É Você, Sempre Foi. escrita por Clarinha


Capítulo 1
"Está tudo bem".


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem. :D



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Ana Paula PART.

Era meu último ano na escola, e logo eu voltaria para casa. Eu estava ansiosa! Não via meu pai a 4 anos. Aquele velho maluco. Por quê me deixou nessa merda de escola? - Eu pensava.

Resolvi ir ao meu quarto, ver quem seria minha nova parceira de dormitório, já que Vitória havia se mudado. Quando cheguei, me deparei com uma menina de cabelo curto, alargadores e uma roupa larga. Aquilo era muito estranho para mim. Para mim não, para todos.

– Oi. Você é Ana Paula, certo? - Disse a menina, meio trêmula.

– Sim, eu mesma. E quem é você?

A menina olhou para baixo, para os lados.

– Meu nome é Débora. Sou nova aqui... Vim de muito longe. Você poderia me mostrar a escola?

Ah, que ótimo! Além de estar nessa escola, eu teria que bancar a guia de passeios para a novata. Ótimo Ana, grande sorte!

– Claro. - respondi.

Bom, saímos do quarto e eu fu mostrando canto por canto da escola. No fim da tarde, estávamos cansadas, então decidimos ir ao dormitório. Logo bateria o sinal de recolher.

Fomos logo tomar um banho quente para relaxar os músculos. Teríamos muito trabalho e estudo pela frente. Saí do banho e coloquei meu pijama, ali viria um dia cheio.


Débora PART.


Cheguei no portão da escola e me deparei com o tamanho. Era enorme cara! Fui entrando, sem saber para onde ir. Quando cheguei ao meu quarto, fui logo colocando a mala em cima da cama, e arrumando as coisas na gaveta. Depois de um tempo, ouvi alguém na porta. Provavelmente Ana Paula, minha colega de dormitório.

– Oi. Você é Ana Paula, certo? - Perguntei nervosa. E se não fosse?

– Sim, eu mesma. E quem é você?

Poxa! Não avisaram-na que ela teria uma nova colega de quarto não? Que merda.

– Meu nome é Débora - expliquei - Sou nova aqui. Vim de muito longe. Você poderia me mostras a escola?

Ana revirou os olhos disfarçadamente, mas sem que ela visse, eu reparei.

– Claro - respondeu.

Quando saímos do quarto, Ana fez questão que eu visse cada lugar da escola, até o banheiro das professoras. No fim da tarde, voltamos ao quarto, pois logo o sinal de recolher seria dado. Tomamos banho, nos trocamos e deitamos, e assim, adormecemos.

No dia seguinte, acordamos cedo. Seria a apresentação de professores a todas as novatas, inclusive eu. Ana Paula quis ir comigo.

Chegando lá, vi uma barreira de professoras. Mulheres acima dos 47 anos de idade, provavelmente casadas.

– Olá alunas. - Uma mulher de cabelo escuro falou. - Sou a professora de matemática de vocês, e espero que esse ano seja muito nostálgico.

Ah claro! Estar na escola é tão divertido e alegre.

Depois de todas as apresentações, foi o café da manhã. Sentei-me junto de Ana, que ficou olhando-me e me fez muitas perguntas.

– Você namora? - perguntou Ana, me fazendo corar.

– Eeer, Ana... Eu não gosto muito desse assunto.

– Por quê? Ta de caso com algum menininho? - disse, dando risada.

Dei risada e dei um beliscão em seu braço. Logo, mudamos de assunto.

Bom, ao passar dos dias, eu e ela ficamos mais próximas. Caí junto de Ana nas aulas. Fiquei em seu lado, claro. Na sala, Ana Paula olhava para a lousa e para o caderno. Eu, olhava para Ana Paula. Ela era tão meiga, com aquele seu elástico de florzinhas, sua maquiagem fraquinha com um leve toque de rosa, e sua boca avermelhada. Eu sentia coisas no estômago quando ouvia sua voz doce.

Algumas vezes Ana me pegava olhando-a, e eu ficava sem graça. Será que ela desconfia que eu gosto de raparigas?


Ana Paula PART.


No outro dia, eu e Débora acordamos cedo para a apresentação de professoras da escola. Em seguida, fomos tomar café da manhã. Débs era tão animada!

