A Herdeira escrita por Cate Cullen


Capítulo 3
Passagem Real


Notas iniciais do capítulo

Obrigada por todos os comentários.
Espero que gostem.



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A carruagem real avançava cada vez mais próxima da aldeia. Carlisle, o rei, e Esme, a rainha, observam as paisagens enquanto avançam pela estrada.

A comitiva é imensa, como é sempre nestas viagens.

- Está tudo como antes. – repara Carlisle olhando pela janela. – Exceto a estrada que mandei arranjar.

Esme assente.

- Já não era sem tempo. Os acidentes aqui eram cada vez mais.

- A começar pelo acidente do Duque Álvaro e da Duquesa Cecília naquela noite de chuva.

Esme olha para as mãos enfeitadas de anéis.

Carlisle sabe no que ela está a pensar. “A noite do desaparecimento da nossa filha.”

Carlisle pega-lhe na mão.

- Não penseis nisso. – murmura.

- Estas paisagens lembram-me mais do que nunca essa noite e os dias antes dela. Dias em que éramos tão felizes.

Carlisle puxa-a para os seus braços e beija-lhe a cabeça levemente.

- E somos felizes agora. Sois feliz, meu amor?

A rainha assente.

- Mas sinto a falta dela. Teria dezoito anos e seria uma princesa linda.

Carlisle levanta-lhe o rosto coberto de lágrimas.

- Talvez não devêssemos ter vindo. Não vos quero ver triste. Se quiserdes vamos embora amanhã.

- Não. – murmura e limpa as lágrimas. – Não podemos passar a vida na capital.

- Estais bem?

- Ótima. – sorri.

Carlisle sorri para ela e passa-lhe a mão no rosto.

- Ainda bem. Gosto de vos ver sorrir.

Ouvem-se as trombetas.

- Estamos a chegar. – diz Esme. – Preparai-vos para acenar.

Carlisle ri e debruça-se na janela.

...

Ouvem-se as trombetas.

Charlie entra em casa. Rose está amuada a arrumar as canecas de barro.

- Vamos ver a família real, filha? – pergunta sorrindo.

- Vamos? – pergunta Rose quase deixando cair a caneca.

- Eu e a vossa mãe pensamos melhor… E afinal é o vosso aniversário.

Rose corre para abraçar o pai.

- Obrigada! Obrigada! Obrigada!

Jacob entra em casa.

- Pai? – pergunta surpreso vendo o seu plano de levar a irmã a ver a família real falhar.

- Vim buscar a vossa irmã para vermos a passagem dos reis. – explica perante ar espantado do filho.

- A sério?

- Sim. – Rose salta de contentamento. – Vamos ver os reis, mano. O pai pensou que como é o meu aniversário não era justo ser-me recusado um pedido tão pequeno.

- É verdade. – concorda o pai. – Vamos antes que eles passem.

Caminham os três pelo meio da multidão reunida na beira da estrada.

Os gritos que se ouvem variam:

- Viva aos reis!

- Longa vida ao rei Carlisle e à rainha Esme.

- Viva ao rei! Viva à rainha!

Rose sobe para cima de uma pedra para ver bem.

A carruagem real pára um pouco enquanto os guardas distribuem dinheiro pela população, atirando moedas aos que estão mais atrás.

A porta da carruagem é aberta e Esme sai acompanhada de Carlisle.

O povo grita feliz por ver os seus reis.

Rose observa tudo com muita atenção. O rei é o homem mais belo que já viu, o cabelo louro, não consegue ver-lhe a cor dos olhos, o rosto é perfeito e jovem. A rainha é igualmente linda, o cabelo meio arruivado e um sorriso doce e meigo.

Ambos acenam e sorriem para a população.

Atrás da carruagem real vem outra. A carruagem da princesa Victoria, a filha dos reis. Está sentada na carruagem, com ar importante. Nem sequer acena.

- É bonita. – comenta Jacob. – Mas tem um ar importante e desagradável.

Rose concorda. O cabelo é ruivo e cai-lhe em canudos emoldurando-lhe o rosto. O ar dela é de desprezo total. Desprezo para com as pessoas comuns, calcula Rose.

Atrás da carruagem da princesa vêm alguns nobres a cavalo e mais carruagens atrás.

Rose repara num deles. Deve ter mais ou menos a idade dela. O cabelo é preto, o rosto duro, mas bonito, sorri enquanto fala com outro nobre, o sorriso é o mais bonito que já viu e tira-lhe um pouco o ar perigoso.

Rose volta a olhar para a rainha. O rei entrou para dentro da carruagem e a rainha antes de entrar faz uma vénia ao povo deixando todos exultantes e encantados.

- O Seth já me tinha dito que ela costuma fazer isto. – diz Jacob. – É um gesto que deixa sempre o povo encantado.

- Porquê? – pergunta Rose.

- É uma forma de dizer que se submete à vontade deles, acho. Ou talvez que é um ser igual a eles e não superior como a maioria da nobreza se acha. E também uma maneira de agradecer os aplausos e os vivas.

