London Love escrita por Gi Carlesso


Capítulo 33
fãs enlouquecidos x Momentos inesperados


Notas iniciais do capítulo

Oiii
Eu dei uma enrolada pra postar esse capítulo, porque não estava achando que ele estava bom, então desculpem a demora. Eu, sei lá, não estou muito bem hoje, minha cabeça está mais confusa que o normal... aff, desculpem não ser a pessoa legalzinha que eu geralmente sou, mas hoje eu descobri umas coisas e, bom, deu pra perceber que não estou muito bem.
Vejo vocês lá embaixo!



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Scarlet

Havia, pelo menos, vinte fotógrafos todos empoleirados contra a vidraça da vitrine do lugar implorando por uma única foto nossa. Eles se esgueiravam uns entre os outros batendo contra o vidro e gritando frases como “Tyler, Scarlet, olhem para cá” ou “Estão namorando desde quando?”, perguntas fúteis e ridículas que ambos já estávamos esperando quando decidimos vir para o Starbucks.

Chegava a ser ridículo aparecer naquele lugar, principalmente depois de ler diversas histórias escritas por fãs que se passavam na cafeteria em que estávamos e que muitas vezes, conheciam o ídolo ali. Bom, aquela poderia até mesmo se passar por uma dessas histórias se o cara com quem eu estava sentada não fosse Tyler Blackwell. Ele estava longe de ser um ídolo perfeito de uma garota de 15 anos, apesar de bonito e com a famosa pinta de bad boy que deixava qualquer uma babando. Sério, lembro-me quando namorávamos e fomos até uma lanchonete e a garçonete praticamente babou sobre o menu enquanto encarava ele.

– Não vejo graça nenhuma em frappuccino. – resmungou Tyler tirando-me de meu transe.

Ele brincava com meu copo entre os dedos rodando o objeto de um lado para o outro.

– Por que não? É café gelado com chantili. – encarei-o fingindo estar abismada. – Não existe coisa melhor que chantili!

Tyler maneou rapidamente com a cabeça negando, porém havia um sorriso em seu rosto.

– Como você consegue ser tão magra? – ele me entregou o copo. – Tem um pensamento de gorda pior que o meu.

Dei de ombros.

Mesmo que estivesse com a pessoa que eu menos queria estar no momento, sentia-me muito bem e feliz por conversar com alguém que não me lembrasse dos últimos dias depois do que aconteceu. Eu fazia de tudo para não pensar naquilo ignorando todas as lembranças que me surgiam em mente logo que eu acordava. Bom, eu estava tentando não pensar. Na verdade, a imagem de Henri e suas últimas palavras rodavam em minha cabeça todos os dias e noites, incomodando-me com os piores pesadelos. Todos eram extremamente parecidos, onde eu encarava a Henri sendo cercado por centenas de garotas de nossa idade querendo fotos e dizendo que o amavam. Mas pior que isso, era quando ele se virava em minha direção, no sonho, e repetia as palavras sobre eu ser diferente do que ele pensou.

Era torturante.

– Acho que já podemos ir. – Tyler limpou as mãos sujas em um guardanapo por conta do bolinho que comia. – Aqueles caras não vão sair dali muito cedo.

Sem questionar, levantei-me da mesa não me esquecendo de pegar o copo do frappuccino ainda quase cheio para leva-lo comigo. Juntos, eu e Tyler seguimos para a porta tentando sempre manter o rosto na direção do chão para que não tivesse a possibilidade de surgir uma foto constrangedora. Porém, estava impossível sequer andar. Assim que colocamos nossos pés para fora da cafeteria, uma onda de flashes explodiu impedindo-me de ver com clareza o que havia a minha frente, tanto que o que me ajudou a andar sem tropeçar fora a mão direita de Tyler agarrada à minha.

Eu senti pisões acidentais em meus pés, empurrões e até mesmo o grito do que poderiam ser fãs histéricos se empoleirando entre os fotógrafos. Ok, tudo o que eu menos esperava naquele momento era fãs aparecerem justamente agora e além disso, não fazia a menor ideia de que sequer tínhamos fãs. Quero dizer, Tyler tinha todas as chances de ter conseguido a atenção de jovens adolescentes, mas eu? O que eu oferecia além de ser uma atriz iniciante?

Ouvi com clareza à garotas e inclusive um ou dois garotos gritando meu nome, pedindo por autógrafos e fotos minhas. A sensação era estranha, porém também estranhamente reconfortante. Era como ouvir uma centena de elogios de uma só vez e sentir-se admirada por seu trabalho. Eu estava amando a sensação, tanto que me permiti parar em meio do caminho largando a mão de Tyler para poder dar atenção àquelas pessoas.

– Socorro, você é de verdade! – uma das garotas disse ao passar os dedos ousadamente em meu cabelo.

– Scar, eu adoro seu estilo! – berrou outra bem atrás dessa arregalando os olhos ao me ver.