Com o passar do tempo, fomos nos tornando mais amigas. Passávamos um tempo juntas nas aulas, no café, no dormitório... Bem, nos tornamos melhores amigas!

Algumas vezes na aula, eu pegava Débs me olhando, com uma carinha de "quero te abraçar", mas sem dizer nada. Eu achava fofo isso e eu gostava, então não falava nada. No final da tarde, eu e Débora estávamos sentadas no jardim.

– Débs? - chamei-a.

– Oi? - Perguntou, olhando para mim.

– Você não me respondeu.

– O que?

– Aquela pergunta que fiz no começo do ano. Você namora?

Débora olhou para as mãos. Apertou uma contra a outra, e sem seguida abriu-as.

– Sabe Ana, eu queria ter te falado mais sobre mim, antes. Quando nos conhecemos.

– Por quê? - perguntei.

– Bom, eu não sei se você sabe mas eu...

– Você é lésbica?

Débora me olhou assustada. Ficou sem palavras e engoliu o seco da garganta.

– Então, é que eu não sei se...

Antes que ela terminasse, lhe dei um beijo. Um daqueles fortes mesmo, de perder o fôlego. Eu não tinha certeza do que eu estava fazendo. Se era certo ou errado... eu só sabia que sentia algo por Débs.

Quando nos largamos, peguei minha bolsa e saí correndo, deixando Débora para trás com cara de "mil dúvidas". O que diabos eu tinha acabado de fazer? Ah, que burrada! Sentei-me no chão e comecei a chorar. Por quê aquilo estava acontecendo comigo? Por quê eu tinha que sentir aquele leve sentimento bom, dentro de mim quando eu conversava ou ficava perto de Débs?


Débora PART.


Saímos da aula, e fomos ao jardim, sentir o ar fresco que batia ali aquela hora. Ah, que sentimento bom de liberdade que sentíamos. Estávamos conversando, quando de repente Ana para, olha para mim...

– Débs? - me chamou, meio trêmula.

– Oi? -

– Você não me respondeu.

– O que? - perguntei, confusa sobre o que ela estava falando.

– Aquela pergunta que fiz no começo do ano. Você namora?

Eu olhei para minhas mãos, que estavam começando a suar e a tremer. Eu queria falar ali, bem na frente dela, que eu estava gostando da minha própria parceira de dormitório.

– Sabe Ana, eu queria ter te falado mais sobre mim, antes. Quando nos conhecemos...

– Por quê? - perguntou.

– Bom, eu não sei se você sabe mas eu...

– Você é lésbica? - perguntou, sorrindo.

Olhei assustada a ela. Engoli o seco, e tomei coragem para contar. Não deu nem tempo de terminar a frase, quando vejo, bem na minha frente, a boca de Ana colada a minha. O que foi aquilo?

Senti um arrepio no estômago, minha língua se juntando a dela, minhas mãos em seu rosto. Foi incrível. Porém, quando nos largamos, Ana saiu correndo em direção oposta e sem que visse, deixou cair um caderninho de sua bolsa.

Quando o abri, um sorriso enorme abriu-lhe em minha face. Eu estava mesmo vendo aquilo? Vária páginas do caderno, ocupadas apenas por meu nome e vários coraçõezinhos. Era o dia mais feliz de minha vida. Tentei procurá-la mas, logo bateu o toque de recolher. Provavelmente ela iria para o quarto.

Depois que cheguei lá, fiquei horas e horas esperando, e nada de Ana chegar. Saí do quarto e fui procurar. Adivinha? Dei de cara com uma das "tiazinhas" da escola, que me mandou voltar ao quarto e dormir. FILHA DA PUTA DE MULHER! Deixa eu sair desse quarto!

Olhei para uma das janelas do quarto, que dava em uma árvore. Eu iria sair por lá! Mas espera, o que eu estava fazendo? Prejudicando minha reputação escolar, para ir atrás de uma menina. Era isso mesmo!

Fui saindo pela escada. Confesso que tive medo, mas, pelo verdadeiro amor, superamos tudo, certo?

Assim que pulei da árvore, que ainda bem não era tão alta, saí correndo atrás de Ana. Encontrei-a dormindo, atrás da parede, perto do banheiro.

– Ana? Ana? Está tudo bem? Acorda Ana!

