Thor e Jane - Uma Vida escrita por Giovana AC


Capítulo 25
Azul era...


Notas iniciais do capítulo

Olá, hoje estou postando o último capítulo da fic, pela votação que organizei, o campo de flores será azul, e espero com todo meu coração que gostem. Estão prontas?



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Asgard, 12 de Junho de 2033

_ Hum, que sono – pronunciou Alissa falando consigo mesma, tirando os fios vermelhos do rosto e esfregando os olhos. Virou para o lado esquerdo e gritou, levando um tremendo susto com a presença da irmã em sua cama, acordando-a. _ O que você está fazendo aqui?

_ Que? – perguntou a outra ajeitando o corpo no leito, e se cobrindo mais.

_ Por que está aqui? – a ruiva encarou Elli.

_ Não sei... Não me encare com esses olhos assustadores. A, na verdade eu sei, estávamos na biblioteca com o avô Odin, nos empolgamos e ficamos até as 2:00 da manhã ouvindo ele contar histórias de batalha do nosso bisavô, aí vim para cá com você, estávamos conversando sobre as histórias, e pelo jeito acabei pegando no sono, está esquecida é?

_ Não, acabei de me recordar, super educação! Na verdade nem sei como tivemos um assunto para conversar, com você sendo legal desse jeito – retrucou irônica.

_ Ei, desculpa.

_ Hum.

Ficaram olhando para o teto em silêncio por alguns minutos.

_ Sei que tenho sido chata com você ultimamente, mas eu percebi, e vou ser uma irmã melhor, prometo.

_ Não é questão de ser uma irmã melhor, é que você fica o tempo todo tentando fazer as coisas certas, estudando e se dedicando às suas magias, que esquece que a vida não é um roteiro de atividades, aí você fica horrível.

_ Então fazer as coisas certas te torna horrível?

_ Não! Você não entendeu. Às vezes você parece a mãe, fica num mundo paralelo, vivendo para as suas próprias coisas.

_ Mas a mãe se importa com as pessoas, não só com astronomia!

_ É, mas você não, esquece que eu existo, ou fica toda brava só porque quero ler o trecho de um livro para você!

_ Mas é porque estou ocupada com outras coisas!

_ Então, por que disse que sabia que não estava sendo uma boa irmã?

_ E por que você disse que não era questão disso?

Pararam e voltaram a fitar o teto, até que Elli mudou o olhar para os objetos numa estante e disse:

_ Lembra-se daquela bola?

_ Aham, era sua. Quando começou a crescer não quis mais e me deu.

_ É, nós passamos bons momentos brincando com ela.

_ É, lembra quando nós estávamos jogando e acertamos a cabeça da Mila, que segurava um cesto enorme de roupas para lavar?

_ Lembro, coitada.

Entreolharam-se e começaram a rir.

_ Mas foi engraçado.

_ Sem dúvida! – continuaram rindo.

Depois de pararem, Alissa chamou a irmã:

_ Olha, estão saindo – apontou para a fresta aberta da porta, vendo Thor e Jane se beijarem pelo corredor.

_ Eles são bonitos... E, é o aniversário de casamento.

_ A, é mesmo.

_ Estava pensando...

_ Pensando o que?

_ Já que ambos provavelmente vão passar o dia fora, podíamos ir a um lugar legal que conheço.

_ E eu vou gostar?

_ Você gosta de azul, né?

_ Aham.

_ Então vai! – olhou pela janela e viu o tratador levar os cavalos dela e da irmã para alimentar. _ Vamos logo, o Montag está levando nossos cavalos, temos que pegar o Ask antes que o pai pegue, ou que a mãe nos veja, porque se não vai ficar nos interrogando, além do mais o Ask é bem mais rápido que os nossos.

_ Mas já devem estar quase lá!

_ Não, certeza que estão tomando café da manhã, o pai não ia sair sem comer.

_ É, não mesmo.

Trocaram de roupa rápido, Alissa emprestou um vestido para Elli, ambas saíram devagar e atravessaram o castelo até a parte externa. A mais velha montou primeiro, e a segunda atrás, segurando na cintura da outra.

