London Love escrita por Gi Carlesso


Capítulo 37
A vida é mais difícil do que eu esperava


Notas iniciais do capítulo

Olá, candy pies! Como vocês estão? Estou escrevendo os capítulos mais rápido, perceberam? hahahaha nada de outras histórias para me deixar sobrecarregada uhuuuuuuul!
Esse capítulo me deu um pouco de trabalho e eu não tenho certeza se ficou bom ou não, mas prestem atenção ao fim ok? E tentem ligar o cap anterior do Tyler com esse e talvez vão entender o que vai acontecer ;)



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Scarlet

Scarlet, tira uma foto comigo!

Ai meu Deus, Zack e Noah! Vocês são lindos!

Gostosos!

Henri, casa comigo!

Olha ali, Will, eu quero uma foto com você!

Quando eu ainda morava com meus avós no Brasil, minha avó costumava fazer uma brincadeira comigo quando eu estava perdida entre uma multidão ou situações parecidas. Ela sempre dizia “Scar, você está mais perdida que cego em tiroteio!” e eu sempre ria, pois achava que se tratava mais de uma piada do que uma comparação.

Bom, eu me sentia exatamente daquela forma quando as fotos começaram assim que nos tornamos o alvo dos fotógrafos e fãs.

Como pedido, nós ficamos na mesma ordem passada fazendo com que eu ficasse na ponta com Noah com um dos braços ao redor de minha cintura. Os flashes vinham de todos os lados e com eles, as vozes pareciam se tornar mais altas implorando por poses, olhares e abraços. Por um segundo, eu achei que acabaria desmaiando ou piraria à ponto de correr para longe dali.

De longe, pude ver meu pai. Tom estava de pé bem próximo do tapete vermelho, porém em um área onde os fotógrafos não se interessavam tanto. Ao lado dele, uma mulher sorria para as pessoas e... estava de mãos dadas com Tom. Possuía um cabelo loiro parecido com o meu, porém muito mais liso e com algumas mechas tingidas de um tom de castanho claro. Ela tinha a pele clara e algumas rugas charmosas ao redor dos olhos que ficavam ainda mais em evidência quando sorria. Usava um vestido preto longo que caia reto até seus pés.

Tom deveria ter visto meu olhar de interrogação, pois seus olhos alternaram entre mim e a mulher ao seu lado num claro sinal de que ele parecia envergonhado.

Hum, ótimo. Meu pai pode namorar qualquer desconhecida que ele quiser, mas eu não posso namorar a pessoa que amo, porque Henri é “inconsequente” demais.

Ignorando os pensamentos que me vieram em mente, lancei um olhar discreto na direção de Henri. Ele não sorria brandamente como os outros, na verdade, ele tinha a expressão um pouco mais fechada, mas ainda assim aparentando simpatia assim como os outros garotos.

– Vamos, já está bom de fotos. – ouvi Zack dizendo e me fazendo um sinal para andar na direção de Tom. – Já estou ficando cego.

Rapidamente, eu caminhei na direção de meu pai, quem ainda continuava de pé com os braços cruzados em frente ao peito e nos observava de forma atenta. Eu sabia bem em quem sua atenção estava – o garoto de olhos azuis e cabelo negro que arrumava seu terno a fim de evitar qualquer tipo de contato visual. Henri ignorava Tom de uma forma que eu jamais tinha visto.

– A premiação já vai começar, garotos. – disse meu pai abrindo um sorriso para eles. – Podem ir encontrar seus lugares.

Sem dizer nada, eles seguiram para dentro do local enquanto eu permanecia no mesmo lugar sem me mover. Eu e meu pai não havíamos nos visto muito desde a última briga, então a sensação de estar novamente a sua frente era um pouco confusa e constrangedora. Principalmente quando Tom tinha seu olhar profundo tentando arrancar qualquer coisa de mim.

– Como você pôde ver, eu estava bem distante dele. – indaguei de braços cruzados imitando sua mesma posição. A mulher ao lado de Tom tinha atenção total em mim e parecia um pouco constrangida com aquela situação. – Exatamente como o combinado.

