Sete Chaves escrita por Hakume Uchiha


Capítulo 18
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Notas iniciais do capítulo

Novo capítulo. Espero que gostem!!!



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– O que é “coisa certa”, Lexi? – seu tom de voz mudou – É ajudar aquele marginalzinho? Você está doente!

– Eu não vou à médica nenhuma! – grito e corro de volta pro meu quarto.

– Alexia! Espero que esteja pronta às 14 horas! Ou então a levarei à força!

Droga, droga, droga, droga! O que eu farei agora?

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Cap. 18

Mesmo completamente contra aquela consulta com a psiquiatra, eu não podia fazer nada além de estar pronta às 14h, como meu pai exigiu. Ou eu ia por bem, ou era capaz de ele me levar presa numa camisa de força.

Mas fiz questão de fazer a cara mais raivosa que pude, para mostrar-lhe meu completo aborrecimento com aquela situação. Mas ele pareceu nem ligar para a minha atuação verdadeira. Apenas ficava com uma cara de paisagem enquanto esperávamos por minha vez no consultório da médica.

– Alexia Smith? - uma mulher baixinha, com cabelos escuros e curtos e de óculos grandes fez sinal para que eu entrasse. Meu pai se levantou e foi passando na minha frente, com urgência pela consulta. - Não. - ela pôs a mão em sua frente. - Apenas ela... agora.

Ele fez cara de derrotado e voltou ao seu lugar, me empurrando para entrar na sala. Como se fosse necessário. Eu já fui até ali, agora que se dane o que vier pela frente.

Sentei-me num sofá de camurça marrom, desejando como nunca que aquilo terminasse rápido. Mas a mulher me analisava com os olhos de cima a baixo antes de começar a falar:

– Seu pai me contou tudo o que aconteceu com você. Sei que está sendo difícil. Mas eu ainda queria ouvir toda a história, desde o momento em que você foi sequestrada, na sua versão dos fatos. Você pode me contar?

Eu não estava com a mínima vontade de repetir tudo aquilo de novo em menos de 24h depois do julgamento. Então apenas abaixei meus olhos e me concentrei em olhar no seu jaleco os dizeres “Dr. Patricia Fraga”, enquanto esperava que ela desistisse de uma resposta.

Mas na verdade, foi pior. Durante uma hora inteira ela falou por ela e por mim, e, pelo que conseguia entender entre meu desvaneio, tentava me aconselhar sobre deixar tudo para trás e esquecer de Raul. Esquecer... Como eu poderia esquecer de Raul?

Saí de lá com uma ideia que martelava tão forte em minha mente que nem percebi que ela havia chamado meu pai para uma conversa depois de mim. Mas ele pareceu não querer compartilhar as informações do complô que haviam criado. Apenas me mandou um beijo quando me deixou na porta de casa.

E quando o vi dobrar a esquina, provavelmente louco para chegar até a empresa e calar os comentários dos funcionários sobre vovô, comecei a colocar o meu plano em prática.

– Pedro, você sabe onde eles foram presos? A penitenciária? Sabe onde fica? - questiono Pedro, que já me olha de soslaio.

– Sei sim. Porquê? Quer... visitar seu avô?

– Claro que não, vou ver Raul! E você me levará. - e vejo seus olhos se esbugalharem, enquanto ele engasga com a própria saliva diante de mim.

– Mas o quê?! Você realmente deve estar querendo que seu pai me jogue na rua, não é? Eu estou a um fio de ser despedido, Lexi, um fio! - ele grita e gesticula exageradamente.

– Pedro, olha só. Eu sei que é o que parece, mas meu pai gosta e precisa muito de você e não irá despedi-lo de maneira nenhuma. - digo, na maior calma. - E de qualquer jeito você estará obedecendo às minhas vontades, então é só dizer que pedi para me deixar numa loja de roupas e quando foi me procurar não me encontrou. Ele já está agindo como se eu fosse uma louca, então não fará diferença.

– Sabe de uma coisa? Eu estou começando a concordar com ele! - ele vira as costas e sai caminhando. - Não vou te levar a lugar nenhum, Lexi. Me desculpe.

Respiro fundo. Terei de usar minha última tática de combate: a chantagem.

– Então tudo bem. Sairei por aí sem saber pra onde ir, perguntarei a algum malandro usando drogas onde é a penitenciária mais próxima, então ele vai me achar bonita e tentar algo comigo. As notícias sairão nos jornais e...

– Pare, pare, pare com isso! - ele vinha em minha direção com as mãos pressionando os ouvidos. - Mas que droga, mas que droga, Lexi! - no fundo eu começava a me divertir com o seu desespero. - Mas que droga! Entra logo nessa droga de carro que eu vou te levar àquela droga de penitenciária! - agora eu realmente não consegui me segurar. Caí na gargalhada, e segundos depois, ele se rendeu também.

Quando chegamos, ouve uma burocracia enorme que me tomou mais de uma hora até que finalmente iriam me levar até a sala de visitas. Pedro suava frio, pigarreava e a todo momento olhava a hora no relógio, desejando que meu tempo passasse logo e que pudéssemos ir pra casa. Mas só quando me chamaram ele saiu de seu estado de completo estresse e segurou meu braço.

– Lexi, tem certeza? Esse cara é um marginal! - ele amiudou os olhos, pensando que podia me fazer desistir.

– Pedro, por favor, nós dois sabemos que não é bem assim.

Ele soltou meu braço e suspirou alto, para que eu sentisse seu desespero. Depois me sussurrou um “tome cuidado”, e eu me dirigi à sala de vi sitas, guiada pelos policiais.

– Pode se sentar, eles já estão trazendo o detento. - o policial me deixou na pequena sala e saiu.

“Detento”. Como as coisas foram acabar assim? E pensar que isso era o que eu mais queria naqueles primeiros dias de cativeiro, mas logo tudo mudou depois que eu tive de cuidar de Raul que estava baleado...E então percebi que não mais queria tanto o seu mal. É verdade que nossa relação foi sempre cheia de altos e baixos, mas eu estava disposta a recomeçar. Eu iria dar um jeito de consertar tudo, e quando isso acontecesse, nós finalmente iríamos poder ficar juntos de novo. Não importa o que aconteça.

Mal percebi quando os policiais chegaram com Raul, ainda algemado. Eu me levantei de supetão, arrastando a cadeira de ferro que fez um barulho estridente demais, que o fez levantar os olhos e encontrar os meus. Por um instante o tempo parou.

Ele olhou para mim, surpreso, como se não acreditasse que eu estava ali. Por um momento, senti uma emoção tão forte no seu olhar que pensei que ele iria chorar, mas fui eu que desabei. Corri ao seu encontro, e, sem saber o que dizer, apenas o abracei forte, tão forte que meus braços ficaram doendo tentando envolvê-lo.

Tomei seu rosto em minhas mãos, me preparando para beijá-lo. Mas algo me fez fez parar na metade do caminho: seus olhos. Eles não me olhavam mais com aquela alegria e carinho de antes e sempre. Pelo contrário, eles se pareciam muito com aqueles do dia do julgamento –vazios – e agora me olhavam numa frieza tão grande que o meu corpo inteiro ficou completamente congelado.


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