The Clare escrita por Zeloya chi


Capítulo 10
Zoológico Domiciliar


Notas iniciais do capítulo

"Talvez abrir um zoológico em casa não seja uma má ideia, já que você encontra todo o tipo de espécie aqui... Até das mais raras!"



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Ao abrir a porta me deparei com a silhueta pequena e peluda daquele primata. Quantos animais mágicos Lucian faltava a me apresentar? Um ganso jardineiro? Um avestruz que limpa a piscina? Porque ele não trocava a placa da entrada e abria ela como um zoológico?

–Você deve estar brincando- murmurei para mim mesma. - Olá? Você também fala, ou é um macaco normal? Quer dizer... Quase normal?

Ouvi um guincho vindo de sua boca e presumi que parecia uma idiota ao tentar falar com o macaco. Apenas cheguei perto dele e lhe perguntei se havia comida para Sieg.

Ele me olhou com olhos de fogo e foi em direção a despensa. Pegou algumas bolachas e as jogou em minha direção. As peguei no ar e agradeci, puxando Sieg para irmos embora.

–Mas nem conversamos com ele ainda- Sieg disse apontando para o macaco. - Talvez ele queira amigos para conversar.

–Não seja estupido Sieg, mesmo com aquela gata, e com você, macacos não falam. - Falei, fechando a porta da cozinha, fingindo nunca ter entrado ali.

Voltamos para o quarto e começamos a comer. Sieg trocou de roupas, as quais eu havia dado para ele mais cedo, e se deitou comigo na cama. Me virei para não encara-lo, mas ele me virou, fazendo com que nossos olhos se encontrassem. Meu rosto esquentou um pouco.

–Luce, estou feliz. - disse me olhando com um sorriso no rosto. Sorri ao olhar para ele.

–Por que diz isso?

–Porque agora eu tenho uma amiga. Disse me abraçando. - Talvez eu cause problemas, mas por favor, cuide de mim. -Falou aumentando seu sorriso.

Eu achava que Sieg seria um problema. Que talvez ele tivesse uma personalidade difícil de se lidar, e que eu acabaria desistindo de toda essa história. Mas ao passar essas poucas horas com ele, sinto como se eu o conhecesse a muito tempo, como se ele fizesse parte de mim.

–Também estou feliz por ter você Sieg. Agora vá dormir, amanhã veremos o que faremos com toda essa história ok.

–Está bem. - Ele havia me soltado e virou para o outro lado. Eu me virei, encarando o teto.

Será que toda essa história é real mesmo, ou é só um longo sonho em que eu não consigo acordar? Magias, monstros, alucinações, mortes. Tudo isso parece tão surreal. Talvez se eu quiser, eu consigo acordar disso tudo e encontrar minha mãe na cozinha, me esperando para brigar pelo meu atraso na escola. Por que isso parece tão longe da realidade?

Fechei os olhos e continuei pensando em tudo. Essa história iria ter um fim? O quão longe íamos? O quem viria a seguir? Ninguém sabia.

Acordei no dia seguinte com Sieg roncando com sua perna sobre o meu corpo. Ele parece uma criança, comparado ao seu tamanho e sua rigidez facial.

–Sieg, sai de cima agora. - Falei, tentando remover sua perna de cima das minhas. O joguei para o outro lado, conseguindo me levantar. Ouvi ele gemer de preguiça e dei alguns tapas nele. - Acorde preguiçoso.

–Ok...- Falou um pouco sonolento. Não sabia que dragões sentiam preguiça.

Descemos para o café e como sempre, a comida feita pelo primata estava impecável. Mas algo chamava minha atenção... Lucian e Peter não estavam lá, nem a maldita gata.

–Será que aconteceu algo? - pensei alto. Normalmente, um dos dois sempre estavam ali...Talvez não seja nada grave.

Sentamos e comemos. Depois nos fomos para o jardim descansar. Aquele tédio estava nos matando. O que faríamos naquele dia parado e sem emoções?

–Luce, o que pretende fazer hoje? - Sieg se deitou na grama, sentindo a brisa bater nos cabelos. Era engraçado ele ter cabelos, já que era um dragão.

–Não sei. Não há nada para fazermos aqui... - disse ao suspirar e logo em seguida fazendo o mesmo.

