(Carro do Bryan)

— Eu ainda quero entender porque eu estou aqui atrás e a essa coisa está aí na frente. – Débora reclamava, tentando não ficar encostada em Mel.

— Porque você não tem a honra que eu tenho de ser a irmã dele, meu bem. – Amanda sorria, virando para trás e vendo a cara de Débora, que expressava muita raiva.

— Não me chama de meu bem. E eu acho bom que não sejamos irmãos. Eu não iria poder fazer nem metade do que faço com ele. – Ela dá uma risada ácida e todos reviram os olhos.

— Desnecessário, Débora. – Chris comenta, bufando.

— Muito desnecessário. Amanda, tem certeza que não quer vir pra trás? – Mel reclama, grunhindo e escorando sua cabeça no ombro de Chris. – Pelo amor de Deus, diz que você quer.

A garota da uma risada e concorda com a cabeça, tirando o cinto.

— Eu topo, pode vir pra frente, Débora. – Amanda se levanta e pula para o banco de trás. Bryan bate sua cabeça na direção e revira os olhos. Ele odeia dirigir com Débora do seu lado, ela consegue ser extremamente inconveniente.

Mel troca de lugar e senta no canto, deixando Amanda no meio.

— É bem melhor com você aqui atrás. – Mel sussurra para a outra garota, que se escora no ombro de Chris.

— Eu sei, vocês me amam.

— É, não é pra tanto. – Chris coloca um de seus braços envolta da cintura de Amanda e puxa-a para mais perto.

No banco da frente, Débora se olhava no espelho e vez ou outra sussurrava algo no ouvido de Bryan.

O garoto olhava para trás várias vezes, sem que os outros percebessem, aquilo o machucava, ver Amanda e Chris tão próximos, mas ele não conseguia parar de encará-los.

Amanda havia adormecido no ombro de Christian, que estava com sua cabeça encostada na janela do carro. Ele ainda pensava no beijo que havia dado na garota, queria aquilo há tanto tempo e finalmente tinha tido coragem. E agora ela estava ali, sentada do seu lado, dormindo no seu ombro.

E Mel olhava seu celular, com os fones de ouvido. Ela pensava em sua relação com Nick, enquanto ouvia algumas músicas de sua playlist. Tinha que admitir que no último trimestre, havia se aproximado muito de Lucas. Ele era um cara legal e sempre que ela precisava ele estava ali. Mas ela também percebia a proximidade de Nick e Thalli. Como poderia dizer que os dois não combinavam sem estar mentindo? Ela via que Nick se divertia muito mais com Thalli. Ela odiava pensar isso, mas sabia que estava perdendo-o.

— Débora, liga pro Nick e pergunta se ainda falta muito. – Bryan pede, quebrando o silencio que havia se instalado dentro do carro.

— Porque você não faz isso? Eu tô terminando de pintar minhas unhas.

— Porque eu estou dirigindo. – Ele desviou de um buraco, fazendo Débora borrar tudo e quase gritar dentro do carro.

— Seu bosta. Fez eu borrar tudo.

— Oh, me desculpe, madame. Ótimo lugar para pintar as unhas, aliás. – Bryan debochou de Débora e voltou a olhar a estrada.

(Carro do Lucas)

O celular de Nick toca, acordando-o.

— Fala aí, Déb. – Nick cumprimenta, bocejando. – Lucas, o Bryan quer saber se a gente já tá chegando.

— Estamos, só virar mais aquela curva e já vamos chegar. – Lucas respondeu grosso, olhando a estrada. Nick não entendeu a intenção do amigo, então só repetiu o que ele havia falado.
— Tá, até. - O moreno desligou a ligação e olhou para Thalli, que estava dormindo, e depois para Lucas que não tirava os olhos da estrada. – Vai me contar o que houve, cara?

— Mano, não houve nada. Por quê?

— Porque você está estranho. Não fala nada e aquela hora, você parecia bem irritado.

