Thor e Jane - Uma Vida escrita por Giovana AC


Capítulo 22
Algo mais do que mentiras


Notas iniciais do capítulo

Olá, como estão? Tenho mais um capítulo para vocês, no qual vamos descobrir como a sequência de Jane com os poderes se seguirá.
Obs: A última fala do capítulo é uma frase adaptada de Capitão América: O Soldado Invernal - para quem não viu e não quer spoiler, estou avisando no início.
Boa Leitura!



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Asgard, 17 de dezembro de 2016

_ Me solta, eu só quero ir embora daqui! – gritava Jane, afogando-se em sua própria tempestade, enquanto chovia forte lá fora.

_ Shhh – Thor empurrava a cabeça dela para se apoiar em seu ombro, enquanto resistia, até que se cansou e o fez, relaxando os músculos e chorando livremente, agarrando-o forte nas costas.

As lágrimas antes negras feito tinta guache, passaram à transparentes e os olhos foram voltando ao bondoso castanho cor de avelã. Permaneceram um tempo juntos, até que a cientista saiu de seus braços, foi para o quarto e deitou na cama, encolhida, enquanto o marido continuou no banheiro ainda sem saber o que devia fazer. Foi até a pia e fitou os próprios olhos azuis encharcados, voltou a visão para baixo, uma lágrima escorreu e socou a pia com as duas mãos. Não queria ver sua vida escapando pelos vãos dos dedos, desmoronar por causa de um maldito poder, que não era necessário, não era, só a queria de volta, no entanto, será que poderia?

Quando foi para o quarto, a mulher já estava dormindo com a roupa do corpo e sapatos nos pés, então ele os tirou, juntamente com o vestido, para colocar uma camisola. Limpou as lágrimas escuras que secaram em seu rosto e a cobriu, fitou-a e finalizou com um beijo no topo da cabeça. Ficou observando-a sentado na poltrona um pouco mais adiante, onde acabou adormecendo de qualquer maneira.

Logo cedo, antes da esposa acordar, levantou-se, tomou banho e arrumou o cabelo semipreso em frente o espelho. Quando saiu, Jane estava acordando indisposta:

_ Vamos, se veste, você tem treinamento agora – disse grosseiramente, cansado e cheio de olheiras de tanto acordar no meio da noite e esquecer os olhos nela.

_ Tudo bem – percebendo que a chateação provinha dela e arrumando os cabelos para trás.

Depois de trocada, estendeu a mão para Thor, que não a pegou. Durante o percurso, passaram em frente ao quarto da filha, então disse:

_ Espera, tenho que falar com Elli – ele o fez fora do quarto.

_ Ei querida.

_ Hum – respondeu a garota que brincava em cima da cama.

_ Me desculpa, tá? – falou segurando o rostinho da filha. _ A mamãe falou de um jeito muito errado com você ontem, não vai mais acontecer, tudo bem? – disse rezando para que realmente não perdesse o controle daquela maneira novamente.

_ Aham, me desculpa por estragar sua flor – se abraçaram e a mãe tentou conter uma lágrima desconcertada, porém não conseguiu.

_ Não foi nada, eu sei que você sabe fazer flores muito mais lindas do que aquela – limpou a lágrima, fungando um pouco.

_ Mas eu vou conversar com o senhor espinho e vou trazer aquela de volta.

_ Tudo bem então, agora a mamãe vai para um treinamento, parecido com o seu.

_ A, é muito legal lá – Jane sorriu de leve pensando “não é não”, tendo em vista o desastre da noite anterior e o provável daquela manhã e escondendo suas mágoas.

Saiu do quarto junto de Thor que estava muito frio, com o qual caminhou em silêncio até uma sala fechada no centro de treinamento, que tinha as paredes espelhadas, na qual também estavam presentes Odin, Lady Sif e um soldado não conhecido. Neste clima, iniciou uma luta com o último, na qual o homem logo tentou ataca-la, então recuou e as vozes começaram a atormentá-la: “ataque”,”ataque”, por isso, logo levou as mãos aos ouvidos, contudo retirou rapidamente, afinal não queria que os demais percebessem, portanto a alternativa encontrada foi seguir o que a voz pedia, para ver o que ocorreria, assim, de espontânea vontade soltou um poder vermelho e seus olhos ficaram instantaneamente da mesma cor, enquanto todos observavam atentos.

