A ruiva

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Kise andava apressadamente pelo colégio. Kasamatsu já tinha mandado seis mensagens e uma ameaça de morte caso o loiro não chegasse na quadra em 30 segundos. O loiro tinha perdido muito tempo assinando e tirando fotos com as suas fãs e acabou se atrasando pro treino.

Porém, Kise estava exausto. Virou o corredor e parou na frente do bebedouro. A água era fresca e reanimava o corpo do garoto. Enquanto bebia, ouviu vozes. Duas garotas saíam do banheiro feminino ali perto, conversando um pouco alto demais.

-M-Mas eu não sei... Um cara tão legal quanto ele não gosta de mim!

-Não dá pra ter certeza! Vai querer ver o treino de basquete hoje? Ele com certeza está lá.

-Não, deixa pra outro dia...

-Estou dizendo pra você se declarar logo!

-Kasamatsu-san é capitão do time, ele não deve ter tempo pra essas coisas...

“Estão falando do senpai”, Kise percebeu. “E como assim se declarar pra ele?”.

-Vamos embora logo.

-Só digo que seria melhor você falar com ele, Aki-chan.

-Vou pensar. Vamos logo.

-Tá, tá...

Kise ergueu a cabeça depois que as meninas passaram por ele. Eram uma ruiva e uma morena, andando lado a lado. O loiro teve certeza de que era a ruiva que estava interessada em Kasamatsu. Ele sorriu para si próprio e tratou de voltar a correr para a quadra.

Aquele dia em especial, o capitão do time de basquete encheu Kise de chutes e estava mais rígido do que o normal. O loiro não ligava. Ele se perguntava se aquela garota falava sério quando disse que iria se declarar para Kasamatsu. “Não... Só pode ser brincadeira. Mas se ela tentar...”, Kise pensava. Seu senpai não era um cara feio, mas sua personalidade atrapalhava um pouco com as garotas, além do seu medo por elas. Pensar que uma garota tinha se apaixonado por ele fazia Kise se sentir feliz pelo outro.

-Oi, Kise – Kasamatsu chamou-o depois do treino – Vamos embora juntos?

-Claro, senpai.

O loiro e o moreno saíram da escola e andavam pela rua silenciosamente. Dobrando a esquina mais para frente na outra calçada, aquelas duas garotas vinham conversando. Os olhos de Kise pousaram na ruiva. Ela entrou em choque quando viu Kasamatsu e ficou vermelha como um pimentão, e a morena começou a provoca-la. Yukio parecia não ver nada. “Ela é bem bonitinha, será que é o tipo do senpai?”.

-Eh, senpai – Kise perguntou depois que as garotas se distanciaram.

-Ahn?

-Qual seu tipo de garota?

-Que tipo de pergunta é essa?! – Yukio franziu as sobrancelhas.

-Ué, não é uma pergunta difícil.

-Eu... Bom, hm, não sei. Como eu vou saber?! Que pergunta idiota! Acho que qualquer uma está bom.

“Ele é mesmo difícil”, Kise riu. Mas era por isso que gostava dele.

Naquela noite, Kise não estava conseguindo dormir. Ele encarava o teto branco e se remexia na cama. Aquela garota ruiva e as palavras dela voltavam à mente do garoto. “Então realmente tem alguém interessado no senpai...”. Kise pensava no quão sortudo seu capitão era. Mas alguma coisa naquilo tudo o deixava com ansiedade, com angústia. E Kise não sabia direito o que era.

Na aula de Matemática do dia seguinte, Ryouta não estava exatamente interessado nas contas. Ele olhava fixamente para a garota ruiva na sua diagonal, e tentava ouvir a conversa dela com a amiga.

-Vai falar com ele ou não? – a amiga perguntou.

-Amanhã. Amanhã, eu prometo. – a ruiva entrelaçava as mãos – Estou nervosa.

-Vai dar tudo certo.

O coração de Kise palpitou. Tirou logo o olhar da ruiva e virou para frente. O garoto tinha a sensação de que estava tentando segurar água; uma sensação de frustração. “Que diabos é isso...?”, ele se perguntava. Mesmo assim, a sensação passou depois do término das aulas. O treino foi normal como sempre, e Kasamatsu e Kise voltaram para casa juntos como todos os dias.