Rose olha para a rainha que se levanta da vénia. Nesse momento o seu olhar cruza-se com o dela. Ficam assim por um momento. Rose olha para a rainha e a rainha para ela. Depois Esme faz um pequeno sorriso e entra na carruagem. Assim que a porta é fechada a comitiva segue o seu caminho em direção ao palácio.

A multidão começa a dispersar com as moedas de ouro nas mãos, contentes pelas ofertas dos reis.

Rose e Jacob voltam para casa enquanto o pai toma o caminho dos campos.

- A rainha olhou para mim. – diz Rose com um sorriso. – Achais que me achou bonita?

O irmão ri-se.

- A rainha deve ter olhado para milhares de rostos, não esperais que tenha fixado todos eles.

- Ela sorrio-me. – murmura Rose.

- Como sorriu a uma data de pessoas. – Jacob passa o braço por cima dos ombros da irmã. – Vamos é trabalhar que temos muito que fazer.

...

Esme sai dos seus aposentos onde reina a confusão. As damas arrumam as roupas de um lado, as joias do outro, a mobília é levada para um sítio e depois decidem que é melhor noutro.

Esme ofereceu-se para ajudar a arrumar os aposentos que afinal serão os dela, mas todas as damas responderam em simultâneo que isso não é trabalho para uma rainha fazer e quase a expulsaram.

Esme  caminha pelos corredores. Lembra-se bem do palácio. Sempre gostou muito de passar o verão no campo, mas desde o desaparecimento da filha que não quisera voltar a esta pequena e movimentada vila perto da capital conhecida como Cidade de Volterra, preferindo passar os verões na capital distraindo-se a ouvir os seus súbditos, a assinar documentos e todas as coisas que um rei deve fazer. Esme sempre se envolveu na política junto com o marido, prefere estar envolvida nos trabalhos do rei, do que nos seus aposentos a costurar, apesar de também o gostar de fazer. E desde que a filha desapareceu que se dedica ainda mais ao reino tentando não pensar na princesinha.

Esme sai para o pátio, onde vê imediatamente o marido a falar com um dos responsáveis pelos cavalos.

Assim que Carlisle a vê vem até ela com um sorriso.

- Amanhã vamos à caça. – diz dando-lhe um beijo nos lábios. – Quereis vir?

A rainha torce o nariz.

- Sabeis que não gosto de caçadas, pobres dos animais.

- Vós dizeis isso, mas não deixais de os comer. – lembra sorrindo.

- O que me faz impressão é vê-los serem mortos. Vocês homens é que adoram essas coisas.

Carlisle ri-se e abraça-a.

- De qualquer forma nós estaremos fora o dia todo. O noivo da nossa filha irá.

- Imagino que ela não fique muito contente. – comenta a rainha. – Por ela casava já.

Carlisle ri.

- E pelo Duque também, quanto mais depressa vir o filho no sucessão ao trono melhor.

Esme ri.

- Não sejais assim, Aro é um amigo leal.

- E ambicioso como qualquer outro.

- Talvez. – concorda. – Mas serve-nos bem e temos de ter isso em conta.

Carlisle assente.

Nesse instante Emmett, o filho de Aro, aparece no pátio enquanto endireita as mangas do casaco.

A princesa Victoria vem atrás dele a protestar.

- Não me podeis deixar sozinha o dia todo. – protesta caminhando atrás dele. – Ainda agora chegámos e nem um pouco de companhia me fazeis.

- Podeis vir. – diz Emmett.

- Sabeis que não gosto de andar no meio da floresta. Vós deveis ficar comigo.

- Ainda não sou vosso marido.

- Sois meu noivo que é praticamente a mesma coisa.

Emmett faz uma vénia aos reis e continua a caminhar em direção à outra porta.

- Emmett, onde ides?

- Tratar da minha vida. – responde.

Esme não consegue deixar de rir. A filha é realmente muito chata.

- Eu tenho que saber.

- Quando fordes minha esposa, juro-vos, que sabereis de tudo, por enquanto não.

- Emmett, ides deixar-me sozinha? Ao menos passeai comigo no jardim.

- Tenho de ir ter com o meu pai, Victoria.

- Pronto, tinha de ser! Hoje vai ter com o pai, amanhã vai caçar e quando é que ficais comigo?

Emmett nem lhe responde e desaparece na curva do pátio. Victoria vai a correr atrás dele, desaparecendo também.

- Acho que vou fazer um pouco o papel da nossa filha. – diz Esme. – Ficai comigo amanhã. – faz beicinho.

Carlisle ri.

- Ficaria de bom grado, meu amor.

- Então ficai.

- Não posso. O rei tem de estar presente na caçada.

Esme poisa a cabeça no peito dele.

- Temos muito tempo até lá. – sussurra Carlisle.

Esme levanta a cabeça.

- Que sugeris?

- Que tal irmos para o quarto?

Esme ri.

- Tem de ser para o vosso porque o meu está uma grande confusão.

Ele ri.

- Com todo o gosto, minha adorada.

- E não tendes nada para fazer?

- Nada. Apenas estar convosco. Assim junto de vós. – beija-a.

- Gosto tanto quando não tendes nada para fazer. – murmura Esme.

- É, não é? Por acaso eu também. Que coincidência.


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Notas finais do capítulo

Comentem.
Beijos.



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