Enquanto as garotas cavalgavam pelas vilas e campos, Thor e Jane foram caminhando de mãos dadas para a parte fora do castelo, após a refeição:

_ Amor, onde quer ir?

_ Não sei, para algum lugar diferente.

_ Diferente... – passando o mjolnir por detrás da cintura da mulher, e olhando em seus olhos.

_ Já sei! Podemos ir àquele campo de flores azuis, acho que faz uns 10 anos que não vamos lá.

_ É mesmo, a última vez que fui foi com a Elli, lembra que ela queria conhecer?

_ Aham.

_ Mas é longe, teríamos que ir à cavalo.

_ É, porém é maravilhoso, o meu favorito.

_ Tudo bem, nós vamos, estou com saudade de ir lá, além do mais, hoje é um dia muito especial – penteou os cabelos da esposa por entre os dedos e deu-lhe um beijo calmo, segurando em sua nuca – Jane sorriu no final.

_ Mesmo depois de 19 anos, continua bom – Thor riu.

_ Então permita-me a honra de mais um – abaixou um pouco o corpo e deu-lhe outro, mais devagar ainda, sentindo o gosto daquela boca por inteiro.

_ Te amo, te amo, te amo – pronunciou Jane no finzinho do beijo, passando as mãos pela barba do Deus do trovão, sorrindo. _ Vamos! – puxou-o pelo braço.

Caminharam para o local onde ficavam os cavalos, e apenas Aaron estava amarrado.

_ Montag, onde está o Ask? – questionou Thor.

_ Estava me perguntando justamente isso, meu rei.

_ Como assim?

_ Estava aqui agora pouco, quando fui cuidar dos cavalos das garotas.

_ Está me dizendo que alguém roubou meu cavalo?

_ Não sei senhor.

_ Tudo bem, não é sua culpa – disse Jane. _ Thor, vamos nós dois com o Aaron, tenho certeza que Ask vai aparecer.

_ É, se não vamos nos atrasar – passou a mão pelos cabelos, levemente inquieto.

Montaram no animal preto e brilhante.

_ Avisou as meninas que íamos sair?

_ Avisei Elli ontem.

_ Hum.

Depois de alguns minutos cavalgando em silêncio, Thor se manifestou:

_ O que será que aconteceu com o Ask?

_ Não sei, vai ver que alguém pegou emprestado, só isso.

_ Sem pedir?

_ Não sei, mas descuida, pelo menos estamos juntinhos - passou as mãos pelo abdômen dele.

_ É – sorriu e ganhou um beijo no braço.

–--

Passadas algumas horas, as meninas haviam chego, desceram do cavalo e Alissa estava absorta:

_ Esse lugar é muito lindo! – fitou o relevo plano, lotado de flores azuis na altura das coxas, todas iguais, dando um aspecto incrível de vastidão, fundamentalmente quando olhavam para o horizonte e avistavam altas montanhas mais adiante.

_ Quando éramos crianças, pedi para o pai me trazer aqui, porém você era muito pequena.

_ Entendi. Mas, assim, sei que é longe para vir toda hora, contudo poderíamos ter vindo aqui antes.

_ É... Existem várias coisas que deixamos de fazer nessa vida, mas só depois é que nos damos conta de tudo que deixamos passar.

_ Então, podemos não deixar passar mais.

_ É – caminharam um pouco. Elli ia levando o cavalo.

_ Está sol hoje, esse lugar só seria mais incrível se tivesse uma árvore.

Continuaram andando, até que a irmã mais velha disse:

_ Espera, vou fazer uma coisa, fique atrás de mim – a mais nova segurou as rédeas do cavalo e o fez.

A moça abriu as mãos e fez um movimento forte com os dois braços, sentiram o chão se levantar, como se as raízes das plantas estivessem vivas, e de repente uma grande árvore começou a surgir do chão, sob o olhar arregalado de Alissa. De um tronco foram se originando ramificações, folhas, depois várias flores de macieira. Elli parou levemente cansada e olhou para a caçula.

_ Uou, isso foi fantástico – riram e foram para debaixo da grande planta.

