A Herdeira escrita por Cate Cullen
Notas iniciais do capítulo
Obrigada por todos os comentários.
Espero que gostem.
A carruagem real avançava cada vez mais próxima da aldeia. Carlisle, o rei, e Esme, a rainha, observam as paisagens enquanto avançam pela estrada.
A comitiva é imensa, como é sempre nestas viagens.
- Está tudo como antes. – repara Carlisle olhando pela janela. – Exceto a estrada que mandei arranjar.
Esme assente.
- Já não era sem tempo. Os acidentes aqui eram cada vez mais.
- A começar pelo acidente do Duque Álvaro e da Duquesa Cecília naquela noite de chuva.
Esme olha para as mãos enfeitadas de anéis.
Carlisle sabe no que ela está a pensar. “A noite do desaparecimento da nossa filha.”
Carlisle pega-lhe na mão.
- Não penseis nisso. – murmura.
- Estas paisagens lembram-me mais do que nunca essa noite e os dias antes dela. Dias em que éramos tão felizes.
Carlisle puxa-a para os seus braços e beija-lhe a cabeça levemente.
- E somos felizes agora. Sois feliz, meu amor?
A rainha assente.
- Mas sinto a falta dela. Teria dezoito anos e seria uma princesa linda.
Carlisle levanta-lhe o rosto coberto de lágrimas.
- Talvez não devêssemos ter vindo. Não vos quero ver triste. Se quiserdes vamos embora amanhã.
- Não. – murmura e limpa as lágrimas. – Não podemos passar a vida na capital.
- Estais bem?
- Ótima. – sorri.
Carlisle sorri para ela e passa-lhe a mão no rosto.
- Ainda bem. Gosto de vos ver sorrir.
Ouvem-se as trombetas.
- Estamos a chegar. – diz Esme. – Preparai-vos para acenar.
Carlisle ri e debruça-se na janela.
...
Ouvem-se as trombetas.
Charlie entra em casa. Rose está amuada a arrumar as canecas de barro.
- Vamos ver a família real, filha? – pergunta sorrindo.
- Vamos? – pergunta Rose quase deixando cair a caneca.
- Eu e a vossa mãe pensamos melhor… E afinal é o vosso aniversário.
Rose corre para abraçar o pai.
- Obrigada! Obrigada! Obrigada!
Jacob entra em casa.
- Pai? – pergunta surpreso vendo o seu plano de levar a irmã a ver a família real falhar.
- Vim buscar a vossa irmã para vermos a passagem dos reis. – explica perante ar espantado do filho.
- A sério?
- Sim. – Rose salta de contentamento. – Vamos ver os reis, mano. O pai pensou que como é o meu aniversário não era justo ser-me recusado um pedido tão pequeno.
- É verdade. – concorda o pai. – Vamos antes que eles passem.
Caminham os três pelo meio da multidão reunida na beira da estrada.
Os gritos que se ouvem variam:
- Viva aos reis!
- Longa vida ao rei Carlisle e à rainha Esme.
- Viva ao rei! Viva à rainha!
Rose sobe para cima de uma pedra para ver bem.
A carruagem real pára um pouco enquanto os guardas distribuem dinheiro pela população, atirando moedas aos que estão mais atrás.
A porta da carruagem é aberta e Esme sai acompanhada de Carlisle.
O povo grita feliz por ver os seus reis.
Rose observa tudo com muita atenção. O rei é o homem mais belo que já viu, o cabelo louro, não consegue ver-lhe a cor dos olhos, o rosto é perfeito e jovem. A rainha é igualmente linda, o cabelo meio arruivado e um sorriso doce e meigo.
Ambos acenam e sorriem para a população.
Atrás da carruagem real vem outra. A carruagem da princesa Victoria, a filha dos reis. Está sentada na carruagem, com ar importante. Nem sequer acena.
- É bonita. – comenta Jacob. – Mas tem um ar importante e desagradável.
Rose concorda. O cabelo é ruivo e cai-lhe em canudos emoldurando-lhe o rosto. O ar dela é de desprezo total. Desprezo para com as pessoas comuns, calcula Rose.
Atrás da carruagem da princesa vêm alguns nobres a cavalo e mais carruagens atrás.
Rose repara num deles. Deve ter mais ou menos a idade dela. O cabelo é preto, o rosto duro, mas bonito, sorri enquanto fala com outro nobre, o sorriso é o mais bonito que já viu e tira-lhe um pouco o ar perigoso.
Rose volta a olhar para a rainha. O rei entrou para dentro da carruagem e a rainha antes de entrar faz uma vénia ao povo deixando todos exultantes e encantados.
- O Seth já me tinha dito que ela costuma fazer isto. – diz Jacob. – É um gesto que deixa sempre o povo encantado.
- Porquê? – pergunta Rose.
- É uma forma de dizer que se submete à vontade deles, acho. Ou talvez que é um ser igual a eles e não superior como a maioria da nobreza se acha. E também uma maneira de agradecer os aplausos e os vivas.