–Então você não se importaria de dar uma volta né? -Falou, virando o rosto pra mim.

–Mas para onde iremos? Eu não posso sair andando por aí. A polícia e os jornais me procuram, Sieg.- disse, o encarando com seriedade.

–E quem disse que temos que andar? - Sieg se levantou me puxando em direção a biblioteca. Ele procurou por alguns livros até achar um específico. Era aquele que continha as palavras que o transformaram em humano. Ele passou algumas páginas, lendo rápido as anotações. Depois fechou o livro, levando ele e a mim juntos de volta para o jardim. Ao chegarmos lá, ele abriu na página marcada e me entregou.

–Tome. Leia isso.

–Mas Sieg... O que...

–Apenas leia. - Disse me encarando com um sorriso.

Li as palavras que estavam escritas ali e Sieg começou a flutuar. Logo, sua forma "dracônica" apareceu em minha frente. Automaticamente, eu olhei em volta para ver se não havia ninguém bisbilhotando.

–Você está louco em ficar assim em plena luz do dia? Eu vou trazer você de volta imediatamente! - Falei, folheando o livro, procurando pelo feitiço.

"Não mestra. Ninguém vai me ver se eu voar sobre as nuvens. Pegue um casaco e suba, vamos dar uma volta para nos divertir um pouco"

–Está bem, está bem. Mas tem que ser rápido. Se alguém nos ver por ai, vai se tornar difícil para o mundo todo explicar um dragão voando pelo céu. - Conjurei um casaco rápido e escalei para suas costas pelas suas escamas. Sieg levantou suas enormes asas brancas e as bateu, fazendo fortes rajadas de vento. Ao decolar, senti como se meu pulmão fosse se partir ao meio. Era uma sensação maravilhosa. Assustadora, porém maravilhosa.

–Sieg, isso é maravilhoso. Devíamos fazer isto mais vezes- Disse, tentando me equilibrar em suas escamas sobre as nuvens frias.

"Quando você quiser, Luce"

Ficamos voando por alguns minutos, que pareceram eternidades. Sieg deu meia volta e voltamos para a mansão. Ao aterrissar perto do livro onde eu havia deixado no jardim, conjurei as palavras novamente e Sieg voltou ao seu corpo humano. Voltamos para dentro a mansão e senti uma tensão no ar. Lucian e Peter estavam sentados no sofá, com a gata sobre o colo de Lucian. Os dois tinham expressões sérias, o que não parecia uma coisa boa.

– O que houve meninos? - Disse, me aproximando deles. Os dois viraram a cabeça na minha direção, e se levantaram com rapidez.

–Onde estava? - disse Lucian, com uma expressão tensa no rosto.

–Eu e Sieg fomos voar um pouco. Foi divertido mas... Não parece que isso importa no momento. O que houve com vocês dois? - Fiz um gesto com as mãos, apontando para Lucian e Peter.

–Temos notícias não agradáveis para você. - foi a vez de Peter falar.

–Que tipo de notícias? - os encarei, mudando minha expressão.

–Sente-se - Lucian me moveu para o sofá. Sieg se sentou também. - Bem... Hoje fomos chamados ao conselho mágico, e fomos informados que há boatos de que muitos magos negros estão fazendo planos para roubar um sagrado livro que é importantíssimo para o equilíbrio do mundo mágico com o mundo humano. Como temos experiências e nosso sangue magico é alto, fomos designados nessa missão a fim de achar o livro e proteger ele para que ninguém com más intenções o pegue. Mas temos um problema.

–Qual problema? - Eu olhei para Lucian. O mesmo encarou Peter, e depois olhou de volta para mim. Aquilo não era um bom sinal...

–Você vai terá de vir conosco.

–O quê? - quase soltei um grito. - Você está brincando? Quer me ver morta Lucian? Eu nem sei usar magias direito, e você quer me mandar nessa missão maluca? Nem pensar. Arranje outra pessoa. - Tentei me levantar, mas ele me puxou de volta para o sofá.

–Você vai ter que ir, não é uma escolha minha e nem sua, e sim do conselho. Eles estão cientes dos seus poderes e de sua linhagem sanguínea, e acham que é uma boa ideia para o seu treinamento essa missão. Você vai, querendo ou não. E Sieg irá conosco.

