A Herdeira escrita por Cate Cullen
Notas iniciais do capítulo
A minha demora é imperdoável especialmente quando prometi postar no dia a seguir.
Espero que mesmo assim me perdoem.
Beijos
- Não pode ser. – Jacob levanta-se.
- É. – Declara Emmett. – Agora tudo faz sentido, todas as peças se encaixam. Percebi isso quando dissestes que os vossos pais deviam ter um segredo qualquer.
- Porque achais que a princesa é a Rose? – Pergunta Jacob.
- A princesa chamava-se Rosalie.
Jacob pára quando ele diz isso.
- Rosalie. – Repete. – Rose, Rosalie.
- Exato. – Emmett assente. – Depois a atitude dos vossos pais em quere-la manter longe da família real.
- E a princesa desapareceu há dezoito anos como dissestes, é essa a idade da minha irmã.
Emmett assente.
- E esta pulseira. – Levanta a pulseira que tem na mão. – E se convivêsseis com a rainha iríeis ver que o tom dos olhos é o mesmo. Aqueles olhos azuis que parecem safiras profundas e claras como o oceano. E o sorriso também é o mesmo. Aquele sorriso doce e caloroso que nos faz sentir bem em qualquer situação.
Jacob percebe pelo tom dele que está perdidamente apaixonado pela irmã.
- Tenho que lhe contar.
- Não! – Grita Emmett impedindo-o. – Nem penseis nisso.
- Ela merece saber, já foi enganada demasiado tempo.
- Sim, ela tem que saber e irá saber, mas amanhã. Ela irá ao baile convosco e eu irei apresenta-la aos reis e quando o fizer irei também dizer que descobri que ela é a filha deles.
- Ela irá ficar confusa… - Começa Jacob.
- Eu sei, mas eu explicarei. E se vós contardes agora ela quererá confrontar os pais e eles podem tentar tira-la daqui e leva-la para longe onde os reis nunca mais a tornarão a ver. Ela tem de saber ao mesmo tempo que os verdadeiros pais.
Jacob assente concordando.
- Amanhã eu estarei lá a ajudar.
- Obrigado.
- A minha irmã merece saber a verdade.
Emmett assente.
- E irá saber.
...
Esme observa-se ao espelho. O vestido azul esverdeado feito especialmente para esta ocasião. O cabelo arruivado preso num coque deixando ver as orelhas enfeitada com brincos de safiras. O colar de safiras e esmeradas encrostadas em ouro decora-lhe o pescoço elegante.
- Linda. – Murmura Carmen observando a rainha, sua amiga há tantos anos.
Esme sorri e pega nos anéis metendo-os no dedo.
- Dizeis-me isso todos os anos. – Lança nova olhadela ao espelho.
- E dir-vos-ei mesmo quando formos ambas muito velhinhas. Esse vestido realça os vossos olhos.
Esme ri-se.
- Agora fizestes-me lembrar Carlisle. Para ele todos os vestidos realçam os meus olhos.
Carmen ri-se.
- É um homem apaixonado. Para um homem apaixonado a sua paixão está sempre bonita.
Esme abana a cabeça a rir.
Uma pancada na porta fá-las virarem as cabeças na direção do som e verem Carlisle entrar, muito bem arranjado e com um sorriso no rosto.
- Que bonita que está a minha esposa. – Carlisle puxa-a para os seus braços e beija-lhe os lábios. – Linda, como sempre, a minha Esme.
Esme cora pelo elogio.
Carlisle sorri. Há dezanove anos que estão casados, mas Esme continua a corar cada vez que ele a elogia.
- Acho que vos vou deixar sozinhos. – Murmura Carmen começando a dirigir-se para a porta.
- Não vale a pena. – Carlisle pega na mão de Esme e coloca-a no seu braço. – Vim apenas buscar a minha esposa para a guiar até ao salão.
- Já está na hora? – Esme olha para o relógio sobre a lareira.
- Já passam cinco minutos até. – Carlisle sorri-lhe. – Só tendes desculpa porque as mulheres levam sempre mais tempo que os homens a arranjar-se. Vamos?
