– O que você está fazendo?

– Ora, não achou que eu ia deixar a traição passar impune, não? Ao menos uma coisa eu tenho que fazer para me vingar...esta vendo esse Fendi lindo aqui? É um dos favoritos de Brianna, a mãe trouxe de Milão para ela. Me doí muito fazer isso com essa peça fabulosa, mas vai doer mais nela do que em mim, eu espero – Disse cortando o vestido em vários pedaços com a tesoura.

– Uau, que extremista você.

– Estou pensando em fazer mais, quem sabe vou até a casa dela e destruo aquele carro que ela ganhou ano passado do pai? Eu poderia aumentar minha vingança e...

– Espere um pouco, vamos parando com as ideias. Nada disso que você fizer vai fazer seu chifre sumir, então pare com esse drama todo e vá se arrumar para a escola.

Só agora Lucy tinha reparado que Hanna estava arrumada. Das duas a miga era a que se aprontava primeiro sempre.

– Certo...

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Assim que chegou na escola com Tyler e Hanna, Lucy logo tratou de ir para o seu armário, lugar onde ela, junto com o namorado fake e as amigas costumavam ficar até o sinal tocar. Natalie logo se juntou aos três:

– Lucy, o que houve entre você e a Brianna, quer dizer, eu chamei ela para vir até aqui comigo e ela disse que a partir de hoje não vai mais andar com a gente...

A loira viu que além de Natalie, Tyler também tinha uma expressão interrogativa no rosto. Era obvio que ela não ia contar a verdade para os dois. A ruiva não podia saber da verdadeira história nem em um milhão de anos e o garoto...bom, na opinião dela o que aconteceu não era da conta dele, visto que ele não passava do namorado de mentira.

– Não aconteceu nada que você deva se interessar em saber, Natie. Não me interprete como grosseira, mas eu acho melhor cuidar das suas coisas...

O clima ficou pesado entre os quatro. Era obvio para Tyler que o que quer que tenha acontecido, tinha deixado o humor de Lucy terrível. Ele esperou o sinal bater e quando as duas garotas saíram fez a pergunta que tanto se passava pela sua cabeça:

– Brianna afastada, você de péssimo humor...Vocês brigaram por acaso?

– Não, Tyler, nós não brigamos. Nós Terminamos.

O mais alto fez uma cara bem engraçado, a boca aberta de uma forma exagerada:

– Terminaram? Quando? Por quê?

– Isso – Disse Lucy pegando alguns livros e colocando na bolsa, logo depois fechando o armário – Eu não estou com vontade de te dizer. Até mais.

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Escolas são terrenos férteis para boatos. Eles podem ser verdade, mentiras ou até meias-verdades, mas é fato que se espalham. Se espalham de uma maneira assustadora. Não importa qual sua posição na pirâmide social da vida social escolar, você pode ser até o esquisito que ninguém fala, mas com certeza saberá dos assuntos do momento que rondam os corredores.

O mais novo e popular boato era sobre o afastamento de Brianna do grupo de Lucy. Todos perceberam que na entrada a morena não ficou com as amigas, como costumava ficar e muitos outros também viram que Lucy pediu para trocar de lugar em todas as aulas que tinha com a garota e se sentava com ela.

Alguma coisa tinha acontecido entre as duas, todo mundo sabia. E a história mais difundida (e aceita como verdade absoluta pela grande maioria) era que Brianna tinha ficado com Tyler Bayham, o namorado de Lucy.

– É claro que isso não foi bem assim – Dizia uma garota aleatória para uma outra – Acha mesmo que se Brianna tivesse ficado com Tyler ela estaria via? Alias, que Tyler também estaria vivo? Com toda certeza Lucy teria contratado um assassino de aluguel para matar os dois...

– Então o que acha que aconteceu?

– Para mim Brianna se apaixonou por Tyler, deu em cima dele e Lucy descobriu. Ano houve traição, ele parece amar tanto a Lucy...

– E meu pai parecia amar muito a minha mãe, mas recententemente ela descobriu que ele tem outra família em Los Angeles...

Em uma mesa perto dali, Aileen e Barbara observavam tudo o que acontecia:

– Olha que idiotas discutindo a vida alheia. Se a Gylehart levou chifre ou não, o que importa?

– É...– Aileen concordou não prestando muito atenção no que a amiga falava. Não acreditava nem um pouco nessa história de “triângulo amoroso” que corria por ai. Ela fortes motivos para acreditar que Tyler era gay. Será que só ela notava ele olhando os garotos da escola? Sem contar uma vez que a professora pediu para ela ajudá-lo com uma questão em sala e ele elogiou a escolha de roupa dela de um jeito que nenhum garoto heterossexual faria.

A questão era: se ele fosse mesmo gay, será que Lucy saberia? Se saberia, por que concordaria com o namoro? E a relação de Lucy Brianna? Aileen as percebia que era diferente da relação de Lucy e Hanna, os olhares entre as duas eram intensos demais para ser considerados coisa de amiga...

