Entre A Luz E As Trevas escrita por Nick Narukame


Capítulo 2
Capítulo 2 - Colegas de Classe.


Notas iniciais do capítulo

"Eu poderia simplesmente tê-la inorado... Mas não o fiz."

Ryan.



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Eu dizia a mim mesmo que ninguém estava olhando pra mim, mas eu sabia que era mentira, eu estava passando por um corredor que levava a secretaria e vários pares de olhos estavam em mim. Ótimo. Bem essa escola era igual a todas em que já estudei, havia vários grupinhos que eram divididos de uma maneira impossível de não notar, mesmo para alguém que mal observava como eu. Havia os caras que se achavam os tais e queriam arranjar briga com qualquer um, pois se julgavam superiores e só andavam em bandos por não se garantirem sozinhos. Havia as garotas sem cérebro que eram burras como uma porta, mas apostavam no fato de serem muito gatas para se dar bem na vida, porque se dependesse de outra qualidade aposto que não sairiam do lugar. Essas eram as cobiçadas pelo grupo dos caras que se acham. E todos obviamente não se davam com grupo dos quietinhos, dos nerdes e CDF. Por que? Bem, porque eles têm medo que impopularidade pegue. Onde eu me encaixava nesses grupos? Em nenhum lugar! Eu sou o neutro, o isolado, o grosso sem amigos. Nem sempre fui assim, mais depois do que aconteceu no nono ano... fui obrigado a me isolar. Eu fui um estúpido. Mas deixa o passado no passado, não quero mais pensar nisso. Apesar de ultimamente isso vir muito em minha mente, eu não sei porque tem vindo, mas precisa esquecer.
 Eu continuava caminhando pelo corredor, todos continuaram a me observar. “O que é? Nunca viram um aluno novo?” As palavras me entalaram mas não as deixei sair, ao invés disso continuei a caminhar.

-Olá! Sou a Melissa, você é o Ryan, certo? – Disse uma menina pálida, loira, com os olhos azuis e muito magra. Ela aparentava ter uns 15 ou 16 anos, suas feições eram estrangeiras mas ela falava português fluentemente, então cheguei a conclusão que seus pais não devem ser daqui. Assustei-me com o jeito abrupto com que ela se apresentou a mim, tanta foi a surpresa que a fitei por alguns segundos antes de responde-la como a todos; sendo o mais grosseiro possível.

-Se me chamo ou não Ryan a de convir que não é da sua conta, certo? – Disse em tom rude ainda andando, a menina que estava me acompanhando parou de me seguir e pude ouvir me chamar de nomes tão pesados que fariam Dercy Gonçalves se revirar no túmulo. Ótimo, ela não se aproximaria mais. Não precisaria me preocupar mais com Melissa, e se ela espalhasse minha fama de grosso pelo colégio seria ainda melhor! Sorri maliciosamente enquanto cogitava essa possibilidade, e fui em direção à secretaria.

-Esses são seus livros Sr. Monzant, e sua turma é... – Ela pausou por um momento e endireitou os óculos para poder enxergar melhor, e ler o papel em sua mão. Ela era velha e um pouco acima do peso, seus cabelos prata eram presos em um coque na nuca, suas roupas eram uma blusa social e uma saia longa ambas de um tom de azul escuro - ...2001 essa é sua turma, sua sala é no terceiro andar, e sua primeira aula é... física. – Ela disse desviando o olhar do papel e sorrindo amavelmente para mim, seu sorriso revelava rugas e a fazia parecer mais elegante do que velha.

-Obrigado. – Eu disse enquanto apanhava os livros e saia da secretaria.

-Sr. Monzant? – Eu me virei para olha-la.

-Sim?

-Bem vindo a nossa escola. – Ela disse em tom suave.

-Obrigado mais uma vez. – Disse enquanto saia.
Eu estava novamente naquele corredor infernal só que agora era pior eu estava abarrotado de livros inimaginavelmente grossos. Eu andava distraidamente enquanto processava a informação: minha primeira aula é física. Maia que droga, odeio física! E como sempre essa era a matéria que me dava mais trabalho, o livro de física era o maior em minhas mãos. Eu estava tentando me equilibrar, mas era difícil com todo aquele peso, eu queria pedir ajuda da pedra da Lua, mais não seria nada bom de ela desse um showzinho no corredor do colégio e expusesse meu segredo. Usar a pedra da Lua não podia ser uma opção, não na escola. Sem opção apenas continuei a andar com dificuldade e quando voltei minha atenção para a multidão avistei um garoto de grupo dos que achavam vindo em minha direção, ele era loiro, tinha olhos azuis, e aparência estrangeira, assim como a menina de ainda pouco. Eles deviam der irmãos. Mais que ótimo! Agora ele ia querer tomar as dores dela? Eu não posso brigar! Se eu brigasse esmagaria o crânio sem o menor esforço, e nem seria por vontade própria e sim da pedra da Lua. Eu quase suspirei de alivia quando ele passou direto por mim, mas comemorei cedo demais, ele passou e me deu um encontrão, fazendo meus livros caírem, algumas pessoas do corredor riram e outras continuaram serias.

