Capítulo 16

甘やかされて育った

Mimada

Ainda escorada no tronco da árvore, com as pernas bambas, levou uma de suas mãos aos lábios.

Aquilo foi um aviso. Ela percebeu muito bem isso.

Sasuke lhe beijou quente como uma brasa marcando o gado.

Engoliu o amargor que acumulou em sua garganta, ao perceber que ele a tratava como propriedade sua por a ter libertado das ameaças de Suna.

Um rubor de raiva subiu por sua face.

Encheu-se de coragem e levantou o olhar para ele, estava encostado na árvore da frente, com a cabeça inclinada para cima e os olhos fechados.

Ele ainda estava nervoso.

Ela tão pouco estava paciente.

— Eu não quero mais que me beije... — disse Sakura num fiasco de voz. Sasuke abriu os olhos. Somente uma declaração grave como esta para tirar a imagem de sua espada afiada decepando uma cabeça loira, que se passava em sua mente! — Acha que não sei que as pessoas falam Sasuke? Estou cansada de ter fama de algo que não sou por onde quer que eu vá! Se quer me proibir de ir as missões sozinha, me trazer e buscar no trabalho, me afastar de qualquer rapaz que se aproxime, por mim tudo bem... Só não me faça sonhar com algo que não posso ter. Quanto mais me beijar, mais vai doer quando escolher alguém para ser sua companheira. E enquanto não se decide entre as adoráveis moças de Konoha, não me tenha como um entretenimento. Não sou do tipo que está pensando...

Ficou um minuto inteiro encarando Sakura e tentando assimilar aquele monte de baboseira que ela estava falando, quando deu-se conta de que ,pela primeira vez, falavam a respeito do relacionamento que tinham e conseqüentemente de sentimentos, soltou uma praga...

— Diabos!

Sakura deu um pulinho, assustada com a reação de Sasuke. Ele passou a mão pelos cabelos andando de um lado pro outro. Passou a semana procurando as palavras pra dar um basta nessa situação, mas se quer pensou que seria num momento de fúria como este.

Parou, detendo-se na figura esguia de Sakura que o encarava atônita, e quando abriu a boca para falar-lhe foi interrompido...

— Oh... Vocês dois de novo! Temos que parar de nos encontrarmos nessa floresta! — soou a voz de Temari num tom brincalhão. — Desculpem interromper, é que estive no hospital de Konoha para receber meu Shikamaru que voltou de missão. Tsunade pediu para avisar que precisam de sua ajuda no distrito Sasuke.

Com leve ar irritadiço assentiu. Detestava receber ordens, mas sabia estar sendo negligente com os moradores sem direcioná-los.

Tomou a mão de Sakura sem olhá-la e começou a andar.

Contrariada, olhou para o próprio pulso agarrado pela mão de Sasuke que mais parecia um pesado grilhão, sentindo-se algemada lançou um olhar para Temari que murmurou um "Nos vemos a noite"...

Ela já conhecia muito bem aquele caminho, poderia jurar que era perfeitamente capaz de chegar ao distrito Uchiha com os olhos vendados. Adorava o lugar, contudo, dessa vez estava indo completamente contra gosto.

Todos os olhares que recebiam pelo caminho só a deixava ainda mais envergonhada, nitidamente procuravam por alguma protuberância em seu ventre. Uma dor em seu peito começou a se formar, mas antes que pudesse se soltar e sair correndo dali, foi arrebatada por uma visão fantástica...

Todos estavam em atividade, mobilizando-se para decorar o lugar.

As pessoas iam e vinham com acessórios em mãos, entregando-os aos que se mantiam sobre escadas, ao pendurá-los decorando o distrito Uchiha.

Percebeu um enorme palco sendo montado bem no centro, e os barris de bebidas que os homens carregavam depositando-os junto aos quitutes que já estavam sendo espalhados pelas mesas laterais.

Sakura procurou pelo olhar de Sasuke que estava observando-a com interesse. Por um momento esqueceu-se da raiva.

— É incrível... — sussurrou maravilhada com a festa que estava sendo preparada ali.

As crianças que corriam alegremente ajudando seus pais nas pequenas coisas, mulheres espalhando flores, homens levando os pesos. A forma alegre como todos mutuamente se ajudavam... Ali era Konoha. O lugar que pediu aos céus. Onde poderia ter paz, felicidade e talvez... Não, não se atreveria a pensar em amor.

Como se pudesse ter ouvido aos seus pensamentos, Sasuke apertou mais sua mão, tomando-lhe a atenção.

