Loki: Segredos Sombrios escrita por Tenebris


Capítulo 20
Refém


Notas iniciais do capítulo

Genteeeeee, me xinguem, eu mereço. Demorei pra postar esse capítulo, mas tenho bons motivos :D O calor me obrigou a ficar na piscina o dia inteiro, e agora a facul tá me obrigando a ler 147865 textos por dia, haha. Mas enfim, esse capítulo marca uma leve "reviravolta" na história. A Stella vai começar a pensar no que sente em relação às outras pessoas do grupo dos Vingadores, e o digníssimo Capitão América vai aparecer um pouco mais daqui pra frente. O objetivo da história é mostrar que a Stella, com seus valores morais tão indefinidos, vai começar a se questionar em relação ao Steve, que tem seus valores tão sólidos. Esse diferença de ideal de vida vai mexer um pouco com ela, e com o Loki também. Espero que gostem :D As cenas mais "quentes" estão vindo por aí, estou preparando algo bem legal pra vocês haha! E olhem, eu tenho um amigo que escreve histórias HIPER legais e tá postando aqui agora, se vocês gostam de aventura e reflexão, vale super a pena! Aqui está: http://fanfiction.com.br/historia/471917/O_Garoto_e_a_Neve/



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– Você tem mesmo certeza de que está bem? – Steve me perguntou.

Eu e os Vingadores estávamos reunidos em uma mesa no Palácio, tomando café da manhã.

– Estou ótima. – Respondi, tentando parecer animada. Steve não merecia que eu estivesse sendo tão apática com ele. Porém, obviamente, ele não acreditou em mim. Ótimo.

– Além de Super Soldado, você também virou babá, Rogers? – Tony Stark ironizou, entre risos. Em sua taça, devia haver qualquer coisa, menos café. Típico.

Steve revirou os olhos e continuou a me observar. Bem, já fazia três dias desde a última vez em que eu vira Loki... Desde que nós nos beijamos. Eu não o vira mais pelos corredores, e não sabia se devia ficar feliz com isso ou não. Além disso, eu não voltara aos nossos treinos, mas algo me dizia que Loki ainda comparecia a eles. Possivelmente, apenas aguardando o momento em que eu voltaria para lá.

– Amigos, estão ocupados? – Uma voz me interrompeu. Era Thor. Ele caminhava apressadamente até nós, e algo em seu olhar urgente me preocupou.

– Estamos. Ah, Thor! Outra cortina vermelha? Agora entendo porque esse lugar está sempre iluminado. Alguém andou se pendurando nas janelas para usar roupas? – Tony brincou, levantando-se e abraçando displicentemente o deus do trovão.

– Eu falo sério, homem. – Afirmou Thor, olhando-o de canto. – Heimdall quer nos mostrar uma coisa.

Tony perguntou, levando uma mão ao queixo:

– Heimdall? Ah, o “cara que tudo vê”? Pergunta pra ele onde acho mais disso aqui. – Stark chacoalhou a taça. - Ninguém gosta dessa água com ervas que vocês tomam aqui.

Thor semicerrou os olhos, intrigado.

– Mais conhecido como “chá”. – Explicou Lucca, levantando-se e saltando por cima da cadeira, num gesto rebelde. Havia uma expressão divertida no rosto de meu irmão. A expressão que ele fazia quando estava prestes a enfrentar um perigo particularmente atraente.

– Eu não estou brincando, Stark e Alessa. Venham comigo. – Thor chamou, cruzando os braços.

Eu deixei meu café da manhã intocado e segui o grupo. Thor acenou para mim e para os outros que ele não tinha cumprimentado. Ninguém mencionou Loki e confesso que isso me deixou um pouco apreensiva. Nós saímos pela porta da frente do Palácio e andamos pelos jardins, até chegarmos a uma ponte.

Definitivamente, eu nunca me acostumaria com aquela visão. Tudo era etéreo, cintilando um brilho de ouro e pedras preciosas. Além da ponte, uma água diáfana estendia-se até onde meus olhos podiam alcançar. O sol ganhava vida aos poucos, dirigindo-se para o meio do céu com sua majestade de astro.

Caminhamos até chegar numa espécie de sala, onde Heimdall nos aguardava.

– Diga a eles, Heimdall. – Anunciou Thor, mantendo os braços cruzados bem rentes ao corpo. Sua expressão exibia preocupação e gravidade, mas sempre com aquele ar sereno de um líder nato.

Heimdall, que tinha os olhos estranhamente desfocados, falou com sua voz grave:

– Eu captei... Energia Jotun. Energia Jotun se movendo intensamente. De maneira incomum. Numa velocidade assustadora. E está cada vez mais difícil de enxergá-los com exatidão. Mas digo apenas uma coisa: Eles estão agindo.

Todos se entreolharam. Heimdall anunciava um possível ataque dos Jotuns. Na verdade, aquilo era até previsível. Todos nós sabíamos que isso aconteceria um dia. E, mesmo assim, isso não evitou que uma onde de choque e descrença percorresse todos os rostos. O horror do primeiro ataque veio à minha mente. Sim. Algo precisava ser feito.

