Spotlight escrita por Noise Kyouko


Capítulo 12
A Conversa e os Novos Vizinhos.


Notas iniciais do capítulo

G-E-N-T-E, Quanto erro de digitação vergonhoso eu encontrei depois de reler o capitulo anterior...Não importa o quanto releio meus textos, sempre deixo passar algo. Espero que esse tenha menos.
Jus in Time. Aqui está o capitulo 12 de Spotlight.
Enjoy!



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Ela tinha feito. Sim, ela beijou Lucy Gylehart.

Horas depois do ocorrido, Aileen ainda pensava no beijo. Foi uma atitude completamente impensada, um impulso repentino, mas havia valido a pena. Das poucas pessoas que ela tinha beijado na vida, Lucy foi de longe a melhor.

O que levava a um questionamento pertinente: por que a loira correspondeu?

Até onde a morena sabia, Lucy era hétero. Ela até namorava um cara, só para confirmar a suposta heterossexualidade. A resposta dela ao beijo teria sido uma coisa do momento? Ela estaria alterada por alguma substância ilegal?

Era essa a questão pertinente que levou Aileen a tomar a decisão de ir falar com Lucy em sua casa. Ela tinha tentado fazer isso na escola, mas a loira parecia fugir dela. Conseguir entrar no quarto da garota foi muito fácil, já que elas haviam passado pouco mais de um mês juntas se preparando para o Haine Day, então para Hilde, a governanta, elas eram amigas e não havia problema nenhum em deixar a morena subir.

Lucy estava no banho, segundo constatou Aileen assim que ouviu o som do chuveiro, depois de bater na porta por um longo tempo e não obter resposta. Então só restou a morena esperar. Espera essa que não foi muito longa:

– Olá, Lucy!

A garota, que saíra do banheiro com uma toalha enrolado no corpo, quase deu um pulo de susto. Aileen se obrigou a não ficar reparando como a pele da loira ficara rosada, e de aspecto suave como uma pétala quando úmida.

– O que diabos faz aqui, Calverley?

A morena não pode deixar de notar que a forma de tratamento dirigida a ela mudara. Se antes Lucy era cordial, agora estava fria, até um pouco ríspida. Isso não era nada bom. Em outras ocasiões isso intimidaria Aileen, e ela daria meia volta. Mas não hoje. Ela estava cheia de coragem para interrogar Lucy e descobrir o que foi aquele beijo, coragem essa que ela habitualmente não tinha e havia tirado sabe-se lá de onde.

– Eu quero conversar com você.

– Sobre?

– Sobre ontem. O beijo.

– Esquece isso, não foi nada – Disse dando de ombros.

– Não foi nada? – A garota levantou-se indignada – Você gostou, e correspondeu!

– É coisa da sua cabeça. Se bem me lembro estava embriagada, não era?

– Eu estava sim meio bêbada, mas não ao ponto de imaginar coisas. Por que não admite logo que me beijou de volta também?

– E no que isso faria diferença? Foi só um beijo e nada mais. Quantas garotas não beijam outras por aí? Não sei se você sabe, mas eu tenho namorado, então seja lá o que você quer comigo, desista.

– Ah sim, você tem um namorado que ás vezes anda rebolando, olha para outros garotos de uma forma estranha e tem um “amigo” muito suspeito.

– Está insinuando que... – O tom usado foi ameaçador.

E toda a coragem da morena veio a baixo. Você não podia simplesmente entrar no quarto de Lucy Gylehart e começar a insinuar que o namorado dela era uma bicha, e ainda sair vivo para contar a história. “Adeus vida social”, Aileen só podia se lamentar.

– E-eu...quer dizer, se você reparar bem nele vai ver isso. Mas não significa exatamente alguma coisa...

– Sabe Aileen – Lucy pareceu se acalmar um pouco – Você foi muito legal comigo, me ajudou em um momento importante de minha vida. Eu não quero ser ruim com você, de verdade. O que ocorreu entre nós foi só um beijo, algo comum entre as pessoas e ponto. Não há o que discutir.

– Eu sei, é que...foi especial para mim.

– O que?

A morena abaixou a cabeça, enquanto mexia os dedos cruzados nervosamente. Lucy achou esse acanhamento todo dela fofo, mas espantou esses pensamentos.

– Eu gostei do beijo, e muito. O que senti na hora foi sem duvida a melhor coisa de todo o mundo. Eu não acredito que exista um céu, mas se ele existisse tocar seus lábios seria, para mim, a sensação mais próxima de estar no paraíso.