— Preciso ajudá-los a terminar, teremos o festival anual de Konoha esta noite. Avisei as criadas para que cuidem de você. Trate de acalmar os nervos e fique pronta, terminaremos nossa conversa ainda hoje.

Seu sangue começou a pulsar na veia, algo no olhar que Sasuke lhe deu a fez estremecer.

Não devia estar assim tão ansiosa para terminarem.

Terminar?

Como poderiam terminar o que nem começaram?

Como pôde ansiar por seus beijos, permitir que tocasse seu corpo e levasse seu coração sem sequer terem falado a respeito de relacionamento antes?

É claro que não teria de esperar nada dele. Pra quê propor compromisso a uma mulher que se entregava voluntariamente?

Burra, burra, burra!

Argh!

— Vai ficar ai na porta o dia inteiro, ou vai decidir entrar?— perguntou a mesma mulher das vezes anteriores, que havia lhe ajudado e até mesmo questionado seu talento em preparar um bolo.

Apesar de ser uma mulher durona, Sakura podia sentir que já não era mal vista por ela. Talvez toda essa rabugentisse, se desse pelo zelo que tem pela casa e pelo dono dela.

— Sasuke disse pra eu vir pra cá. — disse ela meio sem graça.

— Sei disso, menina. Ele nos pediu para mimá-la.

— Mimar? — perguntou sem fazer a mínima idéia do que a mulher estava falando. De Sasuke com certeza não era.

— E o que você chama toda essa exigência de banho floral, criadas para arrumar-lhe o cabelo, vestido e sapato novo, e...— continuava a tagarelar quando foi interrompida por uma Kunoichi completamente abismada.

— Sasuke deu mesmo essas ordens?

— Já disse que sim. Agora se apresse, a tarde já está caindo e o festival começará e não demora muito! — disse virando-se porta adentro deixando-a aberta, como uma explicita ordem de que entrasse logo e não lhe tomasse mais o tempo.

Mal podia acreditar em todo aquele trabalho desnecessário que estava dando. Se tinha as próprias mãos, podia tomar muito bem o seu banho sozinha. Mas estava mergulhada numa banheira de água quente com pétalas de rosas, os cabelos cumpridos sendo lavados por duas mulheres e ainda outra lhe esfregando os braços.

Este foi um dos menores de seus espantos. Quando enrolou-se na toalha, dispensando as criadas para ter um pouco de privacidade e foi até a cama onde repousava um dos vestidos mais lindos que já viu, ficou encantada.

— É lindo... — disse para si mesma segurando-o nas mãos, enquanto apreciava admirada, o vestido branco rodado com detalhes brilhosos.

— Então vista-o.

Sentiu-se estremecer antes de se virar para ver o rosto, cuja voz estava presente em todos os seus sonhos.

Era ele.

Sasuke estava à porta, molhado com apenas uma toalha envolta da cintura com o corpo musculoso á mostra, o que além de fazer seu coração disparar, conscientizou-a de que também estava envolta a uma toalha, tão parcamente vestida quanto ele.

Apertou mais a toalha envolta dos seios, procurando livrar-se do olhar incomodo num momento tão intimo, e o encarou.

— Eu agradeço o vestido, mas não era necessário. — disse constrangida. Aceitar roupa de um homem que não é nada dela, a torna que tipo de mulher? Argh...

— Você gostou dele. Apenas aceite. — disse enquanto começava a adentrar o quarto, andando em direção de Sakura, que quase teve uma parada cardíaca quando num piscar de olhos seus corpos se tocaram.

Sasuke olhou-a nos olhos e lhe envolveu a cintura com um braço, enquanto a mão livre estava enganchada nos cabelos dela imobilizando seu rosto na proximidade do dele. Inclinou a cabeça em direção ao seu pescoço, sentindo o cheiro de flores que ficara tão maravilhosamente na pele macia de Sakura. Roçou os lábios por sua mandíbula e queixo. Quando subiu um pouco, roçou o nariz no dela, numa breve carícia, Sakura fechou os olhos completamente rendida, e entreabriu os lábios esperando pelas sensações de calor que já conhecia bem.

Sentiu o fôlego quente e amentoado da forte respiração dele tocar sua face, e ansiou por aqueles lábios nos seus...

No instante seguinte Sasuke se afastara dando as costas e simplesmente indo embora. Sakura abriu os olhos experimentando um repentino vazio e percebendo o papel de tola que havia feito.

Ele não a beijara.

Exatamente como ela pediu.