Immortals - Eternal escrita por V i n e


Capítulo 12
Capítulo XI - Father's house


Notas iniciais do capítulo

Quando o Jason levar a Rach pra um dos quarto quando ela está... "desacordada" podem colocar Thinking of You da Katy Perry e terminar o capítulo com essa música. sei lá, dá um brilho a mais.



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Eu não respondi a pergunta de Corins e ele não exigiu uma resposta. Minha cabeça latejava dolorosamente e tudo o que eu queria era me deitar na minha cama e fingir que tudo na minha vida era normal e completamente mundano. Nada de imortais, híbridos e nada de sangue mágico. Mas ainda havia muito mais que eu queria saber.

– Você sabe onde está o meu pai? Blair ia procurá-lo, mas foi assassinada.

Esperei que o semblante de Corins se alterasse, mostrando choque ou até mesmo condolência, mas o imortal permaneceu impassível. Ayumi se inclinou para frente e arqueou uma sobrancelha.

– Creio que se seu pai quisesse ser achado ele não teria desaparecido a dezesseis anos atrás – ele disse lentamente, a cautela forçada me irritou ainda mais. -, mas se você quer tanto procurá-lo...

– Quero achá-lo – corrigi, mostrando o afinco de minha decisão. – E eu vou.

– Determinação define o rumo de uma guerra, meu jovem, e não o número de combatentes ou a força do exército.

Mais besteiras filosóficas. Será que é muita idiotice tentar estrangular ele?

– Sabe onde ele está ou não?

Corins arqueou uma sobrancelha, aborrecido com minha impaciência.

– Seu pai não é alguém fácil de achar, Jason O’Connor. Ele nunca fica muito tempo em uma única cidade e é inteligente demais para se deixar ser rastreado. Eu mesmo perdi o contado com ele nesses dezesseis anos. Posso tentar localizá-lo por seus endereços antigos e posso até fornecê-los a você caso não confie em mim. Mas saiba que não achará Adam Corbridge se ele não quiser se encontrado.

Adam Corbridge. Então esse era o verdadeiro nome do meu pai.

– M-meu sobrenome é Corbridge? – perguntei, amaldiçoando-me por gaguejar.

– É, sim. Sua mãe estava casada com Steve O’Connor quando se deitou com Adam Corbridge, por isso recebeu o sobrenome do seu padrasto.

– Nos dê um endereço papai. Qualquer coisa, o mais perto daqui que você conseguir para podermos investigar tudo – pediu Rachel.

– A casa da família dele fica ao oeste da nossa casa – ele disse. – Podem ir para lá sem nenhuma dificuldade. Fica a cerca de cinco quilômetros daqui.

Como se fosse uma deixa para eu me levantar eu me coloquei em pé num salto. Ayumi e Rachel fizeram o mesmo. Rach soprou um beijo para o pai e nos apressamos para sair do escritório.

– Jason – Corins chamou e eu congelei no lugar. Não me virei para ver sua expressão, mas senti seu olhar me esmagar. – Não se esqueça que posso ser sua única chance de ficar vivo.

Descemos as escadas até chegarmos ao primeiro andar. Um calafrio assustador me incomodava desde que havíamos saído da sala e Corins fechou a porta atrás de si. Antes de chegarmos à porta Rachel ficou parada e resmungou alguma coisa inaudível, mas entendi algo como “piranha”.

Auree surgiu no corredor lambendo um pirulito vermelho. Aquele negócio era tão vermelho que chegava a manter minha atenção por mais tempo que o aceitável.

– Está indo a algum lugar? – perguntou ela, balançando o pirulito.

Rachel não parecia confrontar a prima regularmente por que se encolheu um pouco sob o peso do olhar de Auree. Ayumi rosnou como um animal selvagem e eu respondi antes que a 3ª Guerra Mundial estourasse bem diante dos meus olhos.

– Vamos atrás do meu pai – arqueei uma sobrancelha e a desafiei a nos impedir. A aura mágica dela não me afetava mais, pelo menos eu estava contando com isso.