“Ok, o que foi isso?” Lucy pensou espantada. Sua cabeça estava confusa com o que tinha acabado de ouvir. No início, quando Aileen começou a falar do beijo, ela pensou que a garota só queria chantageá-la com uma descoberta de homossexualidade, como muitos outros com certeza fariam. Mas parecia que esse não era o caso.

– Você...você gosta de mim, Aileen?

A morena pensou em negar, mas do que isso adiantaria? O jeito que ela falou do beijo já tinha dito tudo.

– Sim. No começo tudo não passava de uma admiração, por você ser quem era, mas aí você me pediu para te ajudar no discurso e com o passar do tempo eu senti que algo havia mudado. Eu tentei muito impedir que isso acontecesse, mas não adiantou. Me apaixonei por você...

Não era como aquela fosse a primeira confissão de amor que Lucy ouvia em sua vida, mas foi sem duvida a mais chocante. Desde o inicio do ano, as duas tinha se aproximado muito, e embora a loira achasse Aileen uma garota muito bonita, nunca tinha, de fato, pensado nela de outra forma além da amizade. Ela estava ocupada demais com o Haine Day e depois com todo a questão dela e Brianna. E se tivesse prestado um pouco mais de atenção as coisas ao redor, teria notado os sentimentos da morena?

De qualquer forma, Aileen tinha sido corajosa em contar sobre si, então nada mais justo e nobre do que Lucy fazer o mesmo. Gentilmente pediu para a morena esperar fora do quarto, enquanto ela trocaria de roupa para que elas pudessem conversar direito. Depois de ter terminado, chamou Aileen de volta e então as duas se sentaram na cama, enquanto a loira contava exatamente tudo sobre ela e seu namoro de fachada com Tyler.

– E é isso.

Aileen, já um pouco recuperada da timidez pós-confissão amorosa, não podia estar mais estupefata. Nunca, em seus mais remotos sonhos, imaginaria que o que tinha acabado de ouvir pudesse ser verdade. Tudo parecia mais uma história de um seriado para adolescentes gays: a garota mais popular e bonita se junta a um garoto igualmente popular e bonito para que ambos possam esconder sua verdadeira sexualidade.

– Bom, do Tyler eu até desconfiava, mas você sem dúvida foi uma grande surpresa...Uma surpresa agradável, é claro.

– Sim, discrição é tudo. Mas o Tyler parece se esquecer disso ás vezes, e agora que arrumou um namoro isso tende a piorar. Imagina as pessoas começando a dizer que eu sou enganada pelo meu namorado gay? Não quero nem pensar em como vão rir de mim...

– Seria chato mesmo. Mas uma curiosidade me veio agora: nada disso é estranho para vocês?

– Como assim?

– Essa coisa de vocês namorarem e terem namorados do mesmo sexo. Bom, eu sei que é um namoro falso, mas sei lá...

– Tyler e eu só namoramos para as outras pessoas, para nós somos apenas amigos. É normal.

– Hm. E você me disse que só Hanna sabe disso. Por que Natalie não sabe também?

– Porque Natalie não é, nem de longe, confiável. Ela pensa que não percebo, mas sei que ela nunca quis ser minha amiga, ela quer meu lugar, tudo o que tenho. Antes do Tyler, eu tive alguns rolos com outros garotos para disfarçar, e ela sempre ficava em cima deles. Não que eu ligasse pros garotos, é claro, mas isso serviu para me alertar.

– E por que ainda é amiga dela?

– Nossos pais são sócios na Gylehart & Vaughn, ser inimiga dela causaria desconforto nas duas famílias.

– Você é sempre assim tão pragmática?

– Se eu não fosse as coisas seriam complicadas. A minha vida não precisa ser mais complicada.

– Você tem razão...

Um silencio imperou no quarto, o que fez Aileen se dar conta de que era hora de ir. Já tinha conseguido a resposta que queria: Lucy a correspondera porque gostava de garotas, não havia nada de mais profundo que isso. A morena não tinha decido se isso era uma coisa boa ou ruim.

– Bom, Lucy, então já vou indo. Desculpe aparecer aqui sem nem avisar e jogar a pergunta em você. Acho que te deixei acuada.

– Não se preocupe. Admito que me senti meio que contra a parede, mas você só queria a minha resposta para algo que compartilhamos. Acho que eu faira o mesmo. Só promete que o que te contei aqui não vai ser dito a mais ninguém.

– Você nem precisa me pedir isso, Lucy, guardarei tudo que ouvi só para mim...

– Certo.

