele de novo. Mas ajo normalmente, com lágrimas nos olhos de terror, mas normal.

Arrumamos nossas camas, dou uns dos meus travesseiros para Ryu. E estranhamente Ryu fica falante, fala sobre o sobrinho que ainda está sendo gerado, sobre a escola e o time de beisebol. Pela primeira vez eu apenas ouço, acho que ele queria me dizer essas coisas há tempos, mas nunca conseguiu devido ás minhas fugas de ficar perto dele sozinha. Ficamos os dois sentados cada um em sua cama e um de frente para o outro. Como nos velhos tempos.

Antes que eu percebesse meus olhos lentamente vão se fechando, sinto algo macio em meu rosto e abro os olhos sofridos e vejo Ryu me deitando na cama. Depois só há escuridão, nada de sonhos, só minha alma finalmente em paz.

Hum, que estranho minha mãe ainda não apareceu para me acordar, será que eu dormi tão bem que acordei antes da hora? Bem isso não importa. Vou continuar deitada, relaxada e ... Um braço?

Ao me mexer sinto um braço em cima de minha cabeça. Ma-mas o que?

Tateio cegamente ao meu redor e percebo que o braço está junto de um corpo, ufa. Não espere. O que um corpo estranho faz na minha cama?!

Ah não, não, não, não, não.

Chizuru não abra os olhos, é uma cilada!

Resolvo continuar de olhos fechados mesmo, é melhor. Mas como? Ah devo ter caído da cama, só pode. E o sono estava tão bom que eu nem percebi.

Agora sinto meu corpo totalmente desperto e percebo uma irradiação de calor ao meu lado e sinto sua respiração calma e relaxante.

Mas é claro que ele não acordou, um cara que consegue dormir sentado deve nem ter percebido quando cai e parei ao seu lado na cama.

Ok, Chizuru. O que faremos agora?

Ouço barulhos leves do lado de fora do meu quarto, são constantes e parecem ser ... Passos?

Passos?

MINHA MÃE!

Antes que o pânico se esvaísse e eu conseguisse fazer algo, ouço minha porta ser aberta.

–Crianças hora de acordar! Va ... – minha mãe se interrompe e eu me bato mentalmente.

Acho que vou me fingir de morta.

Sinto Ryu se remexer ao meu lado acordando. Agora ele acorda, mas quando um corpo caindo e parando na sua cama ele nem sente!

Continuo fingindo que estou no além, e Ryu senta na cama, eu acho.

–Ryu? Pode ir se preparando para ir a escola, deixe que eu acordo essa preguiçosa – Ouço minha mãe dizer com uma voz brincalhona, ah ela sabe que isso é fingimento.

Essas mães ninjas ...

–Acho que não será necessário – Ouço uma voz masculina e rouca dizer. Essa é voz do Ryu? Uau, quer dizer, nossa.

Como será acordar todos os dias e ouvir a voz de Ryu desse jeito?

MAS O QUE FOI ISSO AGORA?!

DELETA, DELETA!

Ah ele também sabe que estou só fingindo, ainda mais agora que devo ter corado mil tons de vermelho ao ouvir sua voz.

Abortar missão. Fui descoberta.

Abro meus olhos lentamente como se estivesse acordando nesse exato momento, posso ter sido descoberta, mas não posso deixar que eles saibam disso.

A primeira coisa que eu vejo ao abrir meus olhos é ryu. Suas bochechas estão pouco rosadas e amassadas. Seus olhos estão sonolentos e me lembram o de uma criança.

É tão lindo, e essas bochechas que me dão vontade de mordê-las e ...

HÃ?!

Levanto-me bruscamente e dou um bom dia rápido para todos enquanto pego meu uniforme e vou correndo para meu esconderijo/banheiro.

Durante meu caminho percebo minha mãe dando risadinhas, e falando para ryu se trocar logo para não nos atrasarmos.

O que será que ela está pensando?

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Quando finalmente crio coragem, saio do meu esconderijo que nas horas vagas é um banheiro, e vou para meu quarto rapidamente para pegar meus materiais.

Ao descer as escadas, ouço minha mãe conversando animadamente com Ryu.

–Quer dizer que você quer seguir a carreira esportiva Ryu? Que ótimo. Se bem me lembro você sempre gostou muito de beisebol, e tem talento também. A Chizuru sempre me disse sobre como você é bom. Isso me lembra de quando vocês ainda estavam entrando nessa fase louca que é a adolescência e a Chizuru ficava como uma louca para preparar onigiris para levar para você, e sempre achava que você não iria gostar, ou que estavam ruins demais. Mas sempre acabava levando e eu achava isso tão fofo, vocês sempre cuidaram um do ...

–Então Ryu, vamos, estamos atrasados! – Digo alto ate demais, mas a intenção era essa. Essa mulher está se superando. Chego correndo á porta para impedir mais coisas embaraçosas, mas acho que minha mãe ainda tem um estoque delas guardados.

Minha mãe me olha surpresa, mas não desanima.

–Ora, Chizuru ainda faltam ...

