The Clare escrita por Zeloya chi


Capítulo 12
Floresta do Tremor


Notas iniciais do capítulo

" Talvez podíamos estar perdidas. O vento gelado e as arvores tristes começaram a me assustar um pouco. Já não se era possível sentir o calor do sol."



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/393218/chapter/12

Apertei a mão de Samantha, sentindo uma leve dor ao sentir a firmeza. A olhei nos olhos, cujo os quais já estavam me encarando a algum tempo. Soltei a mão dela e ela cumprimentou Sieg. Ele, por sinal, parece ter gostado dela.

Samantha se virou mais uma vez para Peter e lhe soltou um sorriso.

–Vocês têm um lugar para ficar? - Disse ela, começando a andar, acompanhada de Peter e Lucian. Era estranho, mas senti um pouco de ciúmes ao ver os dois tão perto dela. - Se não tiverem, saibam que nossa cabana é muito boa. Isso é, se quiserem.

–Adoraríamos- Disse Lucian, poupando que ela terminasse sua frase. - Talvez seja melhor do que procurarmos um hotel. Está na época do Muhiné, e a cidade está cheia. Os hotéis iriam custar uma fortuna, e talvez nossos hols não sejam suficientes.

–Ótimo, vou pedir para meu irmão fechar a loja e nos acompanhar até em casa para ajudar vocês com suas malas. - Ela disse, passando para um outro cômodo, desaparecendo na escuridão.

Lucian e Peter viraram-se e começaram a conversar entre si, enquanto eu e Sieg continuamos caminhando pela ferraria. Eram realmente armas bonitas e bem feitas. Me perguntava do que elas eram fabricadas...

Pouco tempo depois, vimos os fios azuis do cabelo de Samantha passando pela porta escura mais uma vez, só que com uma sombra alta atrás dela. Soltei uma surpresa ao ver Nikolaus com um sorriso no rosto ao me ver novamente.

–Senhorita Luce, nos vimos mais uma vez- disse indo ao meu encontro. Sieg o olhou por completo e depois olhou para mim.

–Ora Nick, por que não me disse que já a conhecia? Teria me poupado toda a viagem- Disse Samantha, atrás dele.

–Nos conhecemos a pouco tempo. Ela foi a minha loja procurar alguns sorvetes. - Ele disse, piscando para mim e logo em seguida se virou para a irmã. - E então, como vocês dois estão? Confesso que faz um tempo que não o vejo Peter.

–Faz um bom tempo Nick. Vejo que está mais bonito do que da última vez.

Os dois riram e deram um abraço. Eles continuaram a conversar entre si, cada um formando sua dupla, enquanto avançávamos em direção para uma área afastada da cidade.

Chegando perto de um bosque um tanto quanto assustador, avistamos uma bonita cabana, com as luzes apagadas.

–Sintam-se em casa- Disse Nikolaus olhando para mim e Sieg.

Entramos na casa e deixamos nossas coisas nos nossos respectivos quartos. Eles acharam melhor eu ficar no quarto de Samantha, pois Sieg ficaria com Nikolaus. Após algum tempo de conversa, Samantha pediu para que eu fosse com ela até o bosque, pegar algumas peças para a ferraria. Me perguntei o porquê de ser eu, e não algum dos rapazes.

Caminhamos em silencio até o começo do bosque. Aquele silencio me deixava desconfortável.

–Então... Luce? É esse seu nome? Como conheceu eles? - Disse sem olhar para mim.

–Lucian é meu amigo a algum tempo. Conheci Peter a um mês, mas nos consideramos próximos. Você é amiga deles de infância, certo? - Também me recusei a olhar para seus olhos, apenas mantendo nossos passos pelas folhas secas.

–É isso mesmo. - Após essa resposta, continuamos com o silencio até pararmos perto de algumas rochas cortadas. Samantha se abaixou e começou a pegar algumas e colocar em uma caixa.

Senti uma fria brisa passando pelas minhas pernas e olhei em volta. As árvores pareciam mais escuras e sombrias. Estava começando a ficar com um pouco de medo daquela situação.

–Samantha... Se já terminou, é melhor nós irmos embora. - Disse chegando mais perto dela, ainda olhando em volta.

Ouvi um som de reclamação vindo de sua boca.

–Não venha se achando especial só porque passa mais tempo com eles do que eu. Saiba que eu conheço eles a mais tempo. Eu vim primeiro. Eles podem gostar de você, mas eu não fui com a sua cara, entendeu? Então não venha me dar ordens e deixe-me fazer o meu trabalho em paz. - Ela disse levantando e olhando para os meus olhos pela primeira vez desde que saímos da cabana.

–Escute, eu também não fui com a sua cara, então pare de ser convencida e mimada. Termine logo isso tudo. Esse lugar está me dando arrepios. A quanto tempo já estamos aqui?

–Oh, a princesa está com medo de algumas árvores? - Ouvi uma risada de deboche saindo dela. - Relaxe princesa, nós já vamos embora e poderemos estar livres uma da outra.

Após terminar sua frase, ouvimos um forte tremor na terra. Viramos e olhamos ao nosso redor, para saber o que acontecia. Ouvi Samantha falando algo em voz baixa.

–A floresta do tremor...

–A floresta do o que? - A olhei com dúvida. Recebi um olhar de desaprovação de volta.

–A floresta do tremor. Existem boatos de que animais perigosos moram por aqui, mas eu e meu irmão nunca os vimos. Pensamos que os sons eram apenas por causa das arvores que eram muito juntas umas das outras. Mas provavelmente deve ser só um mito. Não devemos nos preocupar. Agora feche a boca e deixe-me continuar. - Ela disse, se abaixando de novo procurando outros tipos de rochas.