Eu mal conseguia respirar. Era muito para absorver a medida que eu me arriscava a conversar com as pessoas, tirar algumas fotos e assinar uma ou duas revistas que surgiram a minha frente. Apesar de assustador, tudo parecia tão certo e até mesmo engraçado, que mal pude deixar de arfar ao ver o quanto estava deixando aquelas pessoas felizes só de sorrir para elas.

– Ei, meninas, nós precisamos ir! – ouvi Tyler dizendo logo atrás de mim empurrando-me discretamente para longe das garotas.

Ainda que desanimada por ser afastada daquelas pessoas, me afastei delas sendo assustada novamente pela onda de flashes que surgiram a minha frente. Tyler me guiou para longe dali onde o carro dele estava estacionado próximo ao Starbucks.

Quando entramos no carro e já estávamos andando pelas ruas, senti o olhar de Tyler sobre mim.

– Gostou da atenção, não é?

Eu mal pude evitar sorrir.

– Sim. – respondi. – Eles são incríveis. Nem fiz sucesso nenhum ainda e já existem pessoas tão apaixonados assim...

– Sempre começa desse jeito. – Tyler parou quando o sinal ficara vermelho. – Pelo o que parece, você vai gostar quando o filme estourar. Preparada para os fãs?

Encarei-o. Por um mero instante, avaliei todas as opções e cheguei a sentir um medo bobo por lembrar tudo o que artistas passavam por conta da fama. Entretanto, não o levei em consideração e sorri para o garoto ao meu lado.

– Mais que preparada.

[...]

Bom, eu não estava.

Durante um tempo, eu aceitei toda essa ideia de ter fãs por causa da repercussão das imagens da filmagem do filme, porém duas semanas depois, a surpresa veio com força total. Não era apenas um pequeno grupo de fãs, eles vieram em milhares assim que os últimos dias das filmagens chegaram e logo, a notícia se espalhou tão rápido que eu mal pude notar. Quando me dei conta, eu e Tyler estávamos sendo assediados 24 horas por dia, sendo eu em dobro por conta da fama de meu pai e o fato de eu ser a madrinha da The blue. Logicamente, todos vinham mais para cima de mim, mas Tyler também sofria por ter várias garotas “apaixonadas” por ele.

E claro, ele não reclamava nem um pouco sobre isso.

Resolvemos um dia ir juntos para as gravações e não fora exatamente uma boa ideia. Logo que chegamos no estúdio, havia um aglomerado de fotógrafos e um grupo de fãs lutando para tentar alcançar o carro. Tivemos que seguir para dentro do estacionamento acelerando um pouco para não sermos impedidos de chegar ao local.

– Ainda tem certeza que está preparada para os fãs?! – Tyler me olhou feio assim que descemos do carro e bater a porta com uma força um pouco exagerada.

– Engraçadinho. – resmunguei dando as costas para ele e seguindo com passos pesados em direção à entrada do estúdio.

Ok, eu não estava exatamente furiosa, mas Tyler arrancava o pior de mim todas as vezes que algo com aquela magnitude acontecia. Estava sendo quase impossível lidar com ele e só nos dávamos bem quando nada acontecia, como no dia em que fomos ao Starbucks.

Sem olhar para trás, segui para o estúdio dando de cara com uma imagem quase que normal do dia a dia naquele lugar – Jason andava de um lado para o outro dizendo uma sucessão de xingamentos e mandando pessoas trabalharem. Ele parecia furioso, mas eu já me acostumara com aquilo. Ser um diretor não deveria ser fácil, principalmente na reta final das gravações de um filme que nem fora lançado ainda e já conseguira afetar milhares de pessoas.

– Ah, Scarlet, finalmente resolveu aparecer! – exclamou ele empurrando-me de leve na direção dos camarins. – Vá se trocar, precisamos da Valentina! – mas então seus olhos procuraram por algo atrás de mim. – Mas que diabos... onde está Tyler?

Dei de ombros, afinal, ele deveria estar atrás de mim. Jason revirou os olhos antes de deixar-me seguir para os camarins sem se importar muito sobre onde Tyler deveria estar. Na verdade, ele deveria já estar acostumado com os sumiços repentinos do “bad boy” aspirante a ator.

Meu camarim estava exatamente do jeito que eu deixara desde a última vez que gravamos – uma arara com todos figurinos fixada em um dos cantos próximos ao banheiro pequeno, o sofá vermelho repleto de algumas roupas minhas jogadas e a prateleira onde costumavam fazer minha maquiagem. Havia uma pequena bagunça, porém eu gostava daquele jeito, pois apenas assim achava a tudo que precisava.

Enquanto organizava algumas coisas, lembrei-me de minha conversa com Noah um dia antes como em um breve flashback.

– E então, você vai conosco para a premiação? Zack deu a ideia de a madrinha ir junto. – disse ele esparramado sobre o sofá da casa de Tom. Claro, meu pai não estava ali e muito menos a Sra. Godwing, o que nos permitia sermos um pouco mais relaxados.

