Tocada escrita por Beatriz Seraphini


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Olá, primeiro capítulo postado. Quer ler mais? Mande um review que eu com certeza escreverei mais.



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St. Joseph, Michigan

15 meses antes


— Eu costumava vir ao lago antes da separação dos meus pais — murmurei tentando segurar a água na borda do lago com a mão esquerda — eles eram tão felizes, não consigo entender o que aconteceu, Dave.




— As coisas se desgastão com o tempo — Dave levantou-se cuidadosamente de um tronco de árvore em forma de banco, e caminhou meio metro até chegar a mim — você é forte, vai superar.




Enconstei em seu ombro enquanto ele acariciava meus longos cabelos cor de escuridão.


— Acredita que eu sempre aceitei as regras? Quero dizer, sempre fui centrada e nunca desobedeci a uma ordem? Dizem que filhos rebeldes podem fazer relacionamentos perderem o controle, mas eu sempre segui o que eles me diziam — enterrei meu rosto no peito de Dave — Aliás, já parou para pensar que não faria diferença alguma se eu fosse de uma forma ou de outra?

— Sim. Todos nós pagamos por coisas terríveis diarimente, mesmo não merecendo e sendo uma boa pessoa, Lauren. Porém, lembre-se de uma coisa: nada é aleatório.

Deitei-me no chão que possuia pequenas pedrinhas cristalinas e tive a oportunidade de olhar o céu estrelado de verão, além de perceber que eu só vestia roupas para nadar no lago. Dave era tão rápido que em apenas um segundo, passou seu braço direito por minha cintura e inclinou-se de lado, me encarando por um tempo.

— Sabia que você fica linda nesse top preto? — Ele beijou a parte lateral do meu pescoço — sabia que você ficaria ainda mais bonita sem ele?

Dave me beijou devargazinho, como quem tenta conhecer um novo recinto. Depois, esticou-se e posicionou-se por cima de mim. Cruzei minhas pernas em suas costas, queria ter certeza que ele não pudesse sair dali. Seus beijos foram aumentando a intencidade e logo, sua regata californiana estava bem longe de seu corpo esguio.

— Isso é ridículo, Dave.

— O quê? — Perguntou parando com as carícias.

— Você continuar com a sua bermuda no corpo — pude ouvir sua risada abafada enquanto eu corria com o zíper de sua veste.

Já podia sentir uma pressão sobre a minha cintura.

Após alguns minutos, quando Dave estava quase tornando nosso ato mais parecido com sexo, permaneci imóvel, relaxei a cabeça e obriguei-me a voltar a olhar para as estrelas pintadas no céu azul.

— O que houve?

— Isso não vai dar certo. Não estou exatamente pronta. Quando digo pronta, me refiro a estar exitada. Não estou ainda. Mas que porra, Dave. Eu estou gostando tanto e você está tão empolgado. Porra.

— Está realmente gostando?

— Sim.

— Tem algo que você pode fazer. Eu tenho uma coisa na cabana, vai te deixar bem animada, mas...

— Mas?

— Você bebeu bastante essa noite, pode haver algum risco — falou preocupadamente.

— Como eu disse, não faz diferença se eu for de um jeito ou de outro. Coisas ruins sempre acontecem, Dave. Essa noite, vamos enganar a morte.

Dave entrou na cabana em que eu, ele, Luke, Logan e Meghan estávamos nesse verão, bem reservada, mas que havia uma pequena aglomeração de casas e pessoas. Meghan havia planejado toda a viajem de férias de verão, antes que um novo ano letivo começasse. Era a única que podia dirigir e também a dona da casa do lago.

A casa era feita completamente em madeira de jatobá envernizada, com uma escada para a porta de entrada e um balanço próximo à janela da esquerda. As vidraças pareciam antigas e empoeiradas, a iluminação era precária e sua localização não podia ser mais privilegiada.

— Aqui está — Dave desceu rapidamente as escadas da entrada, sentando-se e segurando os seus joelhos junto aos seus ombros largos de frente para mim — sabe como usar?

— Basicamente — disse secamente, tentando digirir o que eu estava prestes a fazer — por que carrega cocaína com você?

— Acha mesmo que o motivo pelo qual estou sempre lúcido nas aulas de Literatura é o de eu dormir por horas na noite anterior?