– Até mais – Aileen já estava com a mão na maçaneta, pronta para abrir a porta, mas ouve a loira chamando seu nome:

– Se quer saber, eu senti sensações muito agradáveis com o beijo também...

A morena sorriu, o que Lucy também fez. Alguma coisa mudara ali entre elas, e só o tempo revelaria mais detalhadamente o que era.

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Lucy estava deitada em sua cama, super entediada. Fazia algumas horas desde que Aileen tinha ido embora. A loira ligara para Hanna, mas ela estava ocupada em uma das palestras sobre o sistema educacional americano de sua mãe. Tyler estava com Oliver, então ele também estava indisponível no momento.

Sem seus dois melhores amigos, só restava a Lucy ficar ali, deitada, pensando em sua vida. O que logo a fez chegar na conclusão que estava carente. Quando ela e Brianna namoravam, não precisava ligar para ninguém perguntando o que a pessoa fazia naquele momento, afinal tinha uma namorada para se ocupar.

Pensou então em dormir, o que era estranho, já que ela nunca dormia antes das 8:30 da noite. Já estava começando a pegar no sono quando escutou um som alto vindo do lado de fora. Parecia ser um carro grande.

Levantou-se e foi até a janela. Não era um carro grande, e sim um caminhão. Um caminhão de mudanças para ser mais exata. Estava parado ao lado da calçada dos Knieff.

Vizinhos novos. Com a saída da escandalosa família Knieff, outra distinta preencheria seu lugar. Cada imóvel de Hainefield era muito valioso, e nem um crime federal espantaria possíveis compradores.

Resolveu descer para falar com sua mãe. Catherine se encontrava na sala de estar, uma revista vogue em mãos, e na poltrona do lado estava Kenneth, assistindo algo na TV. Os dois pareciam absortos a presença um do outro, o que fez Lucy se perguntar quando foi a última vez que os viu realmente próximos como um casal.

– Ah, olá minha princesa.

Kenneth sempre tinha um sorriso no rosto para a filha mais nova. Embora ele trabalhasse demais, ainda era um pai amoroso. Catherine só se deu ao luxo de lhe dar uma olhada rápida.

– Olá papai. Como foi o seu dia no trabalho? – Lucy sentou-se no sofá em frente aos pais.

– Exaustivo, como sempre. E você, não estaria com aquele seu namorado há uma hora dessas?

– Tyler está ocupado no momento. Algo de família.

– Entendo. Não quero que fique brava comigo, princesa, mas prefiro quando ele não está perto de você, e se estiver que seja as minhas vistas. Garotos na idade dele são controlados pelos hormônios...

Lucy com certeza não queria entrar naquele assunto com o pai, mas não deixava de ser engraçado. Ah, se ele soubesse a verdade...

– Mas mudando de assunto, pai, você viu? Parece que ganharemos novos vizinhos...

– Novos vizinhos? Eu não ouvi nenhum caminhão de mudanças.

– É porque você não presta atenção em nada além do seu trabalho, Ken.Não me surpreenderia se enquanto está sentado ai, não esteja pensando em contratos e clientes em potencial para investimentos...

De uns tempos para cá, Lucy notou, seus pais andavam se alfinetando com muita frequência. O que sua mãe acabara de dizer foi só um exemplo de como algo parecia estar errado para eles sempre soltarem farpas um contra o outro, mesmo que sutis.

– Sim, minha querida, eu me dedico ao meu trabalho. Não tão exageradamente quanto você faz parecer, mas me dedico. Mas eu não estava concentrado em papeis e afins, e sim nessa gloriosa partida que os Dodgers e os Mets disputam nesse momento.

Se tinha algo além do trabalho em que Kenneth era viciado, era no baseball. Embora Lucy até hoje não entendesse muito bem como o esporte funcionava (o que era valido para todos os outros esportes), sabia que seu pai era torcedor fanático dos Los Angeles Dodgers. Ela se lembrava muito bem de uma vez, quando tinha 14 anos, que um astro do time entrou no camarote em que ela estava com a família distribuindo autógrafos, e sem nem perguntar se ela era uma fã assinou a revista Allure que estava em suas mãos. A loira não gostou muito de ter sua edição novinha da revista rabiscada, se ainda fosse a Taylor Swift, tudo bem. Depois ela vendeu a revista autografada no eBay e ganhou um bom dinheiro.

– De qualquer forma teremos novos vizinhos, e como bons anfitriões devemos cortesia a eles – A senhora Gylehart se levantou da poltrona e alisou seu vestido – Venham, Ken e Lucy.

A loira menor revirou os olhos antes de se levantar.

