A Herdeira escrita por Cate Cullen


Capítulo 11
Apaixonado


Notas iniciais do capítulo

Desculpem se demorei.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/393947/chapter/11

Esme entra nos seus aposentos. Carmen sorri ao vê-la bem e com um sorriso.

- Oh Esme, estais…

- Estou bem, estou bem. – Esme levanta as mãos. – Já me perguntaram tantas vezes a mesma coisa em tão poucos minutos.

- Estávamos todos muito preocupados.

- Estou bem. – repete Esme.

Carmen pega-lhe na mão.

- Dói?

- Arde um pouco por causa do corte que foi preciso fazer para extrair o veneno.

Carmen estremece.

- Deve ser horrível ser mordida por uma cobra. Sempre tive horror disso.

Esme sorri.

- Pareceis a Victoria.

Carmen ri.

- Fala-se em Victoria e aparece o noivo. – comenta olhando pela janela. – Ele anda a sair muito.

- A sair? – pergunta Esme.

- Sim. Sai todas as tardes.

- Deve ir andar a cavalo. Eu preciso de ter uma conversa com ele. Preciso de saber se ele quer realmente casar com a  Victoria. Bem, eu sei que ele não está muito entusiasmado, mas…

- Ele não quer, Esme. – diz Carmen sendo sincera. – Ele nunca quis.

Esme assente.

- Vou falar com ele agora. – decide.

- Não quereis descansar? – pergunta.

- Estou bem, Carmen, estou bem. – dá-lhe um beijo na face e sai com um sorriso.

Carmen gosta de a ver feliz. Ainda se lembra de como ficou triste quando a filha desapareceu. Chorou vários dias. Fechou-se no quarto e não saiu de lá durante dois meses. Senão fosse o amor de Carlisle ela não tinha conseguido recuperar. E depois engravidou de novo e ficou mais feliz. Mas sempre muito assustada, sempre com medo de que lhe acontecesse a mesma coisa. Agora parece feliz. “Espero que a felicidade seja douradora.” Pensa sorrindo.

......

Quando chega ao jardim Victoria já está a falar com Emmett.

- Achais que isto é a brincar? – pergunta Victoria. – Nós vamos casar e vós passais o dia longe de mim. Nem vos dignais a visitar-me nos meus aposentos para me dizer bom dia, nem boa noite.

- Os maridos é que fazem isso às esposas. – comenta Emmett com pouca paciência para a princesa mimada. – Se me vissem a entrar nos vossos aposentos à noite e a sair de manhã o que achais que iriam pensar?

- Nada. Porque entraríeis de manhã e sairíeis minutos depois e faríeis o mesmo à noite, era só dizer bom dia e boa noite.

- E achais que as más-línguas não iriam logo dizer que passo a noite no vosso quarto? Até parece que não sabeis como é a corte.

- Sei e que me importa? Sois meu noivo, todos sabem disso.

- Noivo não é esposo.

- É quase a mesma coisa. Onde fostes?

- Não tenho de vos dar satisfações da minha vida.

- Tendes porque ides casar comigo.

- Victoria, já chega. Temos mesmo de discutir aqui no meio do pátio com todos a assistir?

- Não teríamos se não passásseis a vida a sair do palácio sem sequer me avisar. Dizei-me onde fostes?

Emmett perde a paciência.

- Não tendes nada a ver com isso.

Victoria faz um ar chocado.

- Exijo saber e não falais assim comigo! Vamos casar e eu serei rainha por isso é bom que aprendeis, já, que sou eu que mandarei em vós e não o contrário. – grita fazendo todos os guardas, criados e nobres que andam por ali se virarem para ela.

- Aviso que não aceitarei as vossas ordens.

- Eu serei rainha!

- E eu serei rei!

- Graças a mim se não percebestes ainda.

- Se não quereis que seja rei por mim tudo bem, cancelo o noivado.

Victoria cambaleia para trás como se a tivessem empurrado.

- Não o podeis fazer. – diz recompondo-se logo e continuando com o seu tom autoritário. – Os meus pais juntamente com o vosso decidiram o casamento. Não o podeis cancelar.

- Já cancelei.

Emmett vira-se e vê a rainha a observar tudo da porta do palácio. Ficou vermelho como um tomate por ela ter ouvido tudo, especialmente a parte de ter cancelado o casamento. Faz uma vénia com vontade de se meter num buraco.

Victoria vê a mãe quando ele se baixa. Ao contrário de Emmett até fica feliz por a mãe ter ouvido.

- Ouvistes isto? – pergunta autoritária. – Ele quer cancelar o noivado. Não o pode fazer, certo?

Esme aproxima-se aparentando toda a calma possível.

- Emmett, preciso de falar convosco.

Emmett engole em seco.

- Com certeza, Majestade.

- Mãe, ides dizer-lhe que não pode cancelar assim o noivado, não é? – insiste Victoria.

- Falarei com Emmett não convosco. – diz Esme. – A conversa será entre nós.

- Mas, mãe…

- Não há mas nem meio mas. Vistes o escândalo que armastes aqui por uma coisa sem importância?