Esme assente.
- Vamos.
...
Rose vira a cabeça da esquerda para a direita, da direita para a esquerda, sem saber para onde há de olhar primeiro. Nunca na sua vida viu tanto luxo, tanto ouro, tantas tapeçarias, tantas velas em candelabros de cristal, mesas tão compridas e o chão tão brilhante que parece encandear.
- Isto é lindo! – Diz com a consciência que parece mesmo uma idiota a olhar para tudo com a boca aberta.
Jacob olha para a irmã não conseguindo deixar de sorrir. “Ela podia ter tido tudo isto durante toda a sua vida se não fosse a minha mãe a ter escondido dos seus verdadeiros pais”, pensa. Não consegue olhar para a mãe sem ver a mulher mentirosa que agora sabe que ela é. Uma mulher que ficou com uma criança que não era dela. A única coisa que se pergunta é como é que ela ficou com a criança. Apesar de a opinião que tem da mãe não ser das melhores não acredita que tenha raptado a princesa real.
Rose observa as pessoas, muitas delas suas vizinhas, tão embasbacadas como ela, e outras, que se vê terem uma outra educação, que se movimentam no salão com muito à vontade e falam com este e com aquele. Rose percebe que são os nobres, habituados a viver na corte. Olha em volta tentando ver Emmett no meio deles.
Emmett vê-a primeiro assim que entra pela varanda que rodeia o salão e dá acesso pelos andares de cima. Está tão linda! O vestido é azul claro e, apesar de ser um dos mais simples, fica-lhe lindamente e condiz com a simplicidade dela. Os cabelos louros estão praticamente soltos, apenas as madeixas da frente apanhadas atrás com um gancho simples.
Rose quase parece sentir o olhar dele sobre ela. Olha instintivamente para cima e vê-o na varanda a olhar para ela, e a sorrir.
Sorri também. Apetece-lhe levantar a mão para lhe dizer adeus, mas contém-se. Não quer atrair as atenções sobre ela já. Sabe que as atrairá de qualquer forma mais tarde quando Emmett decidir apresenta-la aos reis e a todos os presentes. Rose nunca pensou que fosse tanta gente.
De repente a música pára e ouve-se o som de trombetas que anunciam a entrada dos reis.
Renée e Charlie, que se mantêm ao pé da filha, entreolham-se.
- Reza, Charlie, reza para que eles não descubram. – Murmura Renée, a mão bem presa na outra para ninguém as ver tremer.
Charlie olha para a filha, os olhos fixos pela porta onde aparecem os reis seguidos da princesa Victoria, e pede a Deus que eles não a descubram.
Todos se baixam numa vénia à entrada da família real.
Carlisle e Esme caminham até aos tronos colocados no topo do salão, uns degraus a cima dos outros para se destacarem. O trono da princesa Victoria um pouco ao lado, com destaque, mas não tanto.
Carlisle e Esme colocam-se em frente dos respetivos tronos, Victoria faz o mesmo.
- Meus súbditos. – Começa Carlisle. – Nobres e povo do meu reino, tenho de vos agradecer por estardes presentes neste dia de festa para o reino, o dia em que me tornei rei, o dia que sempre festejamos todos juntos. Ricos e pobres. O dia em que nos juntamos para festejar. E sendo hoje um desses dias desejo que todos se divirtam, assim como eu me espero divertir.
Todos aplaudem o rei entusiasticamente.
Emmett olha para Jacob, que também olha para ele. Decide que será agora. Tem de ser agora. Quando mais depressa revelar a verdade melhor. Mesmo que estrague a festa, com certeza será um dia ainda melhor para a rainha, mesmo sem a festa.
- Majestades! – Grita da varanda e começa a descer as escadas.
Todas as atenções se voltam para ele.
Rose sente as mãos tremerem. Não pode ser, ele não o pode ir fazer agora, não pode.
