O beijo fora quebrado assim que ambos necessitamos de folego , eu me peguei paralisada . Não sabia ao certo que expressão soltar . Eu definitivamente não esperava por isso ... não agora e certamente não vindo de Tate . Me joguei sobre o coxão como se não houvesse nada para ser feito . Encarei o teto e então me senti congelar novamente assim que o peso do corpo de Tate afundara ao meu lado . Ele não me parecia nervoso ... na verdade ele me parecia ... contente .

– Então ... ainda sairá comigo no Halloween ? - perguntou ele arqueando uma sobrancelha .

– Ahm ... c-claro - eu disse me odiando por ver minha voz vacilar . Uma pessoa não demonstra fraqueza , ou qualquer outro tipo de sentimento , até que sua voz vacile ... então tudo estará mais do que entregue .

– Três dias hein ... - O que ? Três dias ? Como assim o Halloween seria em apenas 3 dias ? Eu havia perdido o tempo tão facilmente , como uma pessoa que deixa a agulha se misturar aos meados de linha de costura .

– C-claro - e novamente a minha voz vacilara . Minhas mãos tremiam e eu me sentia cada vez mais gelada . Não entendia por que estava tão nervosa , mas eu tinha ... uma ideia inicial ... apenas não gostava de admitir .

– Lu eu ... - disse meu irmão ao romper a porta do meu quarto . Seu rosto estava normal até que seu olhar encontrou o de Tate . Não sei explicar o misto de raiva que eu via ali ... não era apenas um comum ciúmes de irmão , para irmã ... ele estava com raiva ... muita raiva de Tate . - O que ele faz aqui ? - Praticamente cuspiu as palavras em ódio e nem sequer lhe direcionara um outro olhar .

– Tate é meu amigo , e tem o direito de ficar aonde quiser - Foi tudo o que eu dissera , agindo indiferentemente . Eu não me importava para o seu ataque de raiva . Por que se bem me lembro , havia sido ele quem me mandou para o porão e Tate quem havia me tirado de lá ... assim fica um pouco complicado me decidir a respeito de quem de fato quer o meu bem .

– Não gosto que garotos fiquem em seu quarto . - Disse ele reagindo de forma negativa à minha indiferença . Claro que ele não havia dito aquilo para todos os garotos ... mas eu sentia seu desprezo por Tate ... era mais do que visível .

– Disse bem meu irmão ... MEU quarto - eu disse lhe lançando um sorriso de completo cinismo - por isso tenho o direito de trazer para ele , quem eu desejar . Esta nunca fora uma regra imposta por nossos pais - eu disse me jogando ainda mais sobre os travesseiros .

– Eu me importo com você Lucy - disse Brad . Bem ... ele deveria , afinal é meu irmão gêmeo ... mas a verdade é que minha cabeça estava confusa , desde a ida até o porão e a minha então visita até o seu quarto , onde eu fora misteriosamente golpeada .

– Ahm ... Prove - eu disse me levantando . O retirei do meu quarto e em seguida fechei a porta atrás de mim . Eu sempre tivera uma ligação muito grande com Brad , como ele é uma espécie de ... metade de mim , as vezes podíamos sentir o que o outro sentia ... isso na maioria das vezes era útil . Mas sei que se neste momento ele sente o mesmo que eu ... não entende nem um terço ... não faz mal ... por que eu também não entendo .

– Não devia tratar seu irmão assim ... ele só quer o seu bem . - disse Tate . Era incrível como ele permanecia calmo . Não havia alterado ou vacilado a voz e nem sequer soado frio ... ele de fato não tivera medo nem raiva da vinda repentina e do então chelique de meu irmãozinho .

– Deveria demonstrar isto mais vezes ... ou ao menos fazer da maneira correta . - eu disse me levantando e guardando um de meus CDs na prateleira .

– Eu tinha uma irmã ... ela era tudo pra mim . Um doce de pessoa - disse ele com seu típico olhar de melancolia tingindo o rosto . Tate me parecia um garoto assombrado pelo passado e com medo do futuro . As vezes ele demonstra certa alegria , mas na maior parte do tempo está melancólico ou angustiado ... isso me preocupa .

