Acordei algum tempo depois, me sentindo confusa. Sentei na cama de um quarto pouco iluminado, com uma janela vistada para um grande lago iluminado pela lua. Tentei recapitular o que havia acontecido, mais foi uma tentativa em vão, pois não havia pistas o suficiente para saber de algo.

Desci as escadas compridas e douradas, com pequenos detalhes aos cantos. Logo no inicio havia visto um enorme saguão de luxo, com candelabros a vista e uma enorme televisão ao canto da parede. 

Não havia ninguém no enorme saguão, apenas uma gata branca com uma mancha na pata esquerda. Eram muitos detalhes para reparar naquele lugar, apenas continuei a andar para tentar achar um rosto familiar.

Sentei-me no sofá preto e macio, esperando alguma pessoa aparecer.

- Se vai ficar sentada, sente-se mais para o lado, por favor. - Me virei ao ouvir uma voz feminina e fina. Não havia ninguém lá. Acho que estava endoidando.

- Você não está louca, se é isso que esta pensando. - Havia ouvido de novo. De quem era aquela voz? Era alguma pegadinha? - Você é burra ou o quê ? Sou eu que estou falando menina de pouca inteligência.

Olhei para o lado e vi a pequena gata olhando fixamente para mim. Será que ela estava falando por telepatia ou algo do tipo?

- Você... Você está.. Falando ?- perguntei incrédula.

- Não. Eu estou fazendo ventriloquismo com uma almofada, não está vendo ?- me encarou com desgosto.

- Acho que estou ficando louca. Eu estou ouvindo um gato falar comigo.- Botei a mão na cabeça.

- Louca ou não. Acho que burra é a palavra certa, pois eu sou uma "gata" não um "gato", criatura de baixa esperteza mental.

- Alem de falar com uma "gata"- Fiz um gesto de Aspas - Ela ainda me ofende a cada palavra. Me diga gata, onde eu estou ?

- Está na casa de meu mestre menina de pouca mentalidade.

- E quem é seu mestre? - perguntei confusa.

- Lucian Castiel. - Me endireitei no sofá.

- Então tudo o que eu vi naquela festa foi real? Quer dizer, Algo está mesmo atrás de mim ?

- Isso eu não posso lhe afirmar, mais eu diria que se fosse eu, já teria dado um jeito em você logo. - disse ao dar um sorriso um tanto quanto suspeito.

- Obrigada pela sua enorme ajuda- respondi num tom de ironia. - Será que a deusa da má educação pode me dizer onde se encontra Lucian ?

- Ele saiu para resolver assuntos. Você poderá encontrar o sr Faust na biblioteca. 

- Obrigada pela "gentileza"- me levantei e sai andando.

 Mais acho que a gata havia certa razão. Eu sai apenas para me mostrar esperta, mais onde se encontra a biblioteca? Terei que andar por aí até achar.

 Comecei a vasculhar a enorme mansão até achar uma porta que dava a uma enorme e limpa biblioteca. Enxerguei uma cabeça com fios negros de cabelos e deduzi que era Peter.

- Finalmente te encontrei. - falei entrando na grande sala.

  Peter se virou surpreso, como se estivesse fazendo algo proibido ou escondido. Tentei ver o que ele estava segurando, mais ele havia escondido atrás de seu corpo.

- Luce! Há quanto tempo você está de pé? 

- Há alguns minutos- falei com um tom suspeito no ar.- O que está fazendo? E Por que estou aqui ? Por que me levaram para cá e não a minha casa? Me explique o que esta acontecendo imediatamente antes que eu tire respostas a força de você! - agarrei um pequeno livro com a capa dura e apontei para sua cara.

- Acalme-se, Lucian vai chegar e ele lhe explicará tudo. Por enquanto, descanse para poupar energias está bem.- Disse abaixando o livro de minha mão.

- Mas e minha mãe? Se aconteceu algo realmente ruim, ela deve estar correndo perigo também! Eu tenho que encontrar ela .

- Não! - Disse segurando minha mão quando eu estava prestes a sair da biblioteca - Quer dizer... Ela deve estar bem. Não vai acontecer nada de ruim a ela. Fique tranquila.

- Está bem. Se você me garante isso, acho que poderei voltar para o quarto e descansar um pouco mais. - E sai da biblioteca em direçã0 as escadarias.

- Pelo menos eu espero que fique tudo bem Luce ... - Peter havia murmurado, mais eu já estava longe para ouvir.

 Subi as escadas e voltei para o quarto em que eu estava desde o começo. Fui até a janela e olhei para o lago que havia lá fora. Comecei a refletir se algo ruim aconteceria, e como estaria minha mãe naquele momento, depois de uma discussão trouxa como aquela que tivemos. Ela era minha unica família, depois de meu pai ter desaparecido misteriosamente. Minha mãe dizia que ele tinha ido embora pois tinha trabalho a fazer, mais ele nunca havia voltado. Sempre que tocava no assunto sobre ele, minha mãe tentava desviar a atenção para outra coisa. Mesmo se eu insistisse, ela não me contava nada em detalhes, nada sobre o trabalho dele ou como ele era. Apenas me dizia que era uma pessoa ótima e que nunca nos deixaria sozinha.

 Senti uma pontada de tristeza no meu coração ao lembrar dele. Havia crescido sem um pai ao meu lado. E Não podia simplesmente botar toda a minha vida ruim encima dele, pois nem o conhecia direito. É como se eu nunca tivesse um pai.

 Lembrar de coisas assim não iria me fazer melhor. Me setei na cama e retirei minhas calças para poder dormir melhor. Me aconcheguei no travesseiro e adormeci rapidamente, esquecendo as memórias do passado que um dia me fizeram infeliz.