Mas é claro que tudo isso não passava de uma hipótese. Ela não ia ficar tirando conclusões de nada em relação a loira. Alias, o melhor que ela fazia era tentar esquecê-la.

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Na hora da saída, Aileen vesta na sala arrumando as coisas. Os alunos costumavam sair feito uma manada de búfalos e deixavam tudo uma desordem. Ela não era obrigara a arrumar nada, mas gostava de fazer para ajudar mesmo.

Foi quando viu um caderno rosa embaixo de uma mesa. Sabia muito bem de quem era. Passou grande parte da última aula olhando para ela, mesmo que seu interior gritasse para parar com isso.

– Eh...o que faz aqui Aileen? Esqueceu algo também?

Era a voz da loira. Ela estava parada na porta da sala. No susto a morena acabou soltando o caderno no chão, ficando mais vermelha que um tomate no processo:

– Não...eu só estava...estava aqui...

Aileen decididamente não deveria estar com vergonha na frente de Lucy, afinal as duas passaram pouco mais de um mês juntas. Não sabia o que causava essa falta de jeito nela, talvez fosse o fato das duas estarem na escola, local em que nunca se falavam.

– Me desculpe se te assustei, é que esqueci esse caderno que você deixou cair. Vim aqui para pegá-lo.

– Não, não esqueci nada – Disse bem mais calam e um pouco menos vermelha, entregando o caderno a loira – Eu ajudo a arrumar a sala todo dia.

– Nossa, por que faz isso? É algum tipo de obrigação do clube de literatura?

– Não, não é. Só faço isso porque gosto. Normalmente Barbara me ajuda, mas hoje ela tece que sair mais cedo, alias comecei a fazer isso por causa dela. Sabia que nos países asiáticos, e principalmente no Japão, os alunos arrumam as escolas? Eles até mesmo varrem...

– Uau, interessante – Disse Lucy chegando mais perto – Quer ajuda?

– Seria ótimo...

Algum tempo depois as duas terminaram. Lucy podia dizer que havia gostado da experiência, ela raramente achava legal ajudar quem quer que fosse. As duas saíram pela porta e quando estavam no corredor o celular da loira tocou. Era uma mensagem de Tyler perguntando onde ela estava. Ela digitou uma resposta qualquer e continuou andando com a morena. Quando as duas chegaram no estacionamento as duas se despediram:

– Tchau Aileen, até mais.

– Tchau, para você também.

A morena até tinha pensado em dar um beijo ou um abraço em Lucy, mas não o fez. A garota podia não gostar.

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– Hm, impressão minha ou rolou um clima entre você e a garota lá? – Tyler disse assim que Lucy entrou no carro.

– É impressão sua. Aliás que mente maliciosa a sua hein?

– Ora, foi só um palpite. Alias ela até que é bonita. Os cabelos bem pretos, olhos azuis-claros...aqueles óculos de nerd também até que dão um ar mais cute para ela.

– Pode ser bonita sim, mas isso não quer dizer nada.

O carro começou a andar e os dois ficaram quietos. Lucy estava com a cabeça encostada no banco e olhava melancolicamente a paisagem pela janela. Tyler percebeu que ela não estava muito bem, parecia triste. Normalmente ela passava metade do caminho fazendo piadinhas maldosas sobre ele ou qualquer outra pessoa. Parou o carro em um acostamento e olhou para a garota, que o encarava interrogativamente:

– O que aconteceu Tyler, por que parou aqui?

– Eu quero a verdade. O que houve entre você e a Brianna? Você está estranha demais...

– Não houve nada que seja do seu interesse, então esqueça o assunto!

– Lucy, eu sei que não somos melhores amigos nem nada, mas somos beards um do outro, um mínimo de confiança deve haver entre nós. O que aconteceu, você se interessou por outra pessoa?

A loira fechou os olhos, e quando abriu elas pareciam um pouco marejados. Tyler se assustou, ele não queria causar essa reação.

– Me desculpa, eu sei que não é da minha conta. Vamos embora daqui, finja que eu não te perguntei nada e...

– Ela me traiu.

– O que? – O garoto parou a mão que giraria a chave – Brianna?

– Não idiota, a Madonna! É claro que é a Brianna.

Ele não estava processando a informação direito. Brianna traindo Lucy? Isso era tão...inimaginável. As duas pareciam se gostar de verdade, alias Brianna parecia gostar e verdade da loira. Mas ele mesmo deveria saber que muitas coisas inimagináveis acabam acontecendo em relacionamentos, ele mesmo foi prova disso.

– Lucy, quer ir passear em algum lugar comigo? Eu não estou com muita vontade de voltar para a casa, e se você também não estiver adoraria que você me acompanhasse.

A garota o olhou meio desconfiada, mas por fim balançou a cabeça em afirmação. Tyler deu a partida no carro e logo eles estavam no centro de Hainefield.

– Eu estou com vontade de tomar um sorvete, e você? – Tyler Perguntou gentil.

– Pode ser.