– xXxXx –

A primeira impressão que Lucy teve das novas vizinhas (eram uma mulher e sua filha) era que pareciam ser as típicas caipiras do sul do país que vem para áreas nobres e tentavam se misturar, disfarçando desde o sotaque até os modos meio bruscos e desajeitados típico daquele povo.

Pobres cidadãs provindas do Tennessee. Mal sabiam elas que Lucy tinha parentes naquela parte do país, e saberia reconhecer um habitante de lá a quilômetros de distancia.

O nome da mulher era JanetteBlake, e o da filha Kaitlyn Blake.A primeira parecia ter entre 40 a 45 anos, pele muito branca e os cabelos platinados. O tipo de mulher que tinha feito várias intervenções cirúrgicas em nome da beleza. Já a menina, aparentando15 para 16 anos, tinha o mesmo tom de pele pálido da mãe, o cabelo era loiro claríssimo e parecia natural. Os olhos eram de um azul muito claro também, quase cinzas. Era muito bonita, Lucy pode notar, mas a loira não gostava de loiras, ainda mais lora platinadas.

Catherine fez questão de convidar as duas para o jantar na casa dos Gylehart, no inicio Janette relutou em aceitar a oferta, como as pessoas sempre fazem quando são convidadas a jantar na casa de alguém, mas depois aceitou.

Janette e a filha olhavam a casa dos Gylehart com visível admiração, o que era compreensível. Naquele bairro, e em quase toda Hainefield, apenas a casa dos Bayham podia ser equiparada na questão da imponência e beleza.

– Assim que eu soube que um imóvel em Hainefield estava a venda, corri atrás de um corretor. Eu sabia que era questão de pouco tempo até outras pessoas estarem interessadas nessa casa também. O que foi dito e feito: tive que cobrir a oferta de outras três pessoas... – A senhora Blake contava sorrindo. Ela parecia ser do tipo de mulher boa. Afetada e um pouco perua, mas boa.

– Meus parabéns, não deve ter sido uma quantia baixa que desembolsou. Os preços dos imoveis por aqui subiram estratosfericamente nesses últimos meses. O fim da crise beneficiou as pessoas mais que o esperado...– Kenneth disse.

– Você tem razão, não foi barato comprar a casa. Mas valeu a pena, penso eu. A cidade parece ser tranquila e a vizinhança muito nobre. A prova são vocês nos convidando para esse jantar...

– Muito obrigada, e mais uma vez, bem-vindas – O pai de Lucy ergue sua taça de vinha em homenagem a senhora Blake e a filha, gesto que foi imitado por Catherine e Lucy, que bebia suco de morango – Mas me diga uma coisa, e se eu estiver sendo indelicado, me perdoe: noto que seu marido não está presente com vocês? São divorciados, por um acaso?

– Oh, não, não somos. É que Barnaby prefere ficar em nossa antiga casa no Tennessee para cuidar da fazenda junto com meu filho mais velho, Ephraim.Aquele lá é um fazendeiro nato e incorrigível...

Lucy teve vontade de dar risada. Quem coloca o nome do filho de Ephraim nos tempos atuais? Tinha que ser esses sulistas super-religiosos mesmo...

O jantar passou com um clima muito bom na mesa. Janette era muito gentil e contava as coisas com um entusiasmo e humor único, o que entreteve a todos por um bom tempo. Ela havia se dado bem principalmente com Catherine, e a loira já podia ver que a senhora Blake seria uma presença constante em sua casa. Já a menina, Kaitlyn, apenas observava a todos silenciosamente, e só falara quando alguém requisitou sua opinião em algo. A sobremesa foi musse de limão siciliano, e logo todos tinham terminado de comer.

A senhora Blake e sua filha ainda ficaram mais alguns minutos depois do jantar. Janette engatou uma conversa animada com Kenneth e Catherine sobre os eventos beneficentes de Hainefield. Foi nessa hora que Kaitlyn chegou perto de Lucy para conversar:

– Parece que nossos pais se deram bem.

– Sim, parece. Sua mãe é adorável.

– Digo o mesmo de sues pais. E a propósito, espero que nós possamos ser grandes amigas.

– Eu também espero...

Kaitlyn tinha um sorriso gracioso nos lábios. Lucy retribuiu o sorriso, internamente tentando ler se havia falsidade no que a platina dizia. Parecia que não. Ela aparentava ser uma garota legal.






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Notas finais do capítulo

Uma nova personagem surgiu. O que vocês acham que ela será? Uma amiga, inimiga? Uma rival para Aileen no quesito amor de Lucy?
Isso vocês saberão no próximo. Até lá!



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