– Fico feliz por isso. – com um sorriso ousado, Tom se aproximou da mulher enquanto tentava evitar meu olhar de fúria sobre ele. – Scarlet, eu queria apresentar uma pessoa para você. Essa é Anabelle Fitzpatrick, uma das agentes mais conhecidas do mundo da música. Eu sei que... não é uma hora boa, filha, mas eu e Anabelle... ahn, bom, estamos namorando há um tempo.

Tentando manter a postura educada – afinal, a mulher não tinha nada ver com a briga – apertei a mão já estendida de Anabelle. Ela tinha a expressão um pouco nervosa por conta do que meu pai dissera, porém não perdera a compostura.

– Muito prazer, Scarlet. Desculpe por sermos apresentadas dessa forma, é que você anda bem ocupada, não é? É difícil encontra-la em casa! – ela exibiu um sorriso largo e simpático. – Seu pai me disse muito sobre você. Disse que é extremamente talentosa e faz parte do elenco do filme de Jason McNight, não é? - eu assenti já sentindo as dores nas bochechas por conta do sorriso forçado. – Isso é incrível! Meus parabéns.

– Obrigada e muito prazer. – murmurei. Tom me observava com certa cautela, como se eu fosse uma bomba que estava prestes a explodir. – Ah, e se por acaso vocês dois estiverem em um relacionamento, eu já vou avisando que meu querido pai tem um certo problema com pessoas inconsequentes e famosas, viu? É só um aviso!

Apesar do sorriso no rosto, minha voz acabara saindo forçadamente feliz e como consequência, minha frase acabou saindo ainda mais carregada de sarcasmo do que o esperado. Porém, não fiquei ali para ver qual seria a reação tanto de Tom quanto da tal Anabelle, pois já estava caminhando para dentro do local onde seria a premiação para encontrar os garotos.

Meu rosto deveria estar vermelho, pois eu estava furiosa. Sentia minhas mãos fechando em punhos e minhas unhas começarem a machucar a palma por conta da força. Quem ele pensa que era?! Quer dizer que meu pai pode manter um relacionamento escondido de mim, mas eu não posso?! Que mundo é esse? Onde está a justiça?

Irritada, atravessei a multidão que começava a se sentar até que enfim encontrei os garotos se Heiley sentados em uma das primeiras fileiras próximas ao palco. Porém, apesar de me sentir melhor apenas por vê-los sorrindo e brincando entre si, toda minha alegria desapareceu no momento em que vi a única cadeira ao lado deles e ao lado de quem eu seria obrigada a sentar.

Droga.

Respirei fundo algumas vezes tentando recobrar toda a coragem que precisaria para poder me sentar ali. Quando enfim me senti segura o bastante, lutei contra meus próprios sentimentos e me joguei sobre a cadeira ao lado do garoto que eu mais queria abraçar e dizer “sinto muito”.

– E então, Scar, como foi com seu pai? – perguntou Will fitando-me por cima da cabeça de Henri ao meu lado, quem permanecia em silêncio absoluto encarando aos seus próprios pés.

– Uma droga. – revirei os olhos, o que o fez rir. – Meu pai está namorado uma “empresária muito importante do mundo da música”. – fiz questão de imitar a voz de Tom dizendo aquilo, arrancando risos dos garotos. Exceto de um. – Uma tal de Anabelle Fitzpatrick.

– Anabelle?! – Zack praticamente se jogou no colo de Will para me encarar com uma expressão assustada. – Como a boneca demoníaca daquele filme de terror?

Noah, Heiley e Will começaram a gargalhar em resposta, inclusive eu. Mas Henri, pelo o contrário, continuara em silêncio encarando seus dedos, porém de alguma forma eu pude notar que sua atenção estava em nossa conversa.

Exatamente como a boneca demoníaca do filme.

– AI MEU DEUS, SEU PAI ESTÁ NAMORANDO A BONECA DEMONÍACA COM CARA DE PALHAÇO!! – exclamou Noah um pouco mais alto do que deveria, fazendo com que todos o encarassem de forma repreendedora. – Opa, desculpem.