Um brilho malicioso iluminou os olhos dela, Auree deu mais uma lambida no seu pirulito.

– Ótimo. Vão precisar de ajuda. Vou só pegar meu casaco e...

– Não precisamos da sua ajuda, Auree. Quando precisarmos de uma vadia psicótica ou até mesmo uma piranha traidora pode ter certeza de que a chamaremos – rebati, exibindo meu melhor sorriso cafajeste. Ela me devolveu o mesmo sorriso sem se abalar, seus olhos estavam fixos em mim quando ela retrucou.

– Você não tem ideia de com quem está se metendo, mortal. – Seu corpo se transformou em um borrão novamente e ela desapareceu, lançando uma rajada de vento quando passou por mim em direção ao segundo andar. Ayumi ergueu o dedo médio e moldou um sorriso nos lábios quando olhou para mim.

– Parece que alguém sabe como se colocar uma piranha no devido lugar.

Rachel riu baixinho e colocou o casaco, jogando o cabelo castanho-avermelhado para trás.

Saímos do casarão às pressas. Olhei por cima do ombro e vi, no sótão, um leve movimento das cortinas. Foi um movimento mínimo, mas eu soube que estávamos sendo observados. Assim que chegamos ao carro de Christopher o encontramos sentando em um galho alto de uma... Ah, ninguém se preocupa com os nomes das árvores. Ele saltou de lá quando nos viu e aterrissou com a suavidade de um felino. Seus olhos negros me lembraram o de Auree enquanto ela se alimentava de Ayumi e um calafrio me fez estremecer.

– Pela cara de vocês o encontro foi maravilhoso – zombou ele, exibindo um sorrisinho irônico.

– Não exatamente – comentei, socando o punho cerrado que ele estendia. – Mas descobrimos que meu pai se chama Adam Corbridge e que mora para lá a cerca de cinco quilômetros. – Apontei à oeste da casa.

Meu amigo girou a chave do carro entre os dedos e abriu um sorriso travesso.

– Entrem, crianças – ordenou, indo até o lado do motorista. – Próxima parada: Casa do papai.

Aquilo não podia, nunca, jamais ser chamado de casa. Se havia um modo da construção ser mais decadente, destruída e esquecida pelo mundo... a casa de Adam Corbridge certamente havia descoberto como.

Era uma casa vitoriana antiga. Não tinha a aparência sofisticada da casa de Chris no condômino de luxo em que ele morava, mas tinha o mesmo estilo e a mesma magnitude opressora. A tinta já havia perdido a cor havia muito tempo e a tonalidade cinzenta que exibia agora começava a descascar em vários pontos. O jardim estava ainda mais morto que o do casarão dos Whelpton. As janelas tinham o vidro quebrado e a madeira estava visivelmente deteriorada. O abandono era visível até mesmo no ar que rodeava a casa, sugando toda a neblina do universo e lançando-a o redor do casarão. Uma cadeira de balanço mexia-se para frente e para trás na varanda e imaginei meu pai sentado ali, lendo um livro.

– Aquilo deveria estar se mexendo sozinho? – perguntou Ayumi enquanto pegava o canivete do bolso. Os três atrás de mim olharam para a casa e fecharam os olhos ao mesmo tempo, parando para ouvir.

– Não tem nada lá. Nem uma alma viva.

Aquilo não era reconfortante, mas mesmo assim senti uma atração estranha que em impeliu em direção a casa.

– Jason? – chamou Rachel, mas eu ignorei.

Atravessei o jardim com os olhos fixos na cadeira de balanço. Ela se movia de maneira hipnótica.

– Jason!

Como se um estalo ecoasse em meus ouvidos sai do transe que me envolvia e olhei por cima do ombro. Ayumi me encarava, curiosa enquanto Rachel se aproximava junto a Christopher.

– O que você pensa que está fazendo?

Apontei para a cadeira, sentindo minha voz desaparecer. Ela continuou se movendo hipnótica e lentamente, estendi a mão até que meus dedos tocassem a madeira e tudo escureceu.