Ela virou seu rosto a mim, mexeu suas pálpebras e nada de abri-las. Dei um beijo em sua testa, dizendo bem baixinho, "tudo está bem".

Ainda dormindo, peguei-a no colo e levei-a para o quarto. Com todo o cuidado do mundo, para não ter "interrogatório" durante o caminho. Coloquei-a em sua cama, a cobri. Eu estava feliz em vê-la bem. Deitei-me em minha cama, e adormeci. Quando acordei, vi um bilhete dizendo:

"Minha querida Débora, agradeço pela ajuda de ontem, mas por favor... Deixe eu me virar sozinha.

Abraços,

sua amiga Ana Paula."

Ah, que ingrata! Eu lhe ajudei, naquela hora da noite, e é assim que ela retribui?


Ana Paula PART.


Quando me dei conta, eu estava moída de cansaço, e adormeci, ali mesmo. Acordei em minha cama. Vire-me, e me deparei com Débora dormindo, como se nada tivesse acontecido. Lembro-me vagamente, de ouvir Débs me chamando e de ver-lhe com uma face de preocupação. Ela tinha me ajudado a ir ao quarto. Tudo fazia sentido de como eu havia ido parar ali.

Deixei-lhe um recado, pedindo por favor, para que ela deixe eu viver minha vida, sem seus cuidados, por mais que eu gostasse. Foi duro vê-la lendo aquilo diante da janela do quarto, escondida. Sua expressão era de, arrependimento por ter me ajudado, ou de desgosto. Eu não queria estar fazendo-a sofrer mas, aquilo era errado! Duas meninas juntas era contra todas as coisas que eu já havia visto em toda a minha vida.

Bom, saí de lá chorando. Eu realmente estava gostando de Débora, mas sabia que aquilo era "estranho". O que minhas amigas iriam pensar de mim? O que minha família iria pensar? Hm, decidi não pensar mais naquilo, pelo menos não naquela hora. Vi Rebeca, uma menina chata da escola, que sempre me odiou, vindo em minha direção.

– Oi sua lésbica! - disse em tom de nojo.

– Eeer, como assim? - Perguntei, limpando as lágrimas.

– Não se faça de sínica. Eu vi o beijão que você deu na sua amiguinha de dormitório. Desde quando estão juntas?

Que merda! Que merda! Que merda! E agora, qual seria a desculpa que eu daria?

– Para de cuidar da vida dos outros Rebeca!

– Ué, você ter vergonha de assumir o que é Aninha? - falou em tom de superioridade.

– Cala a boca!

Rebeca me virou com um tapa, e eu, mole do jeito que sou, caí no chão. Todas as meninas rindo de mim. De repente, vejo Débs atrás de Rebeca, olhando o que tinha acontecido. Olhei pra ela. Todos notaram o momento tenso que se tomou ali. Débora olhou para os lados, e passou reto, sem nem sequer me ajudar. Isso era culpa minha. Por quê fui impedi-la de me ajudar?

Me levantei chorando, com todos em minha volta rindo. Que humilhação. Vi Débs indo em direção ao jardim, e fui atrás dela. Vi ela sentada, com a mão na cabeça, e sussurrando a si mesma, "se controle, se controle...não perca a cabeça".

Aquilo não estava apenas me deixando confusa. Débora também não sabia o que fazer. Fui andando devagar em sua direção, sentei em seu lado e disse, "tudo está bem".


Débora PART.


Tomei um banho e saí do quarto. Não podia ficar ali, com aquele cheiro de perfume dela. Fui ao refeitório e vi Rebeca e um monte de meninas rindo. Do que seria agora?

Quando me aproximei, vi Ana caída no chão, e instantaneamente, lembrei de seu bilhete. Olhei-a bem, e continuei o caminho, sem nem olhar para trás. Muito arrependida, fui ao jardim refletir um pouco. Eu não iria conseguir ficar sem protegê-la! Filha da puta aquela Rebeca, e maldita Ana Paula que não me deixa cuidá-la. O que eu faria agora? Se controle, se controle, se controle, não perca a cabeça Débora!

Quando me viro, vejo Ana ao meu lado. Olho para ela ao mesmo tempo que ela olha para mim, me dizendo "tudo está bem". Ela me ouviu aquela hora! Ela estava consciente. Peguei em sua mão, fiquei acariciando-a e ela, sem nem dar um único pio. Ela estava gostando daquilo, eu sentia isso.