Eu revirei os olhos para Noah e voltei a sentar normalmente na cadeira, porém me arrependendo logo em seguida. No momento em que meu corpo tocou o encosto macio, todo o silêncio constrangedor (hum, claro, exceto pelo barulho das conversas e torno de nós) começou a encher o ar. Henri estava bem ao meu lado com um dos braços quase tocando o meu por conta da aproximação, mas ainda assim tão distante que parecia surreal. Quero dizer, ele estava bem ali, bem ali ao meu lado e eu mal conseguia me mover com medo de que ele notasse minha respiração.

– Não levou nenhum tipo de bronca por causa... disso? – em choque por finalmente ouvir sua voz, eu estava tão surpresa que mal pude entender do que ele estava falando até que o vi apontando com a cabeça para nós dois.

Fitei-o por alguns instantes sentindo-me praticamente anestesiada pelo som de sua voz. Tinha me esquecido do quão bonita a voz de Henri era, com uma sonoridade diferente de qualquer voz que eu jamais ouvira antes. Não era nenhum tipo de exagero, Henri possuía um timbre que eu mal conseguia explicar com palavras do quão perfeito era.

– Não. – xinguei-me mentalmente logo depois por não ter conseguido dizer algo a mais. – Por que acha que...

Porque – interrompeu. – estava óbvio que ele diria alguma coisa, não é, White? Se não disse ainda pode ser que vá quando você chegar em casa. Ou você já está morando com aquele ator... Tyler Blackwell? Aposto que sim.

O choque que me atingira não mais significava surpresa e sim, indignação. Eu sabia que Henri tinha raiva de mim, estava furioso com tudo o que eu dissera e fizera, mas eu jamais o tinha imaginado dizendo algo como aquilo para mim. Era como... se aquele não fosse ele.

Aquele não era meu Henri.

– Por que está me atacando assim?

Pela primeira vez na noite, Henri virou-se na minha direção apenas para que eu pudesse ver suas feições e juro que senti minhas pernas tremerem. Eu já estava acostumada com a beleza dele, porém agora, parecia que a raiva ou tristeza o tinham feito ficar ainda mais bonito. Uma beleza melancólica.

Mas talvez, eu também estivesse daquela forma. Melancólica, porque não podia estar perto de quem amava. Porque conseguira afastar Tyler depois de quase conseguir uma amizade com ele. Melancólica, porque estava cada vez mais afastada de Tom. Melancólica, porque toda a vida que eu sempre sonhei em ter estava escapando por entre meus dedos.

– Ah, qual é, Scarlet! – ele estava sussurrando para que os outros garotos não ouvissem mesmo que eu mesma não julgasse necessário, pois eles estavam ocupados demais conversando sobre como seria a premiação. – Eu não devo satisfações para você sobre meu mau humor, ok? Na verdade, não lhe devo satisfações nenhumas já que você nunca me amou, não é?

Minhas palavras. Henri estava usando minhas próprias palavras para me ferir da mesma forma que eu o ferira semanas atrás. Por um instante, pensei em ficar furiosa com ele, porém, não havia motivo já que fora eu quem o magoara e ele deveria estar furioso comigo. Engoli aquelas palavras segurando as lágrimas que ousaram tentar escapar de meus olhos e voltei a me sentar normalmente evitando olhar na direção dele.

Aquilo havia doido como receber um tiro.

[...]

– Esse vestido me deixa muito gorda?

Essa fora a primeira coisa que ouvi no dia seguinte ao da premiação. Ana estava no meu quarto de frente para minha cama lançando-me um olhar questionador ao mesmo tempo que apontava para o vestido cor de rosa que vestia. Droga, deveria ser 7h da manhã ainda e a garota já me lançava um olhar desse querendo arrancar alguma coisa de mim, quem mal conseguia abrir os olhos ainda.

– Ana, eu não consigo nem enxergar você, quem dirá saber se a deixou gorda ou não. – resmunguei coçando os olhos.

Só depois de me ajeitar entre os cobertores que notei minha situação – estava deitada de forma torta na cama com parte dos cobertores no chão e a outra parte fazendo uma montanha sobre meu corpo. Meu cabelo ainda estava meio ajeitado por conta do penteado na premiação e fios caiam sobre meus olhos.