- É sem importância para vós porque o pai nunca vos deixa sem vos dizer para onde vai, nem se deita sem vos dar boa noite. Agora para mim tem muita importância. Tenho a certeza que ele deve passar a noite numa casa de prostitutas.

Os criados olham uns para os outros chocados com as palavras da princesa.

- Victoria eu não vos admito que digais uma coisa dessas. Ide para o quarto.

- Mãe…

- Já!

Victoria levanta a cabeça fazendo um ar importante e passa pela mãe entrando no palácio sem se dignar a fazer uma vénia.

Esme suspira.

- Vinde. – diz para Emmett. – Vamos falar enquanto caminhamos.

Caminham os primeiros minutos em silêncio apreciando apenas as flores, ouvindo os pássaros nas árvores próximas e o rio a correr perto.

- Emmett. – Esme quebra o silêncio. – Tendes a minha autorização para quebrar o compromisso se é esse o vosso desejo.

Emmett para de caminhar e olha para ela.

- Cancelar o noivado? – pergunta.

- Já percebi que não o desejais e não vos vou obrigar a nada. Quero que caseis com quem quiserdes. Victoria quer casar convosco e ficará destroçada, mas mesmo assim eu prefiro que ela fique triste agora do que daqui a uns anos quando perceber que é infeliz no vosso casamento.

- Eu juro, Majestade, que a faria a mulher mais feliz do mundo se tiver de casar com ela.

Victoria sorri.

- Eu acredito que tentásseis. Mas quando ela percebesse que preferíeis a companhia de outras à dela, quando ela visse que preferíeis ir andar a cavalo em vez de ficardes com ela, quando percebesse que casareis com ela contra vontade, por muito que fizésseis, ela não iria ser feliz.

Emmett fica em silêncio.

- Dizei-me. – pede Esme. – Desejais este casamento?

Emmett não responde, não sabe o que responder.

- Sede sincero. – pede. – Dizei-me a verdade.

Victoria não é a mulher que ele deseja. Conhecem-se desde crianças e ele sabe que é uma rapariga mimada, autoritária, mandona e frívola. Uma rapariga que despreza os mais pobres e inveja os mais ricos. Não será um casamento feliz. Chega à conclusão. Quando pensa em casamento só consegue ver o rosto da bela Rose.

- Não. – diz depois de respirar fundo. – Não é com ela que quero casar.

Esme assente.

- Amais outra?

Emmett não sabe o que dizer. Será que o que sente pela Rose é amor?

- Não sei. – é sincero.

- Não sabeis? – Esme levanta uma sobrancelha.

Emmett decide contar-lhe tudo, ela sempre foi uma mãe para ele, sempre confiou nela.

- Eu conheci uma rapariga. – começa. – Gosto de estar junto dela e quando estou longe desejo ir ter com ela. Está sempre nos meus pensamentos. – encolhe os ombros. – Mas não sei.

Esme sorri.

- Estais apaixonado. – diz.

- Achais?

Ela assente.

- Não podemos ficar juntos. – murmura Emmett. – Há muitas coisas que nos separam. É impossível.

- Nada é impossível quando se ama. – retorque Esme. – O casamento está cancelado, podeis ir atrás dela e ser feliz.

Emmett sorri.

- Obrigado por compreenderdes.

- Sou uma mulher que ama o marido. Acho que um casamento sem amor, apesar de serem muito frequentes, não é completo, nunca é totalmente feliz.

Sorri e deixa-o no jardim a pensar nas suas palavras.

.......

Rose senta-se na cama à noite a pensar no beijo que deu ao nobre bonito. E só nesse momento é que se apercebe que não sabe o nome dele, sempre o chamou nobre bonito, nada mais. Nunca lhe perguntou o nome.

Suspira deixando-se cair na cama e pensando nele.

- Pode ser que mo diga. – murmura para si. – Se achar que eu sou digna de o saber? Oh, meu nobre bonito, como gostava de ser uma princesa para poder casar contigo, como gostava de ser a princesa Victoria.

Fecha os olhos e sonha com ele. Um sonho estranho em que casa com o seu nobre bonito. No casamento a mãe está presente numa das filas de trás e são os reis que estão perto do altar. Rose abraça a rainha e chama-a mãe e a rainha dá-lhe um beijo na face. Depois o sonho muda, uma criança pequena está num berço, no seu pequeno pulso tem uma pulseira de ouro, que dá duas voltas ao pulso, com um R e uma coroa por cima. A rainha pega no bebé e encosta-o a si o rei aparece e abraça a rainha, dá-lhe um beijo na face e outro na testa do bebé.

Rose acorda com o sol a bater-lhe na face.

- Que sonho estranho. – murmura. – Eu estava a casar com o nobre bonito e a rainha abraçava-me com se eu fosse sua filha, e depois pegava num bebé.

Rose passa as mãos no cabelo e decide levantar-se. O irmão ainda dorme na outra cama. Vai até à arca e começa a procurar um dos seus melhores vestidos que usa normalmente para ir à missa ao domingo. Quer que o nobre a ache bonita, quer estar bonita para ele. Quer que ele a ame.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!