— Não, tá de boa.

Nick percebeu que Lucas não queria conversar muito, então só concordou e levou seu olhar para o lado de fora da janela do carro, estavam em uma trilha e ele só via árvores.

(Carro do Pedro)

— Porque eu deixei vocês escutarem essa música? – Pedro reclamava, olhando Annie e Katy cantando junto com Lady Gaga.

— “Half psychotic sick hypnotic, got my blueprint eletronic“. – As duas cantaram sorrindo, olhando para Pedro.

— Espero que a gente já esteja chegando. Ou que vocês coloquem alguma música que eu goste. – Ele revirou os olhos e viu Lucas parando o carro em um tipo de clareira.

— A gente chegou? – Katy perguntou e Pedro confirmou.

Quando Pedro estacionou o carro, Katy desceu correndo e deu um abraço em Paulo.

— Viu isso, o nosso amor é tão lindo quanto o de vocês. – Paulo comenta para Kim, que dá uma risada.

Todos saíram do carro e se juntaram em uma roda.

— A gente tem que decidir onde cada um vai dormir. – Lucas disse e todos concordaram. – Que eu saiba, nem todos têm barraca.

— Minha barraca é a mesma barraca da Amanda. – Bryan comentou, meio aéreo e quase todos olharam para ele de um jeito malicioso. – Não, vocês não entenderam. – Ele deu um tapa na própria testa.

— Claro, você não quis dizer que a sua barraca é a mesma barraca que a da Amanda. – Nick falou com sarcasmo.

— Vocês são idiotas. – Amanda revirou os olhos, tirando o fone que ainda não tinha tirado. – E vocês entenderam o que ele quis dizer.

— Certo, não vamos brigar no nosso primeiro dia aqui. Amanhã vocês se matam. – Lucas falou rindo, fazendo todo o pessoal rir também.

— A gente podia dividir entre garotos e garotas. E deixar a Débora e o Bryan em uma barraca sozinhos. – Mel comenta e recebe um olhar maldoso de Débora.

— Nós temos cinco barracas, podemos deixar 3 casais sozinhos e juntar dois casais em outra barraca. – Lucas comenta, fazendo a atenção de Débora sair de cima de Mel.

— A gente não se importa de dividir a barraca com a Amanda e o Chris. – Kim fala, dando um abraço de lado na amiga.

— E a gente pode dividir a barraca com a Katy e o Paulo. – Pedro olha para Annie e ela concorda.

— E aí o resto dos casais ficam sozinhos na barraca. – Paulo lança um olhar malicioso para os outros amigos.

— Isso, legal. Tá decidido. Podemos ir pra parte divertida? – Bryan olha para os amigos, sorrindo.

— Digam que vocês estão pensando em montar as barracas e não qualquer outra coisa. – Kim lança um olhar, repreendendo os garotos. Eles concordam com a cabeça baixa.

Os garotos montaram as barracas enquanto as garotas arrumavam alguma coisa pra comer.

— ELA VEIO QUENTE, HOJE EU TÔ FERVENDO. ELA VEIO QUENTE, HOJE EU TO FERVENDO. - Amanda começa a rebolar e a cantar alto como se fosse louca. Todos pararam o que estavam fazendo e começaram a olhá-la como se tivesse problemas. Ela tira o fone de ouvido e levanta os braços– O que foi? Não posso mais cantar e dançar funk agora?

— Pode. - Christian disse olhando-a com uma "poker face".

— Então, sejam felizes e cantem comigo – Ela coloca só um dos fones e levanta os braços, continuando a cantar.

— Ahn, pessoa, você se drogou no carro? - Mel pergunta, rindo. Elas conheciam a amiga desde pequenas, então ela sabia que ela viajava quando escutava música.

— Ela só tá agindo como a vadia que ela é! – Débora comenta, recebendo vários olhares de ódio, vindo das garotas.