–Quero chegar cedo, porque sou uma boa aluna e Ryu também ne? – Olho para ele com os olhos ardendo em fúria, quase o obrigando a dizer para sair enquanto é tempo.

–Chizuru tem razão, é melhor irmos logo – Ryu diz calmamente para minha mãe.

–Ah que pena, mas não importa, sei que haverá outros dias para conversamos bastante Ryu – Sinto uma área maligna rondar minha mãe, embora ela esteja sorrindo é assustador.

–Sim, sim – Eu digo, mas o que eu realmente queria dizer era ‘nunca, nunca!’

Engato meu braço ao de Ryu e o puxo para fora de casa o mais rápido que posso antes que algo mais aconteça, o que pela minha sorte, não é impossível.

–Vão com cuidado – Ouço minha mãe dizer de longe.

Esse dia não pode ficar pior.

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Ainda enraivecida, vou pisando firmemente no chão, quase quebrando a rua e puxando Ryu. Nossos braços ainda continuam engatados mas ele não parece se importar com isso, nem mesmo quando eu estou praticamente arrastando-o pela rua.

Chegamos na escola mais rápido que o previsto e subimos a escada e eu ainda continuo arrastando-o. Ao entramos na sala percebo que Sawako já havia chegado, como sempre adiantada.

Ela nos cumprimenta gentilmente e respondemos com a mesma gentileza, tanto eu quanto Ryu gostamos dela. Ela é de fato uma boa amiga. E uma pessoa admirável.

Vou indo para minha carteira quando sinto Ryu tentar se desprender de meu braço, mas continuo puxando-o na mesma direção que eu.

–Chizuru, meu lugar não é ali – Ryu aponta para seu lugar atrás de Sawako e perto da janela indicando seu lugar.

Ah eu nem tinha percebido isso.

Sorrio timidamente para ele, envergonhada e vejo-o me observando até que ele me sorri de volta e vai para seu lugar.

Vou para minha carteira desastradamente. Quase que sento em falso e caio da cadeira.

O que foi isso?

Sinto-me estranha, feliz que estamos bem de novo mas ao mesmo tempo frustrada, porque?

–Chizu-Chan – Ouço Sawako me tirar de meus pensamentos.

–Sim, Sawako – Sorrio para a garota.

–Você veio com o sanada-Kun hoje? – Ela pergunta confusa.

–Ah, sim. Ryu dormiu na minha casa noite passada para cuidar de mim – Digo e percebo quando coro, sinto minhas bochechas quentes.

Sorte que é com a Sawako porque se fosse com a Ayane-chin...

–Ah quer dizer que o Ryu dormiu na sua casa Chizu? – Falando no diabo.

Quando foi que ela chegou?! Ah droga. Agora que ela fica mais insuportável com isso.

Shouta chega na sala e todos o cumprimentam, e ele os responde como sempre animadamente. Mas quando vê Sawako seu olhar e seu jeito são tímidos.

E o mesmo acontece com a Sawako, que olha para seu colo com vergonha do olhar de Shouta.

Ele senta-se na carteira ao lado dela e conversam timidamente. Fico feliz que os dois estejam juntos apesar de tantos problemas e dificuldades. É assim que tem que ser. Eles têm que ficam juntos, para sempre.

Não percebo que estou sorrindo ao olhar para o casal, mas Ayane e Ryu sim. E quando percebo que eles estão me observando desvio o olhar para o quadro.

Mas antes de eu me virar percebo Ayane dando um sorriso malicioso. Ah não!

–Ei Shouta, sabia que o Ryu passou a noite na casa da Chizu? – Ayane sentada ao meu lado me manda um sorriso de ‘eu quero ser a madrinha de casamento’

Só se for do casamento do Shouta e da Sawako!

Shouta me olha espantado e percebo que Ryu olha para cá também, como se esperasse para ver a minha reação.

A sala toda está animada falando sobre o dia dos namorados, que é na próxima semana e eu aqui entre a cruz e a espada.

Olho enraivecida para Ayane-chin.

–AH, vai falar para todo mundo que o Ryu dormiu na minha casa é?! – Digo exasperada, e não percebo que na hora em que eu falo a sala toda fica em silencio. E agora todos me olham com suas bocas escancaradas.

Opa.

Então ouvimos um baque forte na porta da sala e todos ficam assustados ao ver pin.

–QUERO SABER QUE HISTORIA É ESSA DE FULANO DORMINDO NA CASA DE CICRANO E QUERO SABER AGORA! – Pin está praticamente soltando fogo pelas narinas.

Todos olham ou para mim ou para Ryu que olha para mim também. Mas ele não parece estar com raiva. Ele parece tranquilo como sempre.

Inesperadamente ele se levanta e todos automaticamente olham para ele.

–Eu que dormi na casa da Yoshida noite passada – Ryu diz calmamente e olhando para Pin.

Pin balança a cabeça, como se não esperasse isso dele. Então ele me olha desgostosamente.

E todos dividem seu olhar entre eu, Ryu e Pin.

MAS O QUE FOI QUE EU FIZ, MEU DEUS?!