– O que houve com ela ? - Talvez se eu mantivesse um diálogo aberto com ele , poderia entender mais um pouco de sua história . Saber os motivos que ele tem para ser tão fechado ... e talvez encontrar uma explicação , para o fato de Violet e meu irmão me quererem longe dele .

– Ela morreu ... acidente de carro - disse ele normalmente como se já tivesse superado . Senti um choque ... certamente não era a resposta que eu esperava . Meio sem jeito , fui em sua direção e o abracei . A principio ele permanecera gelado , mas no momento em que seus braços me envolveram como uma doce resposta , pude perceber que o que se parecia era que eu estava sendo consolada ... e não ele .

– Sinto muito . - Eu estava distraída . Seu peito era realmente confortável e aconchegante . Me sentia calma próxima a ele ... como se pela primeira vez , não houvesse de fato problemas que pudessem me afetar . De certo modo isso me agrada .

– Ela está em um lugar melhor ... onde muitos de nós queríamos estar . - Eu não havia entendido de fato o contexto da frase , mas ficara calada . Não interromperia sua lógica de raciocínio ... mas algo em Tate realmente me assustava ... e o mais estranho ... era que eu não sabia de fato o que era .

– Sim ... - eu disse apenas como um acréscimo ... uma observação .

Tate me deixou sozinha e eu apenas permaneci na cama . Em mãos , o livro que prometera ler para a aula de literatura , mas meu pensamento não estava exatamente focado nas palavras escritas pelo Bardo . Com tanta coisa acontecendo ultimamente , eu jamais pensaria que com a mudança para uma diferente cidade ... pudesse me trazer o que me trouxe . Como poderia adivinhar que ao me mudar , conheceria um garoto e uma garota que são pra lá de estranhos e enxeridos ? Como poderia imaginar que um certo tempo depois descobriria a imensa possibilidade de talvez estar apaixonada por ele . Por que apenas a paixão poderia explicar a minha reação nervosa após o beijo . Nem depois de meu primeiro beijo eu ficara tão nervosa ... e de certo modo eufórica ... como ocorrera hoje .

Naquela mesma noite eu havia me decidido em me deitar mais cedo . Me troquei e então fiquei sob as cobertas para tentar aparatar o estranho frio que me atingira repentinamente . Estava escuro e eu não conseguia ver nada além dos formatos dos móveis entre as sombras . Fechei os olhos e descansei ... mas não fora um longo descanso , pois um barulho no meio da noite me despertara , eu estava ofegante e brevemente assustada , como se houvesse acabado de me despertar de um pesadelo . Mas eu tentara me acalmar e assim que fechara os olhos , vira de relance uma sombra distinta entre as do quarto ... uma figura humana ... mas sem características ... como um vulto ... mas este estava parado , olhando fixamente para mim .

Liguei o abajur assustada , mas não havia nada no quarto . Claro que meu primeiro instinto fora pensar , que estava imaginando coisas , mas eu havia visto de fato alguém . Saber que alguma coisa , me encarava fixamente enquanto eu dormia ... tão perto de mim ... em um momento que não tenho de fato como me defender por que estou inconsciente ... isso de fato me deixa ... apavorada . Eu sabia que havia algo de estranho com a casa . Não apenas pelas coisas que já vi aqui , mas pelo fato de ser tão bonita e luxuosa ... mas seu preço ser tão inferior a ela . Sem falar na quantidade de tempo que ela não é comprada ou sequer visitada .

A ultima família a viver aqui foi se eu não me engano ... bem , não me recordo de fato do sobrenome , mas sei que fora a família de um psicólogo ... ou psiquiatra . Aparentemente os corpos do marido e da esposa foram encontrados ... mas a filha está desaparecida , acusada de matar os pais e fugir com seu irmão recém nascido nos braços . Claro que eu sabia que em partes a história estava mais do que mal contada . Talvez fosse a hora de começar a investigar , os mistérios que a minha nova casa carrega .