A neve castigava o jardim e a massa branca cobria tudo o que era visível da janela. Meu corpo parecia flutuar enquanto eu olhava um homem de altura mediana sair das sombras com uma xícara de café em mãos. Reconheci os mesmo olhos azuis dele e até mesmo a forma rebelde como o cabelo se projetava para os lados, desgrenhado. Ele não era uma cópia idêntica de Ladon, mas possuía alguns traços semelhantes como seu ancestral. Meu ancestral. Adam Corbridge, assim como eu, possuía os mesmos olhos do feiticeiro e até a curvatura da mandíbula, mas as semelhanças entre os dois paravam por aí. Meu pai tinha feições duras e o olhar não era tão frio e cruel quanto o do Primeiro Imortal.

– O que está fazendo aqui? – ele perguntou. Tentei responder, mas essa visão não foi como a primeira. Minha voz não saia, ficava presa na garganta.

– Estava procurando você.

Assim que olhei para trás meu coração murchou. Minha mãe estava parada na soleira da porta, os cabelos caiam pelas costas e ela vestia um casaco acolchoado.

– Sabe que é muito arriscado vir aqui, certo? Steve pode se perguntar onde você foi.

Ela baixou a cabeça e uma rajada de vento gelado atravessou a porta aberta e me açoitou violentamente. Encolhi-me dentro do meu casaco e vi mamãe avançar um passo hesitante.

– Eu precisava ver você e... – sua voz foi sumindo lentamente. Ela estava casada com o meu padrasto, o homem que cuidou de mim como se eu fosse seu filho e mesmo assim fugia no fim da tarde para ver o amante. O meu pai. – Eu preciso de você, Adam.

Meu pai suspirou, quase que impaciente. Ele colocou a xícara de café sobre a mesa de centro e avançou alguns passos até minha mãe, mas algo o deteve no ultimo instante. Prendi a respiração quando ouvi o que ele também estava ouvindo. Claro que ele conseguia escutar, era um imortal.

– O que foi? – perguntou mamãe, magoada pela hesitação dele.

Mas Adam não a olhava mais nos olhos. Se olhar se dirigiu para seu ventre onde um martelar frenético e ritmado quebrava o silêncio que recaiu sobre os dois. O som de um coração batendo.

– O que você veio fazer aqui, Ellie? Diga a verdade.

As lágrimas vieram aos olhos dela e eu senti toda minha raiva por ter sido enganado derreter ao ver as lágrimas desesperadas da minha mãe. Corri até ela para abraçá-la, mas meus braços atravessaram sou corpo. Eu não fazia parte da cena, era apenas um espectador.

– Ellie...

– Eu estou grávida, Adam.

Ele ficou em silêncio por um momento. Pude perceber a agitação que emanava dele, e ela também percebeu.

– Não estou pedindo para assumir publicamente que é o pai. – Ela se apressou em explicar e mais lágrimas rolaram pelo seu rosto. – Deus, Steve não merece isso e eu o amo muito... Foi um deslize, não foi? – ela não acreditava nisso. Ela realmente ama Steve, mas amava meu pai biológico também.

– Sim, um deslize.

Ela prendeu a respiração e comprimiu os lábios.

– Ele será uma criança especial, Ellie – disse Adam, acariciando os cabelos de minha mãe. – Estará destinado a grandes coisas quando for mais velho.

Um sorriso agradecido se formou nos lábios dela em meio às lágrimas. Ela ficou na ponta dos pés e Adam se abaixou, beijando-a tão rapidamente e sem emoção alguma.

– Agora, vá antes que Steve fique desconfiado.

Mamãe recuou e se despediu antes de atravessar a neve que cobria o jardim. Adam caminhou até a varanda e se sentou na cadeira de balanço, vendo-a desaparecer no final da rua.

– Jason?!

Abri os olhos e cambaleei para trás. Apoiei-me na mão estendida de Rachel e apertei a ponte do nariz. A tontura passou com a mesma velocidade que surgiu e me virei para encarar o olhar preocupado dos três.

– O que houve? – perguntou Christopher enquanto Rachel pegava minha mão e a olhava co um interesse assustado.