“gravidade”

Tentou alterar a gravidade para levantar o indivíduo, mas não conseguiu totalmente, era muito complicado, precisava de exacerbada lógica, o que era praticamente impossível num momento de pressão, pelo menos por hora, então levantou-o um pouco e não conseguiu sustentar.

“gravidade”, “mate”, “mate”, “ele está tentando matar”.

Jane lutava contra aquilo com todas as forças, já que nunca precisara de voz dizendo o que devia fazer, e agora aquela estava dentro de sua mente. Tinha que existir alguma maneira de calar, viver seu poder por si só. Estava perdendo o controle novamente, algo com um chicote vermelho laçou o pescoço do asgardiano e encetou a enforca-lo.

_ Já chega Jane! – irrompeu Thor após alguns minutos, lançando um raio, que a jogou para trás e libertou o soldado desacordado, que foi acudido por Sif, e foi em direção da saída, com Jane exasperada:

_ O que acha que está fazendo?

_ Saindo – os presentes começaram a olhar.

_ Me atacando desse jeito, você não tem esse direito!

_ Eu faço o que eu quiser, você está cansada de saber que não é minha dona! Aliás nem eu o seu! Se quiser ir embora, está livre! Você está livre! Pode ir, porque eu pouco me importo! – os olhos cheios de lágrimas e o coração doido, com medo de que ela de fato o fizesse.

_ Por que você está fazendo isso? O que eu quero saber é por quê? Eu fiz tudo por você, todo o tempo! Corri perigo mais de cem vezes! Mudei de mundo por sua causa! Recebi poderes por sua causa! Estou louca por sua causa! – falava com raiva. _ E agora você diz como se eu tivesse culpa!

_ Você fez o que queria fazer! Eu não implorei, não te obriguei a nada! Inclusive já estou me arrependendo de tudo! Isso não passa de um erro! Eu estou cansado, cansado desses seus joguinhos de querer mostrar que a culpa é toda minha! - pegou-a pelo braço, foi frente a parede espelhada e colocou o rosto dela bem perto:

_ Sabe isso que você vê no espelho? É você... Mudada! – lágrimas negras escorrem de seus olhos.

Sem controle algum, com o mesmo chicote anterior, alcançou o pescoço de Thor e prensou-o contra a parede, forte, forte, as vozes diziam para mata-lo. O Deus começou a ficar sem ar, chamou o mjolnir, que tremia em sua mão, pois ele não queria usá-lo, podia machuca-la gravemente. Todos os objetos começaram a flutuar. O homem largou o martelo, não ia fazer nada contra ela, nunca, então Sif percebendo, correu até o local e sob a repreensão de Odin:

_ Sif, não! – enfincou a lança pelas costas da Deusa e retirou – Odin puxou a guerreira para longe.

A Deusa da Gravidade sentiu muita dor, colocou a mão no ferimento, mas continuou prendendo o marido pelo pescoço e afastando as vozes de sua cabeça disse:

_ Vocês acham que eu virei um monstro, contudo eu posso me controlar, e não são só palavras – com esforço sobre-humano, tirou o chicote de sua garganta, e fez os objetos voltarem aos seus lugares de origem.

_ Eu posso fazer isso – quebrou um vaso decorativo. _ Mas eu também posso fazer isso – beijou-o num lapso desesperado ao mesmo tempo instintivo, tentando ser calma, em contra querendo dizer que ainda não havia acabado, segurando seu rosto com as mãos geladas, depois pegou a mão dele e deu vários beijinhos. _ Como você disse, sou eu. – o marido ensaiou um sorriso discreto, contudo bem na hora ela caiu de joelhos no chão, então este abaixou rápido, carregou-a em direção a sala de cura.

Tudo estava embaçado, até que escureceu. Numa sala toda branca, sucedeu uma cirurgia simples para os padrões do avançado mundo, também considerando que seu organismo estava muito mais resistente agora, como Deusa, sendo que apenas se certificaram de que nenhum órgão havia sido atingido, porém Sif era boa no que fazia, havia mirado certeiramente para não ocasionar tal agravante, no entanto a surpresa ficou por conta de algo que acabaram por descobrir. Jane mal abriu os olhos ouviu a voz de Sif, que estava sozinha com ela e era a última pessoa que desejava ver ao acordar:

_ Olha Jane, eu queria pedir desculpas pelo ocorrido, eu estava fora de mim naquele momento...

_ Não só você – retrucou passando as mãos pelo rosto, sentindo um pouco de dor ao se mexer.

_ Me desculpe, mesmo, estava preocupada em ajudar Thor...

_ A questão é que Thor não precisava de ajuda, além do mais, poderíamos ter resolvido isso sozinhos!

_ Não tive tanta certeza.

_ Odin lhe disse que podíamos resolver.

_ Para ele sempre se pode resolver – estava irritada.

_ E não se pode?

_ Não vou ficar aqui conversando com uma garota que quase matou o marido.

_ Ótimo, a porta fica logo ali – apontando e seguida pela saída da guerreira a passos pesados revirando os olhos e escutou-a chamar o rei, seu pai e a mesma senhora loira do dia dos poderes, que adentraram o recinto e ficaram encarando-a.

_ Por que você não me contou? – questionou o Deus do trovão.

_ Contou o que?

_ Como assim o que? Essas coisas são graves sabia?

_ Que coisas, do que você está falando? – pensava que estava anestesiada ou algo havia afetado sua audição, pois não estava entendendo absolutamente nada.

_ Apenas me diga, por que nosso bebê sempre tem que estar em perigo?

_ Elli? Ela não é mais um bebê, e não está em perigo algum, está!? – preocupando-se.

_ Não, não estou falando dela.

_ Thor, nós temos apenas uma filha, está doido? – parou um pouco de falar e começou a pensar, enquanto a senhora sorria. _ Pera aí... É o que eu estou pensando?

_ Não sei – falou Thor constatando que ela realmente não estava escondendo.

_ Eu estou grávida? – sorriu, enquanto foi acompanhada pelo sorrido dele. Então chorou e riu de emoção.

Thor sentou-se numa cadeira ao lado da cama, pegou sua mão e deu um beijo no dorso, então Odin e a mulher se retiraram para deixa-los à vontade. O homem, antes que pudesse dizer qualquer coisa, começou a beijar seus lábios desesperado:

_ Eu sou o cara mais idiota em todo o universo, você devia ter me enforcado mesmo – dizia entre beijos.

_ Não! Não ia querer que nossos filhos crescessem sem pai! – ambos riram.

Ele chegou mais perto e disse baixo:

_ Me desculpa por tudo que eu disse?

_ Só se você me desculpar primeiro – no mesmo tom.

_ Não foi sua culpa, eu só queria as coisas como eram antes, por isso acabei sendo egoísta e duvidei de você, eu sinto muito... Eu... – ela interrompeu-o:

_ Vai dizer que estava fora de si também?

_ Não, por quê?

_ Sif também estava – disse sarcástica.

_ Vocês brigaram?

_ Não diria que foi uma briga, mas o que ela esperava? Que eu chegasse e dissesse: “tudo bem Sif querida, você me perfurou, estou com uma dor incondicional, mas está tudo bem, obrigada por salvar meu marido indefeso” – Thor riu.

_ É bom ter você de volta.

_ Você sabe que eu não posso garantir nada, não é?

_ Eu sei, eu sei, mas você pode controlar.

_ É, acredito que sim.

Ficaram em silêncio olhando um para o outro.

_ Então quer dizer que você está grávida mesmo? – sorrindo.

_ Parece que sim – riu.

Beijou sua barriga umas dez vezes.

_ Posso pedir uma coisa? – questionou Jane.

_ Tudo o que quiser.

_ Me beija? E promete que vai estar sempre aqui?

Thor aproximou seus lábios devagar, dos meio abertos dela e tomou-os com vontade, podendo senti-los quentes, a língua perpassando sua boca, a segurança que ela procurava nele, era tão boa a sensação de se sentir protegida, não só dos outros como de si mesma. Os lábios foram se afastando devagar.

_ Prometo que estarei com você até o fim da linha* – pensando que se ela estava pedindo uma promessa, significava que estas eram algo mais do que mentiras.


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Notas finais do capítulo

Muito obrigada por lerem, não se esqueçam de comentar e, a propósito, qual vocês acham que será o sexo do bebê? Façam suas apostas!