Colecionador escrita por Cath Abreu


Capítulo 1
Inicio desastroso. Por que matar?




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Cá estou eu, um cão solitário e pulguento, cansado, meu espírito morto me obriga a andar curvado pelas ruas sujas e sem vida de minha queria cidade, Vale Sneet.

Até antes do por do sol, este vagabundo que vos fala era um homem bem sucedido, com família, na verdade em formação de família, fiz hora extra no trabalho para ter dinheiro a mais, e poder comprar-lhe um lindo colar, que ando namorando em uma loja simples da rua, pois bem, cheguei a casa, por volta das 10, trabalhava em uma fabrica, estamos na era da produção em massa, fabricas e mais fabricas de empregados robóticos se formam em cada esquina, fabricas de gente vazia que martela com martelos e prega com pregos, mas vamos ser coerentes e voltar ao curso do que eu contava, ao entrar em casa, encontrei algumas roupas no chão e objetos que antes considerava peça de afeto... sabe quando você sente um arrepio e olha para o vazio esperando que alguma coisa diga que não é o que está parecendo, mas era real.

 Agora que estou na sarjeta, sobre a grande lâmpada natural noturna, o luar, os objetos que já mencionei não passam de resquícios materiais, de uma vida passada, pequenos pedaços queimados de uma coisa grande que poderia ser uma história inteira...

Graças ao vicio mais comum da raça humana, cobiçar o bem e a vida dos outros, a ponto de arrombar a porta da frente de uma casa que você escolhe a dedo, revirar toda essa casa, de uma pessoa que você não conhece, sem se importar que ela já passou fome para comprar cada misera peça em cada um dos miseráveis cômodos, e por fim você pega o que quer, a final, o mundo te deve essas coisas, não é mesmo?Não satisfeito com isso, você mata minha noiva, a qual estava grávida e meu cão, você zomba das pessoas que estão nessa casa, já que você agora conquistou esse lugar e deixa para trás o que está quebrado, sujo ou não tem nenhum valor para você, como um bárbaro em dia de pilhagem.

Senhoras e senhores, é aqui que acaba todo uma vida, a vida do jovem Nicolas, que agora se auto denomina, um vira-lata, a mercê da rua e os caprichos da humanidade. Me sentei a calçada, sabe aquela sensação que se tem quando está tudo ruim, e você só quer esquecer, mas, como um encanto, tudo te lembra o exato fato que quer deletar, então, enquanto eu usufruía de meu martírio, vários casais passaram de mãos dadas, aos beijos, e braços na rua, em frente a mim, podia ver o amor, a luxuria e até medo nos variados tons de olhos que cruzavam a rua. Crianças, mas é claro que todas as crianças do mundo passaram pela minha frente para se mostrarem.

Até que enfim, o mais perturbador dos casais da noite, irracional e estorvador, passou uma espécie de prostituta, vestida com trapos velhos decotados, banhada em perfume barato, em seus ombros o casaco do rapaz que a acompanhava, provavelmente para disfarçar seu decote mais do que sem vergonha, o rapaz cheirava a bebida, carteira pulando do bolso traseiro da calça surrada, como se precisasse dela sempre a mão para gastar aquela miséria que ele carregava, a camisa entre aberta e uma corrente de ouro no pescoço, a julgar, não era pouca coisa, eles seguiam barulhentos até a viela mais escura, Mabelle, a rua das floriculturas mais caras da cidade, próxima ao cemitério dos ricos, mas claro, os pobres enterram aonde o corpo cair.

Segui os baderneiros “apaixonados” até o cemitério, aonde, me escondi como pude, não sabia ao certo por que estava lá, talvez um desejo louco de espionar os outros fazendo aquilo que fazem quando estão sozinhos e bêbados, ou apenas, querendo nutrir meu desejo de sofrer, que já estava bem gordo a essa altura, como quando você passa de carro em frente a um acidente e tem que ver a desgraça e a pele mutilada, talvez para saciar sua curiosidade ou apenas para confortar sua alma sabendo que existem pessoas tão, ou mais desgraçadas que você. 


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Notas finais do capítulo

Well well, primeiro post aqui, me sinto uma novata babaca, me digam o que acharam e eu posto o resto. Obrigado por ler...