– E-eu vi... – gaguejei. Comecei a contar tudo o que havia visto com um aperto ruim no peito. Falei sobre o desespero na voz de minha mãe e até mesmo sobre a impaciência e falta de interesse de Adam. Rachel soltou minha mão por fim e se endireitou, lançando-me um olhar solidário.

– Sua mão ficou grudada na cadeira Jason. Não conseguimos tirá-la e seus olhos ficaram negros... Como quando nos alimentamos, mas... – ela engoliu em seco.

Eu não precisava ajuda para saber como os meus olhos deveria ter ficado. Negros como os de Ladon, sem nenhuma parte branca. Ou como os de Auree, com as íris da mesma tonalidade que a pupila.

– Você disse que imortais só se alimentavam de energia vital se o “fornecedor” oferecesse – comentei, lembrando-me de como Auree havia drenando a energia de Ayumi bem na minha frente. Agradeci pela expressão de pena sumir do rosto de Rachel e ela seguiu minha deixa para mudar de assunto.

– Tecnicamente precisamos de permissão, sim. Mas se você for forte o bastante pode drenar a vida de alguém burlando essa regra. E só conheço uma pessoa mais poderosa que Auree e foi ele quem a impediu de matar Ayumi.

– Foi um encontro mais emocionante do que eu pensei – retrucou Christopher, adiantando-se até a porta. Ele girou a maçaneta e soltou um palavrão quando o metal chiou e queimou sua pele.

– Mas que...

Ayumi arqueou uma sobrancelha e encostou o dedo na porta. Ela puxou a mão imediatamente e semicerrou os olhos.

– Magia – ela disse olhando para mim. – Você é uma doppelgänger. A mágica faz parte de você... É o único que pode abrir a porta.

Eu não sabia se podia fazer truques de mágica. De fato, truques da mente e visões quereriam pelo menos um traço de magia no meu sangue. Eu não era super forte, rápido e não tinha sentidos aguçados como eles, mas se eu era mesmo descendente de um feiticeiro mega poderoso... Por que não?

Aproximei-me da porta e toquei o metal da maçaneta com o indicador esperando me queimar como Christopher, mas senti apenas um formigamento estranho e desagradável que irradiou da palma de minha mão até a curva do cotovelo.

– O que eu faço?

– Você sabe o que fazer – respondeu Ayumi atrás de mim e pude ouvir os três se silenciarem, aguardando.

Fechei meus olhos, sentindo a energia emanar da tranca. Sim, a magia fazia parte do meu sangue e eu podia senti-lo de agitar em contado com o metal enfeitiçado. Eu não sabia quem havia colocado aquele feitiço na tranca, mas deixei toda minha raiva acumulada, frustração, medo, insegurança e desespero servirem como combustível. Senti o metal esquentar sob meu toque, mas não houve dor.

– Jason... – sussurrou Rachel. – Sua energia tem um cheiro bom. – Disse ela e não precisei me virar para ver que ela estava corando.

Soltei a maçaneta, feliz comigo mesmo por ter conseguido retirar o feitiço da porta. No fundo da minha mente eu senti a resistência por trás a maçaneta ruir e se estilhaçar.

– Vá em frente – murmurei, recuando para que Rachel avançasse. Ela hesitou um pouco, mas segurou a maçaneta e esperou um pouco. Nada aconteceu. Houve um ruído metálico e, com um giro do punho, ela destruiu a tranca, puxando a estrutura de metal até a madeira rachar e a fechadura quebrar sob sua força descomunal.

– Primeiro as damas – Chris disse, indicando a porta para Rachel e Ayumi. Eu sorri e as duas reviraram os olhos, entrando mesmo assim.

Entramos logo atrás delas. O corredor que dava acesso ao resto da casa era apertado. O mesmo corredor pelo qual minha mãe e Adam conversaram. Ele era largo e se abria para uma sala ampla e empoeirada. O âmbito era abafado e tábuas cobriam algumas janelas. Sobre a superfície da mesa havia uma xícara de café. A mesma xícara que Adam havia depositado ali quando minha mãe chegou. Ele teria ido embora quando ela desapareceu na esquina ao fim da rua e abandonado seu café ainda pela metade?