-Bem vindo à escola, idiota! – Disse o loiro com um sorriso convencido se afastando.

-Babaca! – Murmurei quando ele já estava longe o bastante para não ouvir o comentário, me abaixei para recolher os livros e me senti corar com dois sentimentos misturados: vergonha e raiva.

-Quer ajuda Ryan? – Disse uma voz feminina ao meu lado, uma bela voz que encheu meus ouvidos e mandou sinais de “aceite a ajuda dela” à minha mente.

-Valeu mas eu sei me virar sozinho! – Eu disse ignorando esses sinais e não a olhando. Ia ser mais fácil se eu não a olhasse, pensei instintivamente.

-Está bem mas... o que aconteceu? – Ela continuou com uma voz que era pura curiosidade.

-Não é da sua conta! – Eu disse rudemente para afasta-la de uma vez e acabar com aquelas perguntas.

-Foi mal só queria ser educada. – Ela disse de uma forma tão magoada que fez meu coração doer. Eu feri seus sentimentos e agora ela iria embora e nunca mais cruzaria meu caminho novamente. Era exatamente isso que eu queria. Ela não foi embora. Quando não ouvi seus passos se afastando virei-me para dizer-lhe para tomar conta da própria vida, que ela já estava me enchendo, mas nenhum som saiu da minha boca, ao invés disso encontrei seus grandes olhos verde escuros, lindos que me faziam querer mergulhar neles, ou pelo menos me aproximar dela, pouco acima de seus olhos estava uma franja rala com uma tiara azul marinho em seus cabelos negros e longos que lhe caiam nas costas, seu rosto possuía um formato inocente e ate mesmo infantil, ela era um pouco mais baixa que eu, mas não muito, ela era o tipo de garota que deixava louco, e eu estava ali parado a seus pés admirando sua beleza. Eu queria ser grosso com ela, ela tinha que ser grosso com ela, tinha que afasta-la, mas simplesmente não conseguia. Por um momento algo me veio a cabeça; eu estava certo teria sido mais fácil se não a tivesse olhado.

-Desculpe pela grosseria é que não sou de muito conversa. – Eu disse amavelmente, na real, nem eu mesmo estava me reconhecendo. – Mas se ainda quiser, eu aceito sua ajuda. – É eu não conseguia fazer minha boca parar de falar, a presença dela era tão... como posso explicar? Tão desconcertante, que todos os foras que vinham a minha cabeça tornavam-se convites amigáveis e quando menos esperava eu os cuspia. Porque é que não tenho controle em nada em mim?

-É claro que ainda quero! – Ela disse sorridente enquanto me abaixava para me ajudar a recolher os livros, obviamente na guardara magoa de minhas palavras rudes e isso me alegrou profundamente! Diabos o que estava acontecendo comigo? “Você não merece ter amigos Ryan! Não depois do que fez”. A voz de meu pai veio a minha mente como um alerta mais meio inconscientemente eu ignorei.

-Qual o seu nome? – Falei tentando ocupar minha mente.

-Elena! – Ela disse olhondo os livros.

-Belo nome, sabia que significa luz? – Eu disse enfiando o livro na mochila  já aberta.

-Serio? Pensei que Lúcia significava luz. – Disse me encarando.

-E significa mais creio que seja em outra língua.

-E como sabe como meu nome significa luz?

-Leio muito. – Retruquei enquanto corava um pouco. Se ela me perguntasse onde li eu me mataria. Eu havia lido em “Diária do vampiro 3: A fúria”, quando a personagem morre e a amiga, Bonnie fica escrevendo como louca no diário a tristeza de perder a “luz de Elena” e por aí vai. Ler romance é coisa de menina, era o que meu irmão sempre dizia, e ainda dizia que de tanto ler historias de vampiros, eu ia acabar me tornando um. Vê se pode? Eu nunca liguei para o que o Renan falava, mais se Elena pensasse como ele? Espera um minuto, porque eu ligaria?

-Dá pra ver! – Ela disse puxando o exempla de “Marcada” da minha mochila, esse livro faz parte da série “House of nigth” e conta a historia de uma adolescente que se muda para uma escola de vampiro e tem um pouco de dificuldade de se adaptar (me lembra alguém!). Eu já havia terminado de ler Diário do vampiro e o estava lendo, pois o achei interessante, e não me decepcionei a historia é realmente interessante! Mas a duvida é se Elena concorda ou não com Renan. – Já leu todo? – Ela continuou,dessa vez foleando-o.

-Não. Estou no capitulo 28. – Eu disse encarando o chão, tive medo que se erguesse a cabeça ela me confundisse com um camarão ou algo do tipo.

-Você vai amar o final, estou lendo “Queimada” e você não vai acreditar mas a Zoey e a Aphrodite elas realmente viram...

-Shiii! Eu realmente prefiro descobrir por mim mesmo! – Eu a cortei antes que ela me contasse a saga inteira. Não estou acreditando! Ela não só não vai me julgar como também acompanha a saga. Isso é perfeito! Não serei um anormal para ela! Deus por que estou me importando tanto?

