E mais uma vez a James encontrava-se sentada à esplanada de um bar situado numa rua paralela a principal. Não era usuária de bebidas e as repudiava. Enquanto esperava por um telefonema que talvez, em sua concepção, fosse importante, esperava também por mais uma pessoa.

O pequenino aparelho eletrônico permanecia sob seus negros olhos desatentos. Sua mente era um turbilhão de pensamentos que ela mesma acabaria se perdendo caso não estivesse concentrada. Senhorita James já esperava por Pavlov há quase trinta minutos e seus dedos da mão direita tamborilavam involuntariamente na mesa do estabelecimento, um sinal de seu corpo alertando ansiedade.

The Sam's Bar era grande, famoso no bairro e ao cair da tarde sua movimentação crescia a tal ponto que era necessária a presença constrangida de uma viatura policial. A noite estava agradabilíssima e uma grande lua a enfeitava, dando formosura e brilhantismo ao céu não mais negro.

— Hey! Deixei sua encomenda em uma maleta atrás da lixeira do parque Holsemferg. Dobre a segunda direita e a encontrará. — informou ele.

Enquanto Palmer, amigavelmente, dava-lhe as instruções necessárias, ela fitava-o. Aos poucos percebia seus traços envelhecidos em volta dos minguados olhos russos. As bochechas não possuíam a mesma elasticidade e os lábios já estavam perdendo seu tom natural.

— Sessenta e quatro!

— O que disse? — Pavlov indagou inclinando a cabeça para o lado sem saber ao certo.

— Você... Tem 64 anos. — respondeu desinteressada.

— Como que você... Bom, deixa para lá! — ele deu de ombros sabendo a forma usada por ela para descobrir. Ela sempre fazia isso, pensou ele. - Não demore muito para ir buscar a maleta.

Pavlov se despediu da mesma forma que fazia há dois meses: dizendo “até mais” e acenando com a mão direita. James sorriu imparcialmente, olhou para seus sapatos, pegou sua bolsa e saiu daquele bar. Antes de ir para casa passou no tal parque e pegou a tal maleta, mas apenas em casa teve ciência absoluta de seu conteúdo.