– E o que podemos fazer? – Indagou Steve, tomando a mesma feição aflita de Thor.

– Por enquanto, podemos ficar preparados. – Completou Barton, com a expressão séria.

Tony se adiantou do resto do grupo, assentindo imperceptivelmente com a cabeça. Com os olhos castanhos determinados cintilando, ele disse, convicto:

– Sim... Não seremos pegos de surpresa... Essa será nossa vantagem.

•••

Cinco dias se passaram. Na maioria deles, intensificamos os treinamentos e voltamos a organizar os guardas para as vigilâncias. Eu me ocupava treinando arduamente com Lucca e Steve, mas sempre tinha a impressão de que os dois sabiam que havia algo de errado comigo.

Não que de fato houvesse. Mas como eu poderia continuar normal depois de ter sido beijada pelo deus da trapaça? Eu sentia que não era mais a mesma. Novas perguntas surgiam e minha sede por respostas se tornava insuportável.

Além disso, eu me ocupava com minhas reflexões. Agora, fazia frio e eu estava observando o límpido céu asgardiano, da minha janela. Eu pensava em tudo o que acontecera durante esses meses e pensava em aonde eu queria chegar. Parecia que as linhas de meu caminho não estavam verdadeiramente traçadas, e isso me incomodava. Tudo estava difuso demais.

Depois de refletir por algum tempo, resolvi que parar de refletir era a melhor opção. Eu costumava ser determinada e direta. Por que Loki me fazia hesitar? Se eu queria respostas, se eu queria acabar com essa confusão constante, eu teria que lutar por isso.

E era isso o que eu faria.

Fugir nunca fora opção. Eu iria atrás da origem de toda essa confusão e instabilidade: O próprio Loki. Suspirei, peguei meu sobretudo preto e disparei corredor afora.

Se tudo desse certo, eu encontraria Loki no mesmo lugar de sempre, aparecendo ao acaso, como uma travessura inesperada. A sorte parecia estar do meu lado, porque não encontrei ninguém que me atrapalharia durante o percurso. Ora, era madrugada. Apenas alguns guardas andavam pelo Palácio e eu não era problema para eles.

O ar fresco da noite envolveu-me inteiramente. Senti-me grata por isso. Havia pouca luz do lado de fora do Palácio, o que me obrigou a ficar mais atenta. Eu estava virando uma curva para caminhar até o lugar onde costumava treinar, mas algo chamou minha atenção.

Ruídos.

Ruídos e sibilos vinham do lado oposto, quase na parte de trás do Palácio. Havia algo neles que me preocupou. Eram vozes gélidas e aterrorizantes. Tentei ignorá-las e seguir meu caminho, mas estavam anormalmente altas. Não podia ser algo desprezível. Meu senso de mafiosa me dizia para investigar e tirar proveito da situação que eu pudesse encontrar.

Por fim, desviei-me de minha rota habitual e tentei seguir os ruídos. Aparentemente, o foco dos guardas era a entrada principal, por isso nenhum deles percebera nada. Com apreensão, ouvi os sibilos tornarem-se mais intensos à medida que eu me aproximava de um dos cantos mais afastados do jardim. Eram sibilos de fúria, de maldade. Um arrepio percorreu minha espinha.

Quando percebi, eu estava na parte mais externa do jardim, na parte de trás do Palácio. Naquele lugar, até mesmo as árvores e as plantas pareciam ter dificuldade para crescer e embelezar-se. E também, a julgar pelo horário das patrulhas, o próximo guarda a passar por ali demoraria pelo menos uma meia hora.

Observei atentamente o local, olhando para suas estátuas de pedra que estavam envoltas pela vegetação. A atmosfera do lugar parecia mais fria, tal qual o sibilo insistente que ecoava por ali. Além disso, eu só era capaz de ouvir minha respiração pausada e meus passos firmes contra a grama quase cinza. Acima de mim, apenas a luz de uma lua pálida e de um céu sem muitas estrelas. E a indomável sensação de estar sendo observada.

Os sibilos agora eram mais intensos, porém menos frequentes. Tentei controlar minha respiração e interrompi meus passos. Qualquer deslize, e eu enfrentaria graves consequências. A curiosidade e o desafio me moviam. Meus olhos perscrutavam o local, em busca de algo incomum.

Foi quando parei ao redor de uma planta relativamente alta. Aproximei-me de um de seus ramos, e observei atentamente uma de suas folhas longas. Havia uma espécie de rastro em sua superfície. Um rastro translúcido. Eu o toquei, sentindo que era gelo. Um rastro de gelo.

Sufoquei um grito, que morreu na minha garganta, quando mãos agarram-me por trás e tentaram me derrubar. Num gesto de agilidade, dei uma cotovelada no agressor, virando-me para descobrir a origem dos ruídos.

Três Jotuns estavam diante de mim, olhando-me perigosamente com suas pupilas vermelhas e os dentes pontiagudos.

•••

Eu estava sem armas, porque deixara tudo na sala de treinamentos. Ótimo. Tinha apenas alguns truques de magia para enfrentar três Gigantes de Gelo. Definitivamente, não. A sorte não estava do meu lado.