O carpete que cobria o chão estava manchado em tantos pontos que a cor natural havia se perdido no tempo. A madeira, assim como no casarão dos Whelpton, rangia e anunciava a presença de qualquer um para os espíritos que poderiam estar vagando por ali naquele instante. Chacoalhei a cabeça, afastando a ideia de espíritos arrastando correntes pelo sótão e pelo porão. Continuamos andando até chegarmos à escada. O corrimão de ferro era trançado e retorcido, como flores feitas com metal enferrujado. Rachel e eu começamos a subir os degraus quando Ayumi nos chamou.

– Não toquem em nada antes de ter certeza de que é seguro – alertou ela. – Não queremos perder algum membro sendo descuidados. Sabe-se lá o que mais foi enfeitiçado para segurar os curiosos.

Assentimos e continuamos subindo os vários degraus até chegamos em um corredor mais estreito e com o piso de madeira coberto por um grosso carpete antigo. As paredes eram cobertas por quadros e havia sete portas fechadas. Uma de frente para a escada, era a maior de todas e outras três portas de cada lado do corredor.

– A maior? – perguntou Rachel, mordendo o lábio.

Concordei com um movimento com a cabeça e seguimos até o fim do corredor. Ignorei as várias agulhas geladas que perfuravam minha nuca, e a constante sensação de que estava sendo observado. Aproximei o palmo da fechadura mas uma força invisível impediu minha mão de chegar até a maçaneta. Forcei o punho, mas a força venceu minhas tentativas e não consegui nem me aproximar da maldita maçaneta.

– Que diabos...

Rachel encostou a ponta do dedo na porta mais próxima e não recuou ou demonstrou reação. Ela girou a maçaneta e ouvi o estalo agudo da tranca se partindo sob a pressão de sua força sobre-humana. Ela abriu bruscamente e ela se chocou contra a parede sem nada de especial acontecer.

– Tudo normal. – Disse ela quanto repetia isso em todas as seis portas, todas foram abertas.

Tentei novamente encostar na maçaneta da porta número sete, mas meus dedos não encostaram na superfície metálica. Concentrei minha energia como havia feito na porta anterior, mas ao invés da tranca esquentar como havia acontecido há minutos atrás na porta da frente só senti a palma da minha mão arder e eu recuei, como se aquela força invisível fosse um espelho e houvesse ampliado a energia que eu havia direcionado a ela.

– Não consigo abrir essa droga – resmunguei. Foi então que ouvi um grito agudo no primeiro andar e Rachel ficou pálida. Ela se tornou um borrão ruivo e desapareceu pelo corredor. Corri com minha velocidade humana atrás dela e saltei os degraus de dois em dois. Antes que eu chegasse ao último deles Ayumi passou voando por mim e me abaixei para que ela não me atingisse.

A garota caiu no sofá velho, mas a espuma gasta não aparou sua queda como deveria e ela abriu um buraco na estrutura do estofado.

– Ayumi! – ouvi o grito de Christopher junto com o estilhaçar de uma janela. A híbrida gemeu, mas não se levantou. Antes que eu pudesse correr para ajudá-la vi o que estava causando aquele caos. Um homem encapuzado lutava contra Rachel e Christopher. Seu rosto estava encoberto pelo capuz e sua capa esvoaçava com o vento gelado que entrava pela janela recém-quebrada. Christopher socou o ar com a precisão mortal e sobrenatural que possuía, mas o invasor segurou o golpe com tanta facilidade que meu amigo se curvou quando ele o jogou contra a parede. Chris voou e o som de duas costas batendo contra a parede fez com que eu me mexesse e corresse na direção da briga.

– Jason, corra! – ordenou Rachel. Sua voz estava tão autoritária e cheia de poder que eu não avancei mais, congelei no lugar. Ele puxou uma adaga da capa e o brilho pútrido e mortal da lâmina negra chamou minha atenção. O invasor desceu a ponta da adaga contra a garganta de Rachel, mas ela fechou os dedos ao redor do punho dele e grunhiu com a força que exercia para que ele soltasse a arma.