– Não sei, Noah, você sabe que eu não quero ver ele.

Noah suspirou mal conseguindo esconder a decepção.

– Tinha me esquecido, desculpe por isso. – ele voltou a ficar sentado no sofá. – É que... a gente sente sua falta, Scar. Desde aquela briga nós não nos vermos nunca. Will ficou um pouco chateado no começo, mas agora diz que sente falta de você ajudando ele a nos manter no controle.

Eu sorri de maneira triste.

– Também sinto falta de vocês. – assim como ele, suspirei. – Ok, vou fazer uma força. Por vocês. Eu vou a premiação.

O garoto loiro mal pode conter sua alegria ao se jogar no sofá ao meu lado dando-me o abraço de urso mais maravilhoso e bem vindo que eu jamais recebera na vida.

Aquela lembrança ficou rodando em minha mente por um bom tempo enquanto eu encarava ao meu reflexo no espelho sobre a prateleira. Era como reviver a mesma cena em que eu tentava pensar nos prós e contras de ver Henri em uma premiação. Bom, nesse caso os contras seriam muito maiores.

Rapidamente retirei a maquiagem que usava e comecei a vestir um dos figurinos após ter certeza de qual seria usado ao checar na agenda que Megan deixara sobre a prateleira. O vestido era longo de cor escura e bordado com algumas predarias na saia longa que seguia em uma cauda. O corpete deixava minha cintura marcada, fazendo com que a saia ficasse um pouco mais bufante do que deveria. E se não fosse pelo decote profundo em formato de coração, eu talvez teria gostado do vestido.

Percebendo que Megan e os maquiadores não chegavam nunca, olhei-me no espelho para ter uma ideia de minha imagem como Valentina – uma mulher olhava-me de volta, porém tinha meu rosto. Naquela imagem, eu passava a impressão de ser forte, poderosa ou coisas parecidas, mas não por meu olhar e sim, pela postura e a forma com que o vestido deixava-me com curvas que eu jamais percebera que tinha.

Estava ocupada demais observando aquela imagem que mal percebi a porta meio aberta de meu camarim com um garoto olhando em minha direção. Os olhos negros estavam fixos em minhas costas, mas seguiram lentamente por meu cabelo loiro até o reflexo dele estar olhando para o meu.

– Você não deveria estar se vestindo? – ousei-me a perguntar mesmo que não quisesse saber a resposta.

Tyler não se moveu. Encarava-me com uma seriedade e profundidade quase perturbadora, mas apenas se fosse outro caso. Naquele, eu quase sentia um conforto estranho por seu olhar.

– Talvez. – agora, ele havia entrado no camarim e estava quase que próximo demais de mim. – Você mudou muito desde a época do colégio.

Isso é uma bela ironia, não? Não esperava que ele comentasse algo como aquilo, não depois do que passamos na época do colégio quando ele fora um completo cretino e me traiu. Mas vê-lo comentando sobre minha possível “mudança” chegava a ser algo quase que engraçado.

– Já estava na hora, não acha? – resmunguei virando-me por completo na direção dele. – Eu precisava parar de ser sempre a trouxa da história.

A expressão de Tyler não mudou nem um pouco. Ele continuou ali parado a poucos metros de mim fitando-me com seus olhos negros como se eles pudessem falar por si sós.

Eu sou o trouxa por aqui, Scarlet. – mal tive tempo de sequer pensar em uma resposta quando ele continuou. – Pelo o que me lembro, fui eu quem aprontou e fez você sofrer o que sofreu. Eu sou o babaca.

Franzi o cenho.

– Está tentando se desculpar ou o que?

– Não, estou tentando dizer o que aconteceu de verdade.

Eu ri sem humor.

– Tyler, já conversamos sobre isso. Não somos amigos agora ou seja lá o que for que está passando pela sua cabeça, eu só estou ajudando, porque quero que esse filme termine bem sem você estragando tudo. Então me faça um favor e saia daqui.

Já ouviu falar em coisas inevitáveis, aquelas em que você não espera nem em um milhão de anos? Bom, elas acontecem da forma mais inesperada possível e o pegam de surpresa sem nem sequer poder reagir.

Uma delas acontecera nesse exato momento.

Tyler se aproximou assim que virei-me para dar as costas para ele, puxou-me por um dos braços colocando-me bem de frente para ele, separados por apenas alguns meros centímetros. O choque não me permitiu revidar quando ele pousou as duas mãos em minha cintura e me puxou.

E quando me dei conta, seus lábios estavam sobre os meus em um beijo que eu não esperaria nem em um milhão de anos.


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Notas finais do capítulo

Eeeeeeita giovanaaa (irônico eu dizer isso sim ou claro?)
UHSUHSUHSUSH nem me perguntem como eu fiz essa piada no meu estado! É, eu devo ser maluca mesmo. Mereço comentários?