_ Hiley, Hiley, cadê você? – Pergunto meio desorientada, estou caída no chão, para ser mais específica, no meio de uma estrada de chão, dos dois lados vejo apenas árvores secas, como se tivesse acabado de pegarem fogo.

_ Acho que torci a minha mão. – Responde Hiley, viro-me em direção a voz e vejo que ele está caído logo atrás de mim, deitado, segurando a sua mão.

_ Daqui a pouco isso melhora. – Digo me levantando e limpando a sujeira que tinha ficado em minha roupa.

_ Quanta solidariedade. – Responde ele sarcasticamente, mas se levantando também.

_ Não é hora para ficar se lamentando. - Falo olhando para a estrada a frente que teríamos que percorrer. – Vejo que teremos um longo caminho pela frente.

_Você por acaso sabe para onde ele foi? – Pergunta Hiley se aproximando e ficando ao meu lado, com as mãos na cintura e também olhando para o horizonte.

_ É por isso que estamos aqui, para descobrirmos a onde ele foi e tentar salvá-lo. – Respondo e começo a andar.

_ Espera, a onde iremos nos hospedar? – Pergunta ele fazendo-me rir.

_ Você acha mesmo que aqui terá um lindo hotel cinco estrelas, com hospedagem de graça, comida a vontade, para saborearmos, com o diabo como recepcionista enquanto David está por aí?.

_ Ok, ok, já entendi. – Diz ele me alcançando e ficando lado a lado comigo.

Como ainda não estávamos cansados fisicamente, começamos a andar rapidamente por quase duas horas e o estranho é que parecia que o cenário nunca mudava, com as mesmas árvores queimadas, até que ele para subitamente e se agacha colocando a mão no joelho e respirando fundo.

_ Você é muito mole sabia, vamos logo, ainda temos um longo caminho pela frente, eu acho. – Digo olhando para frente e vendo o mesmo cenário que eu estava vendo há quase duas horas.

_ Você não percebe? – Pergunta ele ofegante. – Estamos andando em circulo a mais de duas horas.

_ Claro que não estamos. – Respondo. – Se estivéssemos poderíamos ver a nossa pegada no chão.

_ Meu amor. – Até cansado ele conseguia ser irritante. – Estamos no submundo, esse lugar é mágico, das sombras, tudo aqui é possível.

_ Vamos supor que você esteja certo. – Digo, com certa certeza que ele realmente estava correto. – O que iremos fazer?

_ Perguntar para alguém? – Opina ele.

_ Olhe ao seu redor, se você estiver vendo alguém me avise. – Digo recomeçando a andar.

_ Joana, acho que eu estou vendo alguém. – Era impossível, a mais de horas que não víamos ninguém nesse fim de mundo.

_ Impossível, não estou vendo ninguém.

_ Está atrás de nós. – Responde ele. – Olhe discretamente.

E é o que faço, viro-me rapidamente e olho de rabo de olho para a pessoa que Hiley diz ter visto, e mais uma vez ele estava certo, era impossível saber o que aquela pessoa era, devia ter uns dois metros, esguio, com um capuz preto caindo até o chão, ficando difícil de ver o seu rosto, me lembro do que Lucy disse que iríamos encontrar criaturas sobrenaturais nesse mundo. Começo a andar rapidamente.

_ Hahaha, aposto que deve estar com medo. – Diz Hiley rindo abertamente, como ele era idiota, ele poderia chamar a atenção daquela criatura.

_ Cala a boca e vamos logo. – Digo deixando transparecer o medo em minha voz.

_ Devíamos perguntar a ele.

_ Está maluco, é claro que não.

_ Ele pode nos ajudar a encontrar David. – Diz Hiley parando de andar e me fitando. Viro-me para ele e penso em sua ideia, eu seria capaz de tudo por David, e se eu tivesse que falar com um dementador da vida eu iria falar.

_ Ok, mas é rapidamente, ouviu? – Pergunto.

_ Como quiser madame. – Responde fazendo-me revirar os olhos.

Viramos-nos e nos dirigimos em direção aquela pessoa encapuzada, se é que poderia ser uma pessoa, paramos de frente para ele fazendo com que ele parasse de andar, Hiley é o primeiro a se manifestar e diz:

_ Bom dia senhor, eu queria saber se o senhor poderia nos dizer a onde fica a casa do demônio? – Riu internamente com a casa do demônio, e Hiley sendo gentil, que surpresa.