- Majestades. – Repete enquanto se dirige a eles. – Tenho uma revelação a fazer, uma coisa para vos contar. Descobri ontem, mas decidi guardar para hoje porque acho que é uma coisa que todos merecem saber. Um momento que deverá ficar marcado e acho este o dia indicado.
Rose tem quase a certeza que ele vai falar do seu noivado. A única coisa que a confunde é Emmett dizer que descobriu ontem. Mas descobriu o quê?
Esme tem as sobrancelhas franzidas, pensando na mesma pergunta que Rose.
- E que descobristes, Emmett? – Carlisle formula a pergunta que todos têm nas suas cabeças.
- É uma notícia que tenho a certeza vos fará feliz. – Diz e vira-se olhando para Rose. – Rose, vinde cá. – Estende a mão.
Rose não se consegue mexer. Neste momento ainda ninguém sem ser a rainha e o rei sabem quem ela é.
- Rose. – Insiste Emmett. – Vinde cá.
Rose respira fundo. “Um passo de cada vez, um passo de cada vez...” Murmura para si mesma enquanto caminha, sob o olhar espantado de Renée e Charlie, em direção à mão de Emmett.
Aro, que se mantém sempre numa posição estratégica perto dos reis, franze as sobrancelhas ao ver o filho chamar a rapariga. Uma rapariga que nunca viu e que só pode ser do povoado.
- Rose. – Carlisle observa-a e olha para Esme que olha para Emmett com o mesmo ar de espanto.
“Coincidência ele se ter apaixonado pela mesma rapariga que eu conheci”, pensa, estando realmente convencida de que Emmett apenas vai anunciar o noivado.
- Majestades, a minha ideia era anunciar o meu noivado com esta rapariga, hoje em frente de todos.
- O quê? – O grito histérico de Victoria faz todos olharem para ela. – Eu é que sou a vossa noiva, Emmett!
- Impossível! – Grita Aro. – Proíbo esse casamento! Sereis deserdado, Emmett se ousais desobedecer-me e casar com essa plebeia.
Rose olha de Victoria para Aro com uns olhos grandes assustados. Então é aquele homem de cabelo negro e olhos escuros, semelhantes os de uma águia, que é o pai do seu nobre bonito. Um homem assustador sem dúvida. Um homem que se opõe ao casamento e que não será fácil contrariar.
- Calma! – Emmett levanta a mão livre para que todos os presentes parem com os sussurros e também tentando que mais ninguém faça nenhum comentário. – Deixem-me acabar, por favor.
Carlisle faz-lhe sinal com a mão para que continue.
- Pai, estais enganado ou dizerdes que esta rapariga é uma plebeia.
É a vez de Rose se voltar para ele com o ar mais espantado do mundo.
- Que dizeis?
Renée sente o chão fugir-lhe de debaixo dos pés, só se segura de pé porque Charlie mantém um braço firme em volta da sua cintura.
Carlisle e Esme entreolham-se. Nenhum dos dois entende onde Emmett quer chegar.
- Esperai lá. – Interrompe Carlisle. – Eu próprio estive na casa da Rose, sei onde ela vive, sei que é uma plebeia, Emmett. Não vos estou a dizer que não autorizo o casamento, mas mentis ao dizerdes que não é do povo.
- Digo a verdade, Majestade. – Insiste Emmett. – Rose foi criada como uma rapariga do povo, mas é tão nobre como vós Majestade, como a vossa esposa, como a vossa filha Victoria.
Esme olha Rose atentamente. Já não consegue desviar os olhos dela. Não consegue desviar o olhar dos seus olhos azuis. Os mesmos olhos azuis que a fitaram tão poucas vezes quando segurou a sua filha Rosalie nos braços.
- Que estais a dizer, Emmett! – Aro avança para junto do filho.
- Estou a tentar explicar e já teria conseguido se não me estivessem sempre a interromper.
- Falai. – Ordena Esme fazendo a sua voz sobressair no meio de todo o burburinho dos presentes. – E que mais ninguém o interrompa.
Emmett sente, sente que ela já está a acompanhar o seu raciocínio. Que já está a perceber.
- A Rose, é a princesa Rosalie.
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