– Quer um café ou talvez um balde de água bem gelada na cara para ver se acorda? – apesar da voz carregada de sarcasmo, Ana apresentava um sorriso quase fofo e simpático.

Franzi o cenho.

– Você está me assustando com esse sorriso de psicopata. – eu disse finalmente juntando forças para me sentar na cama.

Porém, no momento que me sentei, as lembranças da noite passada retornaram a minha mente e eu juro que minha única vontade era dormir de novo. Primeiro, a voz de Henri e suas palavras me atingiram como uma bomba explodindo em minha cabeça e com ela, outras bombas com as imagens de seus olhos azuis.

– Desculpe por estar feliz, Scarlet! – Ana revirou os olhos. – Ei, você não me respondeu. Esse vestido me deixou gorda?

Demorei alguns segundos a fitando de cima a baixo. Ana usava um vestido cor de rosa claro com finas listas na horizontal, cintura alta e barra rodada. Por um instante, lembrei de uma Barbie que tive quando era criança e tive que sorrir. Minha amiga se passaria muito bem como Barbie se não fosse por seus cabelos negros lisos e a pele um pouco morena.

Mas, ao prestar atenção melhor em sua cintura, cheguei a conclusão de que não havia nem sequer sinal de gordura na região.

– Não, garota. – murmurei sem evitar um sorriso. – Você está mais parecendo uma Barbie. E isso foi um elogio.

Ela sorriu brandamente.

– Ótimo! Então ele vai gostar.

Arqueei as sobrancelhas e sem hesitar, lancei um travesseiro com toda a força que ainda tinha no braço. O travesseiro formou um arco no ar antes de atingir Ana bem na região do topo da cabeça.

– Quem é ele, Ana?!

– Ai, sua imbecil!! – gritou a réplica baixinha e morena da boneca Barbie. – Droga, Scar, é só um cara da faculdade. Ele me chamou para sair semana passada, mas eu não contei porque você parecia ocupada demais com sua vida de estrela!

Apenas quando enfim ouvi aquilo, tudo se conectou. Eu passara tanto tempo preocupada apenas comigo mesma e meus problemas, que não havia notado que minha amiga estava ali comigo praticamente gritando meu nome e pedindo por pelo menos um pouco de atenção. E eu, bom, como ela mesma dissera: estava ocupada demais com minha vida de estrela.

– Ana, desculpe. – eu murmurei vendo que sua expressão estava inerte demais e parecia mais interessada em apreciar seu vestido. – É sério, me desculpe por não ter sido uma boa amiga esses dias. É que...

– Tudo está complicado demais, não posso ficar com quem amo, meu pai é um bobão e blá, blá, blá. – completou ela revirando os olhos. – Eu sei disso, sério. Sei que você deve ter coisas demais na cabeça e não a culpo por isso, ok? Só acho que ficamos muito afastadas uma da outra nessas últimas semanas.

Sem hesitar, corri na direção de minha amiga e a puxei para um abraço apertado sem me importar com as reclamações dela. Ficamos daquela forma por algum tempo até que enfim a soltei recebendo tapinhas generosos no ombro numa forma de dizer “ok, ok, já entendi.”.

– Juro que vou passar mais tempo com você. – eu disse voltando a me sentar na cama. – Posso levar você comigo para as gravações quando não tiver aula na faculdade, o que acha?

– Tudo bem, mas...

Antes que Ana pudesse sequer continuar, meu celular começara a tocar de forma irritante e desesperada na cômoda ao lado de minha cama. Rapidamente, corri até o aparelho a fim de atender e me livrar de seja lá quem fosse.

– Alô?

– Scar, você precisa vir para o estúdio agora! – franzi o cenho ao ouvir a voz irritada de Zack do outro lado da linha. Havia um som de conversas paralelas ao redor dele, fazendo com que ele tivesse que falar de forma mais alta. – Eu não sei o que aconteceu, mas estamos sendo acusados de roubo!


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Notas finais do capítulo

A coisa ficou feia!!! '-'
Ei, cadê meus comentários? Estou sentindo falta de vocês comentando aqui, margaridas, só estou recebendo dois ou três no máximo, sendo que eu posso ver o tanto de gente que visualiza! Cadê vocês? :(
Beijos