Rose olha para a rainha que se levanta da vénia. Nesse momento o seu olhar cruza-se com o dela. Ficam assim por um momento. Rose olha para a rainha e a rainha para ela. Depois Esme faz um pequeno sorriso e entra na carruagem. Assim que a porta é fechada a comitiva segue o seu caminho em direção ao palácio.
A multidão começa a dispersar com as moedas de ouro nas mãos, contentes pelas ofertas dos reis.
Rose e Jacob voltam para casa enquanto o pai toma o caminho dos campos.
- A rainha olhou para mim. – diz Rose com um sorriso. – Achais que me achou bonita?
O irmão ri-se.
- A rainha deve ter olhado para milhares de rostos, não esperais que tenha fixado todos eles.
- Ela sorrio-me. – murmura Rose.
- Como sorriu a uma data de pessoas. – Jacob passa o braço por cima dos ombros da irmã. – Vamos é trabalhar que temos muito que fazer.
...
Esme sai dos seus aposentos onde reina a confusão. As damas arrumam as roupas de um lado, as joias do outro, a mobília é levada para um sítio e depois decidem que é melhor noutro.
Esme ofereceu-se para ajudar a arrumar os aposentos que afinal serão os dela, mas todas as damas responderam em simultâneo que isso não é trabalho para uma rainha fazer e quase a expulsaram.
Esme caminha pelos corredores. Lembra-se bem do palácio. Sempre gostou muito de passar o verão no campo, mas desde o desaparecimento da filha que não quisera voltar a esta pequena e movimentada vila perto da capital conhecida como Cidade de Volterra, preferindo passar os verões na capital distraindo-se a ouvir os seus súbditos, a assinar documentos e todas as coisas que um rei deve fazer. Esme sempre se envolveu na política junto com o marido, prefere estar envolvida nos trabalhos do rei, do que nos seus aposentos a costurar, apesar de também o gostar de fazer. E desde que a filha desapareceu que se dedica ainda mais ao reino tentando não pensar na princesinha.
Esme sai para o pátio, onde vê imediatamente o marido a falar com um dos responsáveis pelos cavalos.
Assim que Carlisle a vê vem até ela com um sorriso.
- Amanhã vamos à caça. – diz dando-lhe um beijo nos lábios. – Quereis vir?
A rainha torce o nariz.
- Sabeis que não gosto de caçadas, pobres dos animais.
- Vós dizeis isso, mas não deixais de os comer. – lembra sorrindo.
- O que me faz impressão é vê-los serem mortos. Vocês homens é que adoram essas coisas.
Carlisle ri-se e abraça-a.
- De qualquer forma nós estaremos fora o dia todo. O noivo da nossa filha irá.
- Imagino que ela não fique muito contente. – comenta a rainha. – Por ela casava já.
Carlisle ri.
- E pelo Duque também, quanto mais depressa vir o filho no sucessão ao trono melhor.
Esme ri.
- Não sejais assim, Aro é um amigo leal.
- E ambicioso como qualquer outro.
- Talvez. – concorda. – Mas serve-nos bem e temos de ter isso em conta.
Carlisle assente.
Nesse instante Emmett, o filho de Aro, aparece no pátio enquanto endireita as mangas do casaco.
A princesa Victoria vem atrás dele a protestar.
- Não me podeis deixar sozinha o dia todo. – protesta caminhando atrás dele. – Ainda agora chegámos e nem um pouco de companhia me fazeis.
- Podeis vir. – diz Emmett.
- Sabeis que não gosto de andar no meio da floresta. Vós deveis ficar comigo.
- Ainda não sou vosso marido.
- Sois meu noivo que é praticamente a mesma coisa.
Emmett faz uma vénia aos reis e continua a caminhar em direção à outra porta.
- Emmett, onde ides?
- Tratar da minha vida. – responde.
Esme não consegue deixar de rir. A filha é realmente muito chata.
- Eu tenho que saber.
- Quando fordes minha esposa, juro-vos, que sabereis de tudo, por enquanto não.
- Emmett, ides deixar-me sozinha? Ao menos passeai comigo no jardim.
- Tenho de ir ter com o meu pai, Victoria.
- Pronto, tinha de ser! Hoje vai ter com o pai, amanhã vai caçar e quando é que ficais comigo?
Emmett nem lhe responde e desaparece na curva do pátio. Victoria vai a correr atrás dele, desaparecendo também.
- Acho que vou fazer um pouco o papel da nossa filha. – diz Esme. – Ficai comigo amanhã. – faz beicinho.
Carlisle ri.
- Ficaria de bom grado, meu amor.
- Então ficai.
- Não posso. O rei tem de estar presente na caçada.
Esme poisa a cabeça no peito dele.
- Temos muito tempo até lá. – sussurra Carlisle.
Esme levanta a cabeça.
- Que sugeris?
- Que tal irmos para o quarto?
Esme ri.
- Tem de ser para o vosso porque o meu está uma grande confusão.
Ele ri.
- Com todo o gosto, minha adorada.
- E não tendes nada para fazer?
- Nada. Apenas estar convosco. Assim junto de vós. – beija-a.
- Gosto tanto quando não tendes nada para fazer. – murmura Esme.
- É, não é? Por acaso eu também. Que coincidência.
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Comentem.
Beijos.