Alissa sentou no chão, sujando seu vestido cinza, Elli se abaixou enfrente a ela, arrastando o vestido amarelo claro da mesma, levemente pequeno em seu corpo, colocou a mão na nuca dela, enquanto seus cabelos louros ondulados esvoaçavam com a brisa:

_ Eu posso ser chata, horrível, certinha de mais, esquecer de você as vezes, brigar, porém eu te amo muito, não esqueça disso, tá? Nós nunca vamos ficar como o pai e o tio Loki, nunca vamos ser inimigas.

_ Aham – fitou-a com seus olhos vermelhos no mesmo formato dos de Jane. _ Me desculpa por discutir toda hora e falar mal sem me olhar no espelho antes, sabe, te julgar, sendo que eu mesma estou cheia de defeitos.

_ Aham, vamos aproveitar o tempo que temos, porque não vai voltar mais – passou a mão nos cabelos ruivos da jovem.

As garotas sentaram lado a lado, Elli fazia a árvore gerar frutos e Alissa, com seus poderes da gravidade, fazia-os caírem, então ambas dividiam.

–--

Enquanto isso, as horas iam passando, Jane estava sentada com as pernas cruzadas, segurando as rédeas de Aaron e Thor deitado em seu colo, envolto pelas flores azuis, com a esposa acariciando seus cabelos.

_ Esse céu nunca me cansa, olhe isso, é o mais lindo por do sol que vejo em anos.

_ É perfeito, perfeito estar aqui com você, perfeito estar onde quer estar, com quem quer estar, perfeito porque eu posso te tocar, porque eu posso te beijar, porque nós temos duas filhas lindas, porque você é a mulher mais bela e companheira, porque sei que vai estar aqui até o fim, porque não falta nada.

_ Oh – limpou uma lágrima que escorrera no canto de seu olho – se curvou e beijou-o de ponta cabeça, que era o jeito que ele sempre a deixava. Enlouqueceu sua mente quando olhou em seus olhos pela primeira vez, naquele acidente de carro, lhe deixou doida de saudade quando foi embora, louca de felicidade quando voltou para ficar.

_ É bom olhar para trás e ver que com todos os entraves e peculiaridades, estamos aqui hoje.

_ É, isso mostra que eu não estava errada, que mesmo que ninguém coloque fé no que acredita, não quer dizer que não vá acontecer, só a sua fé já é suficiente. Nosso amor era quase impossível, você em Asgard, eu em Midgard; você um Deus, eu uma mortal, e agora tudo se encaixou, feito um quebra-cabeça com milhares de peças.

_ É, uma vez você disse que ia ficar velhinha um dia, e eu não ia mais te querer, o que não era verdade, mas te disse que nunca sabemos o que pode acontecer...

_ E eu acreditei – sorriu.

Estava ficando tarde, então Thor levantou, pegou o mjolnir e deu a mão para Jane. Pegaram Aaron e decidiram voltar pelo lado oposto do qual vieram, e quando estavam quase saindo do campo, Thor disse:

_ Jane, não é o Ask ali? – apontou.

Apressarem o passo e o Deus continuou:

_ É ele.

_ Como será que veio parar aqui? – nisso escurou som de risos e viu a figura das filhas encostadas na árvore. _ A, eu sei como veio parar aqui, olhe – apontou.

_ Garotas... – elas me deixam doido. Passou a mão pela cintura de Jane e foram andando até as duas.

_ O que vocês estão fazendo aqui? – questionou Jane.

_ O que vocês estão fazendo aqui? – repetiu Elli, dando ênfase no “vocês”.

_ Sua mãe quis vir, mas vocês, como chegaram? – perguntou o pai.

_ Elli me trouxe – respondeu Alissa.

_ Faz tanto tempo que te trouxe aqui, como sabia o caminho?

_ Existem coisas que gostamos tanto que somos incapazes de esquecer, pai – Thor sorriu em concordância.

_ Já estavam indo embora? – interrogou a mais nova.

_ É, mas acredito que possamos ficar mais um pouquinho – disse Jane amarrando Aaron e sentando debaixo da árvore também.

_ É – disse Thor deitando junto às mulheres.

_ O que ficaram fazendo aí em? – perguntou a caçula curiosa, sob os olhares estranhos dos pais.