Um Jotun avançou até mim, usando uma espécie de espada. Eu me desvirei de seus ataques como pude, usando alguns feitiços rápidos de escudo. Faíscas azuis voavam e cortavam o céu negro.

Os outros dois avançaram, e meus feitiços não supriam minhas necessidades de defesa. Precisei lutar corpo a corpo. Usei meu braço para apartar um dos ataques, e recebi um belo corte no braço direito. Deixei escapar um murmúrio de dor. Por fim, tentei dar uma rasteira em um deles, mas os outros avançavam igualmente rápido, atacando mais intensamente, forçando-me a mudar meus planos de ataque.

Por fim, desviei-me do ataque de um Jotun e tentei retirar-lhe a espada da mão, já que todos eles tinham uma, menos eu. Consegui, e chutei o Gigante para longe. Mas nada parecia suficiente. Transformei-me em sombra para me desviar dos ataques, mas eles nunca pareciam ter um fim. Meus reflexos eram insuficientes.

Recebi um chute no estômago e vacilei. Minha forma tremeluzia, ora espectro, ora normal. Meu braço sangrava e meus membros doíam pelo esforço repentino de uma luta ágil. Eu arfava, e um dos Jotuns derrubou minha espada longe, dando-me um soco. Minha forma tremeluziu mais intensamente, e eu sentia meus feitiços se esvaindo, tornando-me frágil e impotente.

Eu caí no chão de joelhos, mas rapidamente tentei me levantar e esticar os braços para recuperar a espada. Era minha única chance. Contudo, um dos Jotuns chutou a espada para ainda mais longe; enquanto outro agarrou agressiva e firmemente meu pescoço, levantando-me do chão sem dificuldade alguma.

– Sei que você é um deles... – Ele sibilou, e sua voz destilava veneno, principalmente ao se referir aos Vingadores. A expressão do Jotun era de pura barbárie. É... Eu estava encrencada.

– Nossa. Muito esperto de sua parte. – Comentei, tentando desesperadamente tirar as mãos do Jotun da minha garganta. Eu começava a sentir falta de ar.

– A garota que domina as trevas... Devia dominar o que fala, também. – Replicou o Jotun, apertando os dedos ao redor do meu pescoço. Eu ofegava. – Agora... Diga-me. Onde está Steve Rogers?

Minha mente trabalhava lenta, com muitos entraves. Eu só conseguia pensar em tentar tirar as mãos desse Gigante de cima de mim. Mas Steve... O que eles poderiam querer dele? Algo em meu subconsciente me alertou para manter o Steve longe de toda essa confusão em que eu me metera sozinha. Eu protegeria o Capitão, assim como ele me protegeria, se fosse necessário. Assim como ele me protegeu, naquela época em que minha visão fora moldada por grades de uma prisão.

– Eu... Eu jamais... Diria isso... A você. – Proferi, olhando com desprezo para o Gigante.

– Ah, é mesmo? E porque protegê-lo com tanto afinco, Vingadora? – O Gigante desdenhou, cuspindo as palavras como ácido. Ele empurrou-me contra a parede mais próxima, e o impacto pareceu prejudicar ainda mais minha condição. – O que você é do “digno” Capitão América?

Eu pigarreei, fuzilando o Jotun com o olhar. Steve era um homem exemplar. O mais justo e honesto que eu conhecia. Talvez o único.

– Eu... Eu sou... Namorada dele. – Eu disse, surpreendendo até a mim mesma. Eu não sabia muito bem porque fiz aquilo. Novamente, fora uma ação originada de um impulso. Eu não sabia se dizer aquilo melhoraria minha situação, mas – sem dúvida – não pioraria. Aliás, isso era quase impossível.

Além disso, dessa forma eu conseguiria descobrir, pelo menos parcialmente, o que o Jotun queria com Steve Rogers.

Uma risada grave e irônica ressoou no ambiente, e os outros dois Jotuns a acompanharam.

– Claro... O amor... Que sentimento sublime, não é mesmo? Sublime e ilusório. A única serventia desse sentimento banal é fazer as pessoas cometerem erros e impérios caírem! – Urrou o Jotun. – Mas vou ser direto com você, pequena Vingadora... Steve Rogers tem algo que eu quero. E eu pretendo conseguir isso. Não estava nos meus planos, mas... Diga a ele para entregar-se na próxima batalha. Ou você e tudo o que ele mais preza... Irá se desfazer. – O Gigante, com uma das mãos, produziu gelo e o fez derreter como se fosse pó, diante de mim. – Desfazer como gelo.

O Jotun apertou seus dedos ao redor da minha garganta, e por um momento senti o brilho de meus olhos se atenuarem. Depois, houve um baque. O gigante soltara-me furiosamente ao chão. Eu tossia e arfava, buscando o ar com avidez. O chão gelado era um convite para que eu melhorasse e buscasse recuperar-me.

– O aviso foi feito, Vingadora. Corra. Para pessoas como você, a partir de agora, tempo é vida.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Alguém quer opinar nos próximos acontecimentos? Beeeijos ♥