– Jason, corra! – gritou ela antes dele puxar o braço de volta e se libertar de seu aperto. Ele a agarrou pelo pescoço e ambos viraram um borrão indistinto até eu ouvir o baque assustador do corpo de Rachel se chocando contra a parede atrás de mim. Girei nos calcanhares e vi que o invasor esmagava a garganta da garota que resfolegava enquanto seus olhos se reviravam nas órbitas. Um estalo retumbou em meus ouvidos quando ele girou a cabeça dela para o lado com uma velocidade tão anormal que só tive tempo de gritar ao ver a lâmina descer. O punho da adaga era entrelaçado por ramos retorcidos de metal, como galhos de uma árvore. Era a adaga dele.

– Atticus! – gritei e a atenção dele se voltou para mim. Seu rosto estava misteriosamente coberto pelas sombras do capuz, mas o sorriso cruel brilhou antes dele atravessar a janela.

Rachel tombou no chão com o pescoço virado em um ângulo anormal. Corri até ela com meu coração chocando-se contra as costelas. Ela não respirava e seu coração não batia, nem uma única vez. Chamei seu nome várias vezes, mas ela não respondeu nenhuma delas. Repousei-a em meu colo e acariciei seus cabelos.

Ayumi e Christopher mancaram até nos e ele tentou me levantar. Não me lembro do que eu disse, mas ele se afastou e sentou-se no chão com Ayumi.

– Ela vai voltar, Jason – garantiu a híbrida e eu fiquei agradecido. Mas Rachel tinha morrido. Atticus havia quebrado seu pescoço assim como ela havia feito com Toby.

O desespero cresceu dentro de mim com uma violência tão grande que chegava a doer não só emocionalmente, mas fisicamente também.

Levantei-me, a puxando comigo. Nem Chris, nem Ayumi protestaram enquanto eu levava Rachel para um dos quarto lá em cima. Eles ficaram no primeiro andar, discutindo sobre como Atticus sabia que estaríamos aqui. Eu não quis ouvir. Deitei-me ao lado de Rachel em uma das camas de um dos quartos do casarão. A dor que esmagava o meu peito não cessou nem um milímetro enquanto a noite caia e Christopher apareceu na porta, dizendo que era melhor eu levá-la para casa. Quando não respondi, ele disse que voltaria em breve e que levaria Ayumi até sua casa para que ela pudesse tomar um banho.

Ouvi o carro velho dele desaparecer na rua e afundei no travesseiro, sozinho com um cadáver.

– Ele vai pagar, Rach... Ele vai.

Virei-me de lado para poder olhá-la, e percebi um mínimo movimento das pálpebras. Apoiei-me nos cotovelos e a chamei mais uma vez. Ela não respondeu, mas seu corpo se curvou para frente de uma forma tão brusca que meu coração deu um solavanco. Ela arfou e olhou para os lados, sem fôlego.

– O-onde...? Cadê ele?

– Ele se foi. – Foi tudo o que eu disse antes de abraçá-la e beijá-la. Os lábios dela estavam um pouco frios, mas esquentaram rapidamente sob os meus. Eles se moviam em uma dança sinuosa e perigosa, enquanto ela se derretia em meus braços. Rachel não fez nenhuma pergunta ou objeção enquanto meus dedos retiravam seu casaco e eu a deitava novamente na cama, deitando sobre ela.

Seu corpo respondia o meu e todo o meu medo de perdê-la se manifestou como desejo em minha pele. Seus lábios pronunciaram meu nome com tanta ternura que meus lábios mergulharam nos dela novamente, diminuindo a distância entre nós até que nenhum tecido nos separava.

– Eu não posso perder você.

Ela esticou o pescoço para trás, e eu tracei uma linha com meus lábios por ali, subindo até a mandíbula e finalmente chegando aos lábios novamente.

– Você não vai – assegurou Rachel, puxando-me sobre si. Entregando-se, finalmente.


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Notas finais do capítulo

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