Gustavo Flashback ON

Antes de sair, ele me dá uma ultima olhado, olho bem nos olhos dele. E fico surpreso, seu olhar tinha um misto de dor e tristeza. Como se estivesse pedindo perdão. E sorrateiramente, uma lagrima discreta cai de seus olhos, que rapidamente a enxuga e sai correndo dali.

Gustavo Flashback OFF

P.O.V Betto

    Relembrar aquela cena todas as noites me deixa aflito. São memórias que, se fossem possíveis, eu as apagaria de minha mente com um piscar de olhos. Mais sou obrigado a conviver com elas.

    Me arrependo até hoje, de ter participado daquele trio, me sentia super mal com aquilo. Nunca foi de minha natureza participar de violência brutal como aquela, mais estava sendo forçado.. Fui fraco, admito.

    Quando soube que ele havia sido hospitalizado, minha mente e meu coração ficaram divididos entre o ir, e o não ir. De qualquer forma, eu queria me redimir com ele. Queria que ele me perdoasse. E faria o impossível para isso. Quando chego no hospital recebo um baque, ele estava em coma. “foi por minha causa” pensei. E comecei a me martirizar por dentro. Chorei, chorei bastante. Quando o médico saiu da sala dele. Fui pergunta-lo se Gustavo ia bem, mais graças a Deus o médico disse que ele se recuperaria. Aquilo me deixou mais aliviado. Mais o peso das minhas ações não me deixariam em paz completamente. Então eu decidi ir. “Sim, vou pedir o meu perdão”.

    Chego no hospital, estranho a alegre movimentação. Vou a recepcionista que estava na bancada e pergunto a ela:

-- Senhora, sabe dizer como está o estado de saúde de Gustavo?

-- Sim, ele acordou do coma agora a pouco, está recebendo alguns parentes e amigos. Respondeu

Acordou, sim, ele acordou. Tamanha foi a minha felicidade ao receber aquela notícia. Irei pedir meu perdão. Saio correndo com a maior felicidade do mundo para a sala onde ele estava internado. Quando chego na porta eu estaco. “E se ele não me perdoar? Como é que fica?” Tentei não pensar naquilo e abri a porta. Lá estava ele, com um sorriso cativador e acolhedor. Uma inocência que era capaz de amolecer o mais duro coração.

-- Betto não é? Gustavo pergunta sorridente.

-- Si. Sim, sou eu. Respondo, mais incapaz de olhar na cara dele, diante do que eu fiz.

De repente fui interrompido pelo amigo dele, o Marcos, que tomou uma atitude brava e me perguntou:

-- Como pode vir aqui depois de tudo o que você ajudou a causar? Esta vendo ele? Considere isso sua culpa!

Comecei a marejar meus olhos, eu sabia que aquilo tinha sido por partes minha culpa. Mais queria o perdão dele, queria recomeçar, e quem sabe não seríamos amigos? Marcos ia começar suas perguntas novamente quando Fo interrompido por Gustavo. Que olhou pra mim com o mesmo porte sorridente e disse:

-- Não escute ele, está triste também. Mais esqueçamos isso. É bom para todos não é? Acho que..

Naquele momento eu interrompi a fala de Gustavo e comecei a me explicar:

-- Gustavo, eu juro que não queria fazer isso com você. Apenas fui forçado a tal.

-- Não entendi. Então foi forçado? Marcos parecia atônito e confuso.

—Eu não quis fazer aquilo, eu não quis! Quando eu vi o que eles iam fazer, eu recusei! Nunca segui Daniel, somente o acompanhava como obrigação. Como um acordo, mais para uma ameaça mesmo, pois ele também me batia!

Gustavo olhou pra Marcos, então olhou para mim, vi que ele tinha ficado comovido e Marcos também. Ele chamou eu e o Marcos para se aproximarem. Eu fui. Mesmo confuso eu fui. Ele nos abraçou, confesso que aquilo me pegou de surpresa. Então eu fui para o abraço. Quando ele nos soltou, começou a falar:

-- Hoje, eu ganhei dois amigos. Um, que me socorreu e que se ofereceu a ser meu amigo.- Olhou para Marcos, que assumiu uma postura sorridente e um pouco envergonhado.- Outro, que mesmo participando com os garotos que fizeram isso comigo, teve a coragem e a força de vir até aqui pedir meu perdão. Isso caro Beto, me deixou muito emocionado. Vocês. Que até outros dias eram tidos por mim como estranhos e desconhecidos. Hoje são meus amigos leais, e que eu carregarei comigo sempre.

   Marcos e eu não conseguimos conter a emoção e o abraçamos novamente. Que amigo é esse que perdoa os pecados daqueles que quase o mataram? Isso sim, é um amigo que eu levarei para a vida toda. E até após ela...