A Herdeira escrita por Cate Cullen
Nessa noite Esme aconchega-se mais nos braços de Carlisle.
- Amor, temos de conversar sobre o casamento. – murmura.
- Que tem o nosso casamento? Quereis deixar-me ao fim de dezanove anos? – pergunta em tom de gozo.
- Não do nosso casamento. Do casamento da Victoria.
- O que tem o casamento da Victoria?
- Emmett não parece muito entusiasmado. Pelo menos não tão entusiasmado quanto ela.
- Nem sempre os dois podem mostrar-se entusiasmados.
- E se o cancelássemos? – sugere Esme.
- Cancelar o casamento? Por que razão?
- Porque Emmett não o deseja. – di-lo como se fosse óbvio.
- Esme, eu também não desejava casar convosco, mas assim que vos vi apaixonei-me.
Esme suspira e vira-se de lado para poder olhar para ele.
- O problema está ai. Emmett conhece a Victoria, até a conhece bem demais, e não parece nem um pouco apaixonado, nem sequer entusiasmado com o casamento. Ele considera-a chata e mimada. Achais que um casamento pode ser feliz assim?
- Se cancelássemos o casamento Victoria nunca mais falaria connosco. Ela está ansiosa.
- Mais vale magoa-la agora do que depois de casados.
- Não podemos cancela-lo, Esme. O acordo já está assinado. Eles vão casar quando Victoria fizer dezoito anos. O Duque está de acordo, todos estão na verdade. E Emmett vai acabar por gostar dela, vai perceber que ela tem algumas qualidades para além dos óbvios defeitos que todos sabemos que tem.
Esme suspira.
- Se essa é a vossa decisão, eu aceito. – responde aninhando-se nos cobertores para dormir.
- Aceitais, mas não gostais dela. – repara Carlisle.
Esme abre os olhos.
- Eu só quero ver a nossa filha feliz e o Emmett feliz também.
Carlisle abraça-a e puxa-a para mais perto dele.
- E eles vão ser. Tão felizes como nós.
..........
Emmett caminha até aos aposentos do pai. Os pensamentos ocupados com a bela Rose, como têm estado desde que a viu na tarde anterior.
Assim que chega junto da porta ouve a voz do pai e a voz da rainha, deixa-se estar a ouvir.
- Majestade, quanto mais depressa se fizer o casamento melhor é para todos. – insiste Aro.
- Não vejo para quê tanta presa. – continua Esme. – Ficou acordado que eles casariam quando a minha filha tivesse dezoito anos.
- Majestade, ela já tem dezasseis, foi a idade com que Vossa Majestade casou. – lembra Aro.
- O que não indica que a minha filha tenha de casar com a mesma idade. Ainda é muito jovem.
- Majestade, precisais de ter um neto, ela é a vossa única filha tem de garantir a sucessão.
Esme olha para a janela pensando onde estará a sua outra filha que desapareceu há dezoito anos.
- Ainda só tenho trinta e seis anos, Vossa Graça. – diz Esme séria. – Espero viver ainda muitos mais.
- Também o espero, Majestade. De qualquer forma, temos de nos precaver.
- Vossa Graça, a minha filha casará aos dezoito anos e será muito a tempo. – Esme levanta-se pondo fim à conversa.
Nesse instante Emmett entra no quarto, farto de ouvir a sua vida discutida nas costas dele.
- Majestade. – faz uma vénia.
- Filho. – Aro levanta-se. – Estávamos mesmo agora a falar sobre o vosso casamento e em como o devíamos apressar.
Esme olha para o Duque com uma sobrancelha levantada.
- Parece, Vossa Graça, que ficou decidido que não haveria qualquer adiantamento. – lembra séria.
- Pois ficou, senhora. Mas como o meu filho está aqui, poderíamos escutar a opinião dele.
Emmett olha para a rainha e para o pai.
- Eu caso quando Vossa Majestade desejar. – responde educadamente.
Esme olha para o Duque que tenta disfarçar a fúria pela resposta do filho.
- Então eu desejo que o casamento se realize apenas quando a minha filha tiver dezoito anos. E fim da conversa.
Dirige-se para a porta que é aberta por um guarda e sai.
O Duque e o filho levantam-se da vénia que tinham feito.
- Que vos passou pela cabeça para dardes uma resposta daquelas? – pergunta agora já não escondendo a sua irritação.
- Só disse a verdade. E sabeis que não desejo casar com a princesa Victoria.
- Não me importa os vossos desejos. Ides casar e ponto.
- Então que seja só daqui a dois anos como está estipulado.
- Quanto mais depressa melhor.
- Porquê, pai?
- Porque quero que sejais rei.
- Os reis ainda são novos. Espero que vivam muitos anos. Não desejo ser rei já.
- Mas eu desejo que sejais.
- Não me importa. E o rei serei eu, não vós. Portanto não penseis que me podeis dar ordens.
Vira-lhe as costas e sai batendo com a porta.
Vai em passos rápidos até aos estábulos, pede que lhe selem um cavalo e parte a galope. Só se apercebe para onde está a ir quando vê as casas da vila cada vez mais próximas.
- Não, eu não posso ir ter com ela. – murmura.
Apesar disso continua.
Assim que chega perto da vila vê-a, a bela Rose a dançar no meio de um campo com outras raparigas. Ela é a mais bonita. O vestido ondula em volta dela e o cabelo vai para um lado e para o outro à medida que mexe a cabeça ao som da música tocada por um rapaz que está sentado numa pedra com uma flauta.
Emmett observa-a com toda a atenção. É o espetáculo mais bonito que já viu, apesar de ter visto vários na corte.
Quando a música acaba Rose afasta o cabelo do rosto e o seu olhar cruza-se com o olhar de Emmett.
Ao ver que ela olha para ele faz-lhe sinal com a mão para se aproximar.
Rose caminha pela erva até chegar perto dele.
- Que fazeis aqui, senhor? – pergunta, apesar de estar feliz de o ver.
- Vim dar um passeio a cavalo. – responde sorrindo. – E assim que vos vi decidi dizer-vos um olá. Dançais lindamente.
Rose cora satisfeita pelo elogio.
- Obrigada.
- Sois a que dança melhor delas todas.
Rose cora ainda mais. Ele reparou nela apesar de estar no meio de outras raparigas.
- Estamos a ensaiar para as festas da aldeia. – responde. – Daqui a uma semana vêm cá músicos e podemos dançar a noite inteira.
Emmett ri.
- Na corte dançamos quase todos os dias a noite toda. – diz.
- A sério? – Rose está espantada. – Dançam todas as noites?
- Quase todas.
- Deve ser tão bonito. – murmura sonhadoramente.
- Mas não é essas danças que estáveis a dançar, são umas mais elaboradas e dança-se sempre a pares.
- Deve ser tão bonito. – repete.
- Seria mais bonito se vós estivésseis lá.
- Nunca vou poder estar na corte. – murmura.
Emmett passa-lhe a mão no rosto.
- Nunca digais nunca. – murmura.
- Rose! – ouve-se chamar.
Rose vira-se.
- É o meu irmão. – diz. – Tenho de ir. Adeus.
- Adeus. – murmura Emmett resistindo novamente ao impulso de lhe perguntar quando se podem voltar a ver de novo.
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