– Ana... eu quero me desculpar...

– Débs...

– Eu devia ter te deixado pensar sozinha aquela noite. Não devia ter te levado ao quarto, não devia ter te atrapalhado...

–Débs...

– Eu ainda não sei nem como somos amigas! Você nem ia com a minha cara no começo...

– Débs calma...

–Eu, quero me desculpar por tudo Ana...

–Débs, eu te amo! - disse Ana, gritando para mim, enquanto olhava em meus olhos.

Nisso tudo, coloquei a mão em seu rosto e a beijei, sem nem ao mesmo dar um minuto para respirarmos. Eu amava Ana, mais do que tudo em minha vida. Ela me mostrou o lado bom de tudo. Ela me fazia sorrir!

Nós nos beijávamos, sem nos preocuparmos com ninguém. Porém, Rebeca estava aqui nos vigiando. Logo aparece ela e a diretora, Sra. Manducci.

– O que pensam que estão fazendo? Que pouca vergonha Débora! Forçando as meninas a lhe beijarem, a serem doentes assim como tu.

– Diretora. Não é o que você está pensando... Eu não estou forçando ninguém! - eu disse, me explicando.

Ana olhava para mim, para a diretora e para Rebeca, logo atrás.

– Venham! Sem explicações.

Seguimos a diretora até sua sala, onde explicamos que nós estávamos nos amando. Porém, a situação não foi levada em bom modo. A diretora nos proibiu de nos encontrarmos, de podermos demonstrar amor uma pela outra. Tudo culpa da idiota da Rebeca!

Dias se passaram e eu e Ana estávamos em quartos diferentes. Sem acompanhantes de quarto. Eu estava quase morrendo sem ela junto de mim, no mesmo quarto. Saudades do cheiro dela, e de seu beijo. Eu não aguentava mais! Saí de meu quarto, e andei em direção ao dela. Vi pela janela, levemente com a cortina levantada, seu corpo na cama, dormindo como um anjo. "Eu realmente a amo" - pensava.


Ana Paula PART.


Débs olhou para mim, ao mesmo tempo que eu encarava-a, pegou em minha mão, e começou a falar...

– Ana... eu quero me desculpar...

– Débs... - tentei falar.

– Eu devia ter te deixado pensar sozinha aquela noite. Não devia ter te levado ao quarto, não devia ter te atrapalhado...

–Débs...

– Eu ainda não sei nem como somos amigas! Você nem ia com a minha cara no começo...

– Débs calma... - falei acalmando-a.

–Eu, quero me desculpar por tudo Ana...

–Débs, eu te amo! - disse Ana, gritando para mim, enquanto olhava em seus olhos.

Nisso, um beijo suave, lindo e com os traços de um verdadeiro amor se fez. Ficamos um bom tempo ali, com as mãos entrelaçadas e nos beijando. Até que Rebeca e a diretora chegaram.

– O que pensam que estão fazendo? Que pouca vergonha Débora! Forçando as meninas a lhe beijarem, a serem doentes assim como tu.

– Diretora. Não é o que você está pensando... Eu não estou forçando ninguém! - disse Débs.

Eu ficava apenas encarando Débora, a diretora e a vagabunda da Rebeca.

– Venham! Sem explicações. - desse a diretora Manducci.

Seguimos a diretora até sua sala, onde explicamos que nós estávamos nos amando. Porém, a situação não foi levada em bom modo. A diretora nos proibiu de nos encontrarmos, de podermos demonstrar amor uma pela outra. Tudo culpa da idiota da Rebeca!

Um tempo depois do ocorrido, eu e Débora estávamos em quartos separados, sem podermos nos ver. Eu amava aquela garota, e eu não podia fazer nada para mostrar isso a todos, sem ser repreendida. Eu estava realmente entrando em depressão. Todos me olhavam com cara de nojo, desprezo. Não agiam como antes, de saber sobre mim e Débs. Eu dormia muito naqueles dias, eu estava doente. Eu precisava de Débora comigo, mas...só me restava dormir, e sonhar com possíveis dias de alegria.


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Notas finais do capítulo

Esperam que tenham gostado do 1º capítulo gente. Assim que eu tiver tempo, postarei o 2º. Deixem comentários.



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