_ Vocês não deveriam estar aqui. – Sussurra uma voz rouca vinda de dentro daquele capuz, ele estava olhando para o chão fazendo com que todo o capuz impedisse de vermos o que estava por traz daquilo tudo.

_ Porque não? – Pergunto saindo de traz do Hiley e ficando lado a lado com ele.

_ Vocês são humanos, e pelo que eu pude perceber, ainda não morreram, estão aqui por algum propósito, e esse lugar é muito perigoso. – Sussurra a criatura de volta.

_ O que você é? Porque parece que estamos andando em circulo? – Pergunto.

_ Uma pergunta de cada vez, eu era um humano como você, acabei me perdendo nesse lugar e ando há vários anos tentando encontrar alguma saída, mas não sei se tem alguma, e para a segunda pergunta é que vocês realmente estão andando em circulo.

_ Olha, para conseguirmos a sua ajuda irei que te explicar tudo, mas antes, você poderia tirar esse capuz, quero saber o que tem por de traz disso. – Peço.

_ Como quiser. – Responde ele já tirando o capuz. Prendo a respiração com o que vejo. Metade do seu rosto estava deformada, como se tivesse sido queimado e a outra metade era apresentável, com os cabelos castanhos encaracolados, os olhos verdes e a pele bronzeada. – Agora pode me explicar tudo.

_ Bom, você já ouvir falar da profecia do sucessor do demônio? – Começo.

_ Acho que todo mundo aqui já ouvir falar, essa profecia já é antiga e pelo que eu saiba, ainda não foi cumprida.

_ Não mais. – Respondo.

_ Joana, você tem certeza que vai contar para esse estranho. – Pergunta Hiley que até então não tinha dito nenhuma palavra.

_ Não foi você que tinha tido a ideia de pedir ajuda, agora agüente. – Digo fazendo com que ele fique quieto. – Continuando, existe uma família que tem o poder de ter vários dons, esse por exemplo. – Falo apontando para Hiley. – É um deles, ele mais o irmão dele tiveram a sorte de poder nascer como um humano normal, sem nenhum dom, apenas se eles beijassem a mulher de sua vida que iriam ter um dom, primeiro foi ele que acabou tendo o dom de persuadir as pessoas e sobrou apenas o irmão dele que até então não tinha beijado nenhuma garota com medo de se tornar algo parecido ou pior, eles se mudaram para a cidade a onde moro e acabei conhecendo-o e me apaixonando por ele, o que foi uma longa história que não vem ao caso, e acabamos nos beijando, durante três dias ele não manifestou mudança nenhuma até que ele começou a ficar doente com muita febre e esses sintomas, era a profecia... – Paro, não conseguindo mais continuar, limpando as lágrimas que escorriam com o dorso da mão.

_ Isso quer dizer que... – Responde ele assustado. – Que ele é o sucessor do demônio?

_ Não se impedirmos, e é por isso que estamos aqui e precisamos de sua ajuda, pois o único lugar que David pode ter ido é para o lugar onde o demônio mora, mas não sabemos por onde começar.

_ Agora entendo a gravidade do assunto. – Diz ele ainda com a expressão de surpresa. – Você está prepara para ir à casa do demônio, não te recomendaria isso, esse poderia ser considerado o último lugar a você querer colocar os pés.

_ Estou disposta a tudo. – Respondo feliz por perceber que ele estava disposto a me ajudar. – Não é Hiley? – Pergunto dirigindo o meu olhar a ele que estava parado atrás de mim.

_ É claro. – Responde ele baixinho.

_ Então vamos. – Digo.

_ Espere um momento, você está se esquecendo de alguma. – Diz à criatura que eu ainda não sabia o nome. – O que eu vou ganhar com tudo isso?

_ Estava demorando para perguntar. – Diz Hiley sarcasticamente, aquela pergunta tinha me pegado de surpresa, mas eu já sabia o que eu poderia dar a ele, mas tudo isso iria depender do meu desempenho, do meu sucesso.

_ Se conseguirmos ajudar David, eu prometo que tiro você desse lugar horrível e te levo junto comigo de volta a Terra.

_ Fechado. – Diz ele dando um meio sorriso, já que não conseguia com a sua outra parte do corpo deformada.

_ A propósito, qual é o seu nome? – Pergunto enquanto começamos a andar.

_ Me chamo Marco. – Dito isto, seguimos Marco sabe-se Deus para onde.