Os dois entraram na sorveteria e fizeram seus pedidos. Para ele um de napolitano e para ela um de creme. Sentaram-se na mesa com os sorvetes.

– Uhum. – Tyler pigarreou depois de dar a primeira colherada – Quando foi isso? Até o Haine Day vocês pareciam tão bem.

Lucy narrou o que tinha acontecido para o garoto, que ficou impressionado e verdadeiramente sensibilizado:

– Lamento muito por você, ninguém merece uma dor dessas. Sabe, quando eu tinha catorze anos arranjei meu primeiro namorado. Ele era mais velho, tinha dezessete. Também era lindo, o safado. Lembro até hoje de quando descobri que ele me traia: eu tinha matado aula para ir até a casa dele e peguei o canalha com uma mulher. Uma mulher Lucy! Você tem ideia do quanto isso é humilhante? Eu só lembro de ter saído de lá chorando, meu coração despedaçado. E o cachorro nem par me procurar para se explicar, deixou tudo como estava mesmo.

– Nossa, uma decepção amorosa desse nível aos catorze? E você superou como?

– Superando. Não tem uma formula certo, você só tem que deixar o tempo fazer sua parte. Demorei para esquecê-lo, é verdade, mas esqueci. Eu também sai dessa mais consciente que as pessoas podem decepcionar, e isso não é o fim do mundo.

– É, a Hanna me disse algo parecido...– Disse Lucy mexendo na colher e brincando com o sorvete.

– Hoje já não dói nada, e até estou em outra. Lembra daquele carinha da The Hoax? O Oliver Spart? – A garota confirmou com a cabeça – Estamos conversando, nos conhecendo melhor. Ai, ele é tão fofo, parece ser um ótimo rapaz. Estou na esperanço de que isso vá evoluir para algo mais sério, sabe?

– Isso é ótimo, Tyler – A loira deu um sorriso sincero.

– Bom, chega de falar de mim, vamos falar de você. Ainda está doendo muito o coraçãozinho?

– Um pouco, para falar a verdade. Para ser sincera sinto mais raiva do que tristeza. Fico com um pensamento fixo de vingança, estava até planejando voltar com ela, fingir que a perdoei só para dar o troco, fazer ela sentir tudo o que sinto.

– Wow, que mente maligna. Mas se acalme, fazer isso não vai te trazer nenhum beneficio. Se quer minha opinião acho que Brianna está sofrendo tanto quanto você. Não que eu esteja e defendendo, mas ela parecia te amar de verdade, ao contrário do meu ex. O remorso e a culpa já devem estar fazendo seu trabalho. E você é a Lucy Gylehart, tenho certeza que pode sair rapinho dessa, logo encontrará uma garota legal e que te amará muito. A garota da sua vida.

Lucy ficou quieta, parecia pensar.

– Obrigada – Disse a garota então.

– Pelo que?

– Por me trazer aqui, tentar me animar. Eu sempre fui meio ruim com você fazendo piadas e outras coisas.

– Não precisa agradecer. Apesar de eu ser vítima constante do seu humor negro eu não me abalava. Suas piadas até que eram legais.

– Então posso falar uma que pensei agora?

– Não, vamos embora. Vejo que já acabou seu sorvete...

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Ao chegarem na mansão Gylehart Tyler acabou entrando junto com Lucy. Encontraram Catherine na sala e muito desconfiada ela deixou o garoto entrar no quarto da filha, mas não sem antes avisar que estaria atenta a qualquer coisa impropria que eles fizessem.

Ficaram um bom tempo conversando sobre vários assuntos. A loira descobriu que Tyler, ao contrário do que ela imaginava, não entendia tanto de moda quanto ela achava que os gays devessem entender. Quer dizer, ele gostava do assunto, mas tinha uns gostos meios duvidoso. Os dois também discutiram sobre as atrizes hollywoodianas e perceberam que o fascínio por Maryl Streep era um ponto em comum entre eles. Tyler com certeza tinha um bom gosto para filmes e um ótimo olhar critico.

– Então é aqui que estão os dois falsos pombinhos?

Hanna estava parada a frente dos dois que estavam deitados na cama com revistas vogue espalhadas por todo o lado.

– Ah, ola Hans, não te vi entrar, como na maioria das vezes...

– O que ele faz aqui? – apontou o dedo para Tyler.

– Estamos jogando um jogo. Depois de falar nossos gostos sobre moda escolhemos os 5 looks que achamos que o outro mais gosta nas revistas.

– Lucie, esse jogo é nosso...é uma coisa de melhores amigas. Não acredito que ensinou para ele! Que foi, me substituiu como melhor amiga?

A garota estava visivelmente magoada. Lucy levantou da cama e foi abraçá-la.

– Ei, acalme-se. Você ainda é e sempre será minha BFF. Tyler é meu BBF.

– BBF? – Disseram os outros dois juntos.

– Best Beard Forever. Os dois são essenciais para toda garota.

Hanna e Tyler deram sonoras gargalhadas, isso fez Lucy se sentir bem melhor.