Anjos Da Morte escrita por Rodrigo Lemes


Capítulo 10
Capítulo 10 / Anjos da Morte / Baile


Notas iniciais do capítulo

Bom gente, primeiramente venho pedir desculpas a todos vocês por não ter postado o capítulo ontem. Passei muito mal na escola, com uma tontura fortíssima, e não estava com condições de me dar bem com letras.
Talvez o próximo capítulo também demora, se eu não obter melhora.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/393290/chapter/10

Nos últimos tempos eu não ando muito bem, e não estou usando isso como motivo para disfarçar meu desinteresse pelo o que vem acontecendo na minha vida.

Hoje será um dia meio tímido pra mim, porque teremos um baile de dança na escola, e isso é meio deprimente, porque eu não sei dançar. E acho que o problema maior não é só você não saber dançar, mas sim não ter ninguém para acompanha-lo nessa festa.

Eu provavelmente vou ficar sozinho, num canto, durante o baile inteiro. Alex e Rick irão dançar com pessoas que acabaram de conhecer, porém já estão de namorinho. Orion vai ficar com uma garota bonita e popular que nunca vi na vida, só pra não passar em branco e ser zoado pelos garotos da escola. Gabriel e Komuro ficarão em seus quartos jogando baralho, porque não gostam muito de festas.

Mas, no fundo, eu tenho um motivo relevante para querer ir nesse baile. Eu acabei de escrever uma carta para Alex, falando todos meus sentimentos. Só espero não levar um fora.

Acho que Alexandra está saindo com outro cara, um colegial que já está terminando a escola. Eu já o vi algumas vezes, e parece ser muito mais legal que Alisson. No fundo, eu não me importo que ela fique com ele, comigo, ou com qualquer outro. Eu só quero vê-la feliz, coisa que eu desejo a todas as pessoas que eu amo.

Acabei de ver Aline, a garota ruiva, pegar outra carta na porta da escola. Sempre é o mesmo homem que entrega as cartas pra ela, que veem com uma boa quantia de dinheiro e algumas joias. Nas poucas vezes em que conversamos, ela me disse que era para comprar alguns remédios importadas, pois ela sofria de uma alergia rara.

Aliás, Aline é muito bonita. E simpática. E alegre. Ela tem um sorriso malicioso, diferente do de Alex, mas ele não expressa muita safadeza. Os lábios de Aline são carnudos e perfeitos, que combinam muito com o batom vermelho e seus cabelos ruivos.

A realidade é que não sei por que não consigo me apaixonar por Aline. Ela é muito mais bonita que Alex, tem um corpo bem definido, magra, alta, olhos claros. Mas não existe razão, para as coisas feitas pelo coração.

Confesso que o baile, agora, neste exato momento está muito parado. Eu fui um dos primeiros a chegar, e a única coisa que estou fazendo é comer alguns pedaços de torta. Se minha mãe tivesse aqui, certamente brigaria comigo por eu estar sendo guloso. Mas fazer o que, se a comida é de graça?!
Acabei de perceber que boa parte dos alunos chegaram ao baile, e todos estão vestidos adequadamente, com gravatas e camisas brancas. Você deve estar se perguntando o porquê deles parecerem tão formais, e eu lhe respondo que isso é uma festa cultural. Ou seja, não vai aparecer nenhuma pessoa vestida como mendigo.
Alex chegou juntamente com Rick, e ambos estão com seus pares nesse momento. A meu ver estão se divertindo bastante, porque nem se deram conta de que eu estava ali. Mas eu estava, mesmo no canto, sozinho.
Essa festa só não está sendo tão chata porque Edmundo, meu professor,  é um cara legal, e está me fazendo companhia hoje. Ele está vestido com elegância, como todo dia, porém abriu mão de seus óculos.
Conversamos, em sua maioria, sobre a carta que escrevi pra Alex, pois foi ele que me inspirou a escrever meus sentimentos num papel. Segundo Ed, sou um “desastre falando, e um gênio escrevendo”. Não sei se é verdade, mas fico feliz pelo elogio.
Aline acabou de chegar ao baile, e POXA! COMO ELA ESTÁ LINDA! Mesmo com vestimentas simples, ela está maravilhosa. Uma verdadeira deusa. Até Orion, que não gosta muito dele por acha-la muito misteriosa, deu um sorriso malicioso.
Aline está com os cabelos ruivos pouco sebosos, usando uma cruz preta e pequena no pescoço em forma de corrente. Usa um vestido e sapatos também de cor escura, de forma com que ela parece ser uma fênix que renasce das cinzas.
É a coisa mais maravilhosa que já vi na vida. Todas as outras garotas, exceto as “gostosonas populares”, ficaram completamente acanhadas. Alex parecia agir normalmente, com um jeito de “eu sou mais eu”.
E para minha surpresa, a garota ruiva resolveu sentar do meu lado, de imediato.
 – Oi, tudo bem? – Perguntou Aline, com um sorriso doce.
– Hã, é... Sim. – Foi tudo o que consegui responder.
– Porque está sozinho?
– Ah, eu é que me pergunto o porquê de uma menina tão bonita como você não estar acompanhada – Falei sinceramente.
Ela sorriu pra mim, novamente.