— Débora, não provoca ok? - Bryan falou olhando com uma cara de nojo pra ela, tudo o que ele não precisava era de uma briga agora.

— Eu não tô provocando, tô só falando a verdade!

— Olha aqui querida, a única vadia aqui é você. – Amanda tirou o fone novamente e olhou para Débora com raiva. Ela não aguentava mais a sua “nêmeses” jogando mentiras na sua cara e de todas as outras pessoas do colégio. – Aliás, Débora, não sou eu que fico traindo meu namorado com praticamente todo o time de basquete, futebol, natação e acho que todos os outros times masculinos. Se duvidar, os femininos também!

— Eu não traio meu namorado - ela grita com Amanda.

— Não, imagina. Você sabia que quase todos os dias depois das aulas eu fico na parte de trás do ginásio, lendo? E por acaso todo dia você está lá, cada dia com um cara diferente! Já deve ter dado em cima até dos amigos do Bryan, por que do jeito que você é vadia e atirada não consegue nem mais se controlar! – Amanda foi se alterando, os olhares de todos estavam sobre ela. E quando ela falou de traição, Bryan abaixou a cabeça, ele sabia que Débora ficava com outros caras. Na real, nem gostava dela. Ficava com ela apenas por popularidade. “Popularidade traz popularide”.

— CALA A BOCA, EU NÃO FAÇO ISSO! BRYAN POR FAVOR, NÃO ACREDITA NELA! - ela gritou com algumas lágrimas caindo. “Nossa, que atriz boa que ela vai ser”, Amanda pensava.

— Parabéns, sua retardada- Bryan diz, abraçando Débora. Bem lá no fundo ele não sabia por que estava fazendo aquilo. Talvez porque ele pensasse que era a coisa “certa” a se fazer, já que Débora é sua namorada. Ele queria mesmo era poder abraçar Amanda e dizer que ela estava certa.

— Por falar a verdade e você não acreditar? De nada. – Amanda deu as costas pra eles e foi para sua barraca. Todas suas amigas estavam de boca aberta com o que havia acontecido. Bryan ainda abraçava Déb, mas ficava mal por ver Amanda daquele jeito. E ficou ainda pior quando viu Chris segui-la e entrar na barraca.

— Hey.

— Oi, Chris – O garoto sentou-se do lado de Amanda e ficou olhando-a.

— Veio aqui dizer que eu errei? Que eu devia ter ficado calada, e que eu pisei feio na bola dessa vez? - Ele riu e abraçou-a de lado, fazendo a garota encostar sua cabeça no ombro dele.

— Não, na verdade eu gostei. Já viu alguém falar com a Déb assim? Você só pegou um pouco pesado. Mas, ela já vinha te provocando há muito tempo. Ela trata todos assim, mas ele a veem como uma espécie de rainha e não falam as coisas na cara dela.

— Eu sei, Chris... Mas eu posso ter estragado esse clima de acampamento feliz que todos queriam. – A garota sentiu que ia começar a chorar, então respirou fundo e se sentou de frente para Chris.

— Acampamentos com pessoas da nossa idade, não dão certo a não ser que tenha bastante álcool envolvido. – Ela deu uma risada e ele continuou. – E mesmo assim, as coisas ainda não vai sair do jeito que se esperava.

— Chris, obrigada. – Amanda olhou nos olhos dele e sorriu.

— Pelo quê, Mandy?

— Por tudo, você sempre foi o cara que esteve do meu lado quando eu precisei e quando eu não precisei. Olha quantas noites você perdeu falando no celular comigo. E agora você podia estar lá fora, falando mal de mim com eles, mas mesmo assim tá aqui. – Essa foi a vez dele rir.

— Mandy, eles não estão falando mal de você. Todo mundo sabia que não era uma boa ideia trazer a Débora. A gente só a aguenta porque ela é namorada do Bryan. Mas, de nada, de qualquer forma.

Amanda se aproxima de Chris e dá um beijo demorado na bochecha dele.