Prólogo

Suspirei baixinho enquanto ouvia Eve tagarelar sobre um vestido que viu da Chanel.

– Era tão lindo! Vou ligar imediatamente para mamãe, eu preciso daquele vestido! – seus olhos se arregalaram. Tentei não sorrir vendo o quanto Eve era apaixonada por roupas, eu sinceramente não sabia como ela conseguia ser tão maníaca por compras com o closet gigante que ela possui.

– Eve, é só um vestido. E a garota já tinha pegado! – disse. Minha amiga ainda falava sozinha enquanto andávamos para fora do shopping com várias sacolas na mão.

Eve olhou-me chocada, balançando sua bolsa rosa-choque de um lado para o outro.

– Eu sou Eve Simon! E eu posso ter tudo que eu quero! E eu vou conseguir aquele vestido – sorriu maliciosa. – Aguarde-me.

Revirei os olhos tamanho exagero.

– Se você diz – dei de ombros. – Quem sou eu para questionar?– ri. Observei Eve correr com o seu salto rosa de quinze centímetros até o carro, abrindo-o enquanto tentava colocar um monte de sacolas de roupas no banco de trás.

–Argh! Que carro pequeno –reclamou. Tentei ajudá-la e por fim, conseguimos colocar todas as compras no porta-malas e no banco de trás.

Não era fácil ser sozinha, era nesses raros momentos que eu podia ser eu mesma sem privações, sem medo. Pergunto-me o que eu sou? O que tornei-me? Eu sei, sou uma máquina, sou um robô, surpreendo-me de ainda conseguir sentir emoções. Fiquei feliz em saber que eu ainda sentia alguma coisa.

Minha vida sempre foi diferente. Eu sabia disso desde que nasci, meu pai era um homem muito rígido e frio, eu quase não o via já que ele passava tempo demais viajando. Minha mãe foi uma guerreira, cuidava de mim e de meu irmão James. Charles era o homem mais cruel que já vi, tudo que fazia tinha algo relacionado com dinheiro, nunca deixou minha mãe trabalhar argumentado que ''mulher tem que ficar em casa''. Não, nós não éramos pobres, pelo contrário, tínhamos muito dinheiro. Eu desconfiava que era algo grave, só não sabia que meu pai era da máfia.

– Terra chamando Mona. Terra chamando Mona – Eve balançou meus ombros.

– O quê? – assustei-me.

– Estava no Mundo Encantado? – riu. – Vai ficar parada em frente ao carro igual uma tapada ou vai entrar? – arqueou uma sobrancelha para mim. Finalmente percebi que parecia uma retardada parada em frente ao carro, sorri sem graça entrando rapidamente no carro.

– Ainda bem que não precisei te dar um tapa na cara – Eve sorriu tranquilamente. Abri a boca em choque. – Estou brincando.Relaxa – revirou os olhos.

– Só estava pensando – murmurei sem graça.

– Aham, tava pensando no que eim? – sorriu maliciosa. Ignorei, colocando uma música no rádio enquanto Eve dirigia e ria da minha cara.

– O que é isso? – guinchei incrédula. Eve olhou para a pista arregalando os olhos.

– Estão nos seguindo?! – exclamou. – Mona eles estão nos seguindo! – Olhei para trás vendo uma van preta nos seguir rapidamente. Vi um símbolo que eu nunca esqueceria: Quatro espadas.

– Pára o carro! – gritei. Ouvi a boca de Eve se escancarar.

Imediatamente Eve parou sua Mercedes Preta. Pulamos do carro rapidamente, mas já era tarde demais. Tentei gritar alto o suficiente para alguém ouvir, mas fui pega de surpresa com um homem que colocara um pano na minha boca. Senti uma tontura forte e cai sem forças no chão, ainda pude ouvir o grito de Eve mas não pude fazer absolutamente nada.