Nathalie

Não fazia nem sequer duas horas desde que o horário acabara e eu deveria ter ido para minha casa. Bom, quando se trabalha em uma gravadora como a de Tom White, não existe hora para ir embora, principalmente cuidando da banda mais bem reconhecida da gravadora. Desde a última premiação, os integrantes da The Blue mal puderam respirar por conta da agenda cheia que eu mesma organizara, incluindo entrevistas, photoshoots e eventos que foram colocados na lista de convidados. Por mais que eu já estivesse acostumada com tudo aquilo, não conseguia evitar em sentir pena dos garotos, afinal, suas vidas pessoais eram terrivelmente afetadas pelo trabalho e toda a sua adolescência era interrompida por conta da agenda.

Mas, meu trabalho era mantê-los com boa imagem e que continuassem com a fama que os permitia ter o que comer em casa.

– Nathalie, tem uma pessoa querendo vê-la. – James, meu assistente, estava parado a porta de minha sala com um certo olhar de preocupação em seu rosto.

– Quem, James?

O homem de 25 anos coçou a nuca.

– Hum, acho que você vai reconhece-lo quando ele entrar.

Sem me deixar questionar, James saiu com o intuito de chamar o visitante misterioso. Confusa e de cenho franzido, terminei de guardar alguns papéis que deixavam minha mesa bagunçada e esperei que James voltasse acompanhado do visitante que eu ainda não fazia a menor ideia de quem era.

Apenas quando observei meu assistente voltando, foi que eu quase esqueci de respirar.

– Ahn, pode entrar, Sr. Blackwell. – disse James abrindo a porta de minha sala. Ele alternou o olhar entre mim e a pessoa que entrava como se me mandasse um aviso silencioso.

Cuidado.

Tyler Blackwell, um dos atores mais cobiçados da nova Hollywood e principalmente um dos maiores babacas metidos a bad boy, estava em minha sala sorrindo de forma galanteadora em minha direção. Eu deveria dizer algo, porém estava surpresa demais o observando caminhar de forma despojada e sentar-se em uma das cadeiras em frente a minha mesa. Tyler ainda tinha os mesmos cabelos castanhos escuros ondulados, a mesma pele morena reluzente e as roupas pretas que costumava sempre usar. Aquele babaca possuía uma aversão um pouco confusa por roupas coloridas e por isso, a única outra cor que usava além de preto era branco ou alguns tons de azul.

– Blackwell. – isso fora tudo que consegui dizer.

– Surpresa em me ver, ma cherie? – seu jeito charmoso não mudara nada e minha vontade de soca-lo só aumentou com isso. – Vim fazer uma surpresa para a francesa mais maravilhosa do mundo.

Sem poder conter meu nojo, revirei os olhos não dando a mínima para se ele estava ou não vendo. Claro, em resposta, Tyler soltou uma sonora risada carregada de sarcasmo.

– Me poupe de seus elogios. Já passamos por isso, lembra? – minha vontade de vomitar apenas aumentou ao lembrar de que eu já namorara aquele babaca. Sim, eu e Tyler tivemos alguns encontros um ou dois anos atrás enquanto ele ainda estudava para ser o ator que é hoje. – Afinal, o que veio fazer aqui? Caso não se lembra, isso aqui é uma gravadora muito reconhecida e se aqueles paparazzi te encontram...

– Eu precisava vê-la, Nathalie.

Por mais que essa fosse a última coisa que eu queria ouvir, mal pude esconder a surpresa ao ouvir aquelas palavras de Blackwell. Principalmente, porque ele demonstrara tanta seriedade.

– Precisava me ver?

– É. – Tyler tinha as sobrancelhas negras franzidas e o rosto tomou uma forma séria e um pouco sombria. Bom, umas das coisas sobre Blackwell era que por conta de sua aparência de bad boy, Tyler conseguia parecer um pouco assustador às vezes. Possuía grandes olhos negros tão profundos que ele parecia enxergar minha alma. – Eu sei que não estou na melhor posição para pedir favores seus, Nathalie, mas nesse caso... você é a única a quem posso pedir isso.

Novamente, eu franzi o cenho surpresa por ele estar me pedindo algo. Tyler nunca fora alguém que gostava de pedir favores, muito menos para uma ex que terminara com ele de forma... ahn, complicada.

– E o que é que me veio pedir? – um suspiro surpreso escapou de meus lábios. – Tenho muito o que fazer, papéis para assinar, eventos para marcar...

Sem que eu pudesse reagir ou sequer continuar, eu o vi levantar-se da cadeira desconfortável de minha sala e dar a volta na mesa de vidro bem a minha frente. Seus passos eram rápidos e carregados de um mistério que eu nunca seria capaz de desvendar e muito menos quando colocou-se em minha frente. Mal deixando-me reagir, Tyler ousou-se a puxar-me pela cintura abraçando-me de forma desesperada e me puxando para ele até que nossos corpos estivessem totalmente grudados.

Eu perdi o fôlego apesar do ódio por estar gostando daquilo. Tyler tinha os olhos negros impenetráveis e não havia nada, simplesmente nada naqueles olhos além de duas órbitas negras encarando-me.

Sem nenhum tipo de delicadeza, ele desceu os lábios até os meus e arrancou de mim um beijo desesperado e até mesmo apressado, no qual eu mal pude impedir. Eu senti seus lábios moverem-se com força contra os meus implorando para que eu correspondesse e não me opusesse quando empurrou-me em direção ao pequeno sofá de minha sala, o qual eu sempre me deitara quando não tinha tempo para sair para o almoço.

– Eu sabia que não iria resistir a mim...

Em resposta à aquele sussurro, dei um tapa forte em seu ombro, o qual o fez morder meu lábio inferior e puxar-me ainda mais na direção dele. Tyler jogou-me de costas para o pequeno sofá e logo em seguida, cobriu meu corpo com o seu atacando meu pescoço com beijos e mordidas, as quais eu não conseguia sentir forças para impedir.

– Vai me fazer o favor, ma cherie? – sussurrou ele em meu ouvido. Os lábios tocavam meu pescoço quando ele falara, causando uma sequência de arrepios por toda a região.

– Vou...

Não deixando-me nem um pouco surpresa, ele riu com minha resposta orgulhoso de si mesmo por sua vitória sobre mim.

– Très bon, ma belle. – muito bom, minha bela. – Preciso que me passe o número de uma conta, o qual o dinheiro será doado para qualquer instituição de caridade.

Apesar de ele continuar a beijar meu pescoço e logo depois voltar para meus lábios novamente, eu franzi o cenho. Por que diabos, Tyler Blackwell iria querer isso?

– O que...?

– A conta, Nathalie. – enquanto os lábios continuavam a beijar-me o pescoço, eu senti Tyler deslizando os dedos por toda a extensão de meu tronco seguindo até a barra de minha blusa. A partir dali, eu o senti ousando-se a subir os dedos por baixo da blusa deixando um rastro quente por minha pele até o feixe de meu sutiã. – Os artistas têm contas no banco antes de poderem doar todo o dinheiro para alguma instituição de caridade. Eu quero... – ele abriu o feixe no exato instante em que parou de me beijar. - ... o número da conta.

Os lábios de Tyler ameaçaram voltar aos meus, porém antes que pudessem sequer tocar os meus, ele se afastou. Além do maldito estar querendo arrancar coisas de mim, conseguira exatamente o que queria:

Provar o quanto eu o queria.

– Qual conta? – perguntei puxando-o pelo colarinho.

Tyler exibiu seu charmoso sorriso torto alternando os olhos negros entre sua mão direita que começava a subir minha blusa e meus lábios.

– A conta da The Blue.