Aquele irresponsável! Faz uma semana que assisti ao incidente do parquinho e não consigo tirar isso da minha cabeça de jeito nenhum! Okay, só mais dois dias e eu explico tudo e pego minha Hyuuga de volta... Espero.

                Ta, ta... Ela não é minha, não é uma boneca, nem um objeto – por mais que eu queira prendê-la no meu quarto, às vezes. Bem, mas acredito que eu tivesse problemas maiores... E rosas.

- Naruto... – Sakura estava séria – Eu gosto de você.

                Okay, eu não tinha mais dois dias, precisava responder logo, então... Será que é tão ruim assim usar vestido? Droga, a Haruno se apaixonou por uma ilusão, assim como eu. Ela gosta da minha versão do Sasuke, mas assim que eu voltar ao normal, vou sair de órbita com seus socos monstruosos; e eu gostava de como ela vinha me tratando: como ela trata o Uchiha. Eu tinha que contar para ela a verdade, explicar-lhe sobre a aposta e depois, por mais humilhante que seja, me travestir de menina.

- Sakura, eu... – O que o Sasuke faria? Bem, acho que eles eram namorados, mas eu não posso dizer “eu também” para ela, mesmo a cerejeira tendo despertado meu interesse novamente. Não, Sasuke não perderia a aposta desse jeito, e também tenho que pensar na Hyuuga!

                Então eu ouvi um estalo, algo como alguém se estatelando no chão – como eu conheço bem esse som – era o Uchiha, boquiaberto com o que assistira – estava claro que ele ainda guardava muito carinho pela Haruno. De repente, como se percebera que deixou a torneira da banheira aberta, Sasuke se levantou e correu em disparada para o norte, dando-me a deixa perfeita para deixar o local e segui-lo sem olhar para trás, para Sakura.

- Sasuke! – Usei todo o ar dos meus pulmões – Pare!

- Ela... – O Uchiha parou na frente da barraca de lámem – Ela me esqueceu...?

- Não, ela só está confusa...  – Eu acho.

- E eu também.

- Não me diga que... A Hinata...? – Sério, tudo menos isso!

- Sim, se declarou...

- E você? – Senti-me aflito, implorando internamente para que ele tivesse dado as costas para a garota.

- Lembrei-me de Sakura, do dia que ela se declarou... Aliás, da única vez que eu parei para ouvi-la se declarar... – Ele deu uma pausa, envolto por suas lembranças românticas (eca) – Comecei a rir, “gostei da piada, Hina-chan... Também gosto muito de você, por isso somos amigos, né?”.

                Cretino! Bem, eu sei que não queria ver os dois juntos, mas isso lá é jeito de dar um fora em alguém? Sério, jogar um tijolo na fuça da garota soaria mais leve que isso – juro que mato se alguém tentar fazer isso com a Hinata.

- Dois dias... – Disse por fim.

- Sim, 48 longas horas para que isso acabe.

- Ainda bem, cheguei a pensar que este pesadelo não teria fim... – Tenho quase certeza de que ele estava falando das minhas danças – Sério, se eu tiver que comer mais lamém, eu acho que vou explodir!

- Ahhh, lamém... Que saudades – Senti algo sair como por instinto da minha boca.

- Eca, pare de babar, seu porquinho ranhento – Sasuke apontou para a barraca – Vamos, eu pago seu “lanchinho”.

                Incrível como 28 dias de tortura podem mudar uma pessoa, não? Ah, nem sonhe que nossas brigas irão parar, nem nada assim, apenas passamos a entender melhor um ao outro, nosso problema agora era um: garotas. Passamos os últimos dois dias da aposta evitando-as, pensando na melhor maneira de lhes contar a verdade sem voltar para casa com um gesso e alguns roxos. Como faríamos isso?