– Eu também? - Sieg me olhou com uma cara confusa. - Mas porquê? O que eu tenho a ver?

–Você é o familiar dela, deve ficar junto com ela. Eu não quero muitas pessoas nesta missão, mas é necessário. E além do mais, precisaremos de você para chegarmos ao mundo mágico. Eu explicarei depois. Por agora, voltem para o quarto e se preparem para amanhã. Iremos partir cedo.

Sem mais discussões, subimos as escadas em direção para o quarto. Arrumamos algumas roupas para nós, e fomos nos deitar. Sieg adormeceu rapidamente, talvez por estar cansado de voar. Mas eu não consegui pregar o olho. Ouvi alguns baixos murmúrios vindo da sala e sai em silencio do quarto para ouvir melhor.

Vi Peter e Lucian sentamos ainda conversando, mas agora eles não sabiam que eu estava escutando. Me agachei e tentei não fazer nenhum barulho, tentando ouvir sua conversa melhor.

–Tem certeza que devemos incluir ela nisto Lucian? O conselho não designou exatamente ela para a missão. Porque temos de leva-la então? Ela pode correr perigo estando lá

–Pode acontecer algo a ela enquanto estivermos fora. Eu prefiro ela conosco, mesmo correndo perigo, do que sozinha por aí, com tantas pessoas caçando ela. - Lucian havia apoiado a cabeça nas mãos e inclinou a coluna. Toda essa história de missão, livros, magia negra, estava acabando com ele. E eu não podia fazer nada pois estava na mesma situação.

–Mas o que eu não entendo é... - Peter começou a falar. - Depois de todos esses anos que o livro esteve lá, porquê só agora eles decidiram fazer algo para rouba-lo? Qual é o motivo dos magos negros quererem tanto ele agora, ponto de se juntarem com outros?

–Eu também gostaria de saber isso Peter. - Lucian o encarou, com um olhar cansado. - Talvez seja melhor nós irmos dormir, pode ser muito tarde e Luce vai acabar acordando. Vamos nos preparar para amanhã, e para o que vier de pior para a gente.

Vi os dois se levantando e corri de volta para o meu quarto. Sieg ainda estava dormindo como uma pedra e não ouviu minha entrada sorrateira. Me deitei na cama e comecei a pensar naquilo que havia ouvido a pouco.

Ouvi a porta bater e a voz de Lucian ecoar pelo outro lado. Era bem de manhãzinha quando eles decidiram partir, então acordei Sieg para nos arrumarmos e tomarmos o café da manhã. Sieg precisaria de muita comida, já que nos levaria para o mundo magico.

Descemos as escadas e fomos em direção a mesa. Dessa vez, estava com mais comida do que de costume. O Macaco havia caprichado.

–Lembre-se Luce, não olhe para ninguém, não fale com ninguém, não faça nada de errado. Não vamos para o mundo mágico para brincar e essa missão não é de mentira. Existem pessoas más lá Luce, então por favor, tome cuidado. E isso vale para você também Sieg– Lucian começou a falar. Apenas assenti com a cabeça.

Sieg e eu terminamos de comer e fomos em direção do portão principal. Pegamos nossas coisas e colocamos em um gigantesco bagageiro que colocaríamos nas patas de Sieg. Lucian trancou a porta da frente, pegando a gata no colo. Ás vezes eu esquecia que ela estava lá o tempo todo.

–O quê? Ela vai também? – Disse olhando com de desdém para ela. Ela me olhou com seu olhar sínico e apenas se aconchegou nos braços de Lucian.

Lucian fez com que Sieg voltasse a sua forma original. Íamos partir em alguns minutos. Nos sentamos em suas escamas enquanto Sieg levantava voo. Talvez aquela seja o início de uma jornada perigosa, e até mesmo...sem fim.


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Notas finais do capítulo

Demorou mas chegou! Sei que não são muitos que leem essa fic, mas aos que leem e esperam ansiosos pelo próximo capitulo, obrigada, de verdade ♥. Vocês não sabem o quanto eu fico feliz por saber que tem alguém que lê a minha história, mesmo por eu obrigando-os ♥ Agora vai começar a jornada oficial do livro, e espero que gostem e acompanhem até o fim. Mais uma vez, obrigada e tchauzinho ♥



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