Ficamos ali por pelo menos uma hora jogando conversa a fora, o que era uma boa distração para meu nervosismo.
Até que, enfim, chegou o grande momento. O tudo ou nada. Vi que Alex havia ido pro banheiro, então fiquei lá no corredor vazio, esperando-a sair. Depois de uns cinco minutos, demos de cara.
– Poxa Peter, que surpresa! Nem pensei que você viria! – Me cumprimentou Alexandra, alegre em me ver.
– É que... Bom, eu achei que seria divertido. Por isso vim.
– E você não está se divertindo? – Perguntou Alex.
– Acho que poderia ser melhor. – Respondi sinceramente.
– Hum, é... E o que é isso na sua mão Peter? – Questionou-se ela, curiosa.
– É nosso futuro.

Então, eu a entreguei a carta. E ela leu. E parecia feliz e triste ao mesmo tempo, de medo com que seus sentimentos ficassem indecifráveis. Ela fez uma pausa, e pareceu engolir o choro, até retornar a falar:
– Bom Peter, você é muito fofo e carinhoso.

Abaixei a cabeça, como cachorros fazem quando estão tristes, e fiquei quieto. Depois de um logo silêncio, ela retornou a fala:
– Não quero machucar você, mas... Somos só amigos. E mesmo que eu o ame muito, é como um irmão caçula, não como namorado.

Eu fiquei calado. Olhei para o teto, e fui pro banheiro. Alex tentou conversar comigo, mas eu só disse para me deixar em paz. Não estou tão triste assim. Porque minha vida é uma porcaria, e eu estou muito acostumado a receber um “não” do que um “sim”.

Continuei na festa, sem nenhuma diversão. Já são onze horas da noite, então todos os casais já foram embora, inclusive Alex, Rick e Orion. Eles provavelmente venceram o concurso dos dez melhores casais, e o prémio será um dia no Hotel Fazenda. Todos voltarão amanhã pela tarde.

Aline, que parecia estar me esperando do lado de fora, perguntou o porquê de eu estar triste. Eu falei o que ocorreu, e a única coisa que ela disse foi:
– Vamos pro meu quarto se divertir.

Eu aceitei. E lá fomos nós.

O quarto dela era um dos mais bonitos em quesito de decoração, mesmo sendo um pouco macabro. Mas ela não era um Anjo da Morte como Orion, então fiquei tranquilo. O que mais me chamou a atenção foi umas cinco cabeças de caveiras numa estante, cheia de velas vermelhas acessas e incensos.

Também havia uma foto da Chapeuzinho Vermelho com o Lobo Mau bufando em seu rosto, o que era uma versão mais psicótica do conto infantil.
– Ah, eu gosto dessas coisas. – Foi tudo Aline disse, percebendo que eu estava apavorado com a situação.

Fomos para o cômodo menor, onde ficava a cama dela, e tudo era menos sinistro. Aline retirou o vestido e botou uma roupa básica, muito parecida com um pijama. Mesmo assim ela continuava muito linda.
– Quer beber um pouco de energético? – Aline me ofereceu.
– Ah, é... Acho que um pouquinho não faz mal a ninguém. – Respondi, aceitando.

No resto da noite ficamos conversando, quando já era madrugada. Ela era muito legal e inteligente, e eu estava meio “loucão” por causa do energético. Me desculpe se eu não descrever as cenas direito a partir de agora.

Aline, então, tocou numa parte meio pessoal minha.
– Você já beijou alguém? – Perguntou Aline.
– Acho que sim, eu acho... Só acho.  Quando eu era pequeno, uma menina me beijou. Mas eu tinha cinco anos. – Respondi sinceramente.
– Ah, que fofo você. Então, que tal me beijar?

Eu gelei na hora. E Alex veio pra cima de mim, me beijando. Quer dizer, não era Alex! Era Aline. E foi tão lindo. Ela sentou encima do meu colo, ficando sem a roupa de cima, e sem sutiã.
E, é... Eu fiquei muito excitado. E me desculpe por estar falando isso, mas não posso me controlar, principalmente no momento em que a menina mais bonita que eu já vi na vida está me beijando, eu penso na que eu realmente amo. Em Alex. E em como seria meu primeiro beijo perfeito, com ela.

Eu desmaiei. Não sei se foi pela ansiedade, ou pelo energético. Só bebi demais. Ou só estava triste demais.

A realidade é que eu não sabia quem eu era.

Quando eu acordei, estava no mesmo quarto, deitado numa cama. Acordei meio enjoado, e vi vários sinais de vômitos no chão. Eu deveria ter passado muito mal. Não vi Aline desde então, mas sai do quarto e me troquei indo direto para a recepção do prédio.

Lá, vi que boa parte das pessoas estavam preocupadas, pois alguns alunos ainda não haviam chegado do Hotel Fazenda, inclusive Alex, Rick e Orion.

Foi quando César me viu, e já veio me cumprimentar:
 – Ah, até que enfim te achei! Tem uma carta anônima pra você.

Peguei calmamente a carta, então resolvi abri-la. Logo no verso, estava escrito: “Estas palavras mudarão seu destino”.

Gelei.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigado a todos que leram até o final, e me desculpem pela cena erótica do Peter com a Aline.