_ Se beijando, eles são apaixonados, você não entende ainda, nunca encontrou um amor de verdade – solucionou Elli.

_ E você já? – recorreu Thor.

_ Não sei, talvez o Frandall – respondeu para provocar o pai, dando uma piscadinha para a irmã.

_ Que? – disse o Deus do Trovão num pulo, sentando-se. _ Ele tem idade para ser seu pai, está maluca?

_ É brincadeira! – as três riram.

_ Hum – voltou a se deitar.

Ficaram olhando o dia anoitecer, Elli com a cabeça encostada na de Alissa, que tinha a mão segurada pelo pai, assim como Jane, que acariciava sua perna. Após alguns minutos:

_ Sério? – disse Thor procurando o rosto de Elli.

_ O que?

_ Frandall? – as mulheres riram.

_ Ela já disse que era brincadeira! – retrucou Jane.

_ Não tinha outro exemplo?

_ Não – retorquiu a filha mais velha.

_ Não acredito, vou sonhar com isso – as demais riram novamente.

_ Você é muito ciumento – disse a mulher.

_ Também acho – concordou a caçula.

_ Mas eu acho é que ele merece um beijo – Elli levantou a deu um beijo na bochecha de Thor.

_ Own, isso é carência – provocou Alissa – dando-lhe um beijo também, seguida de Jane, que deu vários.

_ Amo vocês, mesmo – tentou abraçar todas juntas estendendo os braços.

_ Queria que chovesse – pronunciou Elli, cutucando o pai.

_ Eu queria uma chuva fraca, não uma tempestade – respondeu Thor.

Nisso o céu começou a se encobrir e gotículas de chuva caíram sob seus corpos. Todos viraram-se interrogando Alissa:

_ Como fez isso?

_ Bom, eu ia contar, juro, só não sabia como.

_ Você também pode controlar a água, querida? – questionou Jane.

_ Não, são os ventos.

–--

Música de encerramento

Azul... Azul é o céu que tanto foi observado à procura de algo mais, estando claro, escuro ou acinzentado, azul era a cor que Jane esperou ver por tanto tempo num olhar encantador de Thor, azul eram os olhinhos de seu primeiro bebê, azul era a cor que encantava Alissa, azul era em seus diferentes nuances o bem estar, azul era aquele campo de flores, azul era...

–--

De desastres somos feitos e o amor só é o mais bonito deles. De onde a explosão enche o peito de fumaça que nos estraga. Sem essa de ser feliz, porque no amor também há medida de tristeza que não sabemos controlar. Vem do riso e do choro. Da solidão e do companheirismo. Amar é andar numa corda bamba, desequilíbrio na certa. É estar nu diante uma multidão de olhos. Amar é ter a noção do estrago, mas não se importar.

J.walker.


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Notas finais do capítulo

Escrevi essa história pensando como seria a vida de Thor e Jane, levando em conta que embora existam ameaças, não é todo dia que tentam contra sua vida, pelo contrário, na maior parte do tempo, arriscamos a árdua tarefa de conviver uns com os outros, buscando realizações, momentos agradáveis e felizes, e ainda numa parcela dele, não conseguimos alcança-los por egoísmo, ou por não entender os defeitos dos outros, convivendo com nossos próprios demônios e fonte de esperança, e foi isso que tentei mostrar, que a vida é algo extraordinário, em suas grandezas ou peculiaridades.

Eu, desde a primeira vez que vi Thor e Jane juntos, me apaixonei e acreditei que davam uma bela história, por isso fiz de tudo para escrevê-la. Embora saiba que sempre existam defeitos, espero ter atingido meu objetivo, satisfazendo o gosto de vocês.

Só queria agradecer a cada pessoa que leu esses 25 capítulos, fez críticas construtivas, comentou sobre os personagens e me deu inspiração para continuar, além disso, queria dizer que nunca imaginei que esta fic iria atingir as proporções de hoje, e mesmo tendo consciência de que sou apenas um pontinho no mundo e que vocês + eu, também somos só um pontinho no mundo, esse pontinho, no meu mundo, é uma vastidão. Obrigada, adoro vocês.