— Você não presta, Dave — disse separando a droga em tiras.

Consumi a cocaína pressionando a narina direita com o indicador direito, levando a cabeça em direção ao céu repetidas vezes até que ela se esgotasse. Dave sorria o tempo todo e tentava passar o tempo fazendo com que pedras aremessadas por ele quicassem em contato com a água do lago.

Foi quando ouvimos passos ecoando sobre o chão e alguns galhos se mexendo.

— Acha que alguém pode estar nos vigiando? — Perguntei franzindo o cenho.

— Não sei, mas é melhor subirmos àquele monte — mostrou-me com um gesto do indicador — é mais seguro por lá.

Dave ajudou-me cuidadosamente a subir, segurando-me firmemente pelo braço, já que o local era íngrime e sua vegetação atrapalhava sua penetração. A visão era magnífica e lá no topo, o vento era cortante. Era possível ver todas as casas da beira do lago em miniatura, além de algumas luzes acesas em cimaa de suas portas.

— Um pouco frio aqui, não acha?

— Mas a vista... — abracei-me a fim de aquecer-me — acho melhor entrarmos na cabana para pegar alguma roupa.

— Eu faço isso para você, lembre-se que já usou um pouco da droga, precisa de mais — ele deu-me outro saquinho com pó branco — volto num segundo.

Dave desceu todo o trajeto feito por nós rapidamente enquanto eu usava mais cocaína. Era tão simples de ser usada, tão perigosa também, mas tão animadora que a vontade de usar cada vez mais me dominava.

Alguns minutos depois, ele estava do meu lado, com um vestido branco na mão.

— Espero que sirva — entregou-me — como se sente?

— Elétrica?

Coloquei o vestido já cambaliando. Respirei fundo, duas vezes. Minha visão estava um pouco conturbada. Respirei fundo pela terceira vez. Meu corpo começava a pesar um pouco mais. Caminhei até chegar à ponta do lago onde a vista era mais do que perfeita para a lua. Árvores robustas enchia o relevo de vida, mas, por sua vez, a cocaína, a pouca consumida, fazia a vida diluir-se por entre meus dedos gélidos e finos.

— Teria coragem de pular?

— O quê? Por que está me perguntando isso?

— Porque parece que quer se jogar daqui de cima.

Jogue-se, se tiver coragem. Escutei alguém passeando por minha mente. Uma voz que eu conhecia. Uma voz silenciosa, mas com um grande poder de persuasão. Vai, eu sei o que você quer.Sim, eu podia reconhecer essa voz. Dave! Não, impossível.

— Desculpa o que você disse, Dave?

— Parece que quer se jogar daqui?

— Não, Dave. O que você disse depois disso?

— Lauren, eu não disse nada. Deve ser a cocaína fazendo efeito. É normal ver e escutar coisas — Dave aproximou-se e disse, ao pé do meu ouvido direito — Não pule, Lauren.

— O quê?

Eu posso ver em seus olhos. Pule e adiante-se. Você vai conseguir. A voz voltou a me atormentar. Vai ser rápido e sem... Dor. Pule! Minhas pernas começaram a tremular. Minhas mãos estavam suadas. Fechei os olhos e gritei:

— Dave, pare!

— Fique calma — ele tocou-me e sentiu-me trêmula — Lauren, você está bem?

— Não toque eu mim!

Dave imediatamente se afastou e aregalou os olhos. Não temos tempo, Lauren. Pule, já!

Abri os braços até a altura dos ombros, com as palmas viradas para frente. Respirei fundo pela quarta vez. Contei até três. Um, dois, três. Desgrudei os pés do chão e em segundos estava lá em baixo. Afogando-me. Desesperada. Nadar? Eu não sabia. Onde estava Dave? Desaparecido. Pedir ajuda? Não conseguia. Consumia cada vez mais água. Tentava voltar à superfície, mas meu desespero me fazia retornar cada vez mais ao fundo. Estava cansada. Exausta. Por que não parar de lutar? Por que apenas não aceitar que a morte vencera? Por quê?

Parei de tentar me salvar e aceitei que aquele era meu último momento viva.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Comentem!Sou sedenta de comentários para escrever.