POV Ally

Faltava apenas dois dias para minha faculdade de música começar. Não, não havia se passado metade de um ano, e sim, metade de um mês. A faculdade decidiu começar as aulas antecipadamente com o objetivo de começar as pesquisas que precisavam.

Todos da casa pareciam estar mais empolgados que eu. Assim que contei sobre a faculdade eu virei uma parte do orgulho da família. Thomas era um dos que havia me idolatrado. Aparentemente eles não sabiam que eu tinha interesse de fazer uma faculdade.

Isso me trouxe uma lembrança que me obrigou a rir sozinha enquanto arrumava o quarto. Lembrava-me de quando todos os Moon passaram a me amar, apenas porque eu decidi fazer o curso de música. Era como um teste que eu havia passado brilhantemente.

Também me lembrava do espanto de todos ao saber que eu fazia minhas próprias músicas. Minhas músicas. Fazia tanto tempo que eu não escrevia. Todas as minhas ideias continuavam em Miami, guardadas em um guarda roupa. E eu não fazia a mínima ideia do que aconteceria com elas. E há algum tempo meu objetivo era dá-las a uma pessoa.

– Trish ligou – Mary falou entrando no quarto tirando-me de meus pensamentos.

– O que aconteceu? – perguntei curiosa. No entanto, não era mais uma novidade Trish falar conosco. Nós no falávamos constantemente. Ela era a única que eu conseguia manter contato.

– Acho que nada. Ela apenas ligou porque estava com saudades – falou se jogando em sua cama. Terminei de arrumar minha cama e fui deitar ao seu lado, afinal, acabei de arrumar. Mary estreitou os olhos, mas me deixou ficar.

– Também estou com saudades – confessei e ela assentiu concordando. Após um tempo Mary suspirou.

– Você acha que fomos burras?

– Por quê? – perguntei confusa.

– Sabe, mudar de cidade. Será que tomamos uma atitude impensada? – ela perguntou pensativa.

– Pode até ser, mas se lembra do que nos fez fazer isso não é? – perguntei mesmo querendo não lembrar. Ela fez uma careta e assentiu tristemente. – Mas mesmo assim eu queria que ele pedisse desculpa – disse e depois afundei minha cabeça no travesseiro. – Mas, ele não fez isso – falei com a voz abafada e funguei.

– É muito ruim não saber o que fazer – ela falou com a voz baixa e eu me controlei para não chorar nem nada do tipo.

Nós ficamos um tempo apenas em silêncio. Ao mesmo tempo que eu precisava ter me afastado de tudo eu não queria ter abandonado tudo.

– Está animada para a faculdade? – Mary perguntou depois de um tempo.

– Acho que estou. Não faço a mínima ideia de como vai ser – falei perdida e ela riu.

– Eu fiquei do mesmo jeito quando recebi a noticia que havia sido aceita – ela falou se lembrando. Às vezes eu nem mesmo lembrava que Mary é alguns anos mais velha que eu.

– E hoje você trabalha em um hospital – falei sorrindo e ela ficou estática. – E como psicóloga de muitas pessoas – completei e ela sorriu. Mary ainda parecia uma garotinha que não tinha se dado conta que trabalhava, ainda mais em hospital.

– Não sei como confiaram esse cargo a mim – ela disse debochando de si mesma.

– E ainda admite – observei e ela revirou os olhos. Agora era apenas esperar minha vida mudar tudo novamente, com a faculdade.

POV Austin

– Ah, eu não sei mais o que escrever – Audrey gritou jogando papeis para cima.

Todos nós estávamos sentados na sala de casa tentando escrever letras para novas músicas. Até mesmo Dez e Trish estavam aqui. Mas, ninguém nunca falou que isso seria fácil.

Todos os meus irmãos ajudavam Audrey, até mesmo eu estava tentando escrever algo. Enquanto isso eu desconfiava que Dez estava jogando alguma coisa em seu celular. Já Trish mandava mensagens, para quem ela mandava eu já desconfiava. Todos sabíamos que ela falava frequentemente com Mary. Mesmo não querendo, ou talvez querendo, acabávamos sabendo de algumas coisas. O que servia para apenas confirmar minha culpa.

Desde que o ano começou o trabalho apenas aumentou. Apresentações pequenas, falar com fãs, fazer sessões de fotos, entre outros. As coisas ficavam cada vez mais cansativas e complicadas, não me deixando tomar uma decisão em relação a minha própria vida.

Como todos pareciam cansados demais para terminar o trabalho eu me levantei indo até a cozinha. Peguei um copo de água e apoiei-me na pia. Pouco tempo depois alguém veio atrás de mim.

– Ela entrou no curso de música – Audrey informou suspirando. Ela não precisava dizer nomes. Sorri inconscientemente. Mesmo depois de tudo ela conseguiu o que queria – Quer que eu diga pela milésima vez que você é burro? – ela perguntou parando ao meu lado.

– Mas o que todos me diziam não era para dar um tempo a ela? – perguntei seriamente e ela revirou os olhos.

– Desde quando você ouve o que os outros dizem? – perguntou sarcástica e eu dei ombros. Acho que essa é uma indireta que eu vou adorar seguir. Audrey riu da minha expressão.

– Ok. Depois conversamos. Você tem uma música para terminar. Além de planejarmos a entrevista – falei puxando-a para sala. Audrey choramingou, mas acabou voltando para a sala.

Demorou um tempo, mas acabamos conseguindo terminar uma das músicas. O motivo de estarmos fazendo nós mesmo as músicas é que preferimos assim. Jimmy insistiu em várias outras músicas feitas por outras pessoas, mas nenhuma delas tinha haver conosco. Por esse motivo nós decidimos escrever juntos.

A banda estava ocupando cada vez mais tempo, portanto nós todos tivemos que desistir de algo. Andy não ia com tanta frequência na escola, mas continuava estudando. Adam não tinha mais tempo para dar aulas de música para seus alunos, então desistiu de algumas pessoas.

Adrian parou de administrar a Sonic Boom em São Francisco. Audrey que estava terminando o projeto da construção da escola de música acabou tendo que acompanhar as obras de longe. No entanto, todos nós comemoramos quando recebemos há pouco tempo a notícia que a escola já está completamente construída. Faltam poucas coisas para ela começar a funcionar.

Já Alex está há algumas semanas longe de nós. Ele vai ter que alternar entre Miami e São Francisco. Preciso dizer que Audrey não ficou nada feliz?

– Olha apenas um aviso, espero que não me envergonhem na entrevista – Andy falou apontando para todos nós como uma ameaça. Adam gargalhou enquanto todos reviravam os olhos.

– Fale isso para Audrey – Adam disse apontando para a garota que fez uma expressão ofendida.

– Acho mais fácil todos vocês me envergonharem – ela falou seriamente e todos nós gritamos reclamando.

E nós continuamos com essa briga por um bom tempo.