Bufei e comecei a caminhar pelo lugar. Era realmente assustador se você olhar por muito tempo. Me sentei e ao fazer isto, avistei uma rocha muito bonita presa a outra.

–Samantha- A chamei, mas ela não me ouviu. Tive que gritar. - Samantha!

Samantha olhou para mim e eu apontei para o que havia visto. Vi brilho em seu olhar e ela veio correndo em minha direção.

–Não acredito, uma rocha de Anels. - Disse, tirando um material estranho da caixa. Ela começou a bater na rocha para tirá-la de lá, quando ouvimos o tremor de novo, só que dessa vez mais alto. Ela olhou para as arvores e começou a bater mais forte e rápido.

Eu ouvi alguns sons estranhos e um vulto pelas arvores.

–Samantha... Acho que devemos ir embora. - Disse, assustada. Ela me ignorou e continuou batendo na rocha.

Senti um frio na espinha quando vi um animal saindo pelos arbustos. Parecia um lobo, só que mais assustador. Seus dentes eram mais afiados do que as espadas que havia visto na ferraria. A criatura começou a vir em minha direção, rosnando.

–Samantha. Temos que correr! - Disse dando alguns passos para trás.

–Espere mais um pouco, estou quase conseguindo.

–Precisamos ir! Caso contrário ,vamos morrer! - Disse batendo em seu ombro.

O Animal começou a correr em nossa direção o que me fez gritar. Apontei minha mão para ele, tentando me proteger e senti um calor saindo dela.

Como se fosse uma forte fonte de poder, raios foram disparados perto da onde o animal estava. Ele recuou um pouco mas não foi embora. Logo viu que não tinha perigo e continuou avançando.

–Consegui! - Ouvi Samantha atrás de mim, se vangloriando por ter retirado a rocha. Ela se levantou para se gabar quando viu o animal e congelou. - Luce... E agora?

–Tenho uma ideia. Mas você terá de fazer o que eu mando, entendeu? - Disse apontando minha mão para o animal mais uma vez. Ouvi ela assentindo, um pouco relutante atrás de mim e tentei soltar mais um raio em direção a ele. Quando acertei o chão, embaixo de suas patas, soltei um grito- Corre!

Sem pensar duas vezes, pegamos a caixa e saímos correndo por onde tínhamos vindo. Ouvi o rosnado do animal mais uma vez, junto ao som dos seus paços pelas folhas no chão. Vimos ele perto de nós quando avistamos a saída da floresta.

– Só falta um pouco, continue! - Gritei novamente e aceleramos. Ao saímos do bosque, caímos no chão, com medo do animal nos atacar. Mas não havia nada em nós. Vimos a sombra dele atrás das arvores do bosque, se afastando.

–Ele não passa pela árvore. - Falei para mim mesma. Ouvi Samantha concordando comigo, enquanto se deitava no chão, tentando tomar controle da sua respiração.

–Achei que fossemos morrer lá!- hesitou por alguns segundos.-Talvez eu tenha te julgado mal, Luce. - Ela falou, virando a cabeça para mim. - Me desculpe.

–Está bem, talvez as duas tenham julgado mal. Mas o que diabos era aquilo? - Disse ajudando-a se levantar.

–Deve ser um Krump. Já ouvi falar deles. São lobos de duas caldas que moram nas profundezas das florestas e comem qualquer coisa que aparecer em sua frente. Sorte nossa que conseguimos escapar. Vamos, está ficando tarde. - Ela disse, pegando a caixa do chão e caminhando em direção a cabana. A acompanhei.

Contamos a história para os meninos enquanto jantávamos. Mas preferimos esconder a nossa pequena discussão.

–Então...- Disse Samantha, se sentando na poltrona. - Por que vocês vieram para cá exatamente?

–O conselho nos deu uma missão de recuperar o livro de Mejah. - Lucian se encostou no sofá, tomando um gole do seu café.

–Aquele famoso livro do equilíbrio? - Disse Samantha, confusa. - Achei que era só um mito.

–É o que o conselho quer que os outros pensem. Ele existe, mas corre perigo de cair em mãos de magos negros. Fomos designados para recupera-lo antes que algo dê errado.

–Entendo. - Dessa vez, ouvi a voz de Nikolaus. - Bem, vocês já sabem por onde começar, eu suponho?

–Bem...- Lucian e Peter se entreolharam e abaixaram a cabeça. Quero ver onde essa missão vai acabar...

–Talvez eu possa ajudar vocês- Nikolaus soltou um sorrisinho em minha direção. - Eu conheço algumas pessoas que podem lhes dizer como chegar no paradeiro do livro. Ao contrário da minha querida irmãzinha, eu não penso que o livro seja um mito.

–Como você conheceu essas pessoas? - Disse Samantha, desconfiada do irmão.

–Eles veem as vezes a minha loja, e comentaram algumas vezes sobre isso. Talvez se eu conseguir o contato deles, possa ser de grande ajuda para vocês.

–Bom, isso com certeza é melhor do que nada, eu suponho. - Finalmente foi minha vez de falar algo. Todos concordaram comigo.

Terminamos de comer e fomos cada um para seu quarto. Samantha dormiu na mesma cama que eu.

–Talvez devemos deixar isso de lado e tentarmos fazer uma trégua. O que acha? - Ela falou, olhando para o teto. Concordei e sorrimos uma para a outra. Todos deveriam ter uma segunda chance de se redimirem, mesmo que isso demore um pouco.

–A propósito, me chame de Sam.

–Ok, Sam. - Ouvi sua boca se formando em um sorriso de aprovação e nos viramos.

–Boa noite. - Disse, fechando meus olhos. Já tinha tido muita adrenalina para um dia.

–Boa noite Luce. - Ouvi suas últimas palavras, antes de cair no sono profundo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Olá caros leitores fantasma



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Clare" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.