Shalom - As Memórias de John Sigerson escrita por BadWolf


Capítulo 25
Capítulo 25: Vestígio Moral


Notas iniciais do capítulo

Bem, vejamos as consequências do último capítulo.



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         Um som de flauta, tocando a canção de marinheiro “Jack’s The Lad” acordou Holmes naquela manhã. Ele estava completamente esparramado pela cama, despido e estranhamente se sentindo exausto, além de estar com muita dor de cabeça. Ele ainda ficou por uns instantes sendo sustentado por seus dois braços, de olhos fechados de tanta dor de cabeça, enquanto aquela melodia executada pela flauta desafinada de seu vizinho de quarto, o ex marinheiro Johnson, entrava de maneira irritante em sua mente. Uma pessoa de ressaca não merecia ser acordada desta maneira.

         Ele levantou-se, envolto apenas em seu lençol, e foi até o pequeno banheiro. Lavou o rosto, e só assim seu cérebro parecia começar a recobrar os sentidos. Foi então que ele se deu conta do que tinha visto. Esther... Mas as demais lembranças... Ele não conseguia ter certeza do que tinha acontecido depois, e essa perspectiva o assustava.

         Olhar a cama o deixava mais assustado. Não, não havia ninguém lá. Mas os lençóis estavam amarrotados, e ao aproximar seu nariz do travesseiro, ele pôde sentir o ligeiro cheiro de mulher. Não era um sonho. Realmente, uma mulher esteve com ele naquela noite.

         Seria Esther, ou os seus sentidos foram enganados pelas drogas? A segunda hipótese, infelizmente, era a mais provável. Ele mal sabia onde Esther estava, e ela sequer deveria saber que ele estava de volta à Inglaterra. Fora que ela era uma mulher respeitável, e jamais entraria em seu quarto com aquelas intenções. Não, ele delirou, com certeza. Teve delírios semelhantes ao que tinha, quando injetava cocaína em suas veias, e certamente aquele era um deles, ainda mais potencializado pelo álcool.

         Já era perto das onze da manhã quando ele desceu. Procurando esquecer o que tinha lhe ocorrido, ele resolveu que iria passar o dia ocupado em seu plano de acabar com Moran. Manter a sua mente ocupada com algo útil o faria sentir-se menos envergonhado e culpado.

         Antes de descer as escadas, ele viu que aquela mesma mulher, que ele sempre encontrava, estava ali sentada, no mesmo lugar. Ele sabia que, assim que ele passasse, ela lhe daria um daqueles sorrisos, e ele não estava com estômago para isso. Respirou fundo, e decidiu descer rápido.

         -E então, foi divertido? – ela perguntou, com um ligeiro sotaque americano.

         Assustado, Holmes desceu os degraus restantes como se sua vida dependesse disso, e quase tropeçou ao passar pela porta da estalagem. Não pode ser! Foi ela que entrou em seu quarto! A mesma prostituta que ele viu no prostíbulo de Withechapel, que morava em seu prédio!

         A possibilidade o assustava ainda mais. Ele começou a pensar em todas as doenças venéreas que poderia ter contraído. Sífilis, herpis... Sentia um arrepio só de pensar, e uma vontade estranha de se lavar com álcool. Além disso, ela ainda poderia ter engravidado aquela mulher! Céus, ter um bebê com uma prostituta, que desmoralização!

         Não entre em pânico, Sherlock Holmes! Quantos homens ao redor do mundo deitam-se com prostitutas e nada lhe acontecem! Você não contraiu nenhuma doença e com certeza não a engravidou! Agora, concentre-se em Sebastian Moran!

         E foi o que Holmes fez o resto daquele dia, procurando informações sobre Sebastian Moran. Ele ainda morava na mesma casa que há anos atrás, antes de Holmes deixar Londres e sua vida, de modo que isso facilitou seu trabalho. Descobrir seus hábitos também não foi difícil. Ele tinha poucos. Ficava o dia inteiro em casa, e saía pouco durante o dia. Sua família tinha a mesma rotina pacata. À noite, ele fazia suas incursões, que variavam desde os altos salões de Londres à prostituição de Whitechapel.

         Já era perto das sete da noite quando Holmes decidiu voltar para casa. Ele estava em Whitehall, perto do escritório de seu irmão, e pensou se seria um bom plano encontrar Mycroft em lugar um tanto neutro como aquele. Mas pelo horário, Mycroft certamente já estava em Pall Mall. Era melhor encontra-lo em casa.

         Holmes recorreu à mesma maneira nada ortodoxa de visitar seu irmão, como quando fizera durante seu embate contra Moriarty. Ele debruçou-se nos fundos do prédio, esgueirou-se de maneira arriscada pelo peitoril, e entrou na janela de seu quarto. Ao notar o cômodo vazio, Holmes concluiu que seu irmão, àquele horário, só poderia ainda estar jantando no Royal, o restaurante que sempre fazia suas refeições.

         Passava das oito quando Mycroft entrou em seu apartamento. Ao abrir a porta, a primeira coisa com que se deparou foi seu irmão, Sherlock, sentado confortavelmente em sua poltrona.

         -Boa noite, Mycroft.


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Notas finais do capítulo

Ahá!!! Mycroft está de volta! Esperem muito dele, pois ele será decisivo nos próximos episódios! Será que Holmes irá contar a ele de suas recentes estripulias? Hmmm...

Então, o que acharam? Parece que Esther está deixando Holmes enlouquecido! Isso não se faz...

Obrigada pela paciência, e espero que Doyle não puxe meu pé nesta madrugada por causa da falta de - uhum - decoro que fiz com seu personagem vitoriano, rs. Reviews são bem-vindos.



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