-Como queira. – Ela deu de ombros. – Você já leu alguns livros da saga “Crepúsculo”?

-Mas é claro, acho que todos já leram! Os livros são ótimos! – Embora os capítulos sejam enormes! Eu pensei mas não falei. Os livros eram realmente bons, afinal viraram filmes e filmes de sucesso o único defeito eram o tamanho dos capítulos...

-Eu tenho uma colega que nunca leu! Ela diz que prefere os filmes.

-Ah! Claro, mas ainda assim, eu prefiro os livros. – Coloquei minha mochila (já fechada) nas costas e levantei – Não sei, acho que estimulam mais a imaginação e você fica mais interado dos detalhes do que vendo um filme que corta 15 capítulos de um livro que tem 20 e poucos. – Ela sorriu e se levantou.

-Você tem razão Ryan quando se lê o livro vira-se expert. E então... – Ela pausou e revirou os olhos obviamente procurando um assunto. – O que você está achando de “Marcada”?

-Estou achando ótimo! – Eu e Zoey temos muito em comum: somos muito poderosos e ambos não sabemos o que fazer com o poder, estamos sempre deslocados, em uma escola nova, mas ela tinha uma vantagem, ao contrario de mim, podia ter amigos. Claro, que não disse nada em voz alta, não estou louco, ainda!-ocê já leu outros livros, alem dos que já comentamos? – Ela disse enquanto brincava com uma mecha de seu longo e negro cabelo.

-Já, já li todos da serie “Diário do vampiro”.

-Cara, você gosta de vampiro, heim? – disse enquanto me olhava rindo um pouco.

-É! Eu os acho demais! Cada escritor tem seu próprio estilo de descreve-los, e sinceramente, todos me agradam! – Eu pausei e a olhei... e resolvi perguntar. – E você Elena, gosta de vampiros?

-Sim. Sim, mas prefiro, não sei... bruxos. – O quê? Ela gosta de bruxos, logo bruxos? Eu sou um bruxo! Não sei o que me deu, mas tive que me segurar para não gritar e pular de alegria.

-Bruxos? Mas porque bruxos? – Eu tive que perguntar.

-Não sei, o universo mágico que os envolve, as coisas que podem fazer, com os poderes, tudo na vida deles é tão... – Falou sonhadoramente.

-Ah, claro, mágico! – Eu disse ironicamente.  Se ela soubesse como é ser um bruxo de verdade... é uma droga! Eu sei a verdade, sei como é não ter o controle de si mesmo, sei como é horrível ter os poderes necessários para resolver todos os seus e não poder usa-los, porque alguém pode estar olhando. Afinal o que há de mágico nisso? Claro, foi nos livros e nos filmes que ela deve ter assistido que se informou sobre os bruxos, onde os autores e roteiristas apenas fantasiam como é nosso mundo, mas é só o que podem fazer, eles não sabem sobre nossa existência, nem poderiam.

-Ryan, alguém já te disse que você parece o Danny Jones do Mc Fly? – Ela mudou de assunto enquanto olhava fundo nos meus olhos. – Claro você não tem as sardas fofas que ele tem, seu cabelo é mais escuro, mas ainda assim, você me lembra ele.

-Já, já me disseram, minha irmã me fala isso todo tempo. – Eu estava tentando esconder uma risada. Gysele vivia dizendo isso, ela é super fã deles, mas visto que para ela qualquer garoto que tivesse olhos azuis, e franja lembrava o Danny, eu ignorei mas agora que outro dizia, talvez eu parecesse.

-Você gosta de McFly?

-Sim. – Era verdade houve uma época em que Gysele era tão viciada que acho que acabei por me viciar também, depois que se começa a ouvir é meio difícil parar. – E você, gosta?

-Sim! – Ela pausou olhou para os lados e então disse algo. – É a sua turma?

-É. É a sua também?

-Sim! Juntos na 2001, ótimo, não? – Elena disse com um largo sorris nos lábios.

-Claro, da pra acreditar? – Mas que anta, claro que dá, essa escola nem é tão grande assim. Estou parecendo um idiota. Mas esse é o meu normal. Ela pausou novamente, em tão pouco tempo já lia algumas de suas expressões e aquela era a mais fácil.

-Olha Elena, se estiver sem assunto não precisa forçar.

-Você esta me mandando embora?

-Não! – falei abrupto – Não é isso! É só que assunto não é coisa que se force. – Ela se calou, e pude perceber que se magoou. – Me desculpe não queria ser grosso.

-Que nada eu é que sou muito sensível. – Por sorte o sinal tocou, já não sabia mais o que dizer.

-Vamos? – ela estava sorrindo para mim. Eu acenei com a cabeça e a segui para a sala de aula.
 


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Notas finais do capítulo

Nota da autora: Fico me perguntando o que Ryan fez de tão ruim no passado para não poder ter amigos agora... Vocês não? Pois bem... Ele realmente parece ter encontrado alguém que penetra facilmente suas barreiras... será isso bom ou ruim? Espero lhe ver